Começaram a chegar às primeiras horas do dia 25 de abril de 1974, depois de as notícias de uma possível revolução em Portugal se terem espalhado por vários países da Europa. Todos muitos jovens, estes fotojornalistas estrangeiros foram enviados para Lisboa na expectativa de fotografarem a queda do Estado Novo.
De Paris, por exemplo, vieram fotojornalistas como Jean-Claude Francolon, Guy Le Querrec, Gilles Peress ou Jean Gaumy, mas também o brasileiro Sebastião Salgado — que se tornou fotógrafo precisamente em Portugal. Da capital francesa veio também Henri Bureau, que, no ano seguinte, venceria o World Press Photo — o mais prestigiado prémio de fotojornalismo do mundo — com a fotografia de um suposto agente da PIDE a ser detido por militares no Largo do Carmo, em Lisboa.
As imagens que os fotojornalistas estrangeiros fizeram naqueles dias, guardadas agora em diversos arquivos, têm uma particularidade: são as únicas que retratam o 25 de Abril a cores. Praticamente não existem fotografias a cores tiradas por portugueses na revolução. Alfredo Cunha, um dos fotógrafos de Abril, explica porquê: “Os estrangeiros que vieram para cá fotografar o 25 de Abril tinham muito melhor material e muito mais dinheiro para os rolos.”
Alfredo Cunha explica que a diferença de preço entre um rolo a cores e outro a preto e branco era enorme — praticamente o dobro: “Um rolo de 24 fotografias a preto e branco custava 100 escudos [cerca de 50 cêntimos]; a cores, era o dobro, 200 escudos [cerca de um euro].” Valores que, na altura, pesavam no bolso dos fotojornalistas e nos orçamentos das redações. Basta pensar que, naquele tempo, a renda de uma casa podia rondar os 500 escudos.
Na fotogaleria abaixo mostramos uma seleção de imagens raramente vistas de vários fotojornalistas estrangeiros que cobriram a revolução em Lisboa — com rolos a cores.