Berlim
Estádio Olímpico
Capacidade: 74.475
Nasceu como berço do movimento olímpico em 1936, recebendo a edição dos Jogos desse ano em que Adolf Hitler ficou rendido na tribuna às capacidades de um negro Jesse Owens que se tornou o primeiro atleta de sempre a ganhar quatro medalhas de ouro num ano, substituindo o Estádio Alemão que acolhera os Jogos de 1916. Recebeu mais tarde outras grandes competições desportivas como os Mundiais de futebol de 1974 e de 2006, sendo a “casa” do Hertha Berlim.
Cinco curiosidades: na renovação em 2006 foi encontrada uma bomba que remontava ainda à Segunda Guerra mas não tinha sido detonada; durante mais de 50 anos, a Praça Olímpica teve uma antena gigante que permitia a transmissão de todas as rádios da cidade; já recebeu provas de corridas de cavalos; teve uma capacidade de 110 mil espectadores em 1936; e começou a receber concertos a partir de 1990, sendo que os três primeiros faziam parte de digressões que passaram de seguida por Alvalade: Rolling Stones (1990), Guns N’Roses (1992) e U2 (1993).
Colónia
Estádio de Colónia
Capacidade: 46.922
Tudo começou com o Tratado de Versalhes. Podia ser apenas uma história mas foi assim que nasceu originalmente o Müngersdorfer Stadion, recinto que hoje está batizado de Estádio do Colónia ou RheinEnergie Stadion, em 1925, num projeto que com a remoção das fortificações na cidade permitiu que abrissem 15.000 novos empregos com tudo o que isso trouxe não só de benefício para o país mas também de prestígio para a cidade pelo prestígio económico.
Curiosamente, na década de 70, Colónia quis entrar no Mundial de 1974 mas não reuniu os fundos necessários para um projeto de 80.000 que iria reduzir-se a 61.000, sendo concretizado um ano depois (foi novamente reformulado em 2005, para a Taça das Confederações e para o Mundial). Além do futebol, é conhecido pelos concertos que começaram ainda em 1982 com os Rolling Stones com a particularidade de ter recebido três atuações de Michael Jackson em 1988 (Bad World Tour), 1992 (Dangerous Tour) e 1997 (World History Tour).
Dortmund
Westfalenstadion Dortmund
Capacidade: 61.524
É um dos expoentes máximos daquilo que é um estádio feito por adeptos, para adeptos e com adeptos. Desde a década de 60 que a cidade de Dortmund percebera que o Rote Erde Stadion era demasiado pequeno para tantos adeptos de um Borussia que se tornou em 1966 a primeira equipa alemã a ganhar uma prova europeia (Taça dos Vencedores das Taças). Problema? Faltava o dinheiro. E só mesmo com a desistência de Colónia como uma das cidades da organização do Mundial de 1974 houve espaço para o nascimento do Westfalenstadion, um marco na Europa.
As dificuldades fizeram com que a construção inicial fosse mais modesta mas, cada vez que existia maior sucesso desportivo, surgia uma pequena ampliação. Uma vez, duas vezes, várias vezes. Foi assim que se tornou o sétimo maior recinto na Europa (contando com lugares de pé), com a famosa “Parede Amarela”. É também o estádio com maior média de adeptos numa época (80.588 por jogo em 2011/12). Foi vendido à Signal Iduna em 2006 por problemas financeiros.
Düsseldorf
Düsseldorf Arena
Capacidade: 46.264
Foi construído em 2004, em substituição do antigo Rheinstadion que albergara encontros do Mundial de 1974 e do Europeu de 1988 também próximo do rio Reno, mas acabou por ficar de fora, de forma surpreendente, do Mundial de 2006. Com o nome de Merkur Spiel-Arena, que muda para Düsseldorf Arena durante este Europeu, tem capacidade para 54.600 pessoas que reduz para menos de 47.000 na prova e é a casa do histórico Fortuna Düsseldorf.
Que já recebeu concertos ou festivais de música, já não é novidade entre os demais recintos. Que tem jogos de futebol americano, também não é o único. No entanto, há duas histórias que são muito particulares e colocam este recinto à parte de todos os outros: recebeu o Festival da Canção de 2011, depois da vitória de Lena Meyer-Landrut com Satellite em Oslo, e acolheu o encontro de andebol com maior assistência de sempre (53.586) no arranque do Campeonato da Europa deste ano, que contou com Portugal, entre a Alemanha e a Suíça.
Estugarda
Arena de Estugarda
Capacidade: 50.998
Nasceu como Adolf Hitler Kampfbahn (Pista de Combate Adolf Hitler, numa tradução mais livre), passou depois a Estádio do Século, mudou apenas para Kampfbahn, acabou também por ser Neckarstadion pelo rio Neckar que corre ao lado. Nomes não faltaram ao recinto feito em 1933 na cidade de Estugarda, que tão depressa recebe jogos de futebol como competições de atletismo ou concertos de música. História não falta, nem nos nomes nem nos seus eventos.
Após ter sido utilizado como campo de basebol pelas tropas norte-americanas, a agora Arena Estugarda (ou MHPArena) recebeu o primeiro encontro alemão depois da Segunda Grande Guerra em 1950 e também o primeiro jogo depois da reunificação com jogadores da então RFA e RDA na mesma equipa. Portugal guarda boas recordações do recinto: aqui alcançou um dos mais memoráveis triunfos da história, com um (grande) golo de Carlos Manuel a carimbar o passaporte para o Mundial de 1986 que todos pensavam ser um objetivo impossível de atingir.
Frankfurt
Arena de Frankfurt
Capacidade: 48.057
Era apenas um descampado para treinos militares de tiro, tornou-se em 1925 um dos recintos desportivos mais completos da Alemanha juntando ao campo de futebol várias infraestruturas de modalidades (no início de ciclismo e natação) por um valor que na conversão de hoje sem fazer cálculos a inflação ascenderia aos 14 milhões de euros. Mais tarde, funcionou também de palco para vários discursos políticos, antes e depois do regime nazi em território germânico.
Também conhecido como Deutsche Bank Park em jogos do Eintracht, a Arena Frankfurt, que foi renovada para a Taça das Confederações de 2005 e o Mundial de 2006 e sofreu de seguida melhorias para outras grandes provas como o Mundial feminino de 2011, é conhecida pelo seu teto retrátil e pelo complexo desportivo que alberga: campo de futebol à parte (que já recebeu também jogos de futebol americano), tem outras valências como piscinas, o complexo de ténis, campos de voleibol de praia, espaços para desportos de inverno e… uma estação de comboio.
Gelsenkirchen
Arena AufSchalke
Capacidade: 49.471
Era apenas mais um estádio na Alemanha. Um estádio com teto retrátil, um estádio que tem a possibilidade de colocar o relvado a deslizar para fora do recinto para ter as necessidades de luz natural para continuar regular, um estádio que conta com um ducto de cinco quilómetros que faz a ligação entre o restaurante e todos os bares. No limite, e num aspeto agora muito referido, um estádio que recebeu um concerto da Taylor Swift. Mas será sempre muito mais do que isso.
Também conhecido como a Veltins Arena, a Arena AufSchalke, inaugurada em 2001 quase como uma prenda pelo centenário do Schalke 04 que chegou pouco antes da conquista da Taça UEFA pelos mineiros, foi onde o FC Porto se sagrou campeão pela segunda vez na história em 2004, na célebre final diante do Mónaco que os dragões venceram por 3-0 com golos de Carlos Alberto, Deco e Alenitchev numa partida que coincidiu com a despedida de José Mourinho dos dragões rumo ao Chelsea depois de ter conseguido seis troféus em duas temporadas e meia.
Hamburgo
Volksparkstadion
Capacidade: 50.215
Nasceu em 1925 sendo então utilizado pelo FC Altona 93 e foi alvo de uma primeira renovação nos anos 50, com a particularidade de utilizar várias materiais que vieram das ruínas de uma parte do distrito de Hamburgo, Eimsbüttel, destruída pelos ataques dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Só mesmo em 1963 o Hamburgo passou a jogar no recinto, que voltou a ser alvo de grandes intervenções para receber o Mundial de 1974, o Euro-88 e o Mundial de 2006.
Durante vários anos, o Volksparkstadion (que teve vários nomes até no século XXI) contou com um relógio que contava os dias, horas e até segundos em que o Hamburgo estava presente na Bundesliga por ser o único conjunto que nunca tinha descido de divisão desde 1963. Nem tudo correu bem: acabou por ser despromovido ao segundo escalão, o que fez com que numa primeira instância esse relógio passasse apenas a zero e, mais tarde, passasse a contar não com tempo mas com as coordenadas do recinto. Em 2023/24, voltou a falhar o regresso…
Leipzig
Leipzig Arena
Capacidade: 46.635
Construída em 1956, então como o Zentralstadion, chegou a ser o maior estádio em todo o país com uma lotação a rondar os 100 mil espectadores mas aquilo que parecia ser uma solução passou a ser um problema com o passar dos anos. Porquê? Sem ter grandes clubes a explorarem o recinto, os custos de manutenção tornaram-se demasiado pesados e a cidade decidiu que o melhor seria criar um novo recinto, com metade da lotação, dentro do mesmo recinto.
Foi isso que foi acontecendo entre 2000 e 2004, com a curiosidade de ter sido um estádio reconstruído tendo como principal inspiração o Dragão. Foi a casa do FC Sachsen Leipzig, de seguida passou para o RB Leipzig e com o tempo ganhou o nome de Red Bull Arena, sendo que a marca deitou por terra a possibilidade de fazer um novo recinto para potenciar a forte aposta feita no clube germânico (como acontece noutros conjuntos pelo mundo) mas foi com o tempo fazendo algumas intervenções que foram aumentando a lotação total do estádio.
Munique
Arena Munique
Capacidade: 66.026
Mais democracia era impossível: em 2002, os habitantes de Munique votaram se queriam um estádio novo, com respetiva urbanização de toda a zona envolvente, ou uma ampla remodelação do Estádio Olímpico. Ganhou a primeira via, com a Arena Munique, que nos jogos do Bayern é Allianz Arena, a ser inaugurada em 2005. Ao longo de quase 20 anos, teve jogos do Mundial de 2006 e do Euro-2020, recebeu uma final da Champions e encontros de futebol americano.
Envolto por 2.874 painéis que se iluminam à noite de várias cores (por norma vermelho, por ser da equipa da casa), a Arena Munique é um exemplo paradigmático da cultura alemã do Bayern: com um custo estimado de 286 milhões que se transformaram em 340 milhões no final, ainda foi partilhado com o Munique 1860 antes de o outro clube da cidade alienar a sua participação no recinto mas passou a ser detido só pelos bávaros, que alienando parte do seu capital social e vendendo o naming por 30 épocas decidiu pagar o investimento… 16 anos antes do previsto.