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Vanessa Marina,
a b-girl portuguesa
em Paris

Estudou dança contemporânea, foi para Londres para entrar numa companhia, mas a paixão pelo breaking falou mais alto. E pode valer uma medalha nos Jogos Olímpicos.

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Num dia em que os termómetros atingiram os 30 graus, algo raro em maio e ainda mais raro num ano em que o verão demorou a chegar, Vanessa Marina surge da única maneira possível: com roupa de verão e os braços descobertos, tal como todos os turistas que naquela tarde passavam no miradouro das Portas do Sol, em Lisboa.
Mas, apesar de a temperatura não baixar e de o sol não dar tréguas naquele início da tarde, Vanessa veste uma camisola de manga comprida para dançar breaking, modalidade em que irá representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris. Afinal, mesmo com este calor, qualquer breaker tem de proteger as articulações e juntar roupa confortável aos obrigatórios ténis.
Aos 32 anos, 14 depois de ter entrado no mundo do breaking, será a única representante de Portugal na modalidade que se estreia nos Jogos de Paris. Natural de Leiria, com formação na Escola Superior de Dança de Lisboa, foi para Londres à procura de um passaporte de entrada numa companhia de dança contemporânea, algo que acabou por não acontecer.
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Foi em Londres que decidiu dedicar-se ao breaking por inteiro, já depois de se ter cruzado com a modalidade em Portugal através de um amigo. Na altura, dançava no chão da Gare do Oriente e nas Portas do Sol, onde regressa agora para explicar a diferença entre o conhecido breakdance e o mais certeiro breaking.
“O breaking é a cultura. Insere-se na cultura do hip hop, com o rap, o MCing, o DJing e o graffiti”, explica, sempre com uma necessidade clara de lembrar as raízes de inclusão e igualdade de um mundo que nasceu nos anos 70 no violento bairro de Bronx, em Nova Iorque.
Um grupo de breakdancers do Bronx, no início dos anos 80 em Nova Iorque
[Michael Ochs Archives/Getty Images]
Para Vanessa, chegar aos Jogos Olímpicos tornou-se um sonho a partir do momento em que o breaking foi confirmado em Paris. E lá, onde estarão 16 b-boys e 16 b-girls a lutar por medalhas, a atleta portuguesa não exclui trazer uma.
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Nos Jogos Olímpicos, onde as categorias masculina e feminina estarão separadas, os b-boys e b-girls serão divididos em grupos de quatro que competem entre si. Os dois melhores de cada um dos grupos passam à fase a eliminar, com uma ronda preliminar e quartos de final a antecederem as verdadeiras batalhas pelas medalhas.
Vanessa venceu o campeonato nacional de breaking organizado pela Red Bull
[Red Bull BC One/YouTube]
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O Red Bull BC One é a maior competição internacional de breaking 1x1. O sul-coreano Hong 10 e a japonesa Ami são os atuais campeões em título.
[Red Bull BC One/YouTube]
Antes de começar a dançar, Vanessa faz um aquecimento rápido, tira os anéis e começa a ouvir uma música imaginária na cabeça.
Em competição, um DJ escolhe uma música para cada battle. Os breakers não sabem previamente que música vai tocar e improvisam. Muitas vezes, são faixas originais ou inéditas, e um dos critérios de avaliação é precisamente o encontro entre o improviso e a música.[Nano Calvo/VW Pics/Universal Images Group via Getty Images]
1
As batalhas de breaking são avaliadas consoante cinco critérios:
  • técnica
  • vocabulário (associado ao estilo de cada um)
  • execução
  • musicalidade
  • originalidade
O sul coreano Kim Hongyul participou na final de breaking nos jogos asiáticos, em outubro de 2023
[Ishara S. Kodikara/AFP via Getty Images]
2
No breaking existem vários movimentos, mas dividem-se, essencialmente, em três grupos principais:
  • top rock
  • down rock
  • freezes
A japonesa Ami Yuasa, atual campeã de breaking, durante a final do Red Bull BC One, em outubro de 2023
[Martin Lelievre/AFP via Getty Images]
3
velocidade normal
Top rock são os movimentos que os breakers fazem em pé, normalmente no início da prova. Em ambiente urbano, servia para sinalizar aos outros b-boys e b-girls para saírem da frente.
Nesta fase, o breaker mostra a sua personalidade e carisma. É avaliado principalmente pela técnica e musicalidade.
4
Down rock são os movimentos que são executados no chão. Incluem o jogo de pés e os drops e transitions, que servem para descer de top rock para o chão ou vice-versa.
5
velocidade normal
É no down rock que se integra um dos movimentos mais característicos do breaking: o “windmill”, onde os praticantes rolam o tronco continuamente no chão, apoiando-se com a parte superior do peito/ombros/costas, enquanto as pernas giram elevadas em forma de V.
6
velocidade normal
Freezes acontecem quando o breaker faz uma paragem total, normalmente numa posição acrobática difícil de manter. É considerada uma das chaves para ganhar uma battle e é a grande demonstração do vocabulário do praticante.
7
Vanessa chegou ao breaking teoricamente tarde, já aos 18 anos, mas a sua base em formação clássica permitiu-lhe avançar muito rápido para a competição. A modalidade junta tudo aquilo de que gosta: dança contemporânea, hip hop, funk. Sempre que viaja traz uma inspiração nova dos países que conhece.
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Atualmente, depois de muitos anos a combinar a dança com outros trabalhos para conseguir pagar as contas, consegue dedicar-se por inteiro ao breaking. Conta com apoios publicitários e do próprio Comité Olímpico Português, que investiu na corrida até Paris.
A Gare do Oriente e as Portas do Sol deram lugar a escolas de dança onde treina e prepara as próprias prestações. Nenhum breaker tem coreografias decoradas, só movimentos. A dança completa surge quando entram em ação.
Ainda que seja a primeira a elogiar a capacidade de integração e inclusão do breaking, Vanessa reconhece que ser b-girl ainda é ser uma mulher num mundo de homens e que só nos últimos anos a categoria feminina começou a ter mais espaço. Algo que quer prolongar.
Os Jogos Olímpicos poderão ser uma montra da modalidade para jovens raparigas. A partir de Paris, Vanessa Marina espera colocar o top rock, o down rock e o freeze na boca dos portugueses. A estreia é esta sexta-feira, dia 9.

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