Ainda existem alguns jogadores nas instalações da GNR há poucos minutos mas deverão estar de saída em breve. Em paralelo, continua a decorrer um encontro numa unidade hoteleira de Lisboa entre o Grupo Stromp e o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho. Assim, está a chegar ao fim um dia que marcou uma das páginas mais negras da história do clube, que começou de forma conturbada com as acusações de um alegado esquema de corrupção de árbitros no Campeonato de andebol da última temporada e que teve como pico mais alto de tensão a invasão da Academia por parte de 50 elementos de cara tapada que, com barras de ferro e cintos num cenário de completo terror, agrediram vários jogadores e elementos do staff e da equipa técnica. Haverá ainda muito mais para contar esta quarta-feira, com quatro dúvidas que continuam ainda por dissipar:

1) A equipa volta aos treinos de forma normal para preparar a final da Taça de Portugal. Se sim, na Academia ou num outro local?

2) Regressando a equipa aos trabalhos, quantos jogadores apresentarão mazelas físicas do ataque sofrido (existe um relato de que existe pelo menos mais um jogador que ficou com marcas bem visíveis do ataque, não se sabendo se estará ou não apto para a final da Taça)?

3) Apesar das declarações de Bruno de Carvalho e Jaime Marta Soares, que garantiram a presença na final da Taça de Portugal, os jogadores terão mesmo deixado cair de vez a hipótese de não comparecerem no encontro em protesto pelo que aconteceu?

4) Haverá algum pedido de rescisão unilateral por parte de algum jogador, como chegou a ser levantado em relação a Acuña e Battaglia?

5) Que medidas de coação terão os 21/23 suspeitos que serão apresentados esta quarta-feira a tribunal? E terão as autoridades conseguir perceber o que levou a um ataque desta dimensão sem precedentes no futebol português?

“Quero é que o Sporting ganhe a final da Taça de Portugal para depois ter as reuniões que tenha de ter mas que a próxima época comece num clima de calma e estabilidade. Só sairei descansado quando apurarmos quem são os responsáveis porque isto não são atos que dignifiquem o clube, não são sportinguistas. Se forem sócios do Sporting, que entreguem os cartões e que sejam proibidos de entrar em estádios”, diz João Benedito, figura do futsal leonino ao longo de duas décadas que foi um dos mais emblemáticos capitães das modalidades do clube, à saída de uma reunião entre Grupo Stromp e Bruno de Carvalho

Mais uma carrinha com jogadores e elementos da equipa técnica que sai da GNR do Montijo, onde estavam Rui Patrício, Doumbia, Piccini e Nelson. entre outros

Jorge Jesus, Mathieu, Coates, Bruno César, Salin, Bryan Ruíz e Lumor acabam de deixar a GNR do Montijo. Meia hora antes, à saída do mesmo local, João Palhinha referiu que “foi um dia muito triste e difícil para todos”. Entretanto, algumas dezenas de adeptos do Sporting concentraram-se à porta da GNR do Montijo e incentivaram os jogadores leoninos

“Não queria comentar nada sobre o que se passou hoje mas ver alguns artistas a brincarem com o que aconteceu dá-me vontade de os mandar apanhar no **! Eu hoje sai de casa para ir fazer o que mais gosto, no clube do meu coração, a pensar num sonho pessoal, estar no Jamor e vencer a taça com esta equipa. Assisti a um ataque que nunca vai ser possível descrever! Ninguém tem noção do que aconteceu e não admito que brinquem com a vida ou com o ataque bárbaro que vivemos. Estamos assustados, tristes, desiludidos e com medo! Respeitem quem passou momentos de aflição, terror e ver as suas vidas postas em causa! Nós fomos trabalhar e fazer o que melhor sabemos para que no domingo terminássemos em beleza esta época! Isto é uma vergonha. Tenham vergonha do que escrevem e brinquem com as vossas famílias! Isto foi um ato criminoso não foi uma briga de amigos na rua! Tenham consciência antes de escrever!”, escreveu Mário Sampaio, preparador físico dos leões nas rede sociais

URGENTE: quem tiver QUALQUER INFORMAÇÃO que permita identificar e deter os atacantes da #AcademiaSCP deve contactar as autoridades policiais @GNRepublicana (telf posto de Alcochete 217 657 600) @DNPSP @PJudiciaria
Toda a informação é IMPORTANTE.#SportingCP

— paraver ???????????? ???????????? (@paravertudo) May 15, 2018

Segundo a TVI, a GNR deteve 23 suspeitos que estarão ligados à Juveleo e que terão forçado a entrada na academia do Sporting, em Alcochete, esta tarde de terça-feira, deixando um rasto de destruição.

“O Sporting Clube de Portugal não merece os incendiários que praticaram os atos de hoje na academia”, disse Carlos César na SIC Notícias, acrescentado que “não jogar a final da taça é premiar a selvajaria”.

O Comando Geral da GNR não prestou, para já, qualquer informação sobre o caso e remeteu esclarecimentos só para a manhã de quarta-feira, apesar do caso ter acontecido pelas 17h00. O porta-voz da Guarda não atende o telefone, nem responde às mensagens. Recorde-se que 50 suspeitos, que estarão ligados à Juveleo, invadiram a academia do Sporting em Alcochete, agrediram o treinador Jorge Jesus e alguns jogadores e deixaram um rasto de destruição.

Petrovic também já saiu da GNR do Montijo. Por haver duas entradas, há algumas movimentações que não se conseguem perceber, com os jogadores a tentarem evitar os jornalistas

Carlos César, que fez parte da Comissão de Honra de Bruno de Carvalho durante a candidatura às eleições no Sporting, disse na SIC Notícias a “crispação a que se tem assistido ao longo desta época é uma coisa tremenda”. “É algo que não faz sentido. O desporto devia ser uma celebração da competitividade, uma homenagem aos vencidos, um momento de glória para os vencedores, em Portugal é um duelo de inimigos, e até se pode dizer, feito à faca, como aconteceu hoje”, disse.

Em declarações à SIC Notícias, Santana Lopes, que já foi presidente do Sporting, disse o que se passou esta terça-feira no Sporting é o culminar de “uma sucessão de acontecimentos”, e que Bruno de Carvalho “não pode estar a dar voltas ao estádio quando se ganha e criticar os jogadores quando se perde” e questionou a não comparência do presidente na Madeira: “Ouvi o presidente Bruno de Carvalho diz que este fim-de-semana era muito importante com o Marítima, mas os sportinguistas depois não percebem porque é que ele não esteve lá com a equipa e esteve com o hóquei em patins no Porto.

“Eu não falar, tranquilo, tranquilo”, diz Bas Dost à saída do Posto Territorial do Montijo

Frederico Varandas, diretor do departamento clínico do Sporting, reagiu no Instagram, numa publicação onde se pode perceber que se sente “envergonhado” pelos recentes acontecimentos.

https://www.instagram.com/p/Bi0AVZIBfH3/?taken-by=frederico_varandas

Juro ser fiel ao @Sporting_CP até a morte nos separar! ???? #AoVossoLado pic.twitter.com/aEiPf8PYVj

— Sporting Adeptos (@SCPAdeptos1906) May 15, 2018

“Chegou o momento de reflexão profunda dos dirigentes, porque há uma linha que foi ultrapassada, porque o que se passou não é um caso desportivo, é um caso de polícia, contra os verdadeiros artistas do futebol. O futebol não é isto, o que se passou é uma página negra do futebol em Portugal”, referiu Pedro Proença, presidente da Liga, à RTP3, deixando ainda a sua solidariedade com “os técnicos, os jogadores e as suas famílias”. “Ao Jorge Jesus, uma pessoa que eu aprendi a reconhecer o seu trabalho, enquanto árbitro de futebol, quero deixar uma palavra de apreço e solidariedade, assim como a todos os jogadores, que têm sabido defender as cores do Sporting. No futebol não vale tudo”, concluiu.

Saíram mais alguns jogadores do Sporting e Jorge Jesus, o último a abandonar a Academia

“50 não são 3,5 milhões”, diz um cartaz em Alvalade. Há cada vez mais adeptos junto ao Pavilhão João Rocha, na rotunda do leão. Segundo nos confidenciaram, poucos acreditavam que se juntasse tanta gente esta noite em Alvalade. Um dado curioso: quando alguns começaram a gritar por “Demissão”, apontando baterias a Bruno de Carvalho, o cântico pelo Sporting acabou por abafar essa manifestação