Momentos-chave
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  • O que disse Vara nas cinco horas e meia de audição

    “Não quero, não posso, não devo”. Mas Vara falou muito sobre Vale do Lobo e não só

  • Boa tarde e obrigada por nos ter acompanhado nesta audição que durou cerca de cinco horas e meia. Segunda-feira é a vez de ouvir logo de manhã, Faria de Oliveira. Ex-presidente da Caixa responde pela segunda vez nesta comissão de inquérito.

  • Vara despede-se com apelo. "Conheço o sistema (prisional) do ponto de vista do utilizador e é dramático"

    As últimas palavras de Armando Vara na audição vão para o sistema judicial e para a situação dos que estão detidos, como ele está desde janeiro.

    “Enche-se a boca com a necessidade reinserção, mas o que vemos não é reinserção nenhuma. Hoje, por más e não boas razões, conheço o sistema do ponto de vista do utilizador, e isso é dramático. Não é digno de um país como o nosso”. Logo na intervenção inicial, o antigo gestor e ex-dirigente do PS tinha alertado para a situação de infoexcluído, pelo facto de não ter acesso a computador.

  • Vara sai em defesa de Constâncio no crédito da Caixa a Berardo. "Não é possível apontar nada nessa matéria"

    Armando Vara, ex-administrador dos dois maiores bancos portugueses, defende que seria impensável para a banca que o Banco de Portugal fizesse alguma observação sobre a autonomia dos bancos para conceder créditos. O Banco de Portugal só tinha de dizer sim ou não à pergunta que lhe foi feita. E que era Se Berardo poderia aumentar a participação no BCP.

    “Ninguém me encomendou” a defesa do antigo governador neste tema, mas Armando Vara deixa a sua avaliação.” É possível apontar muitas coisas a Vítor Constâncio. Não é possível apontar nada nessa matéria”.

  • Respostas sobre várias operações concretas. É impossível dar o reporte de toda a informação, porque não teve acesso a dados sobre a operação. Tem a ideia de que o crédito dado pela Caixa era a Berardo, também era para comprar ações. ou seria para refinanciar a dívida . Armando Vara tem ideia de que poderia ser usada para vários fins. Não se lembra se era só para isso, e acrescenta que lhe custa dizer. porque depois é o que fica das audições.

    Ainda sobre a renegociação da dívida de Berardo já enquanto estava na administração do BCP, garante que o tema não pasosu por si.

  • Resposta "ofensiva" para Mariana Mortágua? "Não seria capaz de lhe atirar com uma flor"

    E a primeira resposta vai para Duarte Pacheco, o deputado do PSD que o acusou de ter ofendido a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua..

    Eu respondi de forma veemente e não ofensiva. E nem sequer seria capaz de lhe atirar com uma flor. Não queria ofender ninguém”.

  • Os deputados fazem as últimas perguntas da terceira ronda da audição que já vai em cinco horas, contrariando expetativas de alguns deputados de que Armando Vara iria dar poucas respostas e respostas curtas, depois de pedir para não ir ao Parlamento.

  • Vara indigna-se com Mortágua: "Há perguntas que só por serem feitas lançam acusações graves"

    A deputada do Bloco prossegue com as perguntas na zona “perigosa” da Operação Marquês. “Alguma vez transferiu algum montante por conta de algum cliente a quem tenha aprovado um crédito? Para Mariana Mortágua essa é uma questão da competência da comissão de inquérito. Vara responde com indignação.

    “Isso é o centro da comissão de inquérito? Isso é o centro do processo de uma acusação que me é feita. Era a última coisa que esperava era vir ao Parlamento, sede da democracia. Há perguntas que só por serem feitas lançam acusações graves. Quando os interesses de uma certa justiça condicionam o Parlamento alguma coisa vai mal na justiça. Não esperaria que seria a Sra deputada pela força que representa que fizesse eco de coisas que considero calúnias”.

    A isto Mariana Mortágua, contrapõe que Armando Vara pode simplesmente responder não. Mas o ex-gestor não dá mais explicações sobre os temas da Operação Marquês.

    Apesar de sublinhar que respeita as decisões da justiça sempre, e lembra que se entregou quando perdeu todos os recursos da Operação Face Oculta, não deixo de considerar que há áreas da nossa justiça, bem focadas que têm também um projeto de poder. Espero que nenhum dos Srs. venha a passar por alguma coisa parecida”. Ser condenado é mau, ser condenado injustamente é muito pior, diz.

  • Armando Vara volta a dizer que não quer falar mais sobre Vale do Lobo, mas a deputada do Bloco insiste nas relações que teve depois da Caixa com homens ligados a Vale do Lobo, Gaspar Ferreira e Hélder Bataglia. Vara diz que almoçou com Bataglia uma vez em Luanda por causa de um projeto para uma fábrica de cimento entre a Escom e a construtora Camargo Corrêa, para a qual trabalhou depois de ter saído da administração do BCP. Mariana Mortágua pergunta pelas offshores dos quais será proprietário. Faz parte do processo Vale do Lobo e da tese do Ministério Público e Vara não responde.

  • Vara ficou "constrangido" quando apareceram situações de malparado na Caixa anos mais tarde

    O deputado do PS traz agora a inspeção do Banco de Portugal sobre créditos garantidos por título que data de 2011, para voltar a confrontar Vara com as operações aprovadas sem acautelar o que recomendava o risco.

    “Não me lembro, comigo nunca aconteceu levar com uma posição irredutível do risco no sentido de não. No final, quando terminávamos, perguntávamos ao risco se estava tudo OK. E às vezes era preciso refazer, mas quando se chegava ao conselho era suposto estar tudo salvaguardado.

    Vara admite que, tal como o “Dr. Bandeira” foi dos que participou em mais reuniões. Mas também confessa: “Quando comecei a ver as situações de crédito malparado na Caixa, anos depois, fiquei constrangido. O conselho não tinha consciência da dimensão da exposição do mercado ao BCP. Se tivéssemos o reporte que depois foi feito pelo risco, teríamos começado a olhar de outra maneira.

    Armando Vara volta a dizer que na Caixa não tínhamos interesse nenhum naquela posição (participação acionista no BCP). “Só mesmo por amor, porque interesse não havia nenhum”.

  • "Apagaram conversas que impediram que eu me defendesse"

    Sobre a ida para o BCP. Armando Vara diz que achou “o convite irrecusável, foi uma honra e um orgulho ter o convite para vice-presidente do BCP” — além disso, financeiramente era uma “proposta financeiramente muito apelativa”, diz Armando Vara, muito elogioso para Carlos Santos Ferreira — “pese embora os insucessos, que acontecem em todos os bancos, Carlos Santos Ferreira era um exímio gestor — tudo funcionou bem sempre e deveu-se a ele”.

    “Portanto nunca imaginei que a seguir pudesse haver uma operação que tentou desacreditar e criar condições para que não tivéssemos sucesso”. E muita comunicação social, “que também tinha interesses nesta área”, participou na “golpada”. “A história irá julgar-nos”, afiança.

    Armando Vara rejeita que algum dia tenha havido um grande plano que tinha como intenção última controlar a comunicação. “A comunicação social participou na criação de uma tese de golpe contra o Estado de direito”. É uma “tese absurda mas é um absurdo que levou a que eu hoje esteja na cadeia”.

    “Não pude defender-me até à medula como era meu direito, porque apagaram conversas que impediram que eu me defendesse”.

  • Armando Vara volta a dizer, em resposta ao socialista João Paulo Correia, que Filipe Pinhal se enganou no dia em que supostamente foi avisado que Vara e Santos Ferreira estavam a caminho da administração do BCP. O ex-gestor diz que foi no dia 3 de dezembro de 2007, enquanto a reunião da qual supostamente saíram os nomes para a administração do BCP aconteceu duas semanas depois. Armando Vara diz que só foi convidado depois.

    Pinhal contou esta semana que no dia 3 de dezembro, dois membros da sua lista, Paulo Macedo e Miguel Maya, ligaram-lhe a avisar que Vara e Santos Ferreira teriam de entrar na listas.

  • Vara diz que não sabia que investiu na mesma empresa que a Segurança Social

    Nota-se algum cansaço na sala no início desta segunda ronda.

    Inês Domingos, do PSD, é a primeira deputada a questionar Armando Vara, e pergunta a Vara sobre os investimentos que a Caixa fez numa empresa — a Finpro — ao mesmo tempo que também o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, tutelado por Vieira da Silva, também investiu. “Acabámos por perder pelos dois lados”, lamentou a deputada.

    Armando Vara garante que não soube que o Fundo da Segurança Social também tinha investido. “Estou a saber agora”, garantiu, salientando que se tivesse sabido isso ainda seria um elemento maior de conforto para avançar com esse investimento. Mas Vara acrescenta: se houve pressões para que a Caixa também investisse na mesma empresa, ele não conheceu essas pressões — “também não seria o interlocutor” se elas tivessem havido.

  • Durante a pausa, Armando Vara visitado por João Soares

    Durante a interrupção dos trabalhos, Armando Vara recebeu a visita do socialista João Soares — um momento que até ficou registado para a posteridade.

    Na foto, João Soares, Armando Vara e Patrocínia César, assessora do grupo parlamentar do Partido Socialista e secretária da junta de freguesia do Lumiar. É, também, cunhada de Carlos César.

  • Transferência feita para Barroca que teria como destinatário Vara. "É inventado, é uma falsidade"

    Aproveitando o muito prometido, mas pouco cumprido silêncio sobre Vale do Lobo, o deputado comunista pergunta sobre a transferência feita por um cidadão holandês para pagar um lote em Vale do Lobo que foi parar a uma conta suíça de Joaquim Barroca. Segundo a acusação da Operação Marquês, esse dinheiro terá servido para compensar Armando Vara pelo envolvimento da Caixa em Vale do Lobo.

    “É inventado. É uma falsidade. Não tenho nada a ver com isso”.

    Armando Vara garante ainda que não tem interesse pessoal na operação de Vale do Lobo.

  • Assalto ao BCP. Vara contesta "tese quase paranóica, inventada pelo setor" de Filipe Pinhal

    Respostas a Paulo Sá e aos ataques de Filipe Pinhal. “Não concordo com tese quase paranoica, inventada pelo setor a que pertence Filipe Pinhal e que acha que somos responsáveis por tudo o que aconteceu no banco. O BCP esteve sujeito a uma guerra interna que o poderia ter destruído e à qual a Caixa foi completamente alheia”.

    Repete que a Caixa vendeu quase metade da posição que tinha. “Sentimos mesmo embaraço quando convocados para ir às assembleias nos pediram instruções para votar. O que foi decidido votar de forma institucional. quer na BCP, quer na PT, a Caixa votava de acordo com o conselho de administração.

    Vara não acredita na tese da conspiração. No entanto,”não excluo que houvesse um certo compromisso de algumas pessoas — refere Portugal, numa alusão ao Compromisso Portugal — que tivessem alguma apetência pelo poder no BCP“. E recorda que Jardim Gonçalves escolheu Teixeira Pinto para lhe suceder no BCP, em vez de promover Pinha, que era o seu vice-presidente. Será que Teixeira Pinto, que foi secretário-geral do BCP, saberia do negócio bancário?

    “Se eu tivesse consciência do que se viria a passar no BCP, provavelmente não teria aceite ir para o BCP”, conclui Armando Vara, recusando a ideia de que tenha havido um envolvimento da Caixa na disputa de poder no BCP.

  • Havia dois mil milhões em crédito vencido quando chegou à administração da Caixa, diz Vara

    Armando Vara diz que quando chegou à (administração da) Caixa Geral de Depósitos havia dois mil milhões de euros em crédito vencido.

    “Antes de ser administrador da Caixa fui convidado na Caixa para dirigir a área de crédito vencido. E recusei porque, apesar de ser um desafio interessante, se tomasse decisões naquela matéria, se entrasse em negociações, mais tarde ou mais cedo alguém ia apontar que eu favoreci alguém do PS…”

    Armando Vara diz que não aceitou esse convite para se proteger.

    O ex-banqueiro diz que foi a decisão “mais difícil” da sua carreira, sair da Caixa. “A minha intenção sempre foi sair do Governo e regressar ao banco de onde tinha saído”.

  • Créditos para ações. "Se sou um fã dessas operações? Não morro de amores por elas"

    Paulo Sá, do PCP, quer falar sobre os financiamentos para a compra de ações quando a garantia é as próprias ações.

    “Acha normal que um banco público deve financiar estas operações especulativas?”

    “Eu não tenho conhecimento da auditoria, nunca me chegou às mãos” — começa por dizer Armando Vara. “Quando tentei encontrá-lo não o encontrei”, diz Armando Vara, garantindo que “não achava que iria voltar a ser chamado portanto não procurou saber”.

    Sobre a pergunta de Paulo Sá, “a Caixa não tinha nenhum impedimento, não estava proibida de fazer essas operações. A Caixa era um banco comercial que atuava no mercado como os outros, e vivia, ao tempo, sob pressão de ter resultados, que é uma coisa que as pessoas esquecem”.

    “Se sou um fã dessas operações? Não morro de amores por elas. Mas quando se está na banca, o que tem de se saber é se quando se empresta se irá receber”, diz Vara. No caso em apreço, os empréstimos a Berardo para comprar ações do BCP, Vara diz que todas as regras prudenciais foram cumpridas nessa operação. Um raciocínio semelhante ao de Vítor Constâncio, quando disse que “era tudo legal, era tudo conhecido”.

    Vara diz que não se lembra se participou na decisão de conceder o crédito a Berardo, mas assumindo que participou, se não se opôs é porque não encontrou naquele processo qualquer problema”. “As operações eram olhadas no seu aspeto legal e não no seu aspeto moral ou ético — o que estava em causa era a legalidade e a capacidade do mutuário de reembolsar”.

    O ex-banqueiro diz que a Caixa tinha de participar em operações como esta para ter lucros para poder ter um balcão na ilha do Pico e em todo os concelhos, mesmo naqueles balcões que tinham prejuízo. Só agora mais recentemente é que deixou de ter esses balcões”, acusa Armando Vara.

  • "Sou eu quem mais está a pagar pelo que aconteceu"

    “Ninguém lamenta mais do que eu aquilo que aconteceu, porque sou eu e a minha família quem mais a pagar” pelo que aconteceu com o projeto de Vale do Lobo — Vara não fala mais “porque está em tribunal”.

    Terminam, assim, as respostas à deputada do CDS-PP.

  • As reservas do risco à operação Vale do Lobo. "Manda quem pode", diz Vara

    Armando Vara explica agora porque é que a Caixa insistiu em ficar com 25% do capital da sociedade gestora do resort de Vale do Lobo. “Quando as coisas correm bem, e ao tempo era muito possível vender ao fim de um ou dois com uma mais-valia significativa, ter mais de 20% permitia a Caixa consolidar o ativo na totalidade. Aumentava o ativo da Caixa em 200 milhões, ainda que com os riscos associados. “Quando pusemos essa questão aos acionistas privados, não lhes agradou”.

    Wolfpart. É o nome da sociedade criada para deter a participação de 25% em Vale do Lobo e suscita uma troca de comentários e até gargalhadas sobre se o nome da empresa foi inspirado pelo nome do resort (wolf é lobo em inglês). É um detalhe menor, desvaloriza Vara. Para a deputada do CDS, é um indício de que esta sociedade foi já criada com o objetivo da Caixa entrar diretamente como acionista, o que não estava previsto na operação inicial que foi submetida ao parecer do risco, mas que permitia suprir uma das reservas apontadas por esta direção: a insuficiência de capitais próprios. Só que no desenho final, o capital era quase todo da Caixa.

    “Manda quem pode”, responde Vara, lembrando que o conselho de administração era a entidade competente para aprovar a operação. E repete que lhe pareceu uma boa oportunidade, “sempre disse isso”.

    Armando Vara diz que a Caixa era o único banco onde havia um conselho de crédito. Normalmente, nos bancos, créditos até 100 milhões eram despachados por um administrador (e duas assinaturas em valores superiores). “Houve erros? Houve, houve erros que ninguém previu aqui nem previu em mais lado nenhum no mundo”, atira Vara.

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