Momentos-chave
Histórico de atualizações
  • Encerramos aqui este liveblog onde acompanhámos em direto a cimeira do SNS. Continuamos a noticiar tudo o que de relevante se passa no setor da saúde em Portugal aqui no nosso jornal e aqui na nossa rádio.

    Fique connosco. Até já.

  • Hospital de Sant'Ana vai receber casos sociais com alta hospitalar enquanto aguardam vaga no setor social ou nos cuidados continuados

    “Tem de haver um debate de racionalidade” sobre as reformas nas urgências noturnas, defende Manuel Pizarro: “Temos de qualificar esta resposta”. E “temos de criar as pessoas que vão às urgências com mais carinho”: “Não podem ficar à porta durante horas sem saber o que está a acontecer ao familiar. Temos de generalizar o que se está a fazer bem.”

    “Precisamos de tratar do pós-urgência. Grande parte dos problemas que temos na urgência são de sobrecarga no pós-urgência”, aponta Manuel Pizarro: “Isto desgasta os profissionais e causa desânimo”.

    “Somos os responsáveis por esta mudança demográfica”, diz o ministro, porque o SNS melhorou em 11 anos a esperança média de vida dos portugueses: “Estamos contentes por oferecer mais vida aos portugueses, mas temos de qualificar a resposta” para que esses anos sejam passados com maior qualidade de vida.

    Manuel Pizarro defende o alargamento da rede de cuidados continuados. No início do mês de abril, o Hospital de Sant’Ana, na Parede, será utilizado como hospital de retaguarda para receber casos sociais.

    Será “um tampão” entre a resposta dos cuidados hospitalares, o setor social e os cuidados continuados: não havendo vaga no setor social, nem nos cuidados continuados, os utentes podem desimpedir o hospital e aguardar neste hospital de retaguarda. Terá capacidade para 30 pessoas numa fase inicial, mas ela será alargada para as 100.

  • "Precisamos de ter equipas dedicadas nas urgências", admite Manuel Pizarro

    Manuel Pizarro, ministro da Saúde, elogiou a iniciativa da Direção Executiva do SNS: “Sou médico há 30 anos e há 30 anos que se ouve dizer que os portugueses vão demais às urgências”.

    “A culpa não é dos portugueses. Se vamos às urgências é porque não lhes mostrámos” outras alternativas, afirmou Pizarro: “O SNS é uma construção coletiva, das populações que apoiaram sempre o SNS. Não podemos reformá-lo nas costas das pessoas. Estaria fadado ao insucesso”.

    “Há duas atitudes em que não devemos cair. A de que nos querem convencer de que o SNS está a definhar, quando em 2022 o SNS realizou 53 milhões de consultas e 758 mil cirurgias”, defende Manuel Pizarro: “A atitude de estar sempre a apontar o dedo ao SNS não tem meu apoio”.

    “Vivemos com muitos problemas e dificuldades, quase todos relacionados com as urgências”, admite o governante: “Mas a forma como temos as urgências a funcionar perturbam o funcionamento de todas as outras unidades”.

    No que toca à hospitalização domiciliária, “terminámos o ano de 2022 ultrapassando em dobro a meta traçada para 2024”, avançou Manuel Pizarro — repetindo estas informações várias vezes, temendo que as boas notícias não sejam veiculadas.

    “Temos problemas a montante do serviço de urgência, no próprio serviço e a jusante do serviço de urgência”, continua o ministro: “Precisamos de encontrar alternativas para as pessoas e para o funcionamento do serviço de urgência.”

    “Precisamos de ter equipas dedicadas adequadamente recompensadas e que tenham uma perspetiva de futuro”, admite Manuel Pizarro: “É emocionalmente difícil, na urgência há muitos seres humanos a sofrer e é desgastante”.

    “Precisamos mesmo de reorganizar os serviços de urgência. Não vale a pena fugir deste tema, que às vezes parece tabu. Não é encerrar. O exemplo da pediatria explica-se em números”, defende Manuel Pizarro, mas “exige um tempo de adaptação”.

  • Campos Fernandes: "Somos servidores de uma causa comum, vamos ao trabalho"

    “Espero que o senhor ministro, a sua equipa e o diretor executivo tenham o apoio que precisam ter para que haja em junho um bom acordo com os médicos”, disse o ex-ministro, pedindo um pacto com médicos e enfermeiros um pacto para os próximos anos.

    “Deixemo-nos de contendas que são inúteis. Olhemos para o papel de todos sem egos, que são manifestamente irrelevantes. Somos servidores de uma causa comum”, lembrou Adalberto Campos Fernandes: “Vamos ao trabalho, muita confiança”.

  • "Ao hospital só podem ir realmente as pessoas referenciadas por um profissional de saúde qualquer", defendeu Campos Fernandes

    “Aquilo que foi apresentado hoje, as 16 medidas, visa dar uma resposta. Não é fechar a porta, é reorientar”, disse Adalberto Campos Fernandes. “Ao hospital só podem ir realmente as pessoas referenciadas por um profissional de saúde qualquer”, defendeu, pedindo a inclusão dos farmacêuticos no debate.

    “Um enfermeiro não é menos que um médico e um médico não é mais do que um farmacêutico: “O SNS está muito para além das classes de profissionais de saúde, muito para além dos partidos”.

  • Campos Fernandes para o "amigo" Fernando Araújo: "O Norte tem muito a ensinar a Lisboa, mas Lisboa também tem muito a ensinar ao Norte"

    Fala agora Adalberto Campos Fernandes, também ele ex-ministro da Saúde. Saúda o “grande amigo” Fernando Araújo, esperando que ele e Manuel Pizarro “sobrevivam” e cheguem a bom porto “com um mar profundamente alteroso”.

    “Não venho pedir nada, nem vou querer nada. Eu acredito que a missão se faz com os insubmissos”, diz Campos Fernandes: “Não precisamos nem de Yes Man, nem de Yes Woman. Precisamos de gente leal”.

    “Que diabo, a nossa geração entregar em 2024 um sistema de saúde público em tão más condições. Nem Fernando Araújo ou Manuel Pizarro são homens para nos darem essa desilusão”.

    “Que bom ter vindo a Lisboa”, diz o ex-ministro, digirindo-se a Fernando Araújo: “Lisboa precisa muito da nossa Direção Executiva. O Norte tem muito a ensinar a Lisboa, mas Lisboa também tem muito a ensinar o Norte. Por isso juntem aqui também o Algarve”, sugeriu Campos Fernandes.

    “Nós não mudamos o SNS sem compreender a transição demográfica. E por isso é que a equipa de saúde precisa de apoio político”, defende o ex-governante: “Não há nesta matéria nem bairrismo, nem trincheira. Gosto da gente do Norte e sei que o Norte fez muito bem para o SNS”.

    “Não há oportunidades únicas, mas há oportunidades que se esgotam com o tempo. Nós estamos no tempo de fazer as coisas”, sublinha Campos Fernandes.

  • Maria de Belém: "Minhas senhoras e meus senhores, entendam-se. Porque não podemos continuar como estamos"

    “Nunca construímos nada de positivo se tivermos sempre em guerra”, defendeu Maria de Belém: “O que estiver mal, que se diga o que está mal”. “Não se esteja com aquilo que dizem que é das mulheres, que são as alcovitices”, atirou a ex-ministra.

    “Não se esqueçam que, na saúde, é onde existe, coexiste e convive a maior concentração de talento no país. La crème de la crème está aqui e isso é muito recompensador do ponto de vista psicológico”, continua Maria de Belém. “Minhas senhoras e meus senhores, entendam-se. Porque não podemos continuar como estamos. Temos de criar as soluções inteligentes que servem melhor as pessoas. Para além da responsabilidade que se exige, aquilo que assusta mais é a doença”.

  • Maria de Belém: "Quero que se proporcionem à Direção Executiva os instrumentos que se solicitou para cumprir a sua função"

    Maria de Belém continua: “Desculpem, mas têm de se entender. Porque isto é uma exigência de cidadania. A governação não pode ser como querem, tem de ser feita como deve ser, em função das pessoas. Quero saúde em todas as políticas porque quero mais anos sem doença após os 65 anos. Deve ser um desígnio nacional melhorar o único indicador que nos deixa mal. Temos ótimos indicadores na mortalidade materno-infantil, mas não quero estar num país onde isto é mau. Porque isto significa que a maior parte da população portuguesa vive mal”.

    “Quero que se proporcionem à Direção Executiva os instrumentos que se solicitou para cumprir a sua função”: “Fala-se em CEO e eu nunca vi um CEO que não tem responsabilidade em recursos humanos e financeiros”. Mas a ex-ministra também quer que se dê tempo à Direção Executiva para colocar essas reformas em campo.

    “Quero mais reuniões de trabalho como esta. Mas reuniões de trabalho em que todos falam a verdade, em que todos dizem o que sentem. Eu aprendi muito cedo, na minha infância profissional, que os são perigosíssimos. São uma classe absolutamente destrutiva do interesse que dizem servir porque só servem o seu próprio interesse”, defendeu Maria de Belém.

  • "Aquilo que eu quero, senhor ministro, são PPPs. Mas são parcerias público-públicas", diz Maria de Belém

    “Também não quero uma transição digital que tem, como nós sabemos, sucessos e conquistas, mas que não acompanhe a estratégia para o SNS. Não quero desarticulação de cuidados e sem continuidade. Não quero cuidados episódicos. Quero que as pessoas se sintam acompanhadas e cuidadas”.

    “Também não quero recursos humanos mal geridos sem incorporação de talento, remunerados de uma forma absolutamente desigual, consoante a pessoa é dentro ou fora da casa”, acrescenta Maria de Belém.

    “Não quero pessoas mal tratadas e mal estimadas”, continua: “Não quero que as pessoas sejam menos bem tratadas do que necessitam. Aliás, sublinhei uma síntese muito feliz a expressão de Roberto Roncón quando disse que gestão é retirar das pessoas o melhor que elas têm”.

    “Também não quero o desaproveitamento do enorme potencial enriquecimento coletivo que esta área de atividade tem. E nós só somos pobres porque não tiramos proveito das nossas riquezas. Quero que se tire proveito dessas riquezas. Também não quero o desinvestimento que enfraquece e que gere ineficiências e muitas vezes desumanização”, aponta.

    “Não quero que se desperdice tudo aquilo que há para fazer neste setor — e que é muito”. “Para resumir, não quero irracionalidade, nem falta de coração, falta de propósito e falta de propósito partilhado. Não quero”.

    “Quero o PRR ao serviço da estratégia do SNS, especificamente na transição gitial. Quero meios alternativos de consulta, inter-operabildiade entre o SNS e o restante lei de saúde — senhor ministro, tem de se alterar a lei de bases. Quero o registo clínico eletrónico, quero os big data que sustentam a segurança dos cuidados, dos diagnósticos e dos prognósticos, que aperfeiçoam e aprofundam os instrumentos de gestão e que alimentam o uso secundário a favor da investigação. E quero que esses rendimentos sejam para o aprofundamento do digital”, diz Maria de Belém.

    “Queremos o mesmo que as PPP têm: autonomia de gestão, financiamento em função da qualidade do que se produz, responsabilidade, gestão de recursos humanos com progressão e remuneração em função do mérito, que assegure a integração e a continuação dos cuidados”.

    “Aquilo que eu quero, senhor ministro, são PPPs. Mas são parcerias público-públicas”, diz Maria de Belém. “E também quero saúde e segurança social articuladas. Não podemos continuar a assistir a est espetáculo de desarticulação que gera sofrimento, centenas de milhões por internamentos inadequados”.

  • Maria de Belém: "Não quero comemorar os 50 anos da democracia com a jóia da Coroa da democracia desmantelada"

    Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, diz que gostaria de esperar pela chegada de Manuel Pizarro, o atual governante dessa pasta, antes de comentar as medidas sugeridas pelos profissionais de saúde na área das urgências hospitalares.

    Ainda sem Manuel Pizarro na sala, decidiu avançar, concentrando-se em duas áreas: o que Maria de Belém não quer e o que quer. “Faz este ano, dentro de dois meses talvez, 50 anos que comecei a trabalhar nestas áreas. Significa que eu já tenho pouca paciência para, sabendo o que sei, ter de esperar por que aconteça aquilo que deve acontecer”: “Não é justo também pedir a esta geração, que teve uma vida muito dura, que teve sonhos e se dedicou à causa pública para que fossem possíveis, que nós possamos comemorar os 50 anos da democracia com a jóia da coroa da democracia desmantelada”, adianta Maria de Belém.

    E continua: “O SNS é necessário para todos e quem pensar que não é está enganado. Aquilo que a evolução trará para todos nós é que, ou ela é assumida de forma solidária, ou nenhum de nós terá capacidade para se tratar se não for por uma via desta natureza. Esta responsabilidade é enorme e é, para mim, um desgosto enorme se isto não começar a levar melhor caminho”.

    “Não quero festejar os 50 anos da democracia com esta falta de noção que a pandemia nos devia ter ensinado de que a saúde engloba o conceito de segurança. Não podemos fazer disto um campo de insatisfação, em que quem está cá dentro sente as maleitas e sente-se desesperado; e quem é suposto ser servido também sente que não está a ser servido adequadamente. O SNS construiu-se não para ele próprio, mas para servir a população portuguesa”, continuou Maria de Belém.

    “Também não quero uma administração pública obsoleta, com regras inadequadas e incompetentes, que não servem o tipo de trabalho que se desenvolve nesta área. Não quero”, insiste a ex-governante.

    Entretanto, Manuel Pizarro entra na sala e Maria de Belém resume todas as considerações com que começou a sua intervenção.

  • Apresentado pacote com 16 sugestões para a reforma nos serviços de urgência

    Nelson Pereira, diretor do serviço de urgência do Centro Hospitalar de São João, apresenta agora as recomendações para uma reforma nas urgências hospitalares, que será estudada e implementada pela Direção Executiva do SNS:

    1. Investimento em campanhas nacionais de promoção da literacia e informação da população com vista ao uso mais racional dos serviços de urgência.
    2. Aumentar a resposta dos doentes agudo não urgente em contexto extra-hospitalar.
    3. Reforçar o alinhamento de respostas locais entre os cuidados de saúde hospitalares e cuidados de saúde primários através do alargamento do modelo de Unidade Local de Saúde.
    4. Atualização dos algoritmos de referenciação do INEM e da Linha de Saúde 24. Estabelecimento de um sistema de informação único partilhado.
    5. Implementação progressiva do modelo de urgência referenciada e regulação do acesso ao serviço de urgência hospitalar por doentes não urgentes.
    6. Estabelecimento de equipas dedicadas no serviço de urgência.
    7. Implementação do modelo de gestão com centros de responsabilidade integrada nos serviços de urgência.
    8. Criação da especialidade de medicina de urgência.
    9. Alargamento do modelo de urgências metropolitanas.
    10. Implementação de um regime fiscal especial, com garantia de contabilização das horas extraordinárias em serviço de urgência para fins de tempo de serviço ou reforma.
    11. Criação de uma rede de transporte inter-hospitalar de doentes graves.
    12. Definição de um modelo transversal de gestão para admissões, camas e altas em cada instituição hospitalar.
    13. Prioridade aos modelos alternativos à hospitalização clássica tradicional.
    14. Aumento da capacidade de resposta da rede nacional de cuidados continuados e da Segurança Social aos doentes com critérios de alta clínica.
    15. Otimizar as ligações inter-institucionais (cuidados continuados, cuidados de saúde primários e Misericórdias), evitando sobreposições e perdas de rede.
    16. Criação de um programa de investimento para requalificação das urgências hospitalares.

    Estas medidas foram delineadas à luz dos temas que foram abordados ao longo de toda a cimeira, de acordo com as intervenções dos vários oradores ao longo do evento.

  • Provedora da Santa Casa de Marco de Canaveses quer reformas nos lares, que foram transformados em centros de cuidados continuados

    Maria Amélia Ferreira alerta para a questão da falta de vagas nos lares de idosos, para a complexidade da entrada em cuidados continuados e para as dificuldades em aceder aos cuidados paliativos.

    A provedora da Santa Casa de Marco de Canaveses afirma que é necessária uma reforma nos lares de idosos, que estão a tornar-se em centros de cuidados continuados e não locais para envelhecimento saudável.

    “Vamos ter de mudar o modo como pensamentos, sentimos e atuamos neste novo problema demográfico, que é o envelhecimento”: “É um bom desafio envelhecer em qualidade”, acredita Maria Amélia Ferreira.

  • "Não há solução" para doentes com características psicossociais que dão entrada na urgência e que não podem ir para casa

    Alexandra Duarte afirma que “não há uma assunção conjunta para um problema que é de todos”: “Na urgência entra muita gente que não tem doença aguda, são casos que procuram uma resposta social”.

    Algumas dessas situações foram encaminhadas pelos próprios centros de saúde e por instituições sociais que não lhes deram resposta. Se um doente tiver características psicossociais que não lhe permita ficar em casa, “não há solução” — porque o hospital também não é o local correto para o abordar.

    Alexandra Duarte diz que, quando a solução encontrada é o internamento em psiquiatria porque chegou ao hospital com um problema comportamental, o doente terá mais dificuldade posteriormente a dar entrada em estruturas residenciais para pessoas idosas.

  • Raúl Marques Pereira sobre internamentos: "Na maior parte das vezes, a cama correta para um doente é a sua"

    Raúl Marques Pereira, médico de medicina geral e familiar na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, sugere que os médicos de família tenham a possibilidade de internar os seus doentes: “Há pouco ouvíamos falar sobre a distribuição correta das camas para os doentes. Na maior parte das vezes, a cama correta para um doente é a sua”.

  • Provedora da Santa Casa de Marco de Canaveses: "O envelhecimento e a pobreza são fatores com que vamos ter de lidar"

    Francisca Delerue, diretora do serviço de medicina interna do Garcia de Orta, defende que “temos de trabalhar cada vez mais centrados nos doentes”.

    Maria Amélia Ferreira, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Marco de Canaveses, afirma que há uma dificuldade em integrar as diferentes áreas de integração com a cooperação das pessoas.

    A Santa Casa de Marco de Canaveses criou uma equipa de saúde que tem um serviço que apoia idosos num hospital. Dirigindo-se a Adalberto Campos Fernandes, Maria Amélia Ferreira diz que se lembra de o ex-ministro da Saúde ter dito que a população portuguesa é composta por mulheres velhas, pobres e viúvas.

    “O envelhecimento e a pobreza são fatores com que vamos ter de lidar”, concretizou a presidente daquela Santa Casa, sublinhando um projeto de saúde mental que está no terreno por causa das dificuldades levantadas pela pandemia e pela crise económica.

    “As pessoas querem envelhecer em casa, querem ficar em casa até não poderem mais”, sublinha Maria Amélia Ferreira.

  • Diretora do serviço social do São João: "Há necessidade de haver uma intervenção preventiva"

    Alexandra Duarte, diretora dos serviços sociais do São João, diz que a urgência é uma porta aberta para problemas — nem todos de saúde. Há necessidade de haver uma intervenção preventiva, defende, numa perspetiva de integração.

    “Não é só na passagem para os cuidados de saúde primários, mas também que envolva os cuidados de saúde primários e o setor social”, diz Alexandra Duarte. O perfil um doente com carácter social mudou, avisa: “Há uma necessidade de abordagem integral, com uma continuidade e uma redução da fragmentação de cuidados”.

    “Isso implica também uma parceria permanente e colaborativa entre todos. A montante, ainda há nos hospitais uma ação preventiva. O assistente social tem um papel fundamental na identificação precoce dos casos de cariz social”, indica Alexandra Duarte. E isso tem influência na gestão das altas.

  • Diretores clínicos querem investir em estruturas paralelas aos hospitais, como centros de cuidados continuados e hospitais de dia

    “Precisamos de outro tipo de estruturas de apoio após a alta hospitalar”, sugere Roberto Roncón, “sobretudo para doentes idosos e com patologias crónicas”.

    O investimento nessa resposta social — como o apoio domiciliário ou hospitais de dias para doentes não oncológicos — podia aliviar o investimento necessário nas urgências. Ou seja, mimetizar o modelo que já existe para a prestação de cuidados paliativos em ambiente domiciliário.

    Pedro Carrapato também defende o investimento em estruturas paralelas no SNS. José Barros, do Centro Hospitalar do Santo António (que está a implementar um projeto de reestruturação do serviço de urgência), defende que uma das soluções está que alguns casos não passem pela urgência e aceda diretamente ao médico — por exemplo, pessoas transplantadas.

    Também avisa para os casos de pulseiras amarelas que, ainda assim, não necessitariam de aceder à urgência — por exemplo, os utentes que surgem no serviço vindos dos lares e que podiam ser tratados nessas instituições.

    Paula Vaz Marques também concorda com a criação de hospitais de dia. José Luís Brandão investiria na rede de cuidados continuados.

  • "Muito pior do que termos doentes do serviço médico no serviço cirúrgico, ou vice-versa, é termos doentes à espera de cama"

    “Muito pior do que termos doentes do serviço médico no serviço cirúrgico, ou vice-versa, é termos doentes à espera de cama”, defendeu Paula Vaz Marques, diretora clínica do Hospital de Braga, em resposta a uma profissional de saúde que discordou deste modelo de gestão de camas.

    Paula Vaz Marques diz que é assim porque as equipas de gestão têm “sensibilidade” para colocar os doentes nos serviços mais próximos das suas necessidades — e só se não houver leitos disponíveis no serviço mais adequado.

    “Isto não é alocar doentes a camas indiscriminadamente”, alerta: quem atenderá esse doente, independentemente da área em que foi internado, será a equipa mais adequada para abordar aquele caso, defende Paula Vaz Marques.

  • Presidente do Santa Maria não descarta aumento do funcionamento em rede com o hospital São José

    A presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Ana Paula Martins, deixou esta quinta-feira em cima da mesa a hipótese de um funcionamento cada vez mais em rede com o hospital São José.

    “Nós temos contado com o hospital de São José para resolver aquilo que nós não temos sido capazes de resolver quando fazemos o fecho da urgência por não ter recursos humanos”, explicou a presidente do Santa Maria. “Neste momento o que está de facto em cima da mesa é que esta organização tem de ser virtuosa, e para isso temos de partilhar recursos naturalmente.”

    Ana Paula Martins considera que, caso o hospital de Santa Maria não consiga dar conta da situação nas urgências através do aumento da bolsa de médicos que se encontra a preparar, e continuar a “precisar do enorme esforço que o São José está a fazer”, então terá de existir um aumento da partilha de recursos.

  • Ana Paula Martins antecipa reforço das bolsas de urgências no Santa Maria em antecipação ao verão e às JMJ

    A Presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte garantiu esta quinta-feira que o verão e as Jornadas Mundiais da Juventude estão a ser antecipadas pelo hospital de Santa Maria, nomeadamente através de um reforço do serviço em rede partilhada com o hospital São José.

    “Nós temos dificuldades, e estamos a trabalhar para que essas dificuldades sejam ultrapassadas, nomeadamente a questão da ortopedia, cuja dificuldade em dar resposta tem sido do conhecimento público, e temos tido a enorme colaboração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, ou seja de São José”, explicou. “Essa colaboração é fundamental. Nenhum centro sozinho é capaz de dar resposta em momentos de grande pressão, e nós estamos a fazer o nosso trabalho que é até amanhã apresentar à direção executiva um plano de resposta à situação do trauma e de ortopedia, não só para agora, que estamos a viver momentos de grande dificuldade, mas durante todo o verão.”

    Para tal, as novas medidas poderão passar, de acordo com Ana Paula Martins, pela criação de uma “bolsa com mais médicos disponíveis envolvidos naquilo que é o trauma e no final a ortopedia, além da urgência durante a noite“. As especialidades reforçadas passariam não apenas pela ortopedia, como também pela medicina interna, a medicina intensiva e a medicina geral e familiar.

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