Momentos-chave
- Quarta sessão fica por aqui
- Ricciardi admite ter estado com Alexandre Cadosch
- Ricciardi fala agora sobre financiamentos da Espírito Santo Control
- "Ambiente [dentro do conselho] não era simpático", refere Ricciardi
- Recomeça a sessão
- Pausa na sessão
- Ricciardi diz que Manuel Fernando "tinha de ouvir Salgado" antes de tomar decisões
- Ricciardi diz que nunca confrontou pai sobre contas falsificadas
- Ricciardi volta a atirar culpas ao Banco de Portugal pela resolução do banco: "não queriam pegar em quatro ou cinco mil milhões"
- "Quando ele [Ricardo Salgado] me garantiu que ia abrir a sucessão, que se ia reformar, eu acreditei"
- Ricciardi volta a falar sobre documento que fez para afastar Salgado: "O documento não só desapareceu, como foram dizer ao dr Salgado"
- "Foi-me transmitido que nem ela nem a pessoa do dr Ricardo Salgado queriam falar comigo", diz Ricciardi
- Recomeça a sessão. Proença de Carvalho diz que "não tem condições" para fazer perguntas face à doença de Salgado
- Sessão é interrompida para almoço
- Ricciardi acusa Carlos Costa: "Vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES, que se lixem os lesados"
- "Eu não recebia [prémios], porque o meu pai não quis dividir nada comigo", diz Ricciardi
- Salgado "tinha poder total e não dava contas do que fazia"
- "Parece que estou aqui a ser julgado", responde José Maria Ricciardi
- Ricciardi volta a falar sobre documento de confissão de Machado da Cruz
- Ministério Público pede estatuto de maior acompanhado para Ricardo Salgado
- Recomeça a sessão
- Pausa na sessão
- Ricciardi: "Quando a KPMG, a meu pedido, fez uma auditoria e apurou estes valores, eu pedi a suspensão" da ESI
- Ricciardi descreve jantar em casa de Salgado: "Houve uma simpatia exagerada" e um pedido de solidariedade com falsificação das contas
- José Maria Ricciardi fala outra vez sobre Machado da Cruz
- Começa a quarta sessão de julgamento
Histórico de atualizações
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Ricciardi acusa Carlos Costa: "Vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES, que se lixem os lesados"
A advogada Ana Peixoto continua a colocar questões e quer agora saber o que foi feito para garantir o pagamento aos lesados quando se deu a resolução do banco, tendo José Maria Ricciardi deixado claro que terá sido Carlos Costa quem deu ordem para retirar as provisões, o que impediu o pagamento aos lesados.
“O Banco de Portugal e o dr Carlos Costa [governador do BdP na época] disseram: ‘Vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES, que se lixem os lesados e vamos deslocar esse dinheiro para os créditos das contas que a gente fez mal no Banco Espírito Santo’”.
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Este liveblog fica por aqui. Termina assim a primeira semana do julgamento do processo GES/BES, um dos maiores da justiça portuguesa. A próxima sessão está marcada para terça-feira. Obrigada por nos ter acompanhado.
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Dia 4 de julgamento. O "medo" de Salgado, um confronto que não existiu e os ataques ao ex-governador do Banco de Portugal
Terminou a primeira semana do julgamento e as críticas a Salgado acumularam-se a cada sessão. Mas esta sexta-feira nem o antigo governador do Banco de Portugal escapou aos ataques de Ricciardi.
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Quarta sessão fica por aqui
Termina a quarta sessão deste julgamento. José Maria Ricciardi já acabou o seu testemunho.
Para a próxima semana está agendada apenas uma sessão, para terça-feira.
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Ricciardi admite ter estado com Alexandre Cadosch
José Maria Ricciardi disse ontem que não sabia o que era a Eurofin e hoje, em resposta à defesa de Alexandre Cadosch, ex-presidente da Eurofin, admitiu que poderá ter trabalhado com a Eurofin, mantendo sempre, no entanto, que continua hoje sem saber o que é exatamente a Eurofin.
“O que eu sempre soube da Eurofin é que era uma empresa que não era detida pelo GES, mas que tinha relações próximas com o grupo, nomeadamente que tinha comprado ações da área não financeira”, começou por explicar. “O que eu não sabia e não sei é porque é que foram tantos milhões”, acrescentou.
Logo a seguir, a defesa quis saber se alguma vez esteve com Alexandre Cadosch, que Ricciardi disse que “conhecia muito bem”: “Sei que reuni com o dr Cadosch uma vez. Se calhar reuni mais do que uma vez, se calhar reuni com o dr Cadosch em Londres, mas não me lembro”.
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Ricciardi fala agora sobre financiamentos da Espírito Santo Control
Ricciardi fala agora sobre os aumentos de capital feitos na Espírito Santo Control (ESC), em resposta ao advogado Paulo Amil, que representa o arguido Pedro Costa. “Desde que as contas da Control e da ESI estivessem certas, não havia problema nenhum [nos aumentos de capital]. Esse tipo de financiamento começou a ter problemas desde que começou a perceber-se que era muito maior e que estava escondido”, explicou.
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"Ambiente [dentro do conselho] não era simpático", refere Ricciardi
É agora a vez de o advogado João Costa Andrade, que representa os arguidos Pedro Pinto, Pedro Serro, Nuno Escudeiro e Paulo Ferreira, fazer perguntas. Ricciardi volta a dizer apenas que “o ambiente não era simpático” dentro do conselho do banco.
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Recomeça a sessão
Sessão já recomeçou. Ricciardi continua a responder às questões dos advogados dos arguidos.
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Pausa na sessão
Sessão é interrompida para um intervalo de 10 minutos.
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Ricciardi diz que Manuel Fernando "tinha de ouvir Salgado" antes de tomar decisões
Ainda em resposta ao advogado José António Barreiros, Ricciardi explicou que Manuel Fernando Espírito Santo, que é também arguido neste processo, não tomava decisões sem antes falar com Ricardo Salgado.
“O dr Manuel Fernando fazia o melhor que podia, mas à semelhança de toda a gente no grupo, aquilo que fossem decisões mais importantes — sobre comprar uma empresa, sobre contratar um administrador, que tipo de financiamento é que se ia obter —, tinha de ouvir o dr Salgado. Como eu, quando quis ir para a capital do México ou quando quis abrir um banco no Brasil, também tive de pedir autorização ao dr Salgado.”
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Ricciardi diz que nunca confrontou pai sobre contas falsificadas
José António Barreiros, advogado de Manuel Fernando Espírito Santo, quis ainda saber se José Maria Ricciardi nunca confrontou o pai quando descobriu que as contas tinham sido falsificadas, tendo em conta que António Ricciardi também assinava os documentos que permitiam essa falsificação.
“- Quando isto tudo aconteceu, não confrontou o seu pai?
– Não. A única coisa que me magoou com o meu pai foi quando em novembro o meu pai votou a favor do dr salgado e contra mim.”
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Ricciardi volta a atirar culpas ao Banco de Portugal pela resolução do banco: "não queriam pegar em quatro ou cinco mil milhões"
Já ontem o tinha feito e hoje volta a repetir a ideia que, para si, a culpa da resolução do BES foi do Banco de Portugal e do então governador Carlos Costa.
“O BES era um banco sólido. Se o BES tivesse ficado cá e não se tivessem posto a fazer resoluções, o BES estava cá. Por isso é que ponho as culpas no Banco de Portugal. Se não se tivesse feito a resolução e se tivesse emprestado quatro ou cinco mil milhões, o BES tinha sobrevivido e hoje era um banco ótimo. Como se conduziu como se conduziu a resolução, no meu entender patética, custou uma fortuna aos contribuintes e aos lesados, porque queriam fazer uma saída limpa e não queriam pegar em quatro ou cinco milhões mil para dar a um banco.”
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"Quando ele [Ricardo Salgado] me garantiu que ia abrir a sucessão, que se ia reformar, eu acreditei"
José Maria Ricciardi fala ainda dos acontecimentos de dezembro de 2013, quando Ricardo Salgado lhe prometeu que ia sair do banco, em troca do seu voto de confiança no conselho superior. “Quando ele me garantiu que ia abrir a sucessão, que se ia reformar, eu acreditei”, explicou.
“Quando o dr salgado convocou um conselho de administração para me pôr na rua, fizemos antes um conselho de administração para saber como é que se fazia isso e eu disse para ele abrir a sucessão e eu dava-lhe o meu voto de confiança”, acrescentou.
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Ricciardi volta a falar sobre documento que fez para afastar Salgado: "O documento não só desapareceu, como foram dizer ao dr Salgado"
É agora a vez de José António Barreiros, que representa o arguido Manuel Fernando Espírito Santo. Questão centra-se no documento que José Maria Ricciardi fez em outubro de 2013, em que conseguiu reunir seis assinaturas do conselho de administração para afastar Ricardo Salgado.
Sobre esta questão, Ricciardi disse que uma das seis pessoas que assinaram o documento contaram a Ricardo Salgado o que estava a acontecer: “Manuel Fernando Espírito Santo pediu-me para ficar com esse documento para o irmão assinar, mas depois o documento desapareceu e só o vi em agosto de 2014. Não só desapareceu, como foram dizer ao dr Salgado”.
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"Foi-me transmitido que nem ela nem a pessoa do dr Ricardo Salgado queriam falar comigo", diz Ricciardi
Apesar de declarar não ter condições para perguntas, a defesa de Salgado acrescentou algumas perguntas:
“- Sabe que ele está doente?
– Os problemas familiares são privados.
– Se se cruzar com o dr Ricardo Salgado, cumprimenta-o?
– Cumprimento. Se ele quiser, cumprimento.
– Voltou a cruzar-se com ele nos últimos dez anos?
– Não.
– Falou com a mulher de Ricardo Salgado?
– Um recado. Foi-me transmitido que nem ela nem a pessoa do dr Ricardo Salgado queriam falar comigo.”
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Recomeça a sessão. Proença de Carvalho diz que "não tem condições" para fazer perguntas face à doença de Salgado
Recomeça a sessão. Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, começou a sessão a dizer que não tem condições para fazer perguntas. “O meu cliente não está cá, nós não temos orientações.”
“Queria dizer ao tribunal que esta defesa não tem condições”, acrescentou.
Ainda assim, Proença de Carvalho questionou: “Está ou não está de relações cortadas com Ricardo Salgado?”
“O dr Salgado é que está de relações cortadas comigo. Nunca achei do dr Salgado uma pessoa horrível. Sempre achei o dr Salgado um homem com capacidades de liderança e acreditei que ele merecia estar onde estava, mas a partir de 2012, por factos que me foram dados a conhecer pelos senhores procuradores, pelos factos que fui tendo conhecimento”, a perceção mudou, respondeu José Maria Ricciardi.
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Sessão é interrompida para almoço
Está concluída a primeira parte desta quarta sessão. Trabalhos continuam às 14h e continuará a ser ouvido José Maria Ricciardi, que vai responder aos advogados dos arguidos deste processo, uma vez que já todos os advogados que representam os assistentes colocaram já as suas questões.
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"Eu não recebia [prémios], porque o meu pai não quis dividir nada comigo", diz Ricciardi
Questões passam agora para a advogada Ana Peixoto, que representa mais de 1300 lesados e quer saber se as emissões de dívida das empresas do GES “foram tema do conselho superior”.
“Não me lembro. Podem ter feito alusão, enfim, o tribunal tem as atas, mas acho que não foi um assunto de grande discussão”, respondeu José Maria Ricciardi.
Neste momento, a juíza Helena Susano quis então saber:
“– Dr, então o que é que se discutia no conselho superior?
– Se o BES tinha de fazer novo aumento de capital, por exemplo.
– De prémios, falava-se de prémios?
– Não, isso não era discutido.
– Quando os ramos passaram a nove [antes eram cinco membros no conselho e depois passaram a nove, tendo cada membro de cada ramo escolhido outro membro da família, sendo que Salgado não escolheu ninguém e, por isso, eram nove e não dez], receberam todos prémios?
– Não, recebiam oito. Eu não recebia, porque o meu pai não quis dividir nada comigo.”
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Salgado "tinha poder total e não dava contas do que fazia"
Tem agora a palavra o advogado Miguel Matias, que representa outros assistentes deste processo. Começou por questionar se o que foi dito por José Maria Ricciardi “é pura verdade ou resulta de um sentimento de mágoa”.
Neste momento, Miguel Matias foi interrompido pela juíza, que disse perceber que o advogado pretende descredibilizar a testemunha, tendo o advogado sublinhado que não pretendeu “de forma nenhuma colocá-lo em questão”. Mas Ricciardi quis acrescentar: Salgado “tinha poder total e não dava contas do que fazia”.
E acrescentou, para justificar o domínio total que Salgado teria no banco: “Achavam que ele era um ótimo gestor, que ele transmitia confiança, que tinha desenvolvido o BES de uma forma extraordinária. É preciso ver que o que o dr salgado fez de mal, também fez de bom”.
E a juíza Helena Susano, que preside o coletivo, questionou:
“- Mas porque é que o senhor teve essa clarividência que mais ninguém teve?
– Não sei se não tiveram ou se tiveram medo.
– Medo de quê? Quando temos medo, temos medo do escuro.
– Medo do dr Salgado.”
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"Parece que estou aqui a ser julgado", responde José Maria Ricciardi
O advogado Alberto Mateus Vaz quis saber, outra vez, qual a informação que era partilhada entre os ramos familiares e as estruturas do banco. Neste momento, José Maria Ricciardi irritou-se com a questão: “Parece que estou aqui a ser julgado”.
E voltou a repetir: “Infelizmente, não havia grande partilha de informação. Quero frisar que estes assuntos não eram discutidos publicamente”.