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  • Fica por aqui a cobertura da audição de Luís Filipe Vieira na comissão eventual de inquérito às perdas do Novo Banco. Pode ler os melhores momentos das mais de cinco horas de declarações num Especial preparado pela equipa do Observador.

    O devedor “que não foge”, mas que já gerou perdas de 181 milhões. O que disse (e o que não disse) Luís Filipe Vieira

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  • Aval pessoal. "Não fujo nem vou delapidar património meu", diz Vieira (sem responder à pergunta)

    Na terceira ronda, o PSD, por Hugo Carneiro, pergunta a Luís Filipe Vieira se foi um “testa de ferro” no BES, a propósito da Imosteps. Ia ganhar alguma coisa com essa operação?

    “Senti-me enganado”, responde Vieira, “porque aquilo que estava acordado não foi cumprido… Também se pode dizer que o banco desapareceu…”

    Quanto ia receber? “Era consoante a área que conseguíssemos, mas de certeza que receberia 10 milhões ou 15 milhões de certeza”, diz Vieira.

    Não fui eu que mandei este banco abaixo. Um dia há de se fazer as contas a tudo isto”.

    Também ainda na terceira ronda, João Paulo Correia pergunta sobre o aval pessoal e a cobertura que essa garantia terá do total – 218 milhões. “Se for cumprido o que está estabelecido, sobra dinheiro para toda a gente”, diz Vieira.

    “Isso a mim não me assusta nada. No dia que eu estiver em incumprimento é que as pessoas me podem perguntar certas coisas. O que eu garanto é que não fujo”.

    À falta de uma resposta concreta sobre o nível de cobertura, através de aval pessoal, João Paulo Correia insiste mas Luís Filipe Vieira repete: “Não fujo nem vou delapidar património meu“.

    Fernando Negrão irrita-se, sublinhando que a pergunta feita pelo PS, sobre quanto valem as garantias pessoais associadas, é “perfeitamente legítima”.

    Mais uma vez, Vieira não responde, garante que não fugirá do país, mas fica registado que o empresário não respondeu à pergunta que lhe foi feita.

    No final, Luís Filipe Vieira pede “imensa desculpa a todos” os deputados e já terminada a sessão, ainda audível no microfone, o empresário perguntou a uma deputada se “isto é todos os dias assim? Se é todos os dias assim, um homem morre”.

    “Há umas mais intensas do que outras”, respondem-lhe. “Ah sim? Bolas, isto dá cabo da cabeça a um homem…”

  • Quem devia ser chamado à responsabilidade "são os outros que foram à insolvência e andam por ai. Eu não fugi, nem vou fugir"

    O deputado do PS, João Paulo Correia, lembra que o Fundo de reestruturação já não está a cumprir os reembolsos ao Novo Banco. Era preciso que gerasse mais de 218 milhões de euros para conseguir amortizar a dívida associada aos VMOC, os tais 185 milhões que vencem em agosto.
    O deputado sublinha que o Fundo de Resolução já foi chamado a assumir perdas com os créditos que ficaram de fora da reestruturação (181 milhões de euros) e que entraram já na chamada de capital. E se tiver razão (e o fundo conseguir pagar as dívidas ao Novo Banco) então quem ganha é a Lone Star que fica com os lucros porque o Fundo de Resolução já ficou com as perdas. “Foi um mau negócio para o Novo Banco e para o FdR” conclui.
    Vieira contraria. “Tenho a certeza de que foi um bom negócio para o banco. Quem deve ser chamado à responsabilidade foi quem fez os contratos e os outros que foram à insolvência e andam a passear por aí. Eu dei a cara, não fugi. Nunca vou fugir. Há uns que nem conseguem notificar”, numa referência a Nuno Vasconcellos da Ongoing que entretanto fez saber ao Parlamento através de representante que estará disponível para uma audição por vídeoconferência uma vez que reside no Brasil.

  • "A construção ou é desenvolvida no timing certo ou temos problemas"

    No final das respostas ao deputado da IL, João Cotrim Figueiredo, Luís Filipe Vieira confirma que não tem negócios, neste momento, com o ex-sócio Almerindo Duarte – o presidente da Promovalor refere que o seu ex-sócio teve problemas de saúde e por isso neste momento não tem negócios ativos com ele. As relações entre os dois “são boas”, garante.

    Antes disso, porém, Luís Filipe Vieira voltou a elogiar os ativos que estão dentro do fundo, em particular a construção em Alverca. “A construção ou é desenvolvida no timing certo ou temos problemas – e no mercado imobiliário tem estado sempre a subir portanto é preciso é começar, estão dois mil e tal fogos para se fazer…” e “aquilo está numa zona em que se vende bem…”.

  • Financiamento a Vieira continuou já com o Novo Banco. "Foi para acabar a construção"

    A deputada do CDS pergunta a Vieira o que mudou com a resolução BES que o empresário já comparou à queda de um elevador. E responde que parou tudo.
    Cecília Meireles contraria e vai revelando financiamentos feitos após 2014: mais dois milhões para a Quinta do Aqueduto, 16 milhões para acabar hotel no Brasil, 26 milhões para o edifício de escritórios em Maputo (que Vieira descreve como o melhor edifício de Moçambique), mais 11 milhões de tesouraria, mais oito milhões na reestruturação.
    Vieira justifica esses financiamentos com a necessidade de concluir projetos de construção.
    “Nem ordenados pagavam, éramos nós”. A empresa “era sua”, lembra a deputada concluindo que foram financiando, ainda que não na mesma “dimensão”. Vieira concorda: foram cortando gradualmente até chegar a dezembro . Todo o dinheiro que vinha de escrituras era para eles, E com razão.

  • Auditoria? "Pode encontrar coisas de gestão, mas criminalmente nada"

    Luís Filipe Vieira, novamente questionado pelo PCP, volta a acusar o Novo Banco de não fazer “nada” para desenvolver projetos do fundo que recebeu os ativos da Promovalor. Já antes o empresário tinha dito que Nuno Gaioso comentou que há dois meses que estava à espera de uma resposta do banco sobre um financiamento.

    Mas Luís Filipe Vieira diz que desde 2017, quando o Novo Banco passou a ter a posição maioritária no fundo que controla aqueles ativos, o banco não fez “nada” para avançar e tentar recuperar o que está investido. São ativos que estão todos aprovados, exceto um em Espanha que poderá correr mal e causar uma perda “significativa”.

    O deputado Duarte Alves, do PCP, pergunta a Vieira também sobre a auditoria da BDO sobre a Promovalor, que ainda não está concluída. Vieira diz que ainda não foi contactado a propósito desse trabalho, dando a entender que a auditoria ainda estará muito longe de ser concluída, mas Fernando Negrão interrompe para dizer que, de acordo com a informação que lhe chegou, a auditoria está praticamente concluída e será entregue brevemente.

    Luís Filipe Vieira comenta, porém, que está confiante de que a auditoria “poderá encontrar algumas coisas de gestão, mas criminalmente não vai encontrar nada, nem sobre mim nem os meus sócios”.

  • Promovalor levou gestores do BES e políticos brasileiros a ver jogo em Londres. "Qual é a maldade?" Vieira diz que foi o sócio

    A deputada do Bloco confronta agora Vieira com a final da Champions de 2013 em Londres para a qual a Promovalor convidou dois administradores do BES, Morais Pires, António Soto e Bernardo Espírito Santo, bem como membros do Estado do Rio de Janeiro e da prefeitura do Rio. Foi um voo privado de jato com hotel de cinco estrelas. Quem pagou?
    Vieira pergunta o ano…. 2013. “Estou a perceber”. Terá sido o sócio Almerindo Duarte. “É natural que fizesse isso”. Admite que terá sido a Promovalor, mas garante que não estava lá porque não era o Benfica a jogar. E pergunta a Mariana Mortágua “Qual é a maldade?”
    À data, lembra a deputada, o grupo tinha um terreno na Barra (Rio de Janeiro) que era zona protegida, mas que depois obteve direitos de construção. Vieira sorri e garante que não esteve com membros do Governo brasileiro e afirma que havia mais promotores interessados em construir naqueles terrenos.
    Antes, o presidente do Benfica garantiu que não teve negócios com a Doyen, apesar de ter sido ponderada uma parceria no passado.

  • Novo Banco passou de credor a acionista. "É a única maneira que tem de receber", diz Vieira

    Mariana Mortágua retoma o tema dos terrenos da Matinha e a sua passagem para o Fundo Fimes, com uma parceria com o GES/BES que comprou os terrenos a empresas de Luís Filipe Vieira. O empresário ficou com 55% deste fundo, mas cedeu uma parte do BES que como já contou tinha financiado a aquisição dos terrenos da antiga Expo à Galp.
    A deputada do Bloco de Esquerda faz o paralelo com a reestruturação de 2017 em que o Novo Banco deixa de ser credor, para se tornar acionista.
    Vieira responde: “É a única via que tem para receber”. E acrescenta que um dos erros dos bancos nesta atividade foi o capital que punham nas mãos dos construtores. Deu-se crédito a todos e é capital intensivo e a longo prazo e com risco. Nos últimos 20 anos. dificilmente alguém fazia urbanizações com capital próprio. Era tudo do banco.
    A deputada contrapõe: Desde 2008 que o grupo Promovalor não gera retorno para pagar a dívida.

  • Quem assinou contrato de venda à Lone Star "devia ser pendurado, devia ser enforcado"

    Filipa Roseta, do PSD, pede a Luís Filipe Vieira para explicar como é que é possível se terem desvalorizado tanto vários dos ativos associados às suas empresas, designadamente entre 2017 e 2018.

    “Eu, sobre avaliações, digo quem as faz são peritos mas nunca incluem normalmente o desenvolvimento do projeto”, diz Vieira. “Não faz sentido alguém fazer avaliações destas, talvez as façam para o fundo”, sugere o empresário, admitindo que alguns desses avaliadores “não percebem nada de construção”.

    Luís Filipe Vieira volta a criticar os incentivos que estão no contrato com a Lone Star. “Quem assinou esse contrato, pendurem-no”. PSD diz que foi Mário Centeno, hoje no Banco de Portugal, na altura ministro das Finanças.

    Devia ser enforcado, uma pessoa que assina uma coisa destas…. Não se podem fazer…”, diz Luís Filipe Vieira.

    Já a Matinha foi vendida a 500 euros o metro quadrado. Luís Filipe Vieira, de braços cruzados, abana a cabeça.

  • Banco de Portugal contraria tese de que reestruturação da dívida de Vieira permitiu reforçar garantias do Novo Banco

    Luís Filipe Vieira responde às conclusões de João Paulo Correia com uma pergunta. Se é assim porque é que o Fundo de Resolução aprovou o negócio?

    Na verdade, a reestruturação de 2017 não chegou a ser aprovada pelo Fundo de Resolução porque o contrato que lhe dava direito a aprovar operações só foi assinado em 2018. Daí que o Fundo tenha pedido uma auditoria a esta operação que ainda não foi entregue.

    O deputado socialista lembra que nem o gestor do Fundo (Nuno Gaioso) está tão confiante no retorno que vai gerar quando Vieira destaca o valor dos ativos que está abrangido.

    E cita uma nota do Banco de Portugal que aponta para falta de concorrência na escolha da sociedade gestora, a Capital Criativo de Nuno Gaioso (que foi vice-presidente do Benfica) e contraria os argumentos que já foram dados pelo Novo Banco. Segundo esta nota, a reestruturação não permitiu um reforço das garantias sobre as dívidas de Vieira.

  • Nem o Novo Banco acredita que Fundo com imóveis vai gerar retorno para pagar dívida dos VMOC

    As perguntas chegam agora ao socialista, João Paulo Correia. O deputado refere que há uma duas partes da dívida ao Novo Banco que ficaram de fora do fundo criado em 2017 para reestruturar a dívida do presidente do Benfica. Os 55 milhões euros da Imostep e o 160 milhões de VMOC (valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis).
    E sublinha que nem o Novo Banco acredita na tese que Vieira defendeu de que o Fundo ia gerar receitas para não só pagar a dívida incluída na reestruturação — mais de 200 milhões de euros —, como reembolsar os VMOC. Isto porque tem este crédito provisionado a 100%.
    E cita ainda uma nota informativa do Banco de Portugal que revela uma apreciação muito crítica do plano de negócios do fundo e a proximidade com Vieira e o seu filho (que foram acionistas da sociedade gestora, mas venderam entretanto).

  • "Não vale a pena inventar que eu não tenho dinheiro para pagar isso tudo"

    Os trabalhos foram retomados, após uma pausa de alguns minutos, com Fernando Negrão a queixar-se de que Luís Filipe Vieira anda a “passear-se pela sala”. Voltando a exigir “disciplina” para os trabalhos, Fernando Negrão passa a palavra a João Cotrim de Figueiredo, deputado da IL.

    O deputado da IL pergunta sobre que propostas foram feitas ao Novo Banco, após o colapso do BES, sobre as dívidas das suas empresas. O empresário diz que houve uma reunião, uma mesa redonda – em 2015 – em que lhe disseram que a maior parte dos projetos não iam poder continuar a ser financiados.

    “Fechou tudo, há uma reunião em dezembro de 2015 em que nos disseram claramente ‘nós não temos hipótese’”, recorda Luís Filipe Vieira, que disse que “não vale a pena inventar que eu não tenho dinheiro para pagar isso tudo. Falamos na próxima semana”. “Levei ali uma pancada bastante forte” e foi telefonar a Nuno Gaioso.

    Luis Filipe Vieira diz que apenas falou com Nuno Gaioso sobre o que lhe tinha acontecido, “o que é normal, as pessoas ficam inibidas…”. Mais tarde, falou com Filipe Pinhal, ex-presidente do BCP, que é “muito” seu “amigo”.

    Daí partiu-se para a reestruturação da Promovalor. Que está a ser travada, diz Vieira, porque o Novo Banco não mostra estar interessado em dar aos projetos – designadamente os de Alverca – o financiamento necessário. Nuno Gaioso ter-lhe-á dito que há dois meses fez um pedido ao Novo Banco e ainda está à espera de uma resposta.

  • Como é possível ser 2º maior devedor do Novo Banco (em perdas de 181 milhões)? "Até me está a assustar", diz Vieira

    Luís Filipe Vieira fica espantado com a revelação de que é o segundo maior devedor com perdas no valor de 181 milhões de euros.
    “Tantos não pagaram nada e ninguém fala. Há dias veio aqui um que até me custou a vê-lo. Como é que possível ser o segundo, até me está a assustar. Foi o Luís Filipe Vieira que deitou o banco abaixo”.
    O empresário repete que foi o Novo Banco a dizer que não tinha de se preocupar porque a dívida estava a ser reestruturada. E realça que nunca foi executada. “Há uma diferença entre não dizer que nunca entrou em incumprimento e dizer que não consegue cumprir”, assinala a deputada.
    Vieira insiste que nunca teve um perdão de dívidas, mas adianta tinham que baixar a taxa de juro.
    O Novo Banco vai reaver o que emprestou? Se for em 1o a 15 anos, vai responde Vieira.

    Vieira defende que em 10 a 15 anos os imóveis que passou para o Novo Banco vão pagar gerar retorno para pagar dívida das suas empresas

    E a Imosteps? “A empresa cuja dívida de 54 milhões de euros foi vendida por quatro milhões de euros pelo Novo Banco) e que tinha ativos no Brasil, um terreno numa zona valiosa no Rio de Janeiro.
    “A Imosetps foi um erro meu. A dívida não era minha.” Vieira lembra que o acionista era a Opway, o BES e o BCP. Revela que foi Ricardo Salgado a propor-lhe negócio porque estava já no Brasil. Vieira assumia a titularidade da empresa e seria remunerado por tal. Vieira assume ainda que avalizou pessoalmente a dívida. Só que depois caiu o Banco Espírito Santo.

  • Nunca entrou em incumprimento? Cecília Meireles diz há provas do contrário

    Cecília Meireles do CDS começa por lembrar que Vieira é o segundo maior devedor responsável por perdas do Novo Banco. O empresário pergunta valores: Perdas acumuladas de 181 milhões de euros até ao final de 2018.
    E questiona a afirmação de Vieira de que nunca entrou em incumprimento, confrontado com uma carta de 2015 relativa a um crédito de 53 milhões da qual o empresário era avalista e que indica que venceu o reembolso sem ser pago.
    Nunca entrou em incumprimento? Há vários exemplos de que isso aconteceu, diz a deputada que aconselha o presidente do Benfica a rever o que disse.
    Vieira reconhece que o banco sabia que os juros se venciam e que não havia maneira de cumprir, mas disseram para deixar cair porque ia ser resolvido na reestruturação. Só financiaram mais uns empreendimentos. Vieira diz ainda que deu a cara para resolver problema e lembra que o banqueiro que negociou (António Ramalho) ainda lá está e sugere que a deputada faça a pergunta ao presidente do Novo Banco.

  • "É revoltante", diz LFV, porque há "muitos que se passeiam, que têm iates, aviões... É tão fácil identificá-los..."

    “Sabe o que é que revolta nisto tudo?”, pergunta Luís Filipe Vieira ao deputado Duarte Alves. “Há gente que anda a passear, têm iates, têm aviões, pediram insolvência… Aos milhões… Quem tentou fazer contas para aquilo que deve e deu a cara tem de vir para interrogatório”, diz Luís Filipe Vieira.

    Fernando Negrão interrompe e pede “se tiver factos e identificação dessas pessoas, agradeço que nos envie”.

    “Sr. Presidente, é tão fácil…”, responde Luís Filipe Vieira. “Olhe que não me cabe identificar, mas é revoltante”, diz o empresário, sublinhando que só está nesta comissão por ser presidente do Benfica (o que lhe valeu outro responso de Fernando Negrão, que pede que se mantenha a “disciplina” nos trabalhos).

  • Custos para os contribuintes? "Culpa é de quem assinou o acordo com a Lone Star"

    Luís Filipe Vieira defende o valor dos ativos subjacentes à dívidas. “Quem conhece aqueles ativos somos nós. Se o banco amanhã optar pela venda rápida, isso logicamente vai tirar valor. Se esses ativos forem devidamente desenvolvidos e tiverem o seu tempo normal de desenvolvimento de certeza que recuperam tudo – é fazer contas”.

    Nós temos 82 mil metros em Alverca. Em Alverca neste momento não existe nada para vender, e um T3 em Alverca neste momento está a ser vendido a 3.200 euros por metro quadrado.

    O empresário diz que “se os ativos estiverem parados, ou meterem em pacotes para vender de qualquer maneira…” vai-se perder dinheiro. “Mas isso de quem é a culpa? A culpa é de quem assinou o acordo com a Lone Star, a culpa é desses – quem fez aquele acordo é que sabe o que fez aos contribuintes portugueses.”

    Não é o devedor que tem culpa”, diz Luís Filipe Vieira.

  • Reestruturação de 2017 “foi um embate muito grande”, diz LFV

    Duarte Alves, deputado do PCP, questiona LFV sobre a relação com Nuno Gaioso e sobre a reestruturação de 2017, que envolveu o fundo Capital Criativo.

    LFV diz que Gaioso lhe foi apresentado pelo filho, num almoço. “Ficámos com uma relação, prontos, uma questão de simpatia… Era uma pessoa que frequentava o centro de estágio, tinha um filho que jogava lá futebol, era um grande benfiquista e não vou esconder que depois continuamos a falar”, diz LFV.

    Por notar que era alguém com “uma grande capacidade” convidou-o para a administração que viria a formar, quando se candidatou à presidência do Benfica.

    “Em relação à situação do BES, foi a primeira pessoa quando saí do banco, quando recebi a notícia, telefonei ao Nuno a dizer que tinha de falar com ele, com urgência, e contei-lhe a notícia que tinha recebido. E como pode imaginar, sendo eu alguém que nunca tinha tido um problema desses… foi um embate muito forte”.

    A partir daí, “ele começou a falar com os quadros da nossa empresa, com os quadros do banco e foi assim que surgiu a reestruturação do grupo Promovalor, penso que o banco está feliz”, diz LFV, que diz acreditar que o Novo Banco nem chegou a falar com mais ninguém além de Nuno Gaioso, como potenciais alternativas.

    E não sentiu que podia haver uma incompatibilidade, por o filho ter uma participação na Capital Criativo? Luís Filipe Vieira diz que “incompatibilidade às vezes é complicado…”. Mas “foi o próprio banco que pediu para não ter ninguém da Promovalor neste processo, e o meu filho imediatamente abandonou”.

  • Sócio (no Benfica) comprou dívida de Vieira pelo dobro do que fundo pagou ao Novo Banco

    Luís Filipe Vieira é agora confrontado com uma proposta feita por um sócio do empresário (no Benfica) para comprar a dívida da empresa Imosteps ao Novo Banco por dez milhões de euros.
    O presidente do Benfica confirma que avisou José Manuel Santos de que essa dívida estava à venda porque era um ótimo negócio. A deputada do Bloco assinala que a venda foi travada pelo Fundo de Resolução e que a dívida acabou por ser vendida no Nata II em pacote por 4 milhões de euros.
    Entretanto, o mesmo José Manuel dos Santos (dono da Valouro e conhecido também como o “rei dos Frangos”), diz Mariana Mortágua comprou a dívida da Imosteps (empresas imobiliária que ficou de fora da reestruturação de 2017) por oito milhões de euros. O valor foi revelado por Vieira que o considerou um “ótimo negócio”.
    “Não é nada dada disso”, responde Vieira

  • Novo Banco fala em transferência de 8 milhões para acionista. Vieira nega. "Não levantei dinheiro nenhum"

    A intervenção do presidente da Comissão surge depois de Vieira ter recusado receber dinheiro das empresas. Segundo a deputada do Bloco, há um documento do Novo Banco a indicar uma transferência de oito milhões de euros de uma empresa para o seu acionista. “Não levantei dinheiro nenhum”

  • Fernando Negrão repreende Luís Filipe Vieira, que deixa várias respostas para enviar depois

    Fernando Negrão decide interromper os trabalhos quando Luís Filipe Vieira diz que se for preciso, vem “cá outro dia”.

    “Sr. Luís Filipe Vieira, estamos cá todos à vontade mas eu peço para não estarmos demasiado à vontade”.

    Já antes, Fernando Negrão tinha pedido a LFV que fizesse “o maior esforço possível para responder às perguntas de uma forma clara e objetiva – eu sei que está a fazer um esforço, mas faça três esforços para nós sairmos deste beco onde estamos a entrar que é ‘eu mando-lhe as respostas daqui a uns dias’”, disse Fernando Negrão, dizendo que está a zelar não só pelos trabalhos da comissão mas também a “imagem pública” do inquirido.

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