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  • E termina aqui a audição a Rafael Mora. Apenas três partidos colocaram perguntas e o PSD, o partido que o chamou, foi o único a ir à segunda ronda.

    Aqui fica um Especial que a equipa do Observador preparou com o melhor desta audição de Rafael Mora. Obrigado por nos ter acompanhado.

    Sem “amnésia”, Rafael Mora acertou contas com o ex-amigo, ex-sócio e ex-dono da Ongoing

  • "Ongoing não era um testa de ferro. Era um amigo íntimo com alguma independência"

    Mora reconhece que o preço a pagar pelo Diário Económico era elevado. “A perspetiva estratégica era influenciada pela matriz de Vasconcellos mas eu concordei – na altura havia uma aliança com a Impresa e a Impresa não tinha uma peça que fosse especializada na área económica”.

    Mas havia interesse do BES em comprar o Diário Económico? “Acho que havia”. O BES foi o financiador principal da operação.

    “A venda do Diário Económico estava feita para ser comprado pelo Grupo Lena, nós fomos uns outsiders que surgiram na operação”, diz Mora. Até houve um telefonema para perceber se podiam fazer uma oferta conjunta mas não foi possível porque ambos queriam 100%.

    “A Ongoing não era um testa de ferro. Era um amigo íntimo que, por vezes, se revelava com alguma independência”. Basta olhar, diz Mora, que após o fracasso da OPA à PT Vasconcellos comprou 3,5% da PT com um financiamento do Millennium BCP.

    Ricardo Salgado não gostou, diz Rafael Mora, nas ultimas declarações feitas nesta audição.

  • Rafael Mora diz que havia pressão política para o Diário Económico ser comprado pelo grupo Lena. Ongoing pagou 20xmais

    Hugo Carneiro, do PSD, pergunta porque é que se pagou 20 vezes mais do que o valor do Diário Económico do que o jornal valia. “Era um instrumento da Ongoing e dos seus ‘amigos de infância’ para cumprir os objetivos, fossem eles quais fossem?”

    “O Diário Económico efetivamente eu participei nessas negociações. Foi um negócio curioso. Estava um bocadinho martelado, um pouco viciado. Havia pressão política e percebi que havia muita pressão política” e o Grupo Lena quis comprar.

    Rafael Mora diz que apanhou um avião para ir falar com o administrador-delegado do grupo italiano que era dono do Económico através de uma empresa espanhola. Mora sentiu que havia pressão para que fosse o Grupo Lena a comprar e foi falar com o dono porque não queria fazer “figura de palhaço”. E pediu-lhe para abrir as propostas em Madrid. Nuno Vasconcellos também queria muito comprar o Diário Económico.

    Na corrida estavam também a Cofina, dona do Jornal de Negócios, e a Sonaecom, que foi afastada logo no início. Era uma compra cara, admite. A operação foi feita em 2008 durante o primeiro Governo de José Sócrates (o então primeiro-ministro surgiu associado ao grupo Lena na acusação da Operação Marquês, ponto que caiu com a instrução de Ivo Rosa). Depois de perder o Económico, o grupo Lena lançou o jornal I com os ex-diretores do jornal de economia.

    O valor pedido era 27 milhões, Rafael Mora recomendou que se oferecesse 27,5 milhões um “múltiplo caríssimo” mesmo sendo uma “marca fantástica” podia ser rentabilizado a médio prazo. “Hoje o Económico TV podia ser como uma CMTV”, diz Mora.

  • “Considera-se devedor do Novo Banco?". “Tecnicamente, não"

    “Considera-se devedor do Novo Banco”, pergunta o PS. “Tecnicamente não. Algumas empresas que eu geri tiveram dívidas que quando eu saí não estavam em incumprimento. Ou seja, “teve responsabilidade na contratação do crédito. Claro que tinha, não sou cínico. Mas as condições que levaram a que aqueles créditos já não foram no meu tempo”.

    PS pergunta, também, quem é que tem de assumir a responsabilidade da dívida da Ongoing ao Novo Banco? “Não me considero pessoa para atribuir essas responsabilidades mas quem geria a área financeira era o Dr. Vasconcellos. É um facto”.

    “As relações com o BES eram da responsabilidade pessoal do Dr. Vasconcellos”, diz Rafael Mora. “Eu pouco participava. Eu posso ter assinado créditos mas eu trabalhava num grupo que tinha dono e o dono me dizia ‘vamos fazer um crédito com o BES’, eu dizia ‘temos dívida alta, mas tudo bem’”.

    “Parece-me normal assinar esse tipo de operações. Eu não negociava contratos com o BES, a minha função era operacional. Eu fui ao BES duas ou três vezes, explicar as operações tecnológicas e fui”, diz Rafael Mora.

    “Pode concluir é que eu, no que diz respeito à área financeira, cumpria ordens do dono do grupo [Vasconcellos] porque era ele quem geria”.

    Em outubro de 2014, Vasconcellos terá dito a Rafael Mora que estava em contacto com um fundo inglês que iria comprar os créditos da Ongoing ao Novo Banco.

  • As contrações "exóticas" da Ongoing (deputado do PS e ex-expião) eram decididas por Vasconcellos

    João Paulo Correia do PS muda o ângulo da audição para fora do universo BES/Novo Banco para recordar outra comissão de inquérito — a da tentativa de compra da TVI pela PT (e com apoio da Ongoing) e a frase famosa do então deputado do PSD, Agostinho Branquinho: O que é a Ongoing? Oito meses mais tarde, o deputado foi contratado para a Ongoing Brasil. Quem o contratou?
    Rafael Mora diz que foi Nuno Vasconcellos e que cumpriu a indicação, apenas com a ressalva de que teria de se demitir primeiro de deputado e só depois receberia o convite. E assim foi, Agostinho Branquinho foi gestor dos jornais no Brasil por anos.
    E repete que quando colocou dúvidas sobre a contratação de Silva Carvalho o presidente da Ongoing disse-lhe que não queria contratar pessoas que lhe fizessem sombra. Nunca mais foi contra ordens do presidente para contratar.
    A Ongoing na altura (em 2010) fazia várias contratações. Não foi só um, foram vários. E diz que a primeira contratação exótica foi a do ex-presidente da Telecom Italia que esteve nove meses e custou uma fortuna.

  • Soares Carneiro "foi empurrado para fora da PT" e só cumpriu ordem superior

    A deputada do BE questiona Mora também sobre Soares Carneiro, que geria o fundo de saúde da PT, que financiou a Ongoing. “A única coisa que ele fez foi executar a ordem do seu presidente, Zeinal Bava, e do CFO, Pacheco de Melo”, diz Mora, Soares Carneiro foi “empurrado para fora da PT”, que tinha entrada no conselho por influência do ministro Mário Lino. Ricardo Salgado terá telefonado para a cúpula da PT a pedir que se promovesse a saída de Soares Carneiro, que acabaria por sair e ser contratado pelo Ongoing e mandado para o Brasil.

    Mariana Mortágua pergunta, também, sobre a empresa Web Spectator, que era controlada pela família Rocha dos Santos. Houve “jogadas de Nuno Vasconcellos para ficar com a Web Spectator”, a empresa foi “pirateada” e o software foi “roubado”, diz Mariana Mortágua, que diz que dois sócios de Rafael Mora foram alvo de um pedido de indemnização de 30 milhões, bem como uma empresa chamada Adsell que Mora diz que não é sua..Mora tinha uma participação de 6% nessa empresa, através de uma empresa em Malta.

    Mora diz que esse é um processo “escandaloso” e dá a sua versão dos acontecimentos – que são sempre “baseados em factos, não versões”. Na ótica de Rafael Mora, o sócio (André Parreira) foi “enganado” quando Vasconcellos rasgou um contrato que tinha celebrado. Parreira, que o juiz indicou que tinha apagado mails, ficou sem dinheiro e teve de pedir um advogado oficioso para se defender nos EUA. “Eu sei que para a sra deputada somos todos culpados, mas eu dou-lhe factos. O sr. Parreira foi processado sem direito a defesa, nos EUA”.

  • Rafael Mora sabia de investimentos da PT e do BES na Ongoing, como os portugueses sabiam

    Mariana Mortágua arranca com perguntas muito concretas a Rafael Mora, sobre cargos que tinha no grupo Rocha dos Santos e o que sabia da parte financeira do grupo. E questiona o gestor sobre a Global Investment que geria fundos de private equity com ativos de de 280 milhões e onde estavam a Insignt SGPS e empresas da Ongoing.
    Rafael Mora afirma desconhecer a estrutura de propriedade e até refere outra acionista que nunca lhe disseram quem era.
    Rafael Mora sabia que havia investimentos da PT e no BES na Ongoing. Diz que eram do conhecimento de todos os portugueses. Já da Eurofin, que segundo a deputada dava ordens de investimento de unidades de participação em fundos da Espírito Santo Rendimento, nunca tinha ouvido falar até à acusação do caso BES.
    “Adoro que me faça essa pergunta”, e começa por explicar que a PT não tinha comité de investimento para aprovar aquela operação.

  • Rafael Mora é ainda questionado sobre a fusão da Oi com a PT. Era um negócio que interessava mais aos brasileiros — a Oi estava quase falida — do que aos portugueses. E eventualmente a Salgado e a Zeinal Bava. Diz que teria votado contra a fusão antes de receber o dinheiro da parte brasileira. E considera que a fusão correu mal não por causa do investimento na Rioforte, mas porque Zeinal Bava tentou negociar fusão com a Telecom Italia à revelia dos acionistas brasileiros.

  • Mora diz que advogado de Vasconcellos usou EDP Comercial para reclamar crédito fictício a sociedade que devia ao Novo Banco

    Hugo Carneiro cita documentos internos do Novo Banco de 2016 a alertar para o risco das empresas da Ongoing estarem a ser esvaziadas.

    Rafael Mora diz que foram avisados em 2015 e “demoraram um ano para processar a informação? É kafkiano, repete. E aproveita para contar mais uma história.

    Em setembro de 2016 mandou dois whatsApps a António Ramalho e Jorge Cardoso (da administração do Novo Banco) a explicar a situação “mais indescritível que vi”. No processo da falência da IBT pedida pelo banco em 2016, a EDP Comercial apareceu como credora de 1.700 euros E era representada no processo pelo mesmo o advogado de Vasconcellos, diz, citando informação do Citius. A EDP Comercial pediu a subordinação da dívida do Novo Banco (que era o mesmo que fazer desaparecer a dívida). E aparecem 20 milhões de euros de dívidas de empresas brasileiras neste processo que nunca tiveram relação com a IBT.

    Foram reclamados créditos fictícios? Claro (eram fantasmas). E usaram a EDP Comercial e uma dívida e 1700 euros. Só ontem, diz, o advogado deixou de representar a EDP Comercial no processo. “Quanto se espera muito tempo” para reagir…

  • Maçons “saltavam de debaixo das pedras”. Mora preferia pensar que eram “amigos de infância” de Vasconcellos

    Sobre Silva Carvalho, Rafael Mora diz que desde logo não concordou com a contratação porque era uma contratação feita por medo. “E contratou um espião para liderar uma empresa chamada Ongoing Shared Services – OSS” e “OSS é o primeiro nome da CIA!”

    E havia muitas pessoas da Maçonaria na estrutura, pergunta o PSD. “Não posso responder, mas que havia muitos maçons havia…”

    A brincar, entre nós, chamávamos os “amigos de infância”. Surgiam pessoas que Mora não conhecia, o que era estranho porque Rafael Mora conhecia Vasconcellos desde os 21 anos e conhecia todos os seus amigos. Depois, essas pessoas “saltavam de debaixo das pedras” e Mora brincava dizendo que deviam, assim, ser “amigos de infância”…

    Mora diz que sim, muitos seriam maçons – alguns eram excelentes profissionais, outros eram péssimos. Mas eram maçons, diz Mora, recusando discriminar seja quem for, sejam da maçonaria, Opus Dei….

  • RealTime era promissora mas “foi para o buraco. Ou, melhor, foi para o Panamá”

    Rafael Mora recorre a um artigo antigo do Huffington Post em que se apontavam as 12 empresas mais promissoras da área tecnológica e media. Empresas como Spotify, Evernote, etc. Nessa lista estava a RealTime Corporation.

    Todas tiveram sucesso, exceto a RealTime Corporation – que “foi para o buraco” ou, melhor, corrige Mora, “foi para o Panamá”. Dessa lista de 12, excetuando a RealTime, a que acabou por até ter menos sucesso, mesmo assim, vale mais de 600 milhões hoje em dia, diz Mora.

    Mora diz que as “tropelias” de Vasconcellos começaram antes da Affera, com a transferência de ativos de Portugal para o Brasil, com a assinatura.

    “Se a um credor mal-intencionado lhe dás tempo, não esperes que te aconteça coisas boas…”, diz Rafael Mora, defendendo que “aconteceram coisas verdadeiramente kafkianas neste processo, na minha opinião”.

    Mora diz, ainda, que o Novo Banco teve oportunidade de recuperar algum valor na HIS mas não o quis fazer, acusa Rafael Mora. Mas pessoas como Vítor Fernandes, agora responsável do Banco de Fomento, disse que “o banco estava tranquilo com a gestão do acionista”. Foi em 2015, passado um ano a empresa estava falida.

  • Depois de fazer de Balsemão um inimigo, projeto de poder da Ongoing não tinha hipóteses em Portugal

    Para Rafael Mora, a cereja no topo do bolo foi a contratação do ex-expião, Silva Carvalho. Foi para controlar? Para Mora, era impossível um projeto de poder da Ongoing em Portugal depois de ter entrada em guerra com Balsemão.
    “Admiro muito Balsemão, mas é um inimigo implacável. Sofri durante anos por ser inimigo dele”.
    Mora diz que contratar Silva Carvalho foi uma estupidez — essa contratação da Ongoing foi um alvo preferencial de notícias no Expresso. E acrescenta que que a única saída era ir para o Brasil
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  • Mora diz que Vasconcellos tentou controlar Impresa por influência de Salgado e para tirar o BES do Expresso

    Porque caiu a Ongoing? Rafael Mora conta uma longa história sobre a origem do conflito entre Nuno Vasconcellos e Francisco Pinto Balsemão por causa da Impresa. A família Rocha dos Santos era sócia antiga de Balsemão e o pai de Nuno Vasconcellos tinha sido um parceiro fiel do dono da Impresa.
    Mas o filho terá tentado mudar a relação de forças no grupo de media. Rafael Mora revela que essa intenção foi manifestada num almoço com Pinto Balsemão e diz que o avisou: “Vais ser trucidado”. O mesmo conselho terá sido dado pela mãe de Vasconcellos que era a dona do património,. “Mas ele insistiu e foi dizer que queria ser número um.
    Hugo Carneiro interrompe para perguntar se foi influenciado pelo BES. “Acho que foi influenciado diretamente por Ricardo Salgado. É a minha teoria”.
    E porquê?
    Vejam os Expressos do ano antes. O alvo de estimação era o BES. E se conseguir desviar a atenção para um inimigo de estimação maior e isso aconteceu. A Ongoing passou a ser mal vista e o BES desapareceu do radar.
    Balsemão fez as pazes com Salgado que aceitou reestruturar a dívida da Impresa. “Se tem cabeça de leão, juba de leão e ruje como um leão…. “ deve ser um leão.

  • “Não foram aumentos de capital, foram desvios para a Affera”

    Foi para a “célebre Affera” que Vasconcellos terá transferido, ao longo do tempo, a titularidade de várias empresas do grupo. Não foram aumentos de capital, foram desvios, foi tirar do bolso esquerdo e meter no bolso direito – e o bolso direito era a Affera.

    A queixa-crime é 1249/18.5 T9LRS em Lisboa Norte (DIAP).

  • “Desvio de ativos” por Vasconcellos. “Todos os gestores se negaram e foram despedidos”

    Rafael Mora diz que graças a alguns contactos no Brasil percebeu que mais empresas do grupo tinham passado para a Affera. E começa a falar sobre a RealTime Corporation, que reunia um conjunto de startups compradas a jovens empreendedores portugueses, numa altura em que não existia private equity em Portugal – hoje já existiam.

    Mora garante que apesar de a empresa estar sediada no Brasil, porque era o maior mercado, a dívida estava em Portugal e eram pessoas portuguesas. Quando saiu do grupo, Mora diz que foi falar com cada um dos gestores dessas empresas e disse-lhes:

    “Tenham cuidado e nunca aceitem transferir ativos de Portugal para o Brasil, porque eu tinha a suspeita de que isso poderia vir a acontecer. Passou um ano e não se passou nada, e eu fiquei tranquilo, mas no final de 2015 todos eles foram forçados a fazer essa transação, todos eles se negaram e todos eles foram despedidos – e foi com dr. Vasconcellos assinando pela empresa portuguesa e a brasileira. Foi um desvio de ativos, considera Rafael Mora.

  • Mora apresentou denúncia na PGR contra Vasconcellos por causa de sociedade no Panamá

    Rafael Mora não tem conhecimento da situação pessoal de Nuno Vasconcellos, a propósito do processo de insolvência pessoal por dívida de 12 milhões interposta pelo Novo Banco nos tribunais portugueses.
    Também não consegue explicar como é que a Ongoing chegou a dívidas de mais de mil milhões e 600 milhões ao Novo Banco.
    Consigo identificar 400 milhões de dívida ao Novo Banco. 200 milhões na compra de ações da PT , 24 milhões no BES na compra do Diário Económico, 80 milhões na compra do grupo brasileiro e 100 milhões ao grupo tecnológica Real Time Corporation.
    Era uma SA e que agora é limitada. E Rafael Mora anuncia que quer fazer uma declaração. Diz que em junho de 2018 apresentou com o seu sócio uma denúncia contra Nuno Vasconcellos na Procuradoria Geral da República. A PGR informa que este processo se encontra em investigação na PJ. E admite explicar o que é público.
    Diz que a deputada Mariana Mortágua “pôs o dedo na ferida” quando fez perguntas a Vasconcellos sobre a Affera, uma sociedade que é protagonista da denúncia, e que está ligada a uma sociedade offshore no Panamá. Foi quando as perguntas incidiram sobre esta sociedade que a audição a Vasconcellos parou

  • Vasconcellos disse alguma mentira? "Disse alguma verdade? Mentiras disse muitas", diz Rafael Mora

    Rafael Mora volta a explicar porque se afastou de Nuno Vasconcellos quando este invocou o direito à felicidade, pondo em causa do seu ponto de vista um negócio no Brasil com muitos empregados.
    Quando há um divórcio não sabe como vai reagir a contraparte que era dona de 80% do grupo de media que tinha de ser financiado pelo BES e que custou 80 milhões de euros.
    “A felicidade é muito bonita, mas também é a felicidade das pessoas que lá trabalhavam nas empresas. Graças a Deus o divorcio correu bem.
    Nuno Vasconcellos, tanto quando sabe Mora, continua a ser dono do grupo no Brasil e a escrever crónicas no jornal o Dia. E informa os deputados de que Vasconcellos fez um vídeo a propósito da sua inquirição no Parlamento em que se intitula de jornalista, editor e recuperador de empresas. “É patético”. E prometeu enviar o vídeo aos deputados.
    Hugo Carneiro pergunta se na audição interrompida, Nuno Vasconcellos disse alguma mentira?
    “Disse alguma verdade? mentiras disse muitas, do que é do meu conhecimento”

  • Mais atritos com Vasconcellos (Silva Carvalho e a nova mulher de Vasconcellos)

    A contratação de Silva Carvalho, ex-”secretas”, também criou atritos entre Mora e Vasconcellos. Mora não queria trabalhar Silva Carvalho e escolheram áreas diferentes para não interagirem: Silva Carvalho ficou com Média e Mora com Tecnologia.

    Mora diz que o Verão de 2013 foi trágico, perdeu o pai e teve um cancro diagnosticado em setembro. “Hoje estou bem, mas a minha família sofreu muito”.

    Depois veio 2014, o BES foi resolvido, e Mora terá pedido a Vasconcellos para se sentar com os bancos para criar uma estratégia de redução de dívida (deleveraging) – Vasconcellos recusou, disse que tinha um “cavaleiro branco”, um investidor, e disse-lhe que a nova mulher não compreendia porque é que Vasconcellos era presidente de todas as empresas menos da área tecnológica. Depois confessou, Vasconcellos, que também não compreendia.

    Aí, Mora disse que não tinha problema nenhum em ir-se embora – e saiu em janeiro de 2015. Só conserva uma pequeníssima participação numa pequena empresa do grupo.

  • "Não fui um rato que saiu do barco antes de afundar". Rafael Mora conta como foi o fim da relação com Vasconcellos

    Hugo Carneiro, do PSD, é o primeiro deputado a questionar Rafael Mora e diz que tem “grande expectativa” desta audição porque a contribuição de Nuno Vasconcellos foi “inexistente” e terminou antes do tempo.

    Mora diz que não tem relação com Nuno Vasconcellos desde 2014, por causa do “rumo que o dr. Vasconcellos deu ao grupo Ongoing e ao fim do grupo Ongoing”. Houve “vários pontos de discordância ao longo dos tempos”, diz Rafael Mora, que quer explicar porque saiu do grupo. “Eu era e não renego que fui um dos melhores amigos de Vasconcellos, podia ser visto como um rato que saiu do barco antes de afundar”, diz Rafael Mora.

    O fim da relação entre Mora e Vasconcellos começa com o divórcio deste último, que aconteceu um ano depois de Vasconcellos ter comprado vários jornais no Brasil – e a mulher, brasileira de naturalidade, ficou com uma grande parte do capital – 70% ou 80%. Eram empresas onde trabalhava muita gente e quando houve o divórcio, Mora alertou Vasconcellos para as suas responsabilidades. Ao que Vasconcellos terá dito “eu tenho o direito a ser feliz”, Mora respondendo que podia ser feliz mas que tinha de ter cuidado porque era presidente de um grupo que empregava no jornal.

  • "Tenho boa memória. Não padeço de amnésia seletiva ou total"

    Rafael Mora manteve-se administrador da PT e da Pharol até 2017.
    Apesar de ter sido administrador da Ongoing até 2015, nunca teve responsabilidades financeiras. Era administrador com o pelouro operacional e as áreas da tecnologia.
    Essas funções, incluindo a ligação ao BES, foram sempre exercidas pessoalmente por Nuno Vasconcellos, até pelas relações com a família Rocha dos Santos.
    “Mas não quero que pensem que estou a fugir às respostas, Vou tentar esclarecer as questões. E deixou a garantia: “Tenho boa memória, não padeço de amnésia seletiva ou total”.

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