Uma exposição feita com 20 painéis ilustrados com textos e fotografias sobre a vida e a obra de Agustina Bessa-Luís aproxima a escritora portuguesa dos brasileiros, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

Autora de várias dezenas de obras, como romances, contos, peças teatrais, livros infantis e crónicas, entre eles “Vale do Abraão” e “As Terras do Risco”, que inspiraram filmes do cineasta Manoel de Oliveira, Agustina Bessa-Luís nunca foi publicada no Brasil.

O diretor do museu, Antonio Carlos de Moraes Sartini, realçou que a mostra chama a atenção pelas frases e pensamentos da escritora que estão expostos. “Ela tem uma criatividade e uma capacidade de comunicar através das palavras de uma forma forte, passando mensagens muito interessantes, muito profundas a seus leitores”, disse.

Sartini afirmou ainda que, “infelizmente”, a escritora não é tão conhecida no país. “Sabemos que algumas obras dela talvez virem seriados de televisão [no Brasil], já foram até compradas. Mas a ideia da exposição é aproximar essa escritora tão importante ao público brasileiro”, acrescentou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A exposição tem concepção de Inês Pedrosa e João Botelho, e foi realizada por iniciativa do Instituto Camões, com parceria com o Consulado Geral de Portugal em São Paulo. Os painéis permanecerão abertos ao público até 01 de março.

A estudante Tatiane Gomes Guimarães, 22 anos, não conhecia a obra de Agustina Bessa-Luís, mas a exposição atraiu o seu interesse. “Até tirei foto do nome para procurar depois mais informações”, afirmou à Lusa.

Já a professora de português e literatura Cíntia Ortiz, 33 anos, conhecia trechos de obras e citações por meio da crítica literária e de José Saramago. “Vim para ver como ficou uma amostragem da vida desse génio da literatura portuguesa, ainda mais sendo mulher, é tão difícil [encontrar] uma escritora, tinha de prestigiar”, afirmou a professora.

Os painéis mostram fotos da escritora desde a infância até à idade adulta, e apresentam a sua biografia desde a chegada ao Porto para estudos em 1935, passando pelo lançamento do livro de estreia como romancista “Mundo Fechado”, de 1948, e pelo sucesso e reconhecimento que alcançou a partir de 1954, com o romance “A Sibila”.

Situada por críticos como neo-romancista, Agustina Bessa-Luís venceu inúmeros prémios, entre eles o Camões, em 2004, aos 81 anos. A escritora vive atualmente no Porto.

A exposição sobre Agustina Bessa-Luís termina em março, mas o museu tenciona ja homenagear outro escritor português até ao fim deste ano, com uma mostra sobre Eça de Queirós, segundo o diretor Antonio Carlos de Moraes Sartini.