Mais de dois mil atletas representantes dos povos indígenas de 30 países juntam-se este ano no Brasil, para a primeira edição dos Jogos Mundiais que representam tribos e nativos locais.

A cidade brasileira de Palmas, no Estado do Tocantins (norte do país) será a sede dos primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, entre os dias 18 e 27 de setembro deste ano.

O evento terá desportos olímpicos, como atletismo e futebol, mas também modalidades tradicionais e nativas, como a corrida de tora, o cabo de força, a canoagem rústica ou as lutas corporais.

O Brasil já realiza jogos nacionais dos Povos Indígenas desde 1996, sob organização do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), mas esta será a primeira vez que o evento terá um alcance internacional.

Marcos Terena, do ITC, afirma que a ideia de organizar os jogos mundiais nasceu após vários encontros com outros povos indígenas.

“Há uma curiosidade dos outros países, uma expetativa em relação aos jogos indígenas, com modalidades tradicionais e ligadas à espiritualidade, que só acontecem no Brasil”, afirma à Lusa.

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Segundo Marcos Terena, ao entrar em contato com indígenas de outros países, como o Canadá, onde possuem um contato muito grande com a sociedade ocidental, o convite é também uma forma de promover a história e a cultura dos povos ancestrais.

Entre os trinta países que são aguardados para o mundial conta-se a Austrália, Estados Unidos ou México, mas o evento ainda espera várias confirmações.

Só do Brasil devem participar mais de 20 etnias. “Vamos atrás dos melhores flecheiros e remadores, para mostrar a capacidade física do atleta indígena, que não precisa frequentar academias”, explica o membro do ITC.

Hector Franco, responsável pela Secretaria Extraordinária dos Jogos Indígenas da prefeitura de Palmas, afirmou que o evento será uma “plataforma para realçar a existência das culturas indígenas, mas também incentivar a preservação das culturas ancestrais e do conceito de sustentabilidade”.

Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas serão mais um evento internacional realizado no Brasil, entre o Mundial2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Ao contrário daqueles eventos, o mundial não decorrerá em grandes cidades ou centros económicos, mas na pequena cidade de Palmas (300 mil habitantes), que fica na região da Amazónia brasileira.

A estrutura para o evento, que está a ser idealizada em Palmas desde agosto do ano passado, inclui uma vila para os jogos, que englobará tanto o desenvolvimento dos desportos como do convívio entre os participantes.

O orçamento previsto é de 70 milhões de reais (22 milhões de euros).

O evento, que tem o apoio do ITC, do governo municipal de Palmas e do Ministério do Desporto brasileiro. Além dos desportos competitivos e demonstrativos, os jogos incluirão atividades culturais, debates das questões indígenas, valorização do artesanato, música, dança e outros rituais.

“Queremos mostrar que a força intertribal contribui para o equilíbrio das etnias e do meio ambiente, e gera diversidade, mas não conflitos”, afirma Marcos Terena.

Os jogos, segundo Terena, serão uma mensagem para o desporto ocidental, sobre o respeito que deve existir com a “capacidade física natural do ser humano”.