Momentos-chave
- FMI pode impor alívio da dívida grega como condição para entrar no novo resgate
- Reabertura dos bancos vai depender de quando for assinado acordo final
- Grécia está a viver um choque pós-traumático
- Tsipras: "Os credores quiseram vingar-se do referendo"
- Tsipras à TV grega: "ou negociava ou saía do euro"
- FMI. Europa precisa de dar moratória de 30 anos à Grécia
- Grécia precisa de 40 a 50 mil milhões de euros do MEE
- Anatomia de um parlamento - o grego.
- Ministro grego chama "assassinos" aos credores (e um ponto de situação)
Histórico de atualizações
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O Fundo Monetário Internacional revelou entretanto o relatório explosivo a dívida grega e como a Europa tem de ir mais longe na reestruturação do que o proposto. Analistas admitem que este documento pode inviabilizar o acordo do fim de semana, na medida em que o Fundo pode recusar entrar no terceiro resgate, caso a Europa não aceite um perdão de dívida ou um período de carência de 30 anos. Boa noite. Hoje ficamos por aqui.
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Passos Coelho também deu uma entrevista esta noite, à SIC onde confirma que a Grécia só tinha duas saídas. Se o acordo não fosse alcançado, a saída da zona euro tornar-se-ia uma inevitabilidade. Reconhecendo que o acordo “é duro” para os gregos, Passos Coelho assinala que o compromisso ainda tem de ser aprovado no parlamento grego e de outros países para que a hipótese do Grexit fique completamente afastada.
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FMI pode impor alívio da dívida grega como condição para entrar no novo resgate
Entretanto, o relatório secreto do FMI sobre a imperiosa necessidade de reestruturar a dívida grega está a ser visto como uma condição para o Fundo apoiar o terceiro resgate grego. De acordo com o New York Times, o Fundo Monetário Internacional propôs aos credores europeus que ponderem um alívio significativo da dívida grega durante a maratona de negociações que decorreu este fim de semana. O FMI defende um perdão parcial (“write off”) da dívida de Atenas ou pelo menos a carência de reembolsos por 30 anos. No entanto, uma fonte anónima citada pelo jornal, revela que os responsáveis europeus recusaram a proposta do FMI para aliviar a dívida.
Também o jornal britânico Telegraph diz que o relatório entregue pelo FMI representa um sério aviso aos líderes europeus de que o Fundo não vai entrar no novo resgate grego, caso a Alemanha e os credores institucionais europeus continuem a recusar uma reestruturação substancial da dívida grega que irá ultrapassar os 200% do PIB nos próximos dois anos.
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Reabertura dos bancos vai depender de quando for assinado acordo final
Nesta entrevista, Tsipras deu várias garantias em relação à banca, mas não revelou quando é que os bancos gregos vão reabrir as portas. Acrescenta que vai depender de quando for assinado o acordo final de resgate, o que ainda vai demorar um mês, isto no cenário em que as medidas do resgate são aprovadas no Parlamento de Atenas.
O primeiro-ministro disse que as medidas de controlo de capitais “serão gradualmente levantadas”, a começar pelo aumento dos limites aos levantamentos diários, que estão nos 60 euros. Os bancos helénicos estão fechados desde o dia 6 de julho, a seguir ao referendo que votou não aos credores.
E o Banco Central Europeu (BCE) tem recusado aumentar o financiamento de emergência que manteve os bancos gregos a funcionar nas semanas anteriores. Mas o primeiro-ministro grego diz que as conversas para com o BCE para reforçar a ELA (financiamento de emergência) já foram retomadas.
Tsipras estima que os bancos do país precisem apenas de 15 mil milhões de euros para recapitalização.
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O editor do Guardian em Bruxelas corrobora a versão dada por Passos Coelho de que uma das ideias que desbloqueou o impasse negocial foi sua.
#greece a rutte txt msg with portuguese arithmetic produced the final formula for the trust fund when it looked like grexit #heardinbxl
— Ian Traynor (@traynorbrussels) July 14, 2015
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Grécia está a viver um choque pós-traumático
Enquanto a Grécia atravessa, por estes dias, um “choque pós-traumático”, como o próprio classifica a reação do país à notícia do acordo grego com os parceiros europeus, Tsipras admite que esta “não é uma história de sucesso”, mas reafirma foi “um acordo necessário”.
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Terminou a entrevista de Alexis Tsipras à TV estatal grega. Por entre críticas ao comportamento da Alemanha nas reuniões do Eurogrupo — sobretudo do ministro das Finanças alemão Schäuble, que terá dito a Varoufakis que “ou a Grécia aceitava o acordo ou saía do euro” –, o primeiro-ministro também deixou elogios aos esforços diplomáticos, por exemplo, da França, na hora de chegar a um consenso. Um consenso que diz ser “duro”, mas “necessário”, pois a Grécia “não resistiria a voltar ao dracma”. Por último, Tsipras lembrou que a Grécia ainda não recebeu qualquer montante do empréstimo de transição (empréstimo ponte) porque, acusa o primeiro-ministro grego, “há muito quem queira bloquear” o empréstimo. O acordo financeiro será ratificado no prazo de um mês.
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Portugal, por enquanto, não foi ainda tema de conversa na entrevista de Tsipras à televisão estatal da Grécia, apesar do contributo dado por Passos Coelho para o desfecho do acordo. O primeiro-ministro grego não deixou de elogiar a posição da França, da Itália, do Chipre e da Áustria nas reuniões do Eurogrupo, países que classifica como “apoiantes” da Grécia.
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Tsipras assume perante os gregos que os depósitos estão “salvaguardados”. O acordo final “será ratificado no prazo de um mês”, e permitirá, gradualmente, “restaurar” o sistema bancário grego.
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A garantia é de Tsipras: o terceiro resgate prevê um programa de recapitalização da banca, num valor aproximado de 25 mil milhões de euros. Os bancos terão até 30 anos para devolver essas verbas ao Fundo que vai gerir o património e as privatizações gregas.”É um valor mais do que suficiente para evitar que os depositantes e os investidores sejam chamados a assumir as perdas da banca (bail-in)”.
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Eleições? “Não há razões para isso”, garante Tsipras. Sobre as possíveis divisões no seio governamental e do próprio Syriza, o primeiro-ministro desmente que existam, e garante que a sua relação com Varoufakis, o ex-ministro das Finanças, é de “uma amizade profunda”. Sobre possíveis “erros ou exageros” de Varoufakis, Tsipras “assume a responsabilidade”.
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Tsipras diz que a Grécia ainda não recebeu qualquer montante do empréstimo de transição (empréstimo ponte). Este financiamento de urgência permitira ao país cumprir os reembolsos aos credores, em particular junto do BCE, até que o pacote de ajuda externa chegue. O primeiro-ministro grego realça que “há muito quem queira bloquear” este empréstimo.
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Alexis Tsipras garante que foi o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, a colocar a Varoufakis (ex-ministro das Finanças) as duas saídas possíveis. Ou os gregos “aceitavam [o acordo] ou saíam” da zona euro. No entanto, questionado sobre se a Alemanha tinha um plano já elaborado para a saída da Grécia, Tsipras responde que Angela Merkel lhe negou a existência de tal plano. Curiosamente, mais adiante na entrevista, Tsipras diria que “não existia um Plano B”, mas que Schaeuble, ele sim, “tinha um Plano B”, que implicaria a saída grega.
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Uma das razões que terá levado Alexis Tsipras a aceitar o acordo foi precisamente a possibilidade da Grécia deixar a moeda única e retornar ao dracma. “A Grécia não suportaria voltar ao dracma”, garante, acrescentando que “nunca foi uma hipótese viável” para o Syriza.
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Tsipras: "Os credores quiseram vingar-se do referendo"
“A posição dos credores foi uma posição de vingança em relação ao referendo”. É deste modo, sem peias nem teias, que Alexis Tsipras descreve o comportamento dos parceiros europeus durante as negociações, não se referindo a quem foi mais intransigente ou “vingativo” para com os governantes gregos. Tsipras acrescenta, durante a entrevista à televisão estatal, que os credores quiseram “mostrar aos gregos que foram derrotados”. A dureza das palavras do primeiro-ministro não se ficam por aqui, e termina dizendo que são “muitos” os que ficariam “felizes com o falhanço” do seu executivo e das suas políticas.
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Noite do acordo foi má para a Europa
O primeiro-ministro garante que o acordo não prevê “o corte nos salários e nas pensões”. Com o acordo “possível”, Tsipras prevê que a Grécia vá “ultrapassar a crise num prazo de três anos”. A responsabilidade do acordo, assume-o, é sua, pelo que vai “tenta implementar o acordo, não fugindo às suas responsabilidades” de primeiro-ministro. Tsipras garante que fez “tudo o que podia” nas reuniões do Eurogrupo, tentou “até ao limite” o melhor acordo possível, e o “irracional” aumento de impostos foi uma imposição dos parceiros europeus que “teve que aceitar”, numa noite que “foi má para a Europa.”
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Tsipras à TV grega: "ou negociava ou saía do euro"
Alexis Tsipras está esta noite a dar uma entrevista à televisão estatal grega, ERT TV, onde já começou a falar sobre o acordo que o país fez com os parceiros europeus. Diz o primeiro-ministro grego que só tinha duas opções: “ou negociava, ou saía do euro”. Tsipras garante ainda que o acordo inclui reformas estruturais “duras”, mas inclui uma reestruturação da dívida grega depois de 2022. Ou seja, nem tudo foi negativo neste acordo, apesar de medidas “irracionais” como o aumento do IVA. O primeiro-ministro grego crê que esta foi a oportunidade que a Grécia precisava para “sair da crise”. O acordo prevê um ajustamento orçamental de 1% ao ano.
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A televisão pública grega, a ERT TV, está a avançar que a ministra-adjunta das Finanças, Nadia Valavani, se demitiu do cargo, informação que não foi ainda confirmada por fonte oficial do Ministério. Valavani fazia parte da equipa escolhida por Yanis Varoufakis que também abandonou funções depois do referendo grego.
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Já o Presidente da República, Cavaco Silva, considerou que a situação da Grécia “é um bom exemplo de como erros cometidos por um Governo numa negociação externa podem conduzir a sacrifícios muito grandes para as populações”.
Na Póvoa de Varzim, no final de uma jornada dedicada à Fileira da Pesca, Cavaco Silva foi questionado sobre o acordo alcançado entre a Grécia e as instituições internacionais, garantindo que sempre esteve “convencido que na 25.ª hora seria encontrada uma solução” já que tem “uma certa tendência para olhar com muito menos excitação para estas crises da União Europeia do que os analistas”, disse o Presidente, citado pela agência Lusa.
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António Costa: Passos só ajudou na 25ª hora e com pequena tecnicalidade
Em conversa mais tarde com os jornalistas, o líder do PS voltou a falar sobre o acordo grego e a intervenção autoreclamada por Passos Coelho para a solução encontrada com uma crítica: “Nas próximas eleições temos de votar para ter um Governo que ajude à mudança na União Europeia e não um Governo que leve seis meses a criar obstáculos para depois, na 25.ª hora, (parece) dar uma pequena ajuda na resolução de uma pequena tecnicalidade”, disse, citado pela agência Lusa.