Momentos-chave
- Primeiro dia de debate marcado por troca de acusações sobre a paternidade da austeridade
- Mariana Mortágua: PSD e CDS "baixam os olhos" a cada "recadinho" de Schäuble
- Teresa Leal Coelho: Orçamento é "desajustado", "incoerente" e imprevisível
- Matos Correia: António Costa está preso "a vulgaridades" e a "lugares-comuns"
- PCP: "Que Orçamento estaríamos a debater" se PSD e CDS governassem?
- BE: "Esta é uma mudança tímida"
- Costa: O passismo é simplesmente uma nova versão de passadismo"
- Costa acusa anterior Governo de substituir orçamento sem sequer fazer errata durante vários anos
- PSD: "Este OE é bipolar"
- Costa pede à oposição para que mostre as suas alternativas
Histórico de atualizações
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Primeiro dia de debate marcado por troca de acusações sobre a paternidade da austeridade
Terminou o primeiro dia de debate na generalidade do primeiro orçamento do Governo de António Costa. Na terça-feira, os trabalhos começam às 10h00 e fecham com o voto desta proposta de orçamento.
O debate ficou marcado por acusações de parte a parte e, mais que a substância do Orçamento, muito mais enfoque foi dado a quem é, realmente, o pai da austeridade e dos cortes.
Do lado do Governo, foram muitas as acusações aos partidos da direita sobre as opções do anterior Governo, em especial das medidas que incluiram no Pacto de Estabilidade enviado a Bruxelas há pouco menos de um ano, como é o caso da promessa de cortar 600 milhões de euros na despesa com pensões, apesar de nunca ter especificado como.
António Costa acusou ainda as bancadas à direita de serem os verdadeiros radicais e explicou que a sua opção foi optar pelo caminho de devolução de rendimentos.
À direita não foram menos as acusações. Entre tentar explorar eventuais desalinhamentos nos partidos que apoiam o Governo e desvios dos seus planos eleitorais, os partidos à direita tentaram imputar a si o início do fim da austeridade, com a devolução mais gradual que iniciaram dos cortes salariais e da sobretaxa do IRS (neste caso apenas planos para este ano, que não chegaram a concretizar), o PSD acusou o PS de ter sido o partido que no Governo começou a aplicar cortes nos salários e congelamentos nas pensões, que queriam que fossem permanentes.
Com o já anunciado voto contra do PSD, e a não apresentação de propostas de alteração, assim como o apoio dos partidos à esquerda ao Orçamento, a proposta deve ser aprovada na generalidade, mas o debate não ficará com certeza por aqui, no que promete ser uma discussão marcadamente mais sobre as diferentes visões politicas dos partidos, do que do documento em si.
O processo não termina com o voto na generalidade desta terça-feira. Após a aprovação do documento, este passará para a fase de especialidade. Ou seja, será discutido e eventualmente alterado (caso sejam aprovadas propostas neste sentido) na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa. depois de ouvidos todos os ministros e algumas entidades relevantes para o processo orçamental, como é o caso do Conselho das Finanças Públicas e do Conselho Económico e Social.
Os partidos têm até dia 4 de março para a apresentar propostas de alteração. Depois haverá uma semana de interregno e na semana posterior o documento será discutido e votado proposta a proposta, artigo a artigo, até ser novamente enviado para o plenário onde, no dia 16 de março, será votado para aprovação final.
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O deputado do PSD Miguel Santos alinha pela mesma estratégia do seu colega de bancada Carlos Abreu Amorim, para, desta vez, colar o PCP, depois do deputado Paulo Sá fazer uma intervenção, dizendo que este orçamento também é do PCP, tal como este Governo.
“Este é o seu Governo, e este é o seu orçamento. Se assim não fosse, este Governo não existiria e este orçamento não existiria também”, acusou.
O deputado do PSD tentou explorar ainda eventuais falhas no alinhamento à esquerda, afirmando que o acordo entre os partidos à esquerda e o PS, não passa de um “pacto de não agressão” e que, nesta altura, “os partidos da esquerda nem sequer se questionam uns aos outros”.
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"Valorizamos, mas não alimentamos ilusões", diz o PCP
Paulo Sá do PCP fez uma intervenção no debate para repetir que “este não é o Orçamento do PCP”, e que “valoriza” a proposta do PS mas também que ela “transporta as contradições” de tentar conciliar a “inversão de política de direita” e o cumprimento de metas europeias. A propósito ainda deixou uma crítica sobre o momento de apresentação do esboço à Comissão Europeia: “Agigantou-se uma inaceitável operação de chantagem, pressão e ingerência”.
O PCP diz mesmo que a Comissão “tentou impedir a todo o custo a concretização de medidas de reposição de direito e rendimentos” e acusou ainda o PSD e o CDS de se terem colocado ao seu lado “contra os interesses dos portugueses”. Aliás, o PCP avisa que apesar de o OE socialista “conter medidas de reposição de rendimentos e direitos”, isso “não ilude uma outra realidade, a de o Orçamento conter limitações que resultam do amarramento do nosso país aos constrangimentos e condicionalismos do Pacto de Estabilidade e Crescimento, da União Económica e Monetária e do Tratado Orçamental”. Numa única frase, tudo o que o PS rejeita pôr em causa, ao contrário dos comunistas.
Assim, Paulo Sá insta o PS a assumir uma “posição firme face à Comissão Europeia, ao Banco Central Europeu e ao FMI e a outros centros de grande capital” e a “romper com imposições e condicionalismos”. O PCP “valoriza” o OE, mas não alimenta “ilusões”, apontando falhas “por não romper com o favorecimento de grandes grupos”, por exemplo. Acaba por alinhar na proposta, mas por considerar que ela “consegue dar resposta a alguns problemas urgentes” do país.
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O deputado do PSD Carlos Abreu Amorim cola o Bloco de Esquerda ao Governo, dizendo que o partido “é parte integrante deste Governo e desta solução politica tão frágil”.
“Não vale a pena continuar com este jogo de máscaras (…). Os portugueses saberão julgar o Bloco de Esquerda na primeira oportunidade, exatamente por fazerem o contrário do que defenderam nesta campanha eleitoral”, disse o deputado.
“As opções deste orçamento são as vossas opções, opções que não são as que [o Bloco de Esquerda] defendeu na campanha eleitoral”, acusou.
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Mariana Mortágua: PSD e CDS "baixam os olhos" a cada "recadinho" de Schäuble
É a vez de Mariana Mortágua intervir. Primeiro, os ataques a PSD e a CDS. A bloquista acusa os dois partidos de vestirem a pele de “assessores” e “de meros ventríloquos” das pressões de Bruxelas. Mais: os dois “baixam os olhos” a cada “recadinho” do ministro das Finanças alemão sobre “as nossas escolhas democráticas”.
Para a bloquista, de resto, sociais-democratas e centristas, agora na oposição, são tudo menos coerentes. “Às segundas, terças e quintas” este Orçamento é “irresponsável”, dizem. “Às quartas, sextas e sábados” acusam o Governo de “um brutal aumento de impostos”. Num dia, “criticam a oposição a Bruxelas”, no outro dizem que “o PS ajoelhou” em Bruxelas. É uma “incoerência”, denuncia Mariana Mortágua.
Na verdade, vincou a bloquista, “mesmo depois do lápis azul de Bruxelas, este Orçamento traduz uma mudança”. “O ataque à classe média não existe”, os salários são aumentados, reverte “o brutal aumento de impostos” e “valoriza os rendimentos dos pensionistas”. “Não vai tão longe como necessário”, reconhece Mariana Mortágua, mas está “a sarar as feridas” deixadas pelo anterior Governo.
No futuro, é preciso concentrar esforços no desenho de “reformas de fundo no nosso sistema fiscal”, nomeadamente em matéria de IRS e IRC. O objetivo, sublinhou a bloquista, é ter um sistema fiscal mais justo para as famílias e acabar com os desequilíbrios.
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Na resposta às questões dos deputados do PSD e do CDS-PP, o deputado socialista João Galamba reafirmou que o orçamento do atual Governo repõe em 1500 milhões de euros os rendimentos das famílias e que o anterior Governo se tinha comprometido com Bruxelas com mais um corte nas pensões de 600 milhões de euros nas pensões.
“Insistiremos as vezes que forem necessárias: os senhores do PSD e do CDS comprometeram-se com Bruxelas com um corte nas pensões de 600 milhões de euros”, garantiu o deputado socialista, que instou os dois partidos a explicarem o que não o fizeram quando estavam no Governo anterior: como é que este corte era feito. “Se não é corte de pensões, há de ser aumento de algum imposto”, disse.
O socialista, em resposta à deputada do CDS-PP Cecília Meireles, acusou a deputada de falta de pudor e instou-a a defender “as opções do Governo que apoiou”. Segundo João Galamba, o anterior Governo queria que os cortes salariais fossem permanentes, tal como os cortes nas pensões, e que foi o PS e os partidos à esquerda que impediram que tal acontecesse, levando a questão ao Tribunal Constitucional, que declarou estas medidas inconstitucionais.
Numa “bicada” ao deputado do PSD Hugo Soares, João Galamba acusou o social-democrata de estar “muito entusiasmado” as posições do deputado e que já tem uma filha, e que esta não é a espiral recessiva. Essa expressão é “do senhor Presidente da República, que aparentemente o senhor [Hugo Soares] ainda apoia”.
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CDS usa ironia: "Agora já não há cortes, há poupanças sectoriais"
Cecília Meireles usou da ironia para dizer que durante quatro anos ouviu falar de cortes e “agora já não há cortes, há uma coisa chamada poupanças setoriais. São muito boas e virtuosas”, provocou a deputada do CDS quando questionava João Galamba.
A deputada democrata-cristã atacou ainda o socialista por acusar a direita de “conspirar com o estrangeiro”, referindo-se aos parceiros europeus. “Ser estrangeiro não é defeito e não concordar consigo não é anti-patriotismo. É apenas discordar e acreditar que as nossas ideias defendem melhor o país”. Cecília Meireles também atirou a uma medida concreta do Orçamento do Estado do governo socialista, considerando que os “50 milhões de euros” arrecadados com a “famosa contribuição da banca representa apenas um sétimo do que as famílias vão pagar a mais” com os impostos indiretos.
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Na resposta ao deputado socialista, Hugo Soares, do PSD, tenta colar João Galamba ao Bloco de Esquerda e ao PCP, de quem diz que João Galamba “parece mais perto da esquerda radical”, que é a forma como caracteriza os partidos mais à esquerda.
O social-democrata acusa ainda o deputado de inconsistência no discurso, porque, diz, foi o último Governo socialista, liderado por José Sócrates, que começou a cortar salários e a congelar pensões mínimas, e que foi o Governo de António Guterres que criou a isenção de IMI para os fundos imobiliários e que foi o Governo anterior da coligação PSD/CDS-PP que cortou esta isenção da metade.
Para terminar, o deputado do PSD questiona a capacidade do partido do Governo de garantir que não serão implementadas medidas adicionais ainda este ano, na sequência do plano B exigido pelo Eurogrupo: “é capaz de garantir que não vem aí mais um pacote de austeridade?”.
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É chegada a vez do PS fazer uma intervenção, pela mão do deputado João Galamba, que aproveita o palco para atacar a direita, que diz “fala de orçamentos imaginários”.
O deputado vai buscar as palavras de Pedro Passos Coelho e de um dos seus ministros das Finanças, Vítor Gaspar, para atacar as palavras do mesmo Passos Coelho, agora ex-primeiro-ministro, lembrando que o anterior Governo justificava aumentos de impostos chamando-lhes “um pilar essencial de uma estratégia de crescimento sustentável”.
“O ano passado não ouvi nenhum deputado do PSD ou do CDS dizer que vinha aí o apocalipse porque aumentava em seis cêntimos [o imposto sobre] o combustível”, disse.
O ataque começou em resposta à disputa sobre o alegado aumento da carga fiscal que a direita diz estar a ser implementado com este orçamento. O deputado diz que os deputados estão a contar aumento de receita com impostos como aumento dos impostos e, para atacar este racional, diz que se assim fosse, Vítor Gaspar “teria sido o ministro mais amigo do contribuinte” quando em 2012 implementou aumentos de impostos na ordem dos 2000 milhões de euros, mas a receita acabou por cair em cerca de 700 milhões de euros nesse ano.
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Ana Catarina Mendes: "Que social-democracia é essa que acha que empobrecer é o único caminho"?
Depois de Joana Mortágua, é a vez de Ana Catarina Mendes criticar a intervenção de Teresa Leal Coelho. A socialista desafia o PSD a revelar “se tem orgulho do rasto que deixaram” e deixa uma primeira pergunta: “Que social-democracia é essa que acha que empobrecer é o único caminho”?
Ana Catarina Mendes, de resto, não deixou de responder a Pedro Passos Coelho, que acusara o PS de ajoelhar na Europa. “Quem se ajoelhava em Bruxelas era o PSD e CDS e não o Partido Socialista”, vincou a socialista.
A terminar, e depois de acusar o PSD de fugir ao debate do Orçamento do Estado para 2016, a socialista deixou várias perguntas à deputada social-democrata. “Está ou não de acordo com a devolução dos salários? Está ou não de acordo com a baixa do IVA na restauração? Está ou não de acordo com a atualização das pensões? Está ou não de acordo com o aumento dos mínimos sociais? Está ou não de acordo com o alívio fiscal das famílias da classe média?”, foi atirando Ana Catarina Mendes.
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"Vai votar contra porquê? Porque é constitucional?", atira o BE ao PSD
A deputada do BE Joana Mortágua confrontou o PSD com a decisão de não apresentar qualquer proposta de alteração ao Orçamento, no debate que se seguirá na especialidade, acusando a direita de “não ter mais nada para apresentar”.
“Vai fazer birra e não vai fazer nenhuma proposta? Não fazem porque não teriam mais nada do que já apresentaram ao país: aumento de impostos e cortes de salários”. Joana Mortágua questionou e deu logo a resposta, depois de Teresa Leal Coelho ter anunciado que os sociais-democratas vão abster-se de apresentar alterações ao OE. “O PSD quer esconder o que aplicou quando era governo”, disse ainda a deputada do BE para quem o PSD vota contra porque “é contra os salários e pensões. Quando é para cortar lá está, mas quando é para defender direitos não está”. A deputada ainda ironizou: “Vai votar contra porquê? É porque é constitucional?”
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Teresa Leal Coelho: Orçamento é "desajustado", "incoerente" e imprevisível
O debate do Orçamento do Estado para 2016 entra agora numa nova fase, com cada partido a ter direito alguns minutos de intervenção. Teresa Leal Coelho, do PSD, é a primeira a discursar.
A social-democrata, de resto, não perde tempo e avança para as críticas ao Orçamento apresentado pelo Governo socialista. Um Orçamento que, diz, “já foi tudo e o seu contrário” e que “é de exclusiva responsabilidade do PS por opção tática e deliberada”.
Esse é o primeiro ponto de Teresa Leal Coelho, acompanhando um discurso já testado pelo PSD. Os socialistas extremaram-se e perderam a identidade. O PS é, na verdade, um “partido em rutura consigo próprio”.
Quanto ao Orçamento, só críticas. Falta-lhe uma visão estratégica, está “desajustado”, é “incoerente” e introduz “imprevisibilidade fiscal”. A deputada social-democrata crítica, de resto, as reversões introduzidas pelo atual Governo que, diz, só acentuam o clima de desconfiança que já tomou os investidores externos e a Europa.
Teresa Leal Coelho aproveita, ainda, para lembrar a herança de José Sócrates. A estratégia é clara e serve para reforçar a mensagem do PSD: este Orçamento do Estado é uma réplica das políticas já tentadas pelo ex-primeiro-ministro socialista. E essa receita falhou, atirou a social-democrata.
A terminar, duas garantias: “Somos sociais-democratas, como fomos ontem e como seremos amanhã” e “o Governo socialista será o único responsável por este Orçamento”. A deputada social-democrata deixa claro que o PSD votará contra o Orçamento do Estado para 2016 e que vai abster-se de apresentar propostas de alteração. Passos já o anunciara antes, em conferência de imprensa a partir da sede do partido.
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Jorge Falcato introduz uma questão até aqui não abordada no debate. O bloquista reconhece que este Orçamento representa um “virar de página”, mas não um “virar de página para todas as pessoas”.
Falcato referia-se, concretamente, à falta de medidas no diploma em relação, por exemplo, à proteção no desemprego de pessoas com deficiência. É urgente “que se reconheça os direitos das pessoas com deficiência”, diz o bloquista, e que se concentrem esforços para travar um problema crescente: o número de pessoas com deficiência que vivem abaixo do limiar da pobreza.
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"Não podemos prever desastre que atrase o percurso", diz Costa
A propósito do plano b que ainda tem de apresentar em Bruxelas, António Costa tentou uma comparação com uma viagem Lisboa-Porto. “Não podemos prever que aconteça um engarrafamento ou um desastre que atrase o percurso”. “O que temos de fazer é prepararmo-nos para qualquer eventualidade”. A frase de Costa vem depois de a oposição ter insistido com o risco do plano b, que o chefe do executivo tentou desdramatizar dizendo que Bruxelas “convidou Portugal a ir preparando um conjunto de medidas para serem utilizadas quando necessário.”
Já ao BE, Costa garantiu: “Podem estar tranquilos, prosseguiremos na política que temos”. E insistiu que vai bater-se “pela reposição dos rendimentos e o crescimento da economia, mas também pela redução do défice. E esse é o compromisso que temos, não só com a Europa, é com os portugueses”.
Sobre o desafio do PAN e a transmissão televisiva das touradas, Costa contornou a questão por não ser do âmbito do debate.
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Terceira e última ronda de perguntas ao primeiro-ministro. É a vez de Paulo Sá, do PCP, voltar à carga e apontar críticas a PSD e CDS. Sociais-democratas e centristas, diz o comunista, estão apostados numa “campanha” para provocar o chumbo do Orçamento do Estado na Europa.
O deputado do PCP reconhece que este Orçamento dá sinais positivos, mas pede a António Costa que continue a levar a cabo “uma profunda reforma fiscal”, que “rompa com o escandaloso” benefício do grande capital e introduza mais igualdade.
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"Não pode haver tibieza nem hesitação", avisa o BE
O Bloco de Esquerda questiona a “tibieza” de António Costa perante as pressões da direita e a “chantagem” de Bruxelas. Moisés Ferreira fez um dois em um, na pergunta ao governo durante o debate, e ao mesmo tempo que atacou PSD e CDS, deixou a questão ao líder do PS, que o BE suporta no parlamento: “Sabendo que PSD e CDS rezam todos os dias para a necessidade de um plano b e que haverá chantagem para inverter plano, está disposto a continuar este caminho?”.
O deputado do BE reconhece que o Orçamento “devolve salário e representa ganhos para as famílias, reduz taxas moderados”, mas também admite que “é verdade que é insuficente para responder à destruição de riqueza e das famílias”. “Não pode haver tibieza nem hesitação quanto ao caminho que Portugal tem percorrido”, avisa Moisés Ferreira colocando a pressão no PS.
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João Almeida traz Sócrates para o debate
A herança de José Sócrates entra agora no hemiciclo, pela voz do deputado centrista João Almeida. Para o parlamentar, o PS virou, de facto, a página da austeridade. Mas virou-a para trás. “O problema é que [António Costa] continua escrever uma página que não começou a ser escrita por si. Voltou à opção socialista de aumentar impostos para todos”, acusou João Almeida, numa alusão às medidas impostas por José Sócrates, então primeiro-ministro.
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Manuel Rodrigues, do PSD, argumenta que o Orçamento do Estado para 2016 “aumenta a carga fiscal”, “aumenta o défice”, diminui o investimento público e “prevê abrandar o ritmo de geração de emprego”, ao mesmo tempo que provoca a redução da produtividade. Não será um Orçamento “imprudente”? O social-democrata deixa assim o desafio.
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PAN pergunta pelo fim da transmissão das touradas
André Silva introduz uma questão cara ao PAN: “Para quando o fim da transmissão das touradas paga com o dinheiro de todos os contribuintes?”
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Um tiro a Passos mas também a... Sócrates
António Costa atira uma crítica aos anteriores governos, acabando por acertar no primeiro executivo de José Sócrates, de que fez parte. E isto porque classificou este Orçamento do Estado como “o primeiro em que um governo se estreia sem cortar salário e pensões e sem aumentar impostos, ao contrário do que prometera em campanha”.
A afirmação cola-se ao governo de Pedro Passos Coelho, mas também ao primeiro governo de José Sócrates (entre 2005 e 2009) que acabou por aumentar impostos com o argumento da necessidade de equilibrar contas públicas, depois do apuramento de um défice, pelo Banco de Portugal, que chegava aos 6,83%. Isto depois de ter feito uma campanha eleitoral a negar agravar a carga fiscal. O défice apurado foi considerado, pelo então primeiro-ministro, “muito acima do previsto”.
Perante a agitação da bancada social-democrata, António Costa não poupa o PSD: “Os radicais estão aí”, acusou o primeiro-ministro, dirigindo-se diretamente ao grupo parlamentar do partido liderado por Passos.