A cada regresso a casa, ao final da manhã, Beta desce a Bica, em Lisboa, puxa do cigarro e carrega o saco da Hugo Boss. Lá dentro, em vez de luxo, há lixo. Rodrigo Cabrita é o fotojornalista que captou o momento e que o recupera esta terça-feira para o Dia Mundial da Fotografia. Atualmente fotojornalista do jornal i, fez parte do projecto fotográfico 12.12.12 e venceu vários prémios de fotojornalismo, entre os quais o Prémio Gazeta de Fotografia. Vai publicar em novembro o Projecto Troika, um livro de fotografia, em parceria com mais sete fotojornalistas.

“A imagem que escolho é esta de 2013. Foi realizada no i, com o agora Observador Diogo Pombo a escrever. Escolho esta imagem neste dia porque todo o aviso é pouco para esta realidade. Esta senhora faz parte dos números que ninguém quer ver, dos vários catadores de lixo que aos primeiros raios de luz avançam na procura de objectos que possam vender ou que lhes possam ser úteis, permitindo uma poupança.

Trabalho para uma senhora de 63 anos não há. E é no transbordar dos caixotes que muitas vezes está o complemento da parca reforma de 120 euros que recebe. Junta-se a tudo isto o facto de ser avó, ou seja, se não é ela a tomar conta da neta a mãe não consegue trabalhar. É assim que está a estrutura familiar de muitas famílias. Num limbo entre o mau e o muito mau.”

rodrigo-cabrita-i

A fotografia faz parte do artigo “Catadores de Lixo. O proveito que vem do desperdício dos outros”, publicada a 2 de novembro de 2013.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR