Kate Bush regressou aos palcos esta terça-feira, algo que não fazia desde 1979. A raridade desta oportunidade fez com que os 77 mil bilhetes para os 22 espetáculos no Hammersmith Apollo em Londres esgotassem em 15 minutos. Admiradores vão chegar de todo o mundo — muitos ainda não tinham nascido em 1979 — preparados para assistir a uma performance artística e intimista de onde estão excluídos os smartphones e as máquinas fotográficas, a pedido da artista. Na internet os bilhetes chegavam a custar dois mil euros.

Kate Bush está há muito tempo afastada do meio artístico mas, se o nome não for suficiente para fazer tocar as campainhas da memória, há uma música que talvez o consiga fazer: chama-se “Wuthering Heights” e foi publicada no álbum de estreia “Kick Inside” (1978), tinha então apenas 19 anos de idade. Kate Bush, cantora e performer, foi descoberta ainda adolescente por David Gilmour dos Pink Floyd. Publicou uma dezena de álbuns, EPs, singles e múltiplas colaborações. Foi a primeira mulher a conquistar o número 1 na tabela de singles britânica com uma música composta por ela própria — precisamente com o single “Wuthering Heights”. Esteve muitas vezes no Top Ten das tabelas de vendas por todo o mundo. Foi também a primeira inglesa a entrar diretamente para o primeiro lugar da lista dos álbuns a solo mais vendidos no Reino Unido (“Never for Ever”, 1980). Venceu vários prémios, entre eles um Brit Award e foi condecorada pela rainha britânica pelo serviços artísticos prestados ao país.

Conhecida pelo seu perfeccionismo, quase nunca atuou ao vivo — a performance em palco é incompatível com o controlo absoluto. Juntando a isso o medo de andar de avião, assim se percebe que a última vez que deu um espetáculo tenha sido em 1979. Diz que não regressa aos palcos pelo dinheiro mas apenas porque quer, porque chegou o momento certo.

Aos 56 anos, Kate Bush apresenta 22 espetáculos a que chamou “Before the Dawn”. Além da componente musical, espera-se dança e performance — o The Mirror descreve aqui o que viu ontem à noite. O público de todas as idades manifestou-se e as suas reações — de júbilo — fizeram-se ouvir no Twitter. Este regresso é considerado o evento musical do ano: nem os 10 anos de silêncio quebrados o ano passado por David Bowie ou os 15 de Leonard Cohen parecem superar a histeria (ou a magia) de Kate Bush, que vale pela raridade de uma presença e de uma voz únicas.

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