A mais recente peça da série Valquíria, especialmente criada para o casino MGM, foi apresentada em Macau, com rasgados elogios da empresária Pansy Ho à “brilhante” artista portuguesa Joana Vasconcelos.

“Se tiverem a oportunidade e o privilégio, devem ir ao estúdio desta mulher brilhante”, disse Pansy Ho, copresidente da MGM China, operadora de jogo que detém o casino MGM.

Pansy Ho falava na apresentação à imprensa da “Valkerie Octopus”, que deu “nova vida” ao átrio do casino que tem no seu interior uma réplica de uma praça portuguesa com várias fachadas de Lisboa, como a Casa dos Bicos, e está forrada a calçada portuguesa.

“Começámos por pensar que íamos falar durante meia hora e ficámos lá mais de hora e meia. Só isso já é uma experiência incrível”, descreveu a empresária, ao recordar a visita ao ateliê de Joana Vasconcelos em Portugal.

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“Tudo é feito de forma meticulosa. Não pensem que tudo o que ela faz é gigante e que ela só se concentra no tamanho. É totalmente o oposto. Tudo começa com pequenos ‘esboços’ e quadrados. E depois é que começam a crescer”, contou, advertindo a audiência para não se deixar enganar pela imponência da criatura que “tomou conta” da praça do casino.

Joana Vasconcelos retribuiu os elogios, destacando os elementos de Portugal da praça do MGM: os azulejos, a fachada, a calçada portuguesa. “Conhecemos tudo isto muito bem da nossa cidade natal, mas poder fazer algo contemporâneo, fazer esta grande instalação, também ligada ao aquário (elemento central da praça) e a esta cultura, e tentar alcançar diferentes aspetos em conjunto, é um privilégio para um artista”, afirmou.

Dezenas de jornalistas de Macau e Hong Kong acompanharam, com os olhos ‘pregados’ no teto do MGM, a visita guiada à instalação. Numa cobertura mediática quase ao nível da abertura de um casino, Joana Vasconcelos explicava as várias componentes da peça. “Esta parte é o dragão (…) aquelas com as cordas nós chamamos ‘Lady Gaga”, descrevia em inglês à audiência maioritariamente asiática.

Com 35 metros de comprimento e 20 de altura, e 1.200 quilos, a “Valkyrie Octopus” levou quase 10 meses a ser construída e é a maior peça da artista até à data. O trabalho é feito a partir de mais de 4.000 metros de tecido de várias cores, padrões e texturas, ornamentados com milhares de missangas e luzes LED (Díodo Emissor de Luz), as quais são alimentadas por 3.100 metros de cabos elétricos.

A escala monumental da “Valkyrie Octopus” fez com que a peça fosse testada num hangar de aviões, envolvendo uma equipa de mais de 50 profissionais da arquitetura, engenharia, engenharia e metalurgia. Em Macau, o trabalho ficou concluído após “dez longos dias”, recordou Joana Vasconcelos, e está pronto a inaugurar no domingo.

A instalação combina artesanato e tecnologia, algo “complicado e bastante novo” no trabalho da artista. Além das luzes LED, aplicadas em conjunto com os trabalhos manuais em costura e crochê, a artista recorreu “às técnicas de insufláveis para o enchimento, que permitiram um trabalho de maior dimensão”.

“Trouxe muitas coisas que são tradicionais de Portugal”, explicou Joana Vasconcelos, ao descrever os trabalhos de costura e bordados de Nisa e Viana do Castelo na peça. “Tenho aqui técnicas da minha cultura em conjunto com tecnologia (…) Por isso é uma ponte entre o passado e o futuro”, sublinhou.