O homem que “percebeu o valor da imagem na capa de um álbum, quando os outros se tinham esquecido disso” não escolhia uma imagem ao acaso. O homem de quem falamos é, claro, David Bowie: e quem assim o descreve é Jonathan Barnbrook, responsável pela composição gráfica do último álbum de Bowie, “Blackstar” (assim como de outros três álbuns: Heathen, Reality e The Next Day).

Em entrevista à revista londrina de arquitetura e design, Dazeen, Jonathan Barnbrook explica que também a escolha de uma estrela negra (com várias figuras em baixo) sob fundo branco, em Blackstar, não foi inocente:

“A ideia de mortalidade está lá e, claro, a ideia de um buraco negro que suga tudo, o Big Bang, o início do universo, se haverá um fim para o universo. Estas são coisas que se ligam à mortalidade”

As características da composição gráfica do vinil também foram explicadas pelo responsável: “Para este álbum, acho que não se trata apenas do simbolismo existente, também se trata das sensações emocionais que ali estão, em particular, o vinil, o disco negro, a embalagem negra e o facto de conseguires ver o disco enquanto matéria física que se degrada”, explicou Jonathan Barnbrook.

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A simplicidade da capa (onde não consta sequer o título do álbum — em vez de Blackstar ou de uma fotografia do músico, há apenas figuras negras em fundo branco) também não é inocente, explicou Jonathan Barnbrook.

Percebemos que tínhamos de cortar com o ruído do que se está a passar no mundo. Vemos tantas imagens a cada segundo quando pesquisamos na Internet.

Em suma, explicou, a capa de Blackstar “tem uma espécie de finalidade, uma escuridão, uma simplicidade, que é uma representação da [própria] música”. Ao contrário de muitas outras capas que Jonathan Barnbrook vê hoje na indústria discográfica: “Muitas vezes, hoje em dia, a capa tem apenas de ser bonita, não uma coisa que provoque discussão. As nossas capas queriam voltar a pôr isso em causa”, explicou.