O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte afirmou que os inúmeros contactos de líderes estrangeiros “foram um conforto”. Em declarações prestadas à porta da prefeitura de Génova, Conte deixou um agradecimento “aos socorristas, que continuarão a trabalhar durante toda a noite”.

Uma das reações mais recentes das autoridades italianas dão conta de que, à medida que as buscas prosseguem, o número de mortos pode “aumentar dramaticamente”.

A “Ponte Morandi” que desabou esta manhã, em Génova, foi construída entre 1963 e 67, tendo sido inaugurada pelo Presidente da República Giuseppe Saragat. O seu maior vão tinha 210 metros e, no total, estendia-se ao longo de 1.182 metros feitos em cimento armado. As suas torres têm o formato de um cavalete e somam 90 metros de altura — é delas que nascem os tirantes de cimento revestidos a aço.

Projetada por Riccardo Morandi no início dos anos 60, a ponte que esteve na origem desta tragédia é uma obra ao estilo do racionalismo e utiliza um sistema de pré-compressão chamado “Morandi M5”, a base de muitos dos trabalhos deste engenheiro civil, incluindo, por exemplo, uma das alas da Arena Verona, feita em 1953. Aquilo que celebrizou Morandi foi a estrutura de ponte com formato de cavalete equilibrado, uma união entre o feixe pre-comprimido isostático e as estruturas estaiadas.

Esta solução, que foi aplicada na ponte sobre o Polcevera, também existe na ponte Rafael Urdaneta, que é mais antiga e fica na Baía de Maracaibo, na Venezuela. Tinha 8,7 quilómetros de comprimento e 135 vãos, dos quais apenas seis usavam o sistema estático de cabos. A ponte em questão desmoronou em 1964 quando, em abril de 1964, o petroleiro Exxon Maracaibo (com uma carga de 36 mil toneladas) teve um colapso elétrico que o torou ingovernável. Atingiu a ponte de forma extremamente violenta.

“A ponte Morandi é uma falha de engenharia e em breve terá que ser reconstruída porque os custos de manutenção de manutenção serão exorbitantes e vão exceder os da reconstrução”, lê-se nos comunicados divulgados há doia anos pelo professor Brencich, especialista em cimento armado. Parece, na verdade, que a partir da con

“A ponte Morandi é uma falha de engenharia e em breve terá que ser reconstruída porque os custos de manutenção serão exorbitantes e excederão os de reconstrução”, afirmam os comunicados divulgados há dois anos pelo professor Brencich, especialista em concreto armado.

Iniziato nel 1963, il “Ponte Morandi” di Genova venne inaugurato quattro anni dopo da Saragat https://t.co/B6yWl2jecl pic.twitter.com/jhRyqn2mh2

— La Stampa (@LaStampa) August 14, 2018

O camião verde que parou antes da tragédia: saiba tudo o que já se conhece sobre o homem que ia atrás do volante.

“Camionista do milagre”. O condutor que ficou a poucos metros da tragédia

O Governo Regional de Liguria utilizou a sua página de twitter para dar a conhecer aopinião dos bombeiros sobre a duração das operações de resgate. “10/15 dias, 24 horas por dia são necessários para limpar a área”

#CrolloPonteMorandi Vigili del Fuoco: "Per sgombrare l'area sono necessari 10/15 giorni 24 ore su 24"

— Regione Liguria (@RegLiguria) August 14, 2018

#Genova #14ago, uno dei salvataggi effettuati dalle squadre dei #vigilidelfuoco pic.twitter.com/uPDPiHurr6

— Vigili del Fuoco (@emergenzavvf) August 14, 2018

Através da sua conta oficial no twitter, a Regione Liguria – governo regional a que pretence a cidade de Génova — reviu o número de vítimas da queda da ponte Morandi. Dois cadáveres acabam de ser encontrados e a fazem com a contabilidade de mortos suba para os 26. (um deles morreu já no bloco operatório). O número de feridos mantém-se nos 15, sendo que 9 estão em estado grave.

Na lista de vítimas mortais encontram-se 16 homens, 5 mulheres e uma criança de 10 anos — ainda não foram reveladas mais informações sobre os últimos três cadáveres encontrados.

#CrolloPonteMorandi Aggiornamento, estratti altri 2 cadaveri. Salgono a 26 i morti ufficiali: 23 sul posto, 1 in sala operatoria e gli ultimi 2 estratti. Restano 15 feriti di cui 9 rossi

— Regione Liguria (@RegLiguria) August 14, 2018

Giuseppe Conte, o primeiro-ministro italiano, prestou declarações à imprensa já no local da tragédia e afirmou que é necessário “adotar um plano para fazer uso de todos os dados e usá-los num monitoramento constante e incisivo”, isto porque “não é possível que tais tragédias ocorram”.

“Ainda é cedo para verificar as causas e responsabilidades, mas tragédias assim não podem acontecer mais”, acrescentou. Além de tudo isto, o primeiro-ministro explicou que é preciso “trabalhar na reconstrução da ponte” e “garantir em Génova uma rota alternativa.”

A A10 é uma artéria de tráfego intenso, não apenas local.

No total, 440 pessoa foram forçadas a deixar as suas casas após o colapso desta manhã. Os dados avançados pela Proteção Civil italiana podem vir a aumentar, já que as informações sobre os despejos ainda estão em andamento.

Edoardo Rixi, o secretário adjunto do Ministério das Infraestruturas e Transportes, afirmou há instantes, na sede da Proteção Civil em Génova, que “toda a ponte Morandi será demolida e isso causará graves repercussões no tráfego e no dia-a-dia dos cidadãos e das empresas “. Na mesma intervenção, Rixi reiterou a necessidade de encontrar o responsável pela tragédia, dizendo que “uma ponte não desmorona com um raio ou trovoada, é preciso encontrar um culpado”.

Estima-se que o colapso da ponte pode vir a gerar “consequências ainda incalculáveis na economia genovesa, com sérios danos ao porto e ao tráfego na divisão da Ligúria”.

A Comuna de Génova acaba de anunciar dois dias de luto (15 e 16 de agosto) em memória das pessoas que perderam a vida no desastre da ponte Morandi.

Tragedia del #crollo di #ponte Morandi .Proclamate due giornate di #lutto cittadino mercoledì 15 e giovedì 16 agosto https://t.co/26sSrx623Z

— COMUNE DI GENOVA (@ComunediGenova) August 14, 2018

Os destroços da queda de parte do tabuleiro da ponte Morandi formaram “uma espécie de cratera” onde, estima-se, ainda devem estar soterrados cerca de 30 veículos. É nessa área, que fica próxima da linha de comboio, que estão a ser concentrados os esforços das equipas de salvamento.

O número foi avançado pela Associação Internacional da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho.

First footage from @crocerossa rescue crews at #Genoa bridge collapse – 11 people brought out alive from the rubble pic.twitter.com/bIrNHPsSvM

— IFRC Intl. Federation #RedCross #RedCrescent (@ifrc) August 14, 2018

A capa do Domenica del Corriere de 1 de Março de 1964 com o projecto que ia resolver o problema do trânsito de Génova

"Genova risolve il problema del traffico"
Domenica del Corriere
1 marzo 1964 pic.twitter.com/mGETDGZi8C

— Federica Seneghini (@fedesene) August 14, 2018

O Presidente da República também já falou pessoalmente com o Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella.

“Foi com grande consternação que tomei conhecimento da queda da ponte Morandi, em Génova. Neste momento difícil, quero enviar sentidas condolências aos familiares das vítimas e também expressar a Vossa Excelência, em meu nome e no do Povo Português, toda a solidariedade para com o Povo Italiano e, em particular, para com todos os que foram afetados, a quem envio os votos de rápida recuperação. Queira aceitar, Senhor Presidente, os protestos da minha mais elevada consideração e estima.”

Os números de mortes e pessoas desaparecidas vão aumentando. As especulações quanto ao motivo a queda da ponte Morandi também. Eis o que se sabe e o que ainda falta saber sobre a tragédia de Morandi.

A tragédia de Morandi. O que se sabe e o que falta saber sobre a queda da ponte em Génova