A artista Teresa Huertas venceu o Prémio Bienal de Fotografia — BF20, pelo trabalho “ATMÓS [Passagem #1]”, revelou este sábado à agência Lusa fonte da organização do certame dedicado à divulgação da produção artística nacional na área da fotografia.
O júri atribuiu ainda a Humberto Brito uma menção honrosa pelo trabalho “Estrada e Fantasmas”, segundo a decisão do júri.
Presidido pela historiadora de arte Raquel Henriques da Silva, e constituído também por António Pinto Ribeiro, Emília Tavares, Liliana Coutinho e Tobi Maier, o júri analisou nove projetos, tendo salientado a “qualidade genérica” destes trabalhos finalistas selecionados pelo conselho de curadores.
A vencedora desta edição, inaugurada a 16 de abril, irá receber um prémio no valor de 5.000 euros da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, organizadora do certame lançado há 32 anos.
O trabalho “ATMÓS [Passagem #1]”, de Teresa Huertas, “convida-nos a experienciar uma outra temporalidade, explorando as fronteiras da imagem fixa e em movimento”, segundo a decisão, citada pelo comunicado da organização, que indica ainda que o júri de premiação destacou “a mestria na utilização do medium e a espontaneidade formal deste trabalho, salientando a forma consistente como a fotografia pode ser uma forma de resistência ao excesso visual, à velocidade e híper estimulação dos sentidos”.
Teresa Huertas, que vive e trabalha em Lisboa, desenvolve atividade nas áreas da fotografia e instalação, é pós-graduada em Arte Multimédia – Fotografia, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, mestranda na mesma instituição, e licenciada em Filologia Germânica.
Foi finalista do Concurso de Fotografia Purificación García (Madrid), em 2008, e tem participado em projetos coletivos desde 1995.
A Humberto Brito foi atribuída uma menção honrosa por “Estrada e Fantasmas”, trabalho reconhecido pelo júri pela sua “qualidade imagética e narrativa”, no conjunto de imagens feitas por toda a Península de Setúbal, entre 2018 e 2019, que o autor designa como “Autorretratos em estilo topográfico. Espelhos e janelas. As duas coisas”.
Esta edição da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira registou 90 candidaturas, mais 34 do que as registadas na BF18.
Da escolha feita pelo júri de seleção resultou a exposição coletiva com trabalhos dos artistas Ana Janeiro, Beatriz Banha, Daniela Ângelo, Elisa Azevedo, Frederico Brízida, Hugo de Almeida Pinho, Humberto Brito, Teresa Huertas e Stefano Martini.
O júri de nomeação foi formado por um conselho de curadores composto por Bruno Humberto, Catarina Botelho, Filipa Valladares e Paulo Mendes.
Com curadoria geral de Sandra Vieira Jürgens, a BF20 – que prossegue os objetivos de divulgar e incentivar a produção artística nacional da área da fotografia – possui um programa de três exposições. A dedicada aos finalistas estará patente até 16 de maio, no Celeiro da Patriarcal, em Vila Franca de Xira.
Além desta, o programa curatorial de exposições decorre ainda no Museu Municipal e na Fábrica das Palavras, em Vila Franca de Xira, com as mostras “Deambulação e Itinerância” e “Fotoutopia: Construções Imaginárias”.
“Deambulação e Itinerância” é inaugurada hoje, e ficará até 26 de setembro deste ano no museu municipal, com obras de Alexandre Delmar, Carlos Lobo, Luiza Baldan e Xavier Paes, que exploram o caráter processual e performativo da fotografia.
“Centrando-se na intersecção entre os atos de caminhar, observar e fotografar, esta exposição coletiva propõe-se considerar determinadas vivências — físicas, sensoriais, reflexivas –, associadas às práticas fotográficas realizadas durante trajetos por lugares que se habitam ou que são percorridos de passagem”, descreve a organização, em comunicado.
A mostra não foca apenas as qualidades visuais das imagens, mas “chama-nos a atenção para a dimensão sensorial, para aquilo que não podemos ver, mas que podemos intuir através das imagens, as suas realidades sonoras, as sensações táteis, os processos do pensamento, de indagação, de introspeção e contemplação, os diferentes graus de atenção”.
Em “FotoUtopia: Construções Imaginárias”, a decorrer na Fábrica das Palavras, na mesma cidade, de 8 de setembro a 21 de novembro, contará com obras de Ana Linhares, Estefanía Landesmann, Pedro Valdez Cardoso e São Trindade.
Esta exposição da bienal tem por objetivo apresentar uma “combinação dinâmica de projetos representativos da diversidade e vitalidade da fotografia contemporânea, mediante a presença de trabalhos recentes de quatro artistas que exploram o campo da fotografia, encarando-o como meio conceptual e de experimentação, de indagação e reavaliação criativa sobre os temas e processos de produzir imagens na atualidade”.
O calendário da Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira BF20 foi afetado pela pandemia, decorrendo ao longo deste ano.