O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou esta quinta-feira as “mais sinceras condolências” à família do compositor João Paes, que morreu na quarta-feira, e evocou um “amigo de décadas”, cuja ausência “faz e fará falta”.

É já com muita saudade que o Presidente da República, amigo de décadas, cúmplice das tertúlias do São Carlos e de tantas outras iniciativas, evoca o compositor João Paes e apresenta as mais sinceras e sentidas condolências à família”, lê-se num comunicado divulgado no portal da Presidência da República na Internet.

João Paes, na ótica do chefe de Estado, foi uma “figura distinta da cultura musical portuguesa das últimas décadas” e é “um homem muito distinto” e uma “ausência que faz e fará falta”.

O compositor, musicólogo e crítico de música João Paes, antigo diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos, morreu em Lisboa, na quarta-feira, aos 93 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

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Morreu compositor João Paes, antigo diretor do Teatro Nacional de São Carlos

Distinguido pela composição de “Os Canibais”, o filme-ópera de Manoel de Oliveira, João Paes foi também diretor da antiga Rádio Cultura (atual Antena 2), presidente da Juventude Musical Portuguesa e responsável pela programação musical da Lisboa 94 — Capital Europeia da Cultura, na área da música erudita.

João Carlos de Freitas Branco Paes nasceu em Lisboa, em 19 de janeiro de 1928, formou-se em Engenharia Eletrotécnica, pelo Instituto Superior Técnico, e privilegiou sempre a atividade no campo da música, tendo sido aluno de composição de Joly Braga Santos (1924-1988), por sua vez um discípulo de seu tio, o compositor Luiz de Freitas Branco (1890-1955).

João Paes foi diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos, entre 1974 e 1981, tendo aberto o palco do teatro lírico a óperas contemporâneas do século XX, como “Lulu”, de Alban Berg, “Billy Budd”, de Benjamin Britten, “Os Diabos de Loudun”, de Krzysztof Penderecki, e “Elegy for Young Lovers”, de Hans Werner Henze.

Promoveu igualmente a estreia de produções operáticas portuguesas como “Canto da Ocidental Praia”, de António Victorino d’Almeida, em 1975, “Em Nome da Paz”, de Álvaro Cassuto, em 1978, e a “Trilogia das Barcas”, de Joly Braga Santos, em 1979.

Como compositor, destaca-se em particular o trabalho de João Paes como autor de música original para filmes de Manoel de Oliveira como “Benilde ou a Virgem Mãe” (1974), “Amor de Perdição” (1976-1978), “Francisca” (1980), “Le Soulier de Satin” (1984-1985), “O Meu Caso” (1986) e “Os Canibais” (1987), a ópera que dedicou ao realizador, que este transpôs para cinema e pela qual recebeu o prémio de melhor banda sonora, no Festival Internacional de Sitges, em Espanha.