O PS na Câmara de Lisboa afirmou, esta quarta-feira, que “não houve qualquer pacto com o PSD” para a escolha de candidatos às juntas de freguesia e repudiou “a intoxicação do espaço mediático, sem decência e sem ética”.

“Há uma nota que o Partido Socialista quer transmitir de modo muito claro: não houve qualquer pacto com o PSD para a escolha de candidatos às juntas de freguesia. Qualquer notícia que sugira ou afirme que houve um pacto com o PSD é uma notícia que alimenta e/ou relata uma mentira”, declarou a vereadora do PS Inês Drummond.

A socialista falava na reunião pública da Câmara de Lisboa, no âmbito do período antes da ordem do dia, em que pediu ao presidente do executivo municipal, Carlos Moedas (PSD), para se pronunciar sobre as recentes notícias sobre o alegado pacto entre os dois partidos.

Notícias divulgadas este mês pela TVI/CNN denunciam uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas.

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“Senhor presidente, lidera uma coligação [Novos Tempos – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança] da qual fazem parte vários dos citados. Tem também um contributo, o senhor presidente, para prestar aqui no combate a esta intoxicação e gostávamos de o ouvir sobre este tema”, desafiou Inês Drummond.

Em resposta, Carlos Moedas reiterou a preocupação com o combate à corrupção, mas sobre este caso em investigação judicial lembrou que não estava nessa altura na câmara, “nem era candidato, nem estava na vida política ativa”. “Para aqueles que estão envolvidos, é importantíssimo que a justiça avance, para sabermos quem é o culpado, se há culpados, se há arguidos, se há acusados. Acho que isso é essencial e é essencial que a justiça em Portugal o faça”, afirmou o social-democrata, lembrando que também o presidente do PSD, Luís Montenegro, já mandou abrir uma investigação sobre o caso.

Perante a resposta do social-democrata, a vereadora do PS considerou que a associação à sindicância interna no PSD “demonstra de facto uma grande falta de confiança” por parte dos sociais-democratas no processo de seleção interna dos candidatos, no líder da distrital Miguel Pinto Luz (atual vice-presidente do PSD), no presidente da concelhia Luís Newton (também presidente da Junta de Freguesia da Estrela) e no vereador do PSD Ângelo Pereira.

“Essa sua falta de confiança não é a mesma que o PS tem. O PS coloca toda a confiança em Fernando Medina [ex-presidente da Câmara de Lisboa] e em Duarte Cordeiro [ex-vereador da Câmara de Lisboa]. Afirmamos, ao contrário do senhor presidente, toda a confiança. Não precisamos de fazer nenhuma sindicância interna para afirmar com toda a confiança”, frisou Inês Drummond.

Na réplica, Carlos Moedas salientou que os “presidentes de junta têm a confiança política por serem eleitos, portanto é o povo que lhes dá essa confiança política, não é o presidente da câmara”.

Na intervenção inicial, Inês Drummond afirmou que “o Partido Socialista repudia a intoxicação do espaço mediático, sem decência e sem ética, através do vazamento de conteúdos de conversas de terceiros que abusam do bom nome de terceiros”.

De qualquer forma, acrescentou, quem escolhe os presidentes das juntas de freguesia são os eleitores e, “mesmo com estas teses falsas e absurdas e sem qualquer adesão à realidade, estas merecem uma resposta e esclarecimentos sérios quando intoxicam aquilo que é a opinião pública”.

“As eleições de 2017 tiveram um resultado e esse resultado não só não concorre para o teorema como o destrói”, defendeu a socialista, indicando que em 2013 o PS teve 51% dos votos para a câmara municipal e conquistou 11 mandatos, enquanto em 2017 conseguiu oito mandatos. “Qualquer afirmação de um pacto com o PSD é uma afirmação mentirosa”, assegurou.

De acordo com a TVI/CNN, que cita uma investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, Fernando Medina é suspeito em processos que remontam ao tempo em que era presidente da Câmara de Lisboa, incluindo o caso ‘Tutti Frutti’. Em causa estão alegados crimes de corrupção, abuso de poder e uso ilícito de cargo político, entre outros.

A notícia adianta ainda que há dezenas de escutas e centenas de e-mails que envolvem não só o atual ministro das Finanças, mas também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, na altura número 2 de Fernando Medina na Câmara de Lisboa.