O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) anunciou hoje que o Presidente sírio, Bashar al-Assad, deixou o país, perante a ofensiva rebelde.

“Assad deixou a Síria [e saiu] pelo aeroporto de Damasco, antes da retirada dos membros das forças armadas e de segurança” do local, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o diretor da organização não-governamental, Rami Abdel Rahmane, referindo-se ao Presidente da Síria, que dirige o país há 24 anos.

O OSDH, com sede em Londres e uma vasta rede de informadores na Síria, tinha já indicado que, face ao avanço das forças rebeldes, o exército e as forças de segurança tinham abandonado o aeroporto de Damasco.

A ordem de retirada foi dada aos oficiais e aos soldados das forças governamentais.

À AFP, habitantes da capital disseram ter ouvido tiros na cidade.

O grupo fundamentalista islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que lidera uma coligação rebelde na Síria, anunciou ter começado a entrar em Damasco.

“As nossas forças começaram a entrar em Damasco”, declarou o HTS numa mensagem na plataforma Telegram, depois de ter conquistado várias outras cidades chave no país.

Lusa

Os ministros dos Negócios Estrangeiros árabes estiveram hoje reunidos de emergência no Qatar com os homólogos do Irão, da Turquia e da Rússia, as três principais potências estrangeiras envolvidas na Síria.

Geir Pederson, enviado especial das Nações Unidas para a Síria, disse à BBC que as conversações foram marcadas por “muito nervosismo” à medida que as forças rebeldes se aproximam de Damasco. Ainda assim, foi consensual que ainda é possível negociar uma solução para o conflito.

“É potencialmente muito confuso, potencialmente muito perigoso […] Mas também há uma possível saída”, afirmou Geir Pederson, acrescentando que vários países estão em contacto com os rebeldes para transmitir que é necessário evitar o “caos”.

“Depois de Homs, vamos dirigir-se nos para Damasco”, avisou um porta-voz dos rebeldes, cujo nome não é revelado, à Al Jazeera, defendendo que “haverá uma nova Síria baseada na justiça”.

“Não estamos a enfrentar um verdadeiro exército, mas sim uma milícia”, acrescentou.

O comandante Hassan Abdul Ghani diz que as forças rebeldes libertaram a cidade de Homs, o que classifica de momento histórico e apela aos seus combatentes para não atacarem os que militares que estão a entregar as armas.

O líder do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham também reivindica a conquista da terceira maior cidade síria num vídeo no Telegram. “Estamos a viver os últimos momentos de libertação da cidade de Homs. Este evento histórico vai distinguir entre a verdade e a mentira”, diz Abu Mohammed al-Jolani,

As forças da Síria abandonaram esta noite a cidade estratégica de Homs, menos de 24 horas após o início dos combates pela região. De acordo com a agência Reuters, o facto de os militares sírios terem saído da cidade leva a que partes do território do país na costa fiquem isoladas e sem contacto com Damasco, a capital.

Depois de o exército sírio ter decidido que Homs já não poderia ser defendida, dezenas de combatentes das forças de elite Radwan, do Hezbollah, começaram a fugir da cidade. A informação foi avançada por um oficial do exército sírio, que não é identificado, à agência Reuters, que é citada pelo The Guardian.

A partir de Paris onde está a assistir à cerimónia de reabertura da catedral de Notre Dame, o Presidente eleito dos Estados Unidos voltou a fazer publicação sobre a situação na Síria. Trump assinala que a Rússia não está a conseguir parar o avanço dos rebeldes. Mas não perde oportunidade de atacar o ex-presidente Obama, dizendo ainda que a Rússia só apoiou o líder sírio para fazer “Obama parecer estúpido”.

Opposition fighters in Syria, in an unprecedented move, have totally taken over numerous cities, in a highly coordinated offensive, and are now on the outskirts of Damascus, obviously preparing to make a very big move toward taking out Assad. Russia, because they are so tied up…

— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) December 7, 2024

Os rebeldes disseram hoje que vão proteger “todas as instituições governamentais, organizações internacionais e escritórios da ONU” na Síria por serem “instituições ao serviço do povo”.

“Todas as instituições governamentais, organizações internacionais e escritórios das Nações Unidas que operam no nosso território são instituições ao serviço do povo e temos o dever de as proteger e preservar, assegurando a continuidade do seu trabalho”, asseguraram os rebeldes em comunicado, que é citado pela CNN.

Além disso, garantiram estar “empenhados” em assegurar a “segurança” da população.

O primeiro-ministro da Síria, Mohammad Ghazi al-Jalali, disse que o país está a lutar pela sua “identidade nacional” e que a “batalha geográfica” é “secundária”.

“A batalha geográfica é uma batalha secundária, que o nosso heroico exército e forças armadas têm vindo a travar desde 2011 e que continua até hoje”, afirmou, segundo a Al Jazeera.

Damasco aparenta estar a “cair subúrbio a subúrbio” à medida que os rebeldes continuam a avançar pelo território para derrubar o regime de Bashar al-Assad, disse um funcionário norte-americano, cuja identidade não foi revelada, à CBS News.

Esta tarde, em comunicado citado pela CNN, os rebeldes do grupo Exército Livre da Síria (Free Syrian Army) disseram ter chegado “às portas” da capital síria, apenas um dia depois de terem lançado uma ofensiva na região de Daraa.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, convocou o gabinete de segurança para uma reunião, que se realizará às 21h de hoje, para discutir o conflito na Síria. A informação foi avançada pelo gabinete de Netanyahu ao The Times of Israel.

O jornal israelita escreve que o governo está preocupado com o facto de os rebeldes estarem a assumir o controlo de zonas que ficam perto da fronteira israelita.

O ministro da Administração Interna da Síria, Mohammed al-Rahmoun, disse que as forças de segurança impuseram um forte cordão militar nos arredores da capital, Damasco, numa altura em que os rebeldes se aproximam.

“Existe um cordão militar e de segurança muito forte nos arredores de Damasco e na região rural, e ninguém pode transpor essa linha defensiva que nós, as forças armadas, estamos a construir”, afirmou o ministro a uma televisão estatal, que é citada pela Al Jazeera.

O Hamas divulgou hoje um vídeo de cerca de três minutos e meio do refém Matan Zangauker, de 25 anos, a pedir à população israelita para continuar a manifestar-se e a apoiar um acordo para a libertação daqueles que estão em cativeiro há mais de um ano.

De acordo com o jornal Haaretz, Matan Zangauker disse no vídeo que os reféns vivem entre ratos e aranhas e têm doenças na pele. “Estamos muito assustados […] Morremos mil vezes por dia. Ninguém repara em nós. Povo de Israel, não nos abandones. Ainda estamos vivos e queremos regressar em segurança”, apelou, acrescentando que o isolamento está a “matar” os reféns e que a “escuridão é aterradora”.

Não é justo estarmos a pagar pelos erros do nosso governo. Está na altura de acabar com o nosso tormento”, disse o refém.

O vídeo, que foi hoje divulgado, terá sido gravado recentemente, uma vez que o refém diz estar em cativeiro há mais de 420 dias, indica o The Times of Israel. Matan Zangauker está refém desde 7 de outubro de 2023. A sua namorada, Ilana Gritzewsky, foi libertada em novembro do ano passado na sequência de um acordo entre Israel e o Hamas.

Pouco depois da divulgação do vídeo, a mãe de Matan Zangauker disse que “qualquer acordo que não traga toda a gente para casa é uma sentença de morte para os que ficaram para trás”. Com um apelo a Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, para acabar com a guerra, garantiu que o facto de o filho estar vivo “não significa que vá sobreviver ao inverno ou à continuação da campanha militar”.

A mãe de Matan Zangauker pede a Netanyahu um acordo para a libertação de todos os reféns

O regime sírio desmente que Bashar al-Assad tenha fugido de Damasco, um rumor que se espalhou nas últimas horas à medida que os rebeldes rodearam a capital.

Condenando os “rumores” e “notícias falsas sobre uma saída de Damasco por parte do Presidente Bashar al-Assad”, o comunicado oficial garante que o líder sírio “continua na capital, prosseguindo com o seu trabalho e com o cumprimento dos seus deveres para com a nação e para com a Constituição”.

Na sexta-feira, o The Wall Street Journal noticiou que a família de Al-Assad já tinha fugido para a Rússia. O jornal alemão avançou com a mesma informação já neste sábado.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Turquia e Irão, os três principais países intervenientes estrangeiros na guerra civil da Síria, apelaram hoje ao cessar imediato das hostilidades no país árabe, após uma reunião tripartida em Doha.

Degundo a agência noticiosa russa TASS, que cita o chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, os três países apelaram também a Damasco e aos rebeldes para que abram um processo de diálogo.

“Confirmamos firmemente o nosso apelo ao respeito pela integridade territorial e pela soberania da Síria. Apelamos à cessação imediata das ações militares e ao início do diálogo entre o governo e as forças legais da oposição”, afirmou o ministro russo.

Lavrov, que reconheceu que “a Rússia está a ajudar militarmente a Síria com a Força Aeroespacial Russa com sede na base aérea de Hmeimim”, a sudeste da cidade de Latakia, na província homónima, salientou que “não se pode permitir que “grupos terroristas se apoderem de territórios em violação dos acordos existentes, a começar pela resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU”.

As autoridades palestinianas afirmaram hoje que pelo menos 29 pessoas foram mortas, incluindo quatro membros do pessoal médico, quando os ataques israelitas atingiram a área em torno de um dos últimos hospitais que restam no norte de Gaza.

Sem avançar pormenores, as autoridades locais lembram que, sexta-feira, outros 20 palestinianos foram mortos, incluindo seis crianças, num bombardeamento israelita contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, segundo a agência de notícias palestiniana Wafa, citada pela agência espanhola EFE.

“As nossas equipas recuperaram vários corpos, incluindo crianças, e um grande número de feridos, depois de Israel ter atacado uma casa pertencente à família Al Madi e danificado casas vizinhas no Bloco C do campo de Nuseirat”, disse o porta-voz da Defesa Civil do enclave, Mahmud Basal, citado pelas agências.

Segundo as autoridades de saúde de Gaza, cerca de 63 pessoas foram mortas ao longo do dia por ataques do exército, 35 das quais na área sitiada no norte da faixa, que inclui as cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun.

Por outro lado, um outro ataque da artilharia israelita matou uma rapariga esta tarde numa das tendas de refugiados em Nuseirat.

O Presidente-eleito Donald Trump defende que os EUA não devem envolver-se na investida que está a ser protagonizada por rebeldes sírios, contra o regime de Bashar al-Assad.

Numa publicação na sua rede social, a Truth Social, Trump diz que os rebeldes estão a conseguir fazer progressos porque a Rússia está “tão ocupada com a Ucrânia” que é “incapaz de deter esta marcha na Síria, um país que há anos é protegido” por Moscovo.

Trump aproveitou para lançar uma farpa ao seu antecessor (no primeiro mandato). “A Rússia nunca obteve grandes vantagens do apoio [ao regime] sírio, além de conseguir dessa forma fazer Obama parecer estúpido”.

“Os EUA não devem ter nada a ver com isto. Esta não é a nossa luta. Deixem correr. Não se envolvam”, escreveu Donald Trump.