O Presidente ucraniano discursou hoje perante os veteranos das Forças Armadas ucranianas, tal como é tradição fazer na véspera do dia da Independência. Agradecendo os seus esforços e deixando elogios à sua coragem, Volodymyr Zelensky argumentou que os antigos soldados e as suas comunidades são essenciais para fortalecer a Ucrânia. Nesse sentido, prometeu alterações aos enquadramentos legais para melhorar a sua reintegração e criar novos espaços sociais e políticos dedicados a veteranos.

O chefe de Estado ucraniano continuou, defendendo que o ponto comum entre o passado, que permite a celebração do dia da Independência, e o futuro, que declarou ser a vitória na guerra com a Rússia, é o facto de ambos ficarem para a história.

Zelensky falou então sobre o futuro e os esforços de guerra contra a Rússia. “Temos todos de compreender que para afastar o ocupantes da nossa terra, temos de criar o máximo de problemas ao Estado russo no seu próprio território“, declarou, enumerando as diferentes operações em curso, que classificou “não só como justas, mas muito eficazes”. As “operações defensivas em Kharkiv e Donetsk”, a “libertação do Mar Negro”, “a operação em Kursk” e os “ataques diários a instalações militares russas”, todas fazem parte “de uma abordagem sistémica para defender a Ucrânia e acabar a guerra nos termos da Ucrânia independente“, afirmou o chefe de Estado.

Horas depois de ter publicado um vídeo em que dava a entender que tinha lançado uma contra-ofensiva em Kharkiv, a Terceira Brigada Separada de Assalto das Forças Armadas Ucranianas avançou novas informações sobre esta operação.

A contra-ofensiva permitiu aos ucranianos tomar controlo de dois quilómetros quadrados em territórios ocupados por tropas russas, área que se encontra sob controlo da Brigada desde dia 15 de agosto, pode ler-se num comunicado no Telegram. As tropas ucranianas estavam em desvantagem numérica, mas em quatro dias “o inimigo perdeu 300 homens e uma quantidade significativa de equipamentos e armas foram destruídos ou danificados“, acrescentam.

O comandante da Brigada declarou que “a tarefa foi cumprida” e que foram utilizadas “soluções não tradicionais, coordenadas com artilharia, defesa anti-aérea e serviços de informação”. A partir de agora, a prioridade é fortalecer o terreno conquistado e repelir os ataques russos, com recurso à aviação e a artilharia de longo-curso.

Rafael Grossi vai visitar a central nuclear de Kursk durante a próxima semana, para avaliar a situação, avança a agência Reuters. A Agência Internacional de Energia Atómica confirmou que Moscovo tinha relatado ter encontrado destroços de drones na central. O anúncio surge horas depois de Putin ter acusado a Kiev de um ataque.

O grupo das Forças Armadas Ucranianas que se popularizou pelas ligações ao Batalhão de Azov e às suas vitórias militares publicou um vídeo no seu canal de Telegram em que dá a entender novos desenvolvimentos na frente de batalha na região de Kharkiv.

“Algures em Kharkiv. Os primeiros disparos de uma ofensiva que está em marcha. Detalhes mais tarde. Aguardem as boas notícias da 3ª Brigada”, escreveram na legenda do vídeo, em que é possível ver veículos de combate a disparar, lutas em trincheiras, bombas a cair e soldados num centro de comando.

O Kyiv Independent informa que não conseguiu identificar o local onde foram gravados os vídeos, mas confirma que a Brigada está a operar em Kharkiv, região onde as tropas ucranianas sofreram derrotas pesadas antes do verão.

Durante uma reunião com oficiais do Kremlin, Vladimir Putin acusou a Ucrânia de ter tentado atacar a central nuclear de Kursk durante a noite passada. O responsável do departamento de desinformação da Ucrânia respondeu às acusações classificando-as como “propaganda” e “mentiras”.

“O cenário desejado pela Rússia de que as forças de defesa ucranianas atacariam a central nuclear de Kursk para os acusar de terrorismo nuclear caiu por terra e Putin juntou-se à propaganda.
Tudo aponta para o facto de a própria Rússia poder levar a cabo esta provocação e tentar levá-la ao nível internacional”, afirmou Andrii Kovalenko, citado pela Sky News.

Um ataque russo na região ucraniana de Sumy, que faz fronteira com Kursk matou duas pessoas e feriu uma outra. O bombardeamento atingiu um infraestrutura civil, relatou o gabinete do procurador regional num comunicado no Telegram.

Zelensky passou a manhã na região, onde foi informado pelo administrador militar de Sumy de uma diminuição das vítimas civis em ataques russos nas últimas semanas.

Os procuradores de Flensburg, uma cidade alemã na fronteira com a Dinamarca, abriram uma investigação a uma série de drones que têm sobrevoado um parque industrial durante a noite desde o dia 8 de agosto, por suspeitas de espionagem russa.

As autoridades desconfiam de “atividades de agentes estrangeiros, com propósitos de sabotagem”, segundo um relatório confidencial a que o Der Spiegel teve acesso. O primeiro drone foi detetado a sobrevoar o ChemCoast Park na noite de 8 de agosto e desde aí entre um e quatro aparelhos têm sido vistos quase todas as noites.

Contudo, as autoridades não conseguiram abatê-los, por se tratarem de equipamentos de tecnologia de ponta, que podem voar grandes distâncias e atingir uma velocidade de 100 quilómetros por hora. Pelas características, os Serviços de Segurança alemães suspeitam que se tratem de drones militares russos Orlan-10, adianta a publicação Bild.

Volodymyr Zelensky visitou hoje a região fronteiriça de Sumy, onde se reuniu com o Chefe das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrskyi e o responsável da administração militar regional. Esta foi a sua primeira visita à fronteira desde que começou a ofensiva ucraniana em Kursk. Syrskyi informou o Presidente ucraniano sobre as duas linhas da frente, onde os combates estão mais ativos.

Na primeira, em Kursk, afirmou que o exército ucraniano tomou controlo de uma nova localidade russa. Os últimos números davam conta de 90 localidades sob controlo de Kiev. Para além disso, do lado ucraniano da fronteira, registaram-se menos bombardeamentos e menos vítimas civis em Sumy, nas quase três semanas desde que começou a ofensiva. Avançou ainda que os militares estão a colaborar com os serviços de emergência para permitir a ajuda de entrada humanitária na região.

I visited the border area of the Sumy region and held a meeting with Commander-in-Chief Syrskyi and the Head of the Sumy Regional Military Administration.

The Commander-in-Chief reported on the operational situation across all active combat zones, with a particular focus on the… pic.twitter.com/GvaCEAUBBj

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 22, 2024

Do outro lado do país, Syrskyi garantiu que estão a fortalecer a linha da frente em Toretsk e Pokrovsk, regiões que estão a ser evacuadas e onde os avanços russos se têm feito sentir com maior intensidade. Hoje, o Ministério da Defesa russo reivindicou a posse da localidade de Mezhove, no leste de Donetsk, depois do avanço das forças do Grupo de Combate da Rússia. Estas informações não foram confirmadas de forma independente, mas é já a segunda localidade que Moscovo reivindica em Donetsk esta semana.

Vladimir Putin terá acusado a Ucrânia de tentar atacar a central nuclear de Kursk, avança a AFP, não avançando mais informação.

#UPDATE Russian President Vladimir Putin on Thursday accused Ukraine of trying to attack the Kursk nuclear power station, without presenting any evidence. pic.twitter.com/AiBd4Yin3a

— AFP News Agency (@AFP) August 22, 2024

A diplomacia da União Europeia assinalou hoje que cabe a cada Estado-membro definir a utilização que a Ucrânia faz das armas doadas para se defender da invasão russa, após o alto representante ter defendido o levantamento de restrições.

“As entregas de armas à Ucrânia para autodefesa são feitas por cada um dos Estados-membros e eles decidem como as suas armas serão utilizadas com base em acordos com os parceiros ucranianos”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano, em conferência de imprensa da instituição, em Bruxelas.

Numa visita a Varsóvia, Narendra Modi afirmou que “nenhum problema pode ser resolvido no campo de batalha”, apelando por “diálogo e diplomacia” para se chegar mais perto de um acordo de paz, segundo a AFP.

Modi será o primeiro executivo indiano a visitar a Ucrânia, quando chegar a Kyiv para reúnir com o Presidente Volodymyr Zelensky e “partilhar perspetivas de uma resolução pacífica do conflito atual”.

O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, deverá visitar na próxima semana a central nuclear de Kursk, a região russa alvo de uma ofensiva ucraniana, confirmou hoje um porta-voz da organização.

“Podemos confirmar” esta visita “na próxima semana”, disse o porta-voz à agência francesa AFP, sem adiantar mais pormenores.

O jornal britânico Financial Times noticiou hoje que Grossi tenciona visitar a central de Kursk na próxima semana, por estar “muito preocupado” com a ocorrência de combates nas proximidades.

A agencia nuclear russa Rosatom alertou no sábado a AIEA para o risco de a incursão lançada pelas tropas ucranianas em 06 de agosto afetar a segurança da central nuclear de Kursk.

A agência russa Interfax noticiou na altura que o diretor da Rosatom, Alexei Likhachev, falou com Grossi sobre a situação nas centrais nucleares de Kursk e de Zaporíjia.

Likhachev terá convidado Grossi a visitar a central de Kursk, localizada perto da cidade de Kurchatov, para “avaliar pessoalmente a situação nas proximidades das instalações nucleares”, segundo a Interfax.

De acordo com o Meduza, o Kremlin está a recorrer aos meios de comunicação social para convencer a população de que ter tropas ucranianas em solo russo é “o novo normal”. Este alerta vem no seguimento de não conseguir garantir a expulsão das forças ucranianas na região ocupada em Kursk.

O Kremlin assume expectativas “otimistas” relativamente à recuperação do território, mas o esforço será o de apaziguar a população e habituá-los à situação atual.

Na rede social X, o Presidente da Ucrânia revelou que desde o início da guerra, a Rússia destruiu mais de 500 igrejas, capelas e outros edifícios religiosos.

Volodymyr Zelensky apelida o estado russo como sendo o “maior terrorista do mundo”, e apela ao mundo que condene o seu comportamento.

Since the beginning of this war, Russian strikes have destroyed more than 500 churches, prayer houses, and other religious buildings. All believers in Ukraine have suffered from the invasion of Russian evil.

We deeply appreciate every act of support for our state and people in… pic.twitter.com/EDp3M1Zk1z

— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 22, 2024

As autoridades russas eleitorais indicaram que as eleições locais previstas em algumas comunidades da região de Kursk serão adiadas.

Várias regiões russas têm previstas eleições no início de setembro. Nos municípios de Kursk estavam planeadas atos eleitorais de 6 a 8 de setembro. O que já não irá acontecer nessas datas.

“O processo eleitoral será retomado só quando estiver garantida a segurança dos eleitores”, indicou a Comissão Eleitoral, citada pelo Moscow Times.

Foram esta noite ouvidas várias explosões na cidade russa de Kalach-na-Donu na região de Volgograd, a seguir ao que poderá ter sido ataques de drones, conta o Kyiv Independent, que cita vários canais do Telegram.

A região de Volgograd está situada a 900 quilómetros de Moscovo. Na quarta-feira o Kremlin garantiu que tinha havido ataques de drones à região de Moscovo.

Os ataques desta madrugada em Volgograd seriam dirigidos, segundo o mesmo jornal ucraniano, à base aérea de Marinovka, na cidade de Oktyabrsky, a 20 quilómetros de Kalach-na-Donu.

O chanceler alemão Olaf Scholz garantiu, na quarta-feira, que a Ucrânia não consultou Berlim sobre a incursão de 6 de agosto em território russo.

Segundo a Reuters, Olaf Scholz disse acreditar que a incursão militar ucraniana será limitada no tempo e em termos de território. Olaz Scholz falava numa conferência de imprensa após uma reunião com a Presidente da Moldova Maia Sandu.

“A Ucrânia preparou a sua operação militar em Kursk de forma muito secreta e sem qualquer consultas”, disse Scholz, acrescentando que “é uma muito limitada operação em termos de espaço e, provavelmente, também em termos de tempo”.