Histórico de atualizações
  • Ponto de situação. O que aconteceu nas últimas horas?

    • Um militante do partido Rússia Unida morreu este sábado na sequência de uma explosão de carro, na cidade de Nova Kakhovka, na região de Kherson, anunciou o governador regional, Vladimir Saldo, citado pelo The Guardian.
    • Vladimir Malov, que era secretário executivo no partido, morreu no hospital, após o “ataque terrorista” — como descreve o governador — de que foi alvo.
    • A Ucrânia e o Japão deram início à primeira ronda de negociações para um acordo bilateral na área da segurança, de acordo com o gabinete presidencial, citado pelo The Kyiv Independent.
    • O governador da região de Dnipropetrovsk, Serhii Lysak, acusa a Rússia de ter atacado a cidade de Nikol três vezes este sábado, duas vezes durante o dia e outra à noite.
    • O Ministério da Defesa da Rússia informou, este sábado, através do Telegram, que “detetou e destruiu” dois mísseis ucranianos S-200 na Crimeia. Segundo Moscovo, os ataques ocorreram às 18h00 e às 22h00, hora local.
    • O governo provisório da Eslováquia decidiu suspender o envio de ajuda militar à Ucrânia.
    • Os chefes de Estado de Portugal e da Roménia sublinharam, em Lisboa, que veem “o mundo da mesma maneira” e que apoiam e apoiarão incondicionalmente a Ucrânia.

  • Rússia mobiliza militares para o norte de Bakhmut. Combates intensificam-se

    A Rússia está a mobilizar um grande número de militares para o norte de Bakhmut, para impedir a contra-ofensiva ucraniana na região de Donetsk, segundo um porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia no leste.

    Neste momento, estão a decorrer operações de combate intensas”, afirmou Illia Yevlash, citado pelo The Kyiv Independent. “O inimigo continua a enviar unidades de contra-ataque nesta direção para nos impedir de avançar na nossa ofensiva. Estão a mobilizar todas as forças de reservas disponíveis porque sabem que perder este flanco pode ter consequências diversas para eles”, acrescentou.

  • Ucrânia e Japão em negociações para acordo bilateral na área da segurança

    A Ucrânia e o Japão deram início à primeira ronda de negociações para um acordo bilateral na área da segurança, de acordo com o gabinete presidencial, citado pelo The Kyiv Independent.

    As conversações refletem o “apoio global à Ucrânia, que vai muito além da Europa e da América do Norte”, afirmou o vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Ihor Zhovka.

    Ucrânia e Japão sentam-se à mesa depois da declaração conjunta de apoio à Ucrânia do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA). Na declaração, os países comprometeram-se a cooperar para ajudar a Ucrânia a construir uma força militar capaz de defender o país e dissuadir futuras agressões russas. O Japão assume, atualmente, a presidência do G7 e é o quarto país em negociações com a Ucrânia na área da segurança, depois do Canadá, do Reino Unido e dos EUA.

  • Rússia terá atacado cidade de Nikopol três vezes este sábado

    O governador da região de Dnipropetrovsk, Serhii Lysak, acusa a Rússia de ter atacado a cidade de Nikol três vezes este sábado, duas vezes durante o dia e outra à noite.

    Uma escola, uma empresa municipal, 11 casas de habitação, linhas elétricas e vários edifícios comerciais ficaram danificados. Não há, porém, feridos a registar.

  • Rússia diz que abateu dois mísseis ucranianos na Crimeia

    O Ministério da Defesa da Rússia informou, este sábado, através do Telegram, que “detetou e destruiu” dois mísseis ucranianos S-200 na Crimeia. Segundo Moscovo, os ataques ocorreram às 18h00 e às 22h00, hora local. A notícia é avançada pela Reuters, que adianta que não é conhecido o local exato onde foram intercetados os mísseis.

  • Eslováquia suspende envio de ajuda militar à Ucrânia

    O governo provisório da Eslováquia decidiu suspender o envio de ajuda militar à Ucrânia, visto que os partidos políticos que se opõem ao mesmo estão a preparar uma coligação, após as eleições que decorreram no fim de semana passado e que deram a vitória ao partido populista Smer.

    A notícia foi avançada pelo jornal Politico que revelou que, apesar de o Ministério da Defesa, estar prestes a considerar um novo pacote de ajuda, “o governo burocrático cessante da Eslováquia não enviará mais material militar para a Ucrânia”, disse o porta-voz.

    “A decisão sobre esta questão deve refletir o resultado das recentes eleições parlamentares e deve seguir o resultado das conversações para a formação do governo, que estão a decorrer nestes dias”, disse a porta-voz da Presidente, Zuzana Čaputová, acrescentando ainda que a aprovação “da prestação de assistência militar neste momento específico criaria um precedente para futuras mudanças de poder político”.

    Robert Fico, antigo primeiro-ministro e líder do Smer, tem até 16 de outubro para formar governo, tendo este já prometido que não vai continuar a fornecer armas à Ucrânia.

  • Militante do partido Rússia Unida morre em explosão de carro em Kherson

    Um militante do partido Rússia Unida morreu este sábado na sequência de uma explosão de carro, na cidade de Nova Kakhovka, na região de Kherson, anunciou o governador regional, Vladimir Saldo, citado pelo The Guardian.

    Vladimir Malov, que era secretário executivo no partido, morreu no hospital, após o “ataque terrorista” — como descreve o governador — de que foi alvo.

    Saldo acusou a Ucrânia de ter provocado a explosão, mas Kiev ainda não se pronunciou sobre o assunto.

  • Portugal e Roménia sublinham apoio incondicional

    Os chefes de Estado de Portugal e da Roménia sublinharam hoje, em Lisboa, que veem “o mundo da mesma maneira” e que apoiam e apoiarão incondicionalmente a Ucrânia.

    “Estivemos, estamos e estaremos ao lado da Ucrânia”, sublinhou o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, numa conferência de imprensa conjunta no Palácio de Belém, no âmbito da visita de Estado a Portugal do chefe de Estado da Roménia.

    “Desde o primeiro dia afirmei que a Roménia vai apoiar a Ucrânia no que for necessário, sem condições”, corroborou Klaus Iohannis, comprometendo-se a “contribuir ainda mais para facilitar o trânsito de cereais ucranianos”.

    “Nunca dificultámos este trânsito […], ao contrário de outros países vizinhos”, assinalou.

    Vinte e cinco milhões de toneladas de produtos agrícolas da Ucrânia passaram já pela Roménia durante a invasão pela Rússia, contabilizou Klaus Iohannis, explicando que isso significa que “a maior parte dos cereais ucranianos já passa pela Roménia a caminho dos mercados internacionais”.

    Bucareste está também a disponibilizar as suas águas territoriais para o fluxo desses produtos agrícolas, frisou, reconhecendo que a atual situação tem gerado discussões com os produtores romenos.

    Porém, frisou, essas discussões não mudarão a posição de abertura da Roménia. Já quanto à venda dos produtos agrícolas ucranianos, Klaus Iohannis referiu que o processo está a ser decidido em conjunto com as autoridades de Kiev.

  • Ponto de situação. O que se passou durante as últimas horas?

    • Um civil morreu, esta madrugada, na sequência de um ataque ucraniano à aldeia de Urazovo, na região russa de Belgorod. Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram vários mísseis em Belgorod, segundo informações avançadas pelo governador de Belgorod.
    • Durante a madrugada deste sábado, a região de Moscovo, na Rússia, foi alvo de uma ameaça de bomba e de um ataque de drones.
    • As forças ucranianas ganharam terreno em redor da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk, e na zona oeste da região de Zaporíjia, diz o Instituto para o Estudo da Guerra, na habitual análise diária à evolução do conflito.
    • Subiu para 30 o número de feridos no ataque russo com rockets que atingiu ontem a cidade de Kharkiv e fez dois mortos, nomeadamente uma criança de dez anos, que estava a dormir, e a sua avó, de 68, avançou o Estado-Maior das Forças Armadas esta manhã.
    • Oito povoações de Donetsk ficaram às escuras, devido aos bombardeamentos que atingiram ontem a região, informou o Ministério da Energia ucraniano no Telegram, citado pelo The Guardian.
    • O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, celebra hoje 71 anos e escolheu passar o seu dia numa cerimónia “histórica”, como o mesmo apelidou ontem, o início do fornecimento de gás ao Uzbequistão através do Cazaquistão.
    • O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, anunciou hoje que mais de 200 empresas ucranianas começaram a produzir drones para ajudar o exército, o que centuplicará a produção nacional dentro de um ano.
    • Uma mulher morreu e duas pessoas ficaram feridas após uma bomba atingir a aldeia de Bilenke, na região de Zaporíjia, esta manhã, avançou o chefe da Administração Regional, Yuriy Malashko, no Telegram, citado pelo The Guardian.
    • O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, culpou os Estados Unidos da América (EUA) “e os seus aliados” pelos conflitos que se desencadearam hoje em Israel, dizendo que “só uma guerra civil conseguia parar a paixão maníaca da América de provocar guerras em todo o mundo”.
    • Um homem de 66 anos e uma mulher de 64 ficaram feridos após um rocket russo ter atingido a aldeia de Peresichne, na região de Kharkiv, anunciou Oleg Synegubov, chefe da administração regional, citado pelo The Guardian.

  • Dois feridos em ataque russo com rockets na aldeia de Peresichne

    Um homem de 66 anos e uma mulher de 64 ficaram feridos após um rocket russo ter atingido a aldeia de Peresichne, na região de Kharkiv, anunciou Oleg Synegubov, chefe da administração regional, citado pelo The Guardian.

    Os rockets atingiram dois edifícios de dois andares, tendo provocado um incêndio e vários danos nos telhados e janelas.

  • Vice-presidente do Conselho de Segurança russo apela a uma "guerra civil" nos EUA, na sequência dos conflitos em Israel

    O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, culpou os Estados Unidos da América (EUA) “e os seus aliados” pelos conflitos que se desencadearam hoje em Israel, dizendo que “só uma guerra civil conseguia parar a paixão maníaca da América de provocar guerras em todo o mundo”.

    “Os combates entre o grupo Hamas e Israel, no 50.º aniversário do início da Guerra de Yom Kippur, é um acontecimento que já se esperava. Isto era o que Washington e os seus aliados tinham de fazer. O conflito entre Israel e a Palestina dura há décadas. E os EUA são um ator fundamental”, começou por escrever no Telegram, citado pelo The Guardian.

    “Em vez de trabalharem ativamente num acordo israelo-palestiniano, estes idiotas enganaram-nos e estão a ajudar os neonazis com todas as suas forças, empurrando duas nações próximas do conflito”, atirou ainda.

  • Um morto e dois feridos em bombardeamento russo na aldeia de Bilenke

    Uma mulher morreu e duas pessoas ficaram feridas após uma bomba atingir a aldeia de Bilenke, na região de Zaporíjia, esta manhã, avançou o chefe da Administração Regional, Yuriy Malashko, no Telegram, citado pelo The Guardian.

    O bombardeamento aconteceu por volta das oito da manhã locais (seis da manhã em Lisboa) e feriu dois residentes, de 35 e 82 anos. Além disso, danificou uma casa e vários anexos.

  • Mais de 200 empresas ucranianas começaram a produzir drones, assegura primeiro-ministro

    O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, anunciou hoje que mais de 200 empresas ucranianas começaram a produzir drones para ajudar o exército, o que centuplicará a produção nacional dentro de um ano.

    Segundo o jornal ucraniano Kyiv Independent, Shymal disse, num discurso no parlamento Verkhovna Rada, que a “indústria da defesa mudou radicalmente na sequência da guerra da Rússia, uma vez que incentiva o envolvimento de empresas privadas, tornando o ‘caminho de do desenvolvimento do drone até à sua compra o mais curto possível'”.

    De forma a incentivar as empresas a produzir sistemas de defesa para ajudar o exército, o governo impôs medidas para “simplificar o longo processo burocrático para que a inovação seja utilizada pelas forças armadas”.

  • Putin celebra 71.º aniversário em cerimónia do lançamento do fornecimento de gás ao Uzbequistão

    O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, celebra hoje 71 anos e escolheu passar o seu dia numa cerimónia “histórica”, como o mesmo apelidou ontem.

    No mesmo ano em que assinala 20 anos à frente da Rússia, Putin prepara-se para fornecer gás russo ao Uzbequistão através do Cazaquistão.

    “[Estas serão] as primeiras exportações do género na história destes sistemas de gasodutos, pois nunca o gás russo foi bombeado para a Ásia Central”, afirmou, segundo a agência TASS.

  • Oito povoações em Donetsk ficam sem eletricidade devido a bombardeamentos

    Oito povoações de Donetsk ficaram às escuras, devido aos bombardeamentos que atingiram ontem a região, informou o Ministério da Energia ucraniano no Telegram, citado pelo The Guardian.

    As cidades de Dnipropetrovsk, Zaporíjia, Sumy, Kharkiv, Kherson e Chernihiv também ficaram sem eletricidade.

    A eletricidade voltou horas depois para seis mil residentes de Donetsk.

    Já em Kakhovka, ainda há cerca de duas mil pessoas às escuras, depois de uma barragem ter sido destruída em junho e levado à inundação e desabamento de várias casas. Os consecutivos bombardeamentos na região têm atrasado os trabalhos de reparação.

  • Atualização. Dois mortos e 30 feridos em ataque russo com rockets em Kharkiv

    Subiu para 30 o número de feridos no ataque russo com rockets que atingiu ontem a cidade de Kharkiv e fez dois mortos, nomeadamente uma criança de dez anos, que estava a dormir, e a sua avó, de 68, avançou o Estado-Maior das Forças Armadas esta manhã.

    Foram registados danos em 61 apartamentos, 17 casas particulares e em dez residências de habitação social, segundo descreveu o The Guardian.

    Este ataque surgiu após um míssil ter atingido uma mercearia e um café na aldeia de Hroza, tendo feito, pelo menos, 52 mortos, dos quais uma criança de seis anos. O funeral das vítimas realiza-se hoje.

    Além deste ataque, as forças russas lançaram três mísseis, 67 ataques aéreos e 46 disparos em mais de 120 povoações da Ucrânia.

  • Ucrânia ganha terreno em redor de Bakhmut e na região de Zaporíjia

    As forças ucranianas ganharam terreno em redor da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk, e na zona oeste da região de Zaporíjia, diz o Instituto para o Estudo da Guerra, na habitual análise diária à evolução do conflito.

    Em Bakhmut, as forças ucranianas avançaram no terreno a sul, perto da vila de Andriivka. Já na região de Zaporíjia, os ucranianos avançaram na direção de Verbove.

  • Moscovo é alvo de ameaça de bomba e ataque de drones durante a madrugada

    Durante a madrugada deste sábado, a região de Moscovo, na Rússia, foi alvo de uma ameaça de bomba e de um ataque de drones.

    A informação foi avançada pelos meios de comunicação local e pelas autoridades. Segundo a agência TASS, citado pela Sky News, um ginásio da cidade de Lyubertsy foi evacuado após receber uma ameaça de bomba, tendo os moradores do bairro “também sido aconselhados a sair”.

    Deslocaram-se dez autocarros para transportarem essas pessoas para um acolhimento temporário e ainda não se sabe quem fez a ameaça de bomba.

    Pouco depois, por volta das cinco da manhã locais (sete da manhã em Lisboa), a região foi atacada por drones, segundo anunciou o Ministério da Defesa.

    “Os sistemas de defesa aérea destruíram um veículo aéreo não tripulado sobre o território do distrito urbano de Istrinsky”, revelou, citado pela agência TASS.

    Segundo a mesma agência, não foram registados quaisquer danos ou feridos. No entanto, as ocorrências provocaram os atrasos ou cancelamentos de vários voos nos aeroportos de Vnukovo e Sheremetyevo.

  • Análise: Putin não vai desistir porque joga o seu futuro

    O especialista em assuntos russos Marek Menkiszak alerta que o líder do Kremlin, Vladimir Putin, vai até onde o deixarem ir, mas calculou mal a invasão da Ucrânia e sabe que agora tem o seu futuro em jogo.

    “Putin acredita que o destino desta guerra é absolutamente decisivo para a sobrevivência do seu regime”, afirma em entrevista à agência Lusa o diretor do Departamento da Rússia do Centro de Estudos de Leste, com sede em Varsóvia.

    Isso significa que o Presidente russo assumiu como prioridade do futuro, enquanto estiver no poder, “esmagar a Ucrânia” e esta é a “má notícia” do que o especialista e investigador polaco considera ser um falhanço da invasão iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

    Marek Menkiszak classifica Putin um homem “agressivo e oportunista e que aproveita fraquezas quando as vê”, como sucedeu na anexação da península ucraniana da Crimeia, em 2014, e na invasão da Ucrânia. É também alguém que cria perceções e trabalha com base nelas.

    “Portanto, é importante influenciar a perceção do Kremlin, e a única maneira de a influenciar é dissuadindo, criar uma imagem de bloco ocidental forte, unido, que esteja disposto a enfrentar a Rússia se houver necessidade”, recomenda, ou, em suma: “Não permitir que os russos acreditem que somos tão fracos que será seguro testar-nos”.

    E esse foi o erro que, segundo o analista, conduziu Putin à Ucrânia, um conflito que, adverte, não é sobre território mas tem um alcance bastante mais amplo, na busca da destruição da ordem de segurança na Europa e da alteração do equilíbrio do poder global.

    Para Marek Menkiszak, o que o líder russo procurou foi garantir “uma posição dominante para a coligação dos países que não são democráticos ou autocráticos – obviamente liderada pela China em benefício da Rússia” -, numa tentativa de recriar uma espécie de império russo, e expandir a sua zona de controlo e segurança política. Só que, no entanto, “calculou mal em ambos”, frisa o especialista.

    Logo à cabeça, enumera Menkiszak, não previu a capacidade de resistência da Ucrânia e da sua sociedade nem a reação ocidental: “A Rússia fracassou tragicamente, apesar de expandir uma guerra brutal e ocupar mais territórios, vários deles anexados ilegalmente”.

    Ao longo dos quase 19 meses de guerra, Moscovo falhou na meta de rápida subjugação de Kiev e de minar a ordem de segurança global, e, mesmo do ponto de vista militar, já perdeu dois terços de território anteriormente conquistado.

    No seguimento deste revés, o Kremlin está determinado “a pagar altos custos para continuar a guerra e criar pressão sobre o Ocidente”, no pressuposto de que a resiliência de Moscovo é maior do que a dos países aliados de Kiev, prossegue o especialista.

    “Basicamente, a ideia é criar uma situação de desgaste, na qual a vontade política e a fidelidade do Ocidente no apoio à Ucrânia a prazo desaparecerão e isso acabará por derrubar a defesa da Ucrânia e levar à vitória da Rússia”, referiu.

    Esta estratégia, de acordo com o analista, passa por diminuir ou congelar a intensidade das hostilidades e não permitir grandes avanços à contraofensiva em curso das tropas ucranianas, condicionar o fornecimento à Ucrânia de armamento — especialmente mísseis de longo alcance – ao traçar “linhas vermelhas” e ameaçar os parceiros de Kiev com consequências.

    Depois, vem a aposta na fadiga da guerra e numa espécie de mudança de tendência de apoio à Ucrânia, quebrando a união de vontades que vinha acontecendo, em associação à manipulação dos preços globais, o que acabaria por alterar as políticas de concertação dos países ocidentais e empurrar os ucranianos para concessões.

    “E obviamente uma das maiores esperanças para Moscovo são as eleições presidenciais nos Estados Unidos no ano que vem, em que Putin acredita que há uma possibilidade crescente de [o ex-Presidente norte-americano] Donald Trump ganhar e enfraquecer o apoio ocidental [a Kiev] e até criar pressão política pela paz para se fazer concessões à Rússia”, aponta Menkiszak.

    Mas o “plano russo” de acumular problemas para os países ocidentais e para a Ucrânia, e criar a tal inflexão nas políticas dos aliados, vem acompanhado de más notícias para Moscovo, quando, por exemplo, “a economia russa está em péssima forma”.

    Marek Menkiszak destaca a inflação alta, o défice de combustíveis e a duplicação prevista dos gastos em defesa no próximo ano como fatores de “um enorme ‘stress’ para a economia, e para a sociedade russa e um desafio para o regime”, numa fase em que Moscovo “não tem verdadeiros aliados” na sua investida ucraniana, com as exceções conhecidas da Coreia do Norte e do Irão, e perdeu a sua capacidade de influência na chamada área pós-soviética, tirando a Bielorrússia.

    Por outro lado, o esforço russo de quebrar o abastecimento militar e financeiro a Kiev ainda não se verificou e, pelo contrário, permanece um apoio intensivo tanto da União Europeia (UE) como dos seus Estados-membros e dos Estados Unidos, a que se acresce o sinal que é dado a Moscovo no processo de adesão de Kiev ao espaço europeu.

    “Há pontos positivos e negativos, há boas e más notícias e temos de ter muito cuidado, esperar e não tirar já conclusões radicais e definitivas”, aconselha o especialista, lembrando que este é um conflito de longo-prazo e sistémico.

    A ameaça russa é tema central em países vizinhos da Ucrânia, como a Polónia, que terá eleições em 15 de outubro, mas também na Eslováquia, de onde saiu das legislativas em finais de setembro um poder favorável a Moscovo.

    Menkiszak alerta que cada país tem a sua retórica, política e ações, e que a terminologia usada de Europa central e de leste, ou flanco oriental da NATO, na verdade não significa que se trate de espaços coesos e coerentes.

    Mas o que os difere a todos em relação à Rússia é que são democracias e, frisa, “independentemente do que diga sobre os desafios em direção às normas democráticas, há eleições livres nestes países” e “nenhum Governo pode fechar os olhos à vontade das pessoas e ao que pensam”.

    É por isso que Menkiszak defende uma “comunicação estratégica” para que os cidadãos entendam os custos deste conflito “e a consequência desastrosa” de uma vitória da Rússia e eventuais efeitos na ordem global mas também na segurança daqueles países, que já experimentaram a ocupação russa “e isso também é memória histórica” no sentido de se evitar uma repetição da Ucrânia.

    A perspetiva de Putin atacar um país membro da NATO e “comprar” um conflito total é desafiada pela lógica, mas o analista convida a que se “alargue a imaginação” e se pense em quem apostaria na anexação da Crimeia há uma década – “que era um cenário de outro planeta mas aconteceu” -, a que seguiu a revelação de “elementos de genocídio e crimes de guerra massivos” perpetrados na Ucrânia.

    “Putin irá tão longe até onde o deixarem ir”, adverte Marek Menkiszak perante aquilo que encara como o conceito mais fácil da equação, insistindo que “o nível de risco depende da perceção russa”. E esse é, na sua opinião, o enorme desafio no centro da atual crise.

    “Se enviarmos sinais de que temos medo, somos fracos, divididos, indecisos, avessos ao risco e que não estamos prontos para confrontá-los, isso será visto como um convite à Rússia para se tornar mais agressiva”, conclui.

  • Um morto em ataque ucraniano à região de Belgorod, na Rússia

    Um civil morreu, esta madrugada, na sequência de um ataque ucraniano à aldeia de Urazovo, na região russa de Belgorod. Os sistemas de defesa aérea russos derrubaram vários mísseis em Belgorod, segundo informações avançadas pelo governador de Belgorod

1 de 2