Momentos-chave
- Lagarde lembra "muitos, muitos europeus que morreram" na Segunda Guerra, numa resposta sobre um possível bom resultado do AfD na Alemanha
- França? Lagarde diz que há vários países que não apresentaram planos orçamentais
- Lagarde diz que enquadramento económico mudou "completamente" e mostra preocupação com tarifas de Trump
- Alguns membros do Conselho queriam corte de 50 pontos nos juros, mas no final houve acordo para 25
- Alguns setores sentem "dificuldades em manterem-se competitivos", diz Lagarde
- Juros não baixaram mais do que 25 pontos porque "inflação continua elevada", diz Lagarde
- Economistas do BCE preveem retoma "mais lenta". Inflação será menor do que era previsto: 2,4%
- BCE retira referência à manutenção das taxas de juro em território "restritivo", que aparecia nos últimos meses
- BCE deve anunciar a quarta descida consecutiva nos juros
Atualizações em direto
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Lagarde lembra "muitos, muitos europeus que morreram" na Segunda Guerra, numa resposta sobre um possível bom resultado do AfD na Alemanha
Perto do final da conferência de imprensa de Lagarde, que é a última deste ano, a presidente do BCE foi questionada sobre as eleições na Alemanha, que irão acontecer no início de 2025 e onde poderá ter um bom resultado o partido AfD, que faz campanha dizendo que a Alemanha deve sair da zona euro e da União Europeia.
“A União Europeia foi fundada por um conjunto de países-fundadores que incluía a Alemanha, depois de um período horrível em que os Estados-membros que hoje estão sentados à mesma mesa tinham estado, pouco antes, a atacar-se mutuamente“, respondeu Christine Lagarde.
Esse período anterior, de guerra na Europa, “levou à morte de muitos, muitos, muitos europeus“. “Tenho uma grande esperança de que esta história, que está na génese da União Europeia, irá continuar a estar muito viva na memória de toda a gente“, terminou a presidente do BCE.
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França? Lagarde diz que há vários países que não apresentaram planos orçamentais
Questionada sobre a incerteza política em França, seu país-natal, Christine Lagarde diz que não faz comentários sobre estados-membros em particular. Mas lembra que há “vários países, pelo menos quatro, que não entregaram os planos orçamentais”.
A incerteza que isso gera, incluindo nas decisões de investimento das empresas, é uma incerteza “auto-infligida” relacionada com processos com os quais o BCE “não tem nada a ver” (porque são, inclusivamente, processos eleitorais). Ainda assim, a presidente do BCE mostra-se confiante de que nos primeiros meses do próximo ano haverá mais visibilidade sobre estas matérias.
Anteriormente, Christine Lagarde tinha referido que o Conselho do BCE “não teve qualquer debate” sobre o TPI, o mecanismo que existe para, se for considerado necessário, intervir com a compra de títulos de dívida pública de certos países, como forma de conter períodos de instabilidade nos mercados.
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Lagarde diz que enquadramento económico mudou "completamente" e mostra preocupação com tarifas de Trump
Questionada sobre a retirada da referência ao nível “restritivo” da política monetária, Christine Lagarde diz que as taxas de juro continuam num nível restritivo da atividade económica – “não há quaisquer dúvidas sobre isso“.
De qualquer forma, a presidente do BCE lembra que as taxas de juro já foram reduzidas “quatro vezes, num total de 100 pontos-base” e “estamos num ambiente totalmente diferente” daquele que existia quando se iniciaram as descidas face ao máximo de 4%.
“A direção da viagem é bem claro“, afirma Lagarde, deixando implícito que os próximos meses irão trazer mais cortes nas taxas de juro.
Além dos riscos predominantemente negativos para a economia, a zona euro está agora “mais perto do objetivo, em convergência para os 2% em 2025”. O que torna as perspetivas mais enubladas é o risco de haver “restrições ao comércio internacional” como as que foram prometidas por Donald Trump. Elas “não são conducentes a crescimento e criam incerteza na inflação“, afirma Lagarde, dizendo que cabe ao BCE esperar para conhecer aquilo que irá ser, realmente, anunciado em termos de agravamento das taxas alfandegárias.
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Alguns membros do Conselho queriam corte de 50 pontos nos juros, mas no final houve acordo para 25
Houve na reunião desta quinta-feira do Conselho do BCE “algumas discussões relacionadas com algumas propostas para baixar em 50 pontos”. Mas, no final, todos “se alinharam” na ideia de que “mais um corte de 25 pontos-base era a decisão correta”, diz Christine Lagarde.
A presidente do BCE, destacando que esta foi a última reunião do ano, acrescenta que o tom geral da reunião foi de “reconhecer não ainda a vitória contra a inflação” mas, sim, de reconhecer que “a inflação está mesmo bem encaminhada” para atingir o objetivo” de 2%. A inflação no setor dos serviços continua elevada, perto de 4%, salienta Lagarde.
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Alguns setores sentem "dificuldades em manterem-se competitivos", diz Lagarde
Christine Lagarde traça um quadro pouco otimista da evolução económica, em particular no investimento e nas exportações. “Os riscos em torno das perspetivas económicas pendem para o lado negativo”, ou seja, é maior o risco e que as previsões se revelem demasiado otimistas do que o contrário.
As empresas estão a adiar decisões de investimento, diz a presidente do BCE, perante sinais de “fraca procura por parte dos consumidores” e num quadro de “perspetivas altamente incertas” na economia.
Por outro lado, as exportações também estão “fracas” com alguns setores económicos a terem “dificuldades em manterem-se competitivos” – uma referência (implícita) a setores como o fabrico automóvel.
Já o mercado de trabalho continua “resiliente” mas o BCE deteta alguns sinais de enfraquecimento da procura por contratações.
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Juros não baixaram mais do que 25 pontos porque "inflação continua elevada", diz Lagarde
Ao ler o comunicado oficial na conferência de imprensa, documento que já é público desde as 13h15, Christine Lagarde explica porque é que não se optou por uma descida maior nos juros (de 50 pontos, que alguns analistas admitiam):
“A inflação (interna) diminuiu ligeiramente, mas continua elevada, principalmente porque os salários e os preços em certos setores ainda se estão a ajustar, com um atraso substancial, ao aumento rápido da inflação que existiu”, diz a presidente do BCE.
Christine Lagarde comentou, também, que além da incerteza geopolítica, “eventuais fricções no comércio internacional irão tornar mais incerto o panorama monetário” na zona euro. Esta é uma referência à promessa de Donald Trump de aumentar as tarifas (taxas alfandegárias) quando assumir novamente a Presidência dos EUA – isso poderá afetar a inflação e, assim, complicar a missão do BCE de definir as taxas de juro.
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Economistas do BCE preveem retoma "mais lenta". Inflação será menor do que era previsto: 2,4%
Esta foi uma reunião de política monetária que coincidiu com a divulgação de novas projeções para a economia e para a inflação, o que são atualizadas trimestralmente.
Os economistas do BCE reviram em baixa (uma décima) a projeção para a inflação em 2024, para 2,4%. Em 2025, a taxa de inflação deverá ficar ainda mais próxima do objetivo (2%), nos 2,1% – e em 2026 a previsão aponta para um ritmo de subida dos preços de 1,9%.
Por outro lado, os economistas “passaram a prever uma recuperação económica mais lenta do que apontavam nas projeções de setembro”.
“Embora o crescimento tenha aumentado no terceiro trimestre deste ano, os inquéritos [que servem como indicadores avançados de como vai evoluir a economia] sugerem que a atividade abrandou no trimestre atual”, isto é, o quarto trimestre, diz o BCE.
Os economistas preveem que a economia irá crescer 0,7% em 2024, 1,1% em 2025, 1,4% em 2026 e 1,3% em 2027. “A recuperação projetada baseia-se, sobretudo, no aumento dos rendimentos reais – o que deverá permitir às famílias consumir mais – e no aumento do investimento das empresas”.
Ao longo do tempo, o desaparecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva deverá apoiar uma recuperação da procura interna”, antevê o BCE.
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BCE retira referência à manutenção das taxas de juro em território "restritivo", que aparecia nos últimos meses
Um sinal importante para o futuro: BCE retirou a referência à manutenção das taxas de juro em território “restritivo”, que invariavelmente aparecia nos últimos meses.
Anteriormente, o BCE dizia que estava disponível para manter as taxas de juro em níveis “restritivos” enquanto fosse necessário para garantir o controlo da inflação.
Estima-se que um nível “neutral” nas taxas de juro na zona euro possa rondar os 2% – nem estimulando nem restringindo a atividade económica. Ou seja, a retirada desta referência aos juros em nível “restritivo” pode ser interpretado como um sinal de que os juros vão continuar a baixar, para um nível mais próximo do “neutral”.
“O Conselho do BCE está determinado a garantir que a inflação estabilize de forma sustentável no seu objetivo de médio prazo de 2%”, pode ler-se no comunicado. Daqui para a frente, o BCE diz que irá continuar a ter uma “abordagem dependente de dados, reunião a reunião, para determinar a calibragem adequada da política monetária”.
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Oficial: Juros baixam mais 25 pontos-base para 3%, como previsto
O Conselho do BCE decidiu, na reunião de política monetária desta quinta-feira, baixar a taxa de juro de referência na zona euro em mais 25 pontos-base, isto é, um quarto de ponto percentual.
A decisão já era esperada pela larga maioria dos analistas e trata-se da quarta redução consecutiva nas taxas de juro – que ainda em setembro estavam em 4%. Desde então, surgiram quatro cortes de 25 pontos, o último dos quais nesta quinta-feira.
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BCE deve anunciar a quarta descida consecutiva nos juros
Boa tarde!
Abrimos este artigo liveblog para acompanhar a conferência de imprensa de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que será a última deste ano.
A conferência começa às 13h45, hora de Lisboa, mas antes, às 13h15, será divulgado o comunicado onde deverá constar o anúncio de mais um corte das taxas de juro – o quarto consecutivo.
Embora haja quem admita um corte maior, de 50 pontos-base, a larga maioria dos analistas prevê mais uma descida em 25 pontos-base. A taxa de juro dos depósitos, que em setembro estava em 4%, deve descer para 3%.