O jornal ucraniano The Kyiv Independent publicou no Twitter as primeiras imagens de satélite que mostram a dimensão dos estragos na ponte de Kerch.

⚡️Maxar publishes satellite images of Crimea Bridge following explosion.

The explosion occurred around 6 a.m. on Oct. 8 at the illegally constructed bridge connecting the Russian-occupied Ukrainian peninsula Crimea with mainland Russia. 

???? Maxar Technologies pic.twitter.com/oniEZuEFie

— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) October 8, 2022

O mais recente balanço das autoridades ucranianas, atualizado ao início da noite de sábado, aponta para 19 vítimas mortais no ataque a Zaporíjia.

Na madrugada de 5 para 6 de outubro, edifícios residenciais naquela região foram atingidos por sete mísseis russos.

“Regressar aos bombardeamentos, e atingir a única fonte de energia externa da central nuclear, é tremendamente irresponsável.” Em comunicado, o diretor geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) defende que Zaporíjia “deve ser protegida”.

Na próxima semana, Rafael Grossi viaja até à Rússia para discutir questões relacionadas com a segurança da central nuclear. Um aviso foi também lançado pela Ucrânia, já que sem ligação à rede de energia, a central está dependente de geradores.

“Em breve viajo para a Federação Russa e depois regressarei à Ucrânia para definir uma zona de segurança e proteção nuclear ao redor da central. Este é um imperativo absoluto e urgente”, defendeu Grossi.

Depois do apagão, a central conta apenas com geradores a diesel de emergência para manter os reatores nucleares refrigerados e evitar um potencial acidente nuclear.

Um dia depois de ter anexado a Península da Crimeia, em 2014, Vladimir Putin anunciou que ia construir uma ponte para ligar a região à Rússia. Quatro anos depois, em 2018, o Presidente russo inaugurou a ponte de Kerch — onde neste sábado houve uma explosão — ao volante de um camião.

A estrutura tornou-se um símbolo da ocupação russa.

Putin, 2018, Ponte de Kerch

Putin, 2018, Ponte de Kersch

Putin, 2018, Ponte de Kersch

No seu discurso televisivo, o Presidente não deixou passar em branco o acontecimento na Crimeia, onde uma explosão na ponte que liga a península à Rússia fez colapsar parte da estrutura.

“Hoje foi um dia bom e de muito sol no território do nosso Estado”, disse. “Infelizmente, estava nublado na Crimeia, embora também estivesse quente. Mas não importa quais sejam as nuvens, os ucranianos sabem o que fazer. E eles sabem que nosso futuro é ensolarado.”

Zelensky afirmou que o futuro do país é sem ocupantes, “em todo o nosso território, em particular na Crimeia”. Aos militares russos, deixou um recado, uma oferta que já tinha sido feita antes.

“Se os ocupantes fugirem enquanto têm hipótese, essa será a sua melhor opção. Se forem forçados a ficar, qualquer ocupante pode encontrar uma maneira de se render ao cativeiro ucraniano. Garantimos a preservação das vidas a todos os militares russos que voluntariamente deponham suas armas e se rendam”, concluiu.

No Donbass, as forças ucranianas estão a manter as suas posições, mas há zonas em que a luta está difícil. Palavras de Volodymyr Zelensky, que já fez o habitual discurso televisivo noturno. “Estamos a manter posições em Donbas, em particular na direção de Bakhmut, onde agora é muito, muito difícil, onde a luta é muito dura”, disse o Presidente ucraniano.

Depois de deixar agradecimentos aos militares ucranianos, Zelensky frisou que tudo está a ser feito para preservar os céus do país. “É uma das maiores prioridades dos nossos diplomatas: acelerar a decisão dos nossos parceiros de fornecer à Ucrânia sistemas antiaéreos modernos e eficazes em quantidade suficiente. Com certeza, chegaremos lá”.

Sobre os territórios desocupados, Zelensky diz que as obras de reconstrução não param, mas pede aos ucranianos que tenham muito cuidado nessas zonas que ficaram “contaminadas com minas”.

Para proteger a segurança de todos, a Aliança Atlântica tem de fazer mais em relação à ameaça que chega da Rússia. A ministra da Defesa da Alemanha disse-o, este sábado, durante uma visita às tropas alemãs estacionadas na Lituânia, citada pela Reuters.

“O facto é que nós, NATO, temos de fazer mais pela nossa segurança comum porque não conseguimos saber até onde podem ir as ilusões de grandeza de Putin”, frisou Christine Lambrech. “Ouvimos as ameaças da Rússia à Lituânia, que estava a implementar sanções europeias na fronteira com Kaliningrado. Estas não são as primeiras ameaças e temos de as levar a sério e estar preparados.”

Um comboio com 15 vagões passou a ponte da Crimeia, escreve a agência estatal russa de notícias Ria Novosti. Além da notícia, é partilhado um vídeo desse momento, de noite, num plano demasiado fechado para se perceber se é de facto na ponte que sofreu a explosão. Pode ver o vídeo aqui.

A explosão danificou seriamente a linha ferroviária como se vê em vários vídeos partilhados nas redes sociais.

pic.twitter.com/2biEJTmQdx

— Christo Grozev (@christogrozev) October 8, 2022

Segundo a RIA Novosti, sete tanques carregados de combustível explodiram na zona ferroviária da ponte, o que levou ao desabamento de duas faixas de circulação automóvel. No entanto, a agência garante que os suportes para a passagem de navios não foram danificados. Assim, serão disponibilizados transportes marítimos para quem pretenda viajar entre a Crimeia e Krasnodar.

O alerta é feito por Petro Kotin, presidente da Energoatom, a empresa estatal ucraniana de energia nuclear — a quantidade de diesel dos geradores da central nuclear de Zaporíjia “é limitada”.

Após um novo bombardeamento, a linha de energia que fornecia eletricidade à central nuclear sofreu um apagão. Sem energia, a central corre o risco de sofrer um acidente nuclear, já que fica sem capacidade para manter a refrigeração dos reatores nucleares.

“Neste momento, estamos a tentar levar mais combustível para alimentar os geradores”, explicou Kotin à BBC. “Se os geradores ficarem sem combustível param e depois disso acontece um desastre… haverá a fusão do núcleo e a fuga de radioatividade.”

Há vários vídeos a circular nas redes sociais com a explosão na ponte de Kerch. Um deles é de um grupo que seguia viagem na ponte que liga a Crimeia à Rússia no momento em que tudo aconteceu. No vídeo é possível ver o incêndio na linha ferroviária.

Witnesses close up to the point of the Crimean bridge collapse. pic.twitter.com/1NhoVrhmdT

— Dmitri (@wartranslated) October 8, 2022

O Kyiv Independent está a avançar, a partir de informação do Ministério da Defesa da Ucrânia, que a Guarda Nacional Russa e a polícia terão começado a fazer detenções de pessoal militar em Moscovo.

O mesmo jornal indica, a partir de informações desta fonte, que o trânsito estará bloqueado na baixa de Moscovo e que “todas as unidades militares da cidade estão em alerta”.

The traffic is blocked in downtown Moscow, according to the intelligence report, and all military units in the city are on high alert.

— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) October 8, 2022

O governador da Crimeia escolhido pela Rússia, Sergei Aksyonov, também ajudou ao esforço que a Rússia está a fazer para desvalorizar os efeitos da explosão da ponte. Em declarações feitas esta tarde, veio assegurar que a Crimeia tem reservas de combustíveis para um mês e de alimentos para mais de dois meses, pelo que “não há riscos”.

O responsável garantiu também que os trabalhos de reconstrução da ponte não vão envolver muita burocracia e começarão já hoje, depois da peritagem da comissão que está a investigar o incidente.

O ministério dos Transportes russo diz que a circulação de carros e autocarros foi retomada, de forma parcial, nas faixas que não ficaram danificadas. Os veículos que transportem mercadorias mais fechadas vão ter de ser transportados de ferry.

ÚLTIMA HORA: Explosión golpea el puente de Crimea, provocando un incendio en el ferrocarril y el colapso de una sección de la carretera. pic.twitter.com/UqQMDQH9pf

— Alerta Mundial (@Alertamundial__) October 8, 2022

O Ministério da Defesa da Federação Russa anunciou este sábado o nome do novo comandante das forças militares na Ucrânia: Sergei Surovikin.

Trata-se de um general com 55 anos que liderava o grupo de forças “Sul” na Ucrânia. Surovikin é um veterano da guerra civil no Tajiquistão na década de 90, da segunda guerra na Chechênia na década de 2000 e da guerra civil da Síria.

A mudança de comandante das forças militares surge numa altura em que a Rússia tem vindo a acumular sucessivas derrotas no terreno.

com Agência Lusa

Apesar de ninguém ter reivindicado a responsabilidade pela explosão na ponte, o Governo estónio apressou-se a dar os parabéns à Ucrânia pelo suposto ataque.

Foi o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Urmas Reinsalu, que assumiu pela Ucrânia a autoria do suposto ataque, garantindo, como cita o The Guardian, que a Estónia “vê com bons olhos e dá os parabéns às forças especiais ucranianas que provavelmente estão por trás desta operação”.

As autoridades da Ucrânia e da Rússia confirmaram que a central nuclear de Zaporíjia foi novamente desligada da rede elétrica após os recentes atentados noturnos dos quais os dois países se acusam mutuamente.

A operadora de energia ucraniana Energoatom confirmou, hoje de manhã, que “a última linha de comunicação com o sistema elétrico foi desligada às 00h59 locais (22h59 de sexta-feira em Lisboa)” e que a central está agora a funcionar apenas com geradores a diesel.

O administrador russo da região, recentemente anexada pela Rússia, Vladimir Rogov, referiu que a central foi desligada “em resultado do bombardeamento das tropas ucranianas”.

Segundo Kiev, a central só poderá funcionar desta maneira durante 10 dias.

“É necessário reparar e restabelecer o funcionamento das linhas de comunicação da central nuclear de Zaporijia com o sistema elétrico”, adverte a Energoatom, em comunicado hoje divulgado na rede social Facebook.

A central, a maior da Europa e atualmente sob controlo dos militares russos, já tinha sido desligada da rede elétrica em 5 de setembro.

Considerado um dos grandes pontos estratégicos da guerra, tem sido alvo de acusações mútuas da Rússia e da Ucrânia praticamente desde o início do conflito, com os dois lados a realizarem bombardeamentos que atrapalham constantemente o funcionamento da instalação.

A Rússia abriu uma investigação criminal à explosão que provocou o colapso de uma parte da ponte que liga a Rússia à península da Crimeia, noticiou a agência France Prece (AFP).

O Comité de Investigação Russo disse que “abriu uma investigação criminal relacionada com o incidente na ponte da Crimeia”, adiantando que a explosão ocorreu depois de “um camião ter explodido”.

Segundo o Comité Nacional Anti-Terrorismo da Rússia, um camião bomba acionou sete vagões que transportavam combustível para pegar fogo, resultando num “colapso parcial de duas secções da ponte”.

Segundo o ministério dos Transportes russo, que emitiu um comunicado citado pela agência Interfax, o trânsito ferroviário na ponte da Crimeia poderá voltar a circular às oito horas da noite, hora local (mais duas horas do que em Lisboa). A explosão aconteceu no tabuleiro dedicado à circulação rodoviária.