Momentos-chave
- PCP: "Sempre que o PS teve maioria absoluta infernizou ainda mais a vida dos portugueses"
- Reações. Governo reconhece "contributo do BE" mas desvaloriza ambições: "todos os partidos em ano eleitoral querem ser governo"
- "Teremos a força para fazer parte de um governo quando o povo quiser"
- Catarina Martins: "A urgência é derrotar o tratado orçamental"
- Nacionalizar setor energético e banca entre as cinco reformas exigidas pelo Bloco
- Catarina Martins não se "arrepende de nada" (mas nota que António Costa não agradeceu aos parceiros no congresso do PS)
- Catarina Martins: "Diziam que o trigo voltaria a crescer para baixo da terra, mas o diabo não chegou"
- Catarina Martins: "Negociar com tantos ministros é, às vezes, tarefa para ganhar o céu"
- Apupos e aplauso tímido à delegação PS
- Direção de Catarina Martins com vitória esmagadora
- Pedro Filipe Soares: "O sonho ao poder. Agora, o sonho do Bloco governar o nosso país"
- Mariana Mortágua: "Sim, queremos ser Governo"
- Jorge Costa: "O poder do capital é a maioria do Partido Socialista"
- Carpool Pureza: "Porque não me hei de ver nas funções [de ministro]"?
- Carpoool Pureza: A "geringonça" não aconteceu antes "por falta de capacidade de resposta dos dirigentes da esquerda"
- Carpool José Manuel Pureza: "Estão errados os que dizem que o BE amansou ou se encostou ao poder"
Histórico de atualizações
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No Pavilhão do Casal Vistoso já se arruma a casa: a convenção do Bloco de Esquerda terminou.
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PCP: "Sempre que o PS teve maioria absoluta infernizou ainda mais a vida dos portugueses"
Armindo Miranda, da comissão política do PCP, reage ao discurso de Catarina Martins. Questionado sobre se, tal como o BE, também o PCP admite fazer parte de um governo, o comunista diz que só aceitaria fazê-lo se fosse para construir um governo “pela positiva”. PCP e BE concordam sobre qual é o novo diabo: as maiorias absolutas do PS.
“Nós, naturalmente, existimos para levar a felicidade a casa dos portugueses, por isso apoiamos qualquer governo que vá nesse sentido, sim. Se for para fazer parte de um governo que nos últimos anos deu milhares de euros aos banqueiros, para um governo desses não nos convidem”, começou por dizer, destacando que admitirá entrar num governo “se for um governo pela positiva”. Ou seja, “um governo que coloque a economia ao serviço do povo e dos trabalhadores. Se for um governo que governe para servir os trabalhadores o povo e o país, então sim” o PCP responderá à chamada.
PCP e BE entendem-se bem, admite o dirigente comunista, recordando que em mais de 90% das propostas feitas pelo PCP na AR recebem a aprovação do BE. Quanto ao PS, o importante é que não tenha maioria absoluta: “Sempre que o PS teve a maioria absoluta infernizou ainda mais a vida do portugueses, basta irem ver os factos”, disse.
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Ana Catarina Mendes: "Resultado positivo desta solução foi que o PS e o BE não perderam identidade"
A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, começou por relembrar que “ao longo destes três anos Portugal fez um progresso enorme no aprofundamento da sua democracia” e conseguiu um resultado “histórico do ponto de vista do rigor das contas públicas”, mas também a “conquista e reconquista atacados pela direita.”
Para Ana Catarina Mendes o PS é o partido que pode garantir um governo para Portugal “progressista e europeísta”, fazendo-o “cumprindo sempre”. E acrescentou: “Cumprimos sempre com as metas que nos propomos e cumprimos com a Europa e com os parceiros desta solução governativa.”
A dirigente socialista admite, no entanto, que Portugal “está hoje melhor, mas ainda há muito a fazer” e por isso promete: “Continuaremos o caminho que iniciámos em 2015.”
Sobre um eventual Governo PS/Bloco, Ana Catarina Mendes afirma que as “convenções servem para que os partidos discutam objetivos eleitorais” e não composições de governo, destacando que “se há um resultado positivo desta solução [geringonça] é que nenhum partido perdeu a sua identidade. Nem o BE quer ser PS, nem o PS quer ser BE.” E que o que importa, para Ana Catarina Mendes, é que nos últimos três anos “BE e o PS disseram presente por um bem maior: Portugal.”
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Reações. Governo reconhece "contributo do BE" mas desvaloriza ambições: "todos os partidos em ano eleitoral querem ser governo"
Mariana Vieira da Silva, secretária de Estado adjunta do primeiro-ministro, assistiu ao discurso de Catarina Martins em nome do Governo. Numa primeira reação, “reconheceu o contributo do BE nestes três anos”, mas desvalorizou as ambições do BE de chegar ao Governo: “Todos os partidos querem ter o melhor resultado possível e ser governo. Mas agora temos muito trabalho a fazer até ao fim do ano. Depois, cada partido, junto dos seus eleitores, apresenta as suas propostas”, disse aos jornalistas.
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Depois de Catarina Martins terminar arranca logo a canção “Liberdade”, de Sérgio Godinho”, que Helena Pinto mandou baixar para declarar encerrados os trabalhos da Convenção e também para pedir a cada um dos bloquistas presentes que arrume a cadeira e a mesa em que esteve sentado. Num instante, a sala vai ficando vazia.
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"Teremos a força para fazer parte de um governo quando o povo quiser"
No final da intervenção, a líder do Bloco fala de um dos assuntos que marcou esta convenção: o BE quer entrar num Governo? “Toda a política é luta pelo poder e pelo Governo. Aqui está, esta é a nossa luta pelo Governo, queremos um capaz de cumprir perante o nosso povo”, disse: “”Trabalharemos para que esse governo exista”.
“Não perguntem se queremos fazer parte do próximo governo: temos a certeza que teremos a força para fazer parte de um governo quando o povo quiser”, afirmou Catarina Martins mesmo no final da intervenção
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Catarina Martins: "A urgência é derrotar o tratado orçamental"
Em matéria de União Europeia, Catarina Martins diz que “o próximo ano é de escolhas e que o caminho que o partido propõe tem opositores brutais”, dando como um dos exemplos o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e colocando o Brexit como um exemplo da “degradação da Europa” que, diz, “tem vindo a acelerar”. Também diz que “a urgência é derrotar o tratado orçamental” europeu.
“O compromisso é com o povo e com a certeza funda que quando os tratados atacam o povo, a responsabilidade da esquerda é clara: mudem-se os tratados”, afirmou a líder bloquistaque acredita que em Portugal, “a barragem contra o ódio”, a “força dessa aliança, desse movimento popular” é o Bloco de Esquerda.
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Nacionalizar setor energético e banca entre as cinco reformas exigidas pelo Bloco
Na segunda reforma estrutural, relativa à demografia, Catarina Martins criticou os “arautos da direita” que fizeram tudo mal e “impuseram todas as condições para que ter um filho fosse um factor de empobrecimento”. No entender do BE, a “reforma que é preciso fazer é o contrário do que a direita fez: melhores salários, salários iguais para as mulheres, transportes e livros gratuitos, a universalidade do Estado Social.”
A terceira reforma é relativa às alterações climáticas, em que Catarina Martins se congratulou pela luta do Blcoo de Esquerda a travar “perfurações de petróleo, que fariam Portugal num queijo suíço” e defendeu que continue uma “baixa progressiva dos preços dos passes sociais”, bem como o investimentonos transportes públicos e nos veículos elétricos.
A quarta reforma é relativa as sistema de crédito e bens comuns, em que o Bloco de Esquerda defende a nacionalização da banca e da energia. Isto porque “em 40 anos de privatizações na energia e na banca, levou a que os portugueses paguem a eletricidade mais cara, enquanto pagaram à banca 40 mil milhões de resgates e garantias. E fizeram-no com impostos”. E, por isso, o BE “propõe o controlo público” destes setores.
Na última e quinta reforma, o Bloco pede um salto de qualidade da democracia, pela transparência. Catarina Martins lembrou a proposta do Bloco de Esquerda desde o início da legislatura de “criação de uma entidade da transparência”. O BE quer “novas e exigentes medidas de responsabilização da classe pública” e deixa uma promessa: “Tudo faremos para que a entidade da transparência seja uma realidade ainda este ano.”
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O caminho que ainda falta fazer. Catarina aponta 5 reformas estruturais
Catarina lembra que ainda há problemas: “temos uma justiça ainda lenta, uma dívida externa grande demais, um território desigual, empresas descapitalizadas. As lutas sociais desta semana, dos funcionários judiciais, cuidadores informais, trabalhadoras das limpezas industriais, lembram que é preciso alterar a lei laboral de modo a que os trabalhadores não fiquem reféns”, disse.
Uma palavra para os professores, que estão em braço de ferro com o governo para conseguirem ver contabilizado todo o tempo de carreira congelado no tempo da troika: “aos professores dizemos que não os abandonamos, queremos revogar o decreto de lei porque o tempo de carreira é o tempo de carreira para todos”.
“Percebemos a frustração com o desinvestimento dos últimos anos. Essas são as lutas do dia de hoje. Todas elas colocam a questão que se segue para os próximos anos: para onde vamos a partir daqui? Como fazer melhor?”
Por isso, Catarina indica que há cinco reformas estruturais que ainda faltam implementar:
1) Lei de bases da saúde, que deve ser aprovada em 2019. “Não é possível ter um SNS decente se continuarmos a entregar 4 em cada 10 euros aos grandes grupos privados. A pergunta a que temos de responder nas eleições é esta: o que queremos, é para toda a gente”, diz.
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Catarina Martins: "Só houve um momento em que a legislatura esteve em risco"
Catarina Martins diz que “o povo sabe com quem pode contar para melhorar salário e para não cortar pensões” e promete: “Fizemos, fazemos e faremos o impossível pela nossa gente, pelo nosso povo”.
Apesar dos elogios feitos à geringonça, a líder bloquista admite que houve “momentos muito difíceis nesta legislatura, houve negociações que ficaram prejudicadas por pressões ilegítimas do poder económico”. Ainda assim, “só houve um momento em que a legislatura decidiu compensar os patrões com a redução da TSU como compensação pela descida do salário mínimo. Porque estava no nosso acordo que não era possível. Levámos muito a sério a nossa palavra. Queríamos subir o salário mínimo, mas não damos com uma mão para tirar com a outro“.
E acrescentou:”Gostamos dos contratos assinados por isto. E o Governo aumentou o salário mínimo sem reduzir a TSU para patrões, afinal provámos que não há impossíveis”
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O tiro à direita: "Eles lá sabem com que políticas se cosem quando falam em clientelas"
Agora, a líder do partido atira-se à direita que acusa o BE de “cuidar da clientela e de nichos. Continuem” Eles lá sabem com que políticas se cosem Pois habituem-se agora ao Bloco de Esquerda”, atirou.
Para Catarina Martins, esta “clientela” é “toda a gente trabalhadora em Portugal”. “Não há família em que os idosos ou os pais ou os filhos ou as netas não sejam beneficiados. Nós lutamos para a maioria, não nos esquecemos de ninguém, o nosso lugar é de toda a gente trabalhadora em Portugal. Com a certeza que, para o Bloco, palavra dada é palavra cumprida”, disse ainda numa provocação ao PS e diretamente a António Costa que colocou como máxima da sua legislatura “palavra dada é palavra honrada”.
Da colaboração com o PS, a líder bloquista diz ter “orgulho” que ela tenha “garantido a devolução de salários e pensões”. E fez as contas às conquistas: quem recebe o salário mínimo nacional, chegará ao fim da legislatura a ganhar mais 1330 euros por ano, quem vive com as pequenas reformas “ganha no mínimo mais 420 euros num ano”, “800 mil famílias” tiveram acesso automático à tarifa normal de energia, “1 milhão e 800 mil estudantes beneficiaram dos manuais escolares gratuitos e “reduzimos em um quinto o valor das propinas para 400 mil estudantes”.
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Catarina Martins não se "arrepende de nada" (mas nota que António Costa não agradeceu aos parceiros no congresso do PS)
Resumindo: “o diabo não apareceu”. Continuando o ataque à direita, Catarina Martins lembra que a Comissão Europeia teve de recuar nas sanções, a aliança da direita desfez-se e agora é “o salve-se quem poder”. “Cavaco Silva anda pelo país a pedir desculpa por ter de engolir o sapo de um governo que abomina”. Assim como “Passos Coelho espera o dia de nevoeiro em que vai desembarcar no Terreiro do Paço. Todos os chefes da direita estão com saudades de si próprios. A nostalgia desse passado entristece-os mas é bom que saibam que já chegamos ao presente”.
“Desde há 3 anos viramos uma página e toda a gente viu os resultados: a reposição de salários e pensões pôs a economia a crescer, o emprego aumentou, parámos a sangria”, diz.
Catarina deixa, contudo, uma nota para António Costa, que “escolheu encerrar o congresso do seu partido sem referir que o sucesso se deve aos acordos à esquerda”. Ao contrário do que fez Costa, Catarina Martins encerra a convenção a “saudar com amizade todos os que fizeram esta convergência: PS, PCP e Verdes”. E garante: “Não nos arrependemos de nada”.
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Catarina Martins: "Diziam que o trigo voltaria a crescer para baixo da terra, mas o diabo não chegou"
Catarina Martins defende que um “partido de massas depende dessa energia, que são os seus homens” e lembra que um bloquista não é “de esquerda por obrigação, mas por consciência”. E que os bloquistas têm a “aprendizagem que, depois dos tempos, vêm tempos” e “a certeza que nunca ninguém tem a última palavra”.
A líder bloquista lembra que antes do acordo das esquerdas todos diziam “que era impossível descongelar pensões, acabar com os cortes, aumentar o emprego. Os analistas, a autoridades europeias, todos diziam, todos sabiam que o trigo voltaria a crescer para baixo da terra, mas o diabo não chegou“.
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Catarina Martins: "Negociar com tantos ministros é, às vezes, tarefa para ganhar o céu"
Catarina Marrisn começa com uma lista longa de agradecimentos onde inclui a comunicação social presente na cobertura convenção para alertar para o “tempo de ameaças” que se vive hoje. Depois passa para a avaliação dos últimos anos, começando por dizer que “negociar com tantos ministros é, às vezes, tarefa para ganhar o céu”.
A líder do partido diz que “a luta parlamentar foi exigente, foram dias longo e intensos” e anunciou uma “novidade”: “Os próximos tempos vão exigir muito mais”.
O debate deste dois dias foi classificado por Catarina Martins como “muito importante para o Bloco, porque ajudar a refletir depois de dois anos de muita inetnsidade depois da última Convenção”. “Saímos daqui com uma certeza: estaremos mais fortes e mais preparados”.
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Catarina Martins sobe agora ao palco para o discurso de encerramento da Convenção do Bloco.
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Recordar é viver (ou não): Robles apagado da história dos últimos tempos e uma gargalhada na sala
Passou agora um vídeo sobre a ação do partido nos últimos anos onde teve lugar também mais uma referência a João Semedo, que morreu em julho passado. No vídeo que regista vários momentos, aparece Catarina Martins a defender o “direito à habitação” e imagens das autárquicas do ano passado, mas nunca aparece o ex-vereador Ricardo Robles, que representou o partido em Lisboa nessas eleições, sendo eleito e fazendo mesmo um acordo com Fernando Medina que garantiu ao PS governar com maioria absoluta na CML — Roble demitiu-se na sequência de um negócio imobiliário que estava a tentar fazer com a irmã em Lisboa e que embaraçou o BE.
Houve um momento que fez a sala disparar a rir, o frente-a-frente da SIC-Notícias onde o deputado do PSD António Leitão Amaro, em debate com Mariana Mortágua, disse que “foi pela lei anterior que a Legionella passou a ser totalmente proibida, passou a ser zero”.
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Apupos e aplauso tímido à delegação PS
O PCP foi muito mais aplaudido que o PS, que, além de um aplauso tímido, ainda ouviu alguns apupos. Já a representante do Governo e do primeiro-ministro, Mariana Vieira da Silva, ouviu aplausos sem apupos.
A CGTP também é aplaudida de pé, com gritos de “C-G-T-P-Unidade-Sindical”.
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O momento em que a nova Mesa Nacional do Bloco subiu ao palco
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Também há representantes do Presidente da República na sala: Paulo de Almeida Sande e Frutuoso de Melo.
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Sala da Convenção de pé a aplaudir o embaixador da Palestina em Portugal, durante o momento de saudação às delegações entrangeiras