Os relatores de direitos humanos das Nações Unidas condenaram, esta terça-feira, o genocídio progressivo imposto por Israel contra os palestinianos em Gaza, após mais de 100 dias de conflito, devido à escassez de alimentos, água ou cuidados de saúde.

“O genocídio que está a ocorrer não se deve apenas aos bombardeamentos, mas também ao lento sofrimento e morte causados pela prolongada ocupação, bloqueio e destruição por parte de Israel”, destacaram estes especialistas da ONU, em comunicado.

“Israel não está apenas a causar danos irreparáveis com os seus bombardeamentos indiscriminados, mas também a causar doenças, subnutrição, desidratação e fome através da destruição de infraestruturas civis”, sublinharam os relatores.

Estes especialistas recordaram também que 80% da população mundial que corre risco de fome catastrófica está em Gaza, e que neste enclave palestiniano um quarto da população já sofre com isso, perante os graves problemas para encontrar alimentos e água potável.

“Além disso, todas as 335 mil crianças de Gaza com menos de 5 anos correm o risco de desnutrição grave, pelo que uma geração inteira poderá sofrer de problemas de crescimento”, alertaram ainda. “Fazer com que toda uma população civil passe fome desta forma não tem precedentes. Israel está a destruir o sistema alimentar de Gaza e a usar os alimentos como arma contra o povo palestiniano”, acrescentaram.

Os Estados Unidos estão otimistas sobre a possível conclusão de um novo acordo para a libertação de reféns na Faixa de Gaza e pretendem aumentar a ajuda ao enclave, adiantou hoje um dos porta-vozes da Casa Branca.

“Estamos otimistas quanto a um resultado positivo e rápido”, sublinhou John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, um órgão que reporta diretamente ao Presidente dos EUA.

Cerca de 250 pessoas foram feitas reféns durante um ataque sem precedentes perpetrado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, em 07 de outubro, no sul de Israel, que causou cerca de 1.140 mortos, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas.

Mais de 130 pessoas ainda estão detidas em Gaza, das quais se acredita que pelo menos 25 tenham sido mortas, segundo as autoridades israelitas.

Cerca de uma centena de reféns foram libertados durante uma trégua no final de novembro, negociada através do Qatar, com a intensa participação de emissários norte-americanos.

A administração Biden deverá voltar a classificar os rebeldes houthis como uma entidade terrorista, em resposta aos ataques continuados do grupo iemenita no Mar Vermelho.

De acordo com a CNN Internacional, que cita fontes próximas da Casa Branca, a pressão tem vindo a aumentar no seio do governo para voltar a classificar os iemenitas como entidade terrorista global.

O grupo apoiado pelo Irão recebeu a designação em janeiro de 2021, nas últimas semanas do mandato de Donald Trump; apenas um mês depois, a nova Presidência revogou a decisão, citando preocupações de que a “etiqueta” pudesse colocar em perigo a ajuda humanitária ao Iémen.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou hoje a morte do refém do movimento islamita Hamas com nacionalidade portuguesa, após ter sido confirmada pelas autoridades israelitas.

A confirmação do óbito de Yossi Sharabi, de 53 anos, foi adiantada pelo embaixador de Israel em Portugal, Dor Shapira.

“Confirmado que um refém com a nacionalidade portuguesa retido em Gaza terá sido vítima da situação militar naquele território, o Presidente da República apresenta as suas condolências aos familiares e amigos e lamenta as circunstâncias que determinaram a sua morte”, lê-se numa mensagem de pesar publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet.

O embaixador israelita em Portugal prestou hoje condolências pela morte de Yossi Sharabi, cidadão israelita com nacionalidade portuguesa, às mãos do Hamas, que foi hoje confirmada pelas autoridades israelitas.

Numa publicação na rede social X, Dor Shapira disse estar “destroçado” com a notícia e prestou condolências à família.

“Tive o privilégio de conhecer o carácter de Yossi, um homem cheio de bom coração, através da sua mulher Nira, que visitou Portugal no mês passado. Partilho a dor de Nira e das suas filhas Yuval, Ofir e Oren”, pode ler-se.

Sharabi, de 53 anos, foi raptado a 7 de outubro pelo Hamas e levado para Gaza, onde viria a morrer.

O nosso coração está destroçado.
Esta noite foi anunciado oficialmente pelas autoridades israelitas que Yossi Sharabi foi assassinado enquanto estava em cativeiro.
Yossi, que também tinha nacionalidade portuguesa, foi raptado em Gaza no dia 7 de outubro, quando ainda estava… pic.twitter.com/AFdjmbaVbb

— Dor Shapira???????? (@ShapiraDor) January 16, 2024

O Paquistão responsabilizou o Irão pela morte de duas “crianças inocentes” e por três feridos num ataque hoje realizado no país, que, segundo Islamabade, constitui uma “violação não provocada” do seu espaço aéreo.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês confirma o ataque contra posições alegadamente ‘jihadistas’ e que tinha sido anunciado inicialmente por órgãos estatais iranianos em notícias posteriormente retiradas, de acordo com a agência Associated Press

“Esta violação da soberania do Paquistão é completamente inaceitável e pode ter consequências graves”, alertou a diplomacia de Islamabade.

O Irão atacou hoje posições no Paquistão que afirma serem bases do grupo ‘jihadista’ Jaish al-Adl (“Exército da Justiça”, em árabe), avançou inicialmente a agência iraniana IRNA, que indicou a utilização de mísseis e ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) nesta ofensiva.

O grupo ‘jihadista’ tem reivindicado vários ataques e atentados na província do Sistão-Baluchistão, uma das mais pobres do Irão junto à fronteira com o Paquistão.

Benny Gantz, um dos ministros do gabinete de guerra do governo israelita e apontado por muitos como a alternativa “moderada” a Benjamin Netanyahu, terá manifestado a sua frustração com a gestão da guerra ao chefe de governo numa carta a que o Times of Israel teve acesso.

Em concreto, Gantz apontou o dedo àquilo que diz ser a falta de pro-atividade de Netanyahu na gestão e planeamento do conflito, bem como no cenário a ter em contra no pós-guerra.

A carta divide-se em seis pontos, cada um deles um pedido para que Netanyahu deixe de adiar e tome posições sobre:

1. O controlo futuro do território à volta de Gaza (sobretudo nas zonas de fronteira com o Egipto e em Rafah);
2. Quando é que os residentes do norte de Gaza vão poder regressar a casa;
3. Prazos concretos para os esforços diplomáticos entre Israel e o Hamas;
4. A criação de mecanismos que facilitem a ajuda humanitária no território;
5. Um plano para qual será o futuro governo de Gaza pós-Hamas;
6. Uma atualização dos objetivos para a guerra, que se têm mantido inalterados desde o início.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar anunciou ter levado a cabo um acordo para deixar entrar ajuda humanitária em Gaza.

A notícia foi avançada pela Al Jazeera, que explica que o acordo foi preparado em cooperação com a França e com a participação de Israel e do Hamas. Nos próximos dias, deverá permitir a entrada de medicamentos e outros bens essenciais, tendo como destino civis “nas zonas mais afetadas e vulneráveis “ de Gaza, onde a guerra desencadeou uma crise humanitária de grandes dimensões.

O porta-voz do ministério qatari, Majed al-Ansari, adiantou que os mantimentos deverão sair de Doha rumo ao Egipto já amanhã, partindo depois para o território palestiniano.

O braço armado do Hamas divulgou hoje um comunicado em que revelou ter atacado posições israelitas na cidade de Gaza, desencadeando uma troca de fogo com as IDF.

De acordo com a Al Jazeera, as brigadas Izz ad-Din al-Qassam terão morto vários soldados israelitas e ferido outros tantos no ataque, que visou um veículo de transporte israelita.

O secretário-geral das Nações Unidas voltou a chamar a atenção para o papel de Israel nas mortes de civis em Gaza. Em Davos a propósito do Fórum Económico Mundial, António Guterres falou à Al Jazeera e disse que, no futuro, “haverá um momento” para apurar responsabilidades sobre as violações de direitos humanos em Gaza.

“Esta guerra tem sido conduzida de uma maneira em que não tem havido uma proteção efetiva de civis. Há violações da lei humanitária internacional”, disse.

O responsável da ONU olhou ainda com preocupação para as evidências que apontam para um alastrar progressivo do conflito no Médio Oriente. Em particular, Guterres sinalizou a situação no Líbano como merecedora de especial atenção. “Não podemos ter no Líbano uma nova Gaza”, sublinhou.

A Resistência Islâmica do Iraque, uma milícia armada com ligações ao Irão, disse hoje ter lançado um míssil contra o território israelita.

De acordo com a Al Jazeera, que cita um comunicado do grupo, o alvo da alegada ofensiva não foi revelada, podendo apenas ler-se que o míssil foi lançado “para o seio da entidade sionista no últimos dias”.

Já em dezembro, a Resistência Islâmica tinha dito ter lançado um míssil contra a cidade portuária de Eilat, a sul de Israel.

O Irão lançou esta terça-feira ataques contra aquilo que diz ser bases do Jaish al-Adl no Paquistão. A notícia foi confirmada pela agênciq estatal iraniana, a IRNA, e citada pela Associated Press.

O Jaish al-Adl é um grupo militante sunita cujas operações se concentram em larga medida na fronteira paquistanesa. O Paquistão ainda não comentou o ataque.

Bernie Sanders vai forçar o Senado dos EUA a votar uma moção pedindo à administração Biden para averiguar potenciais violações de direitos humanos cometidas por Israel em Gaza.

De acordo com o Washington Post, o senador independente com filiação ao Partido Democrata vai acionar um mecanismo da lei de assistência internacional norte-americana que requer que o Departamento de Estado investigue o nível de respeito pelos direitos humanos dos países a receber ajuda.

Se aprovada, a resolução obrigaria Washington a produzir um relatório dentre de 30 dias, avaliando potenciais abusos de direitos e se armas norte-americanas têm sido usadas de forma abusiva em Gaza.

“Estamos a tentar chamar a atenção para algumas realidades desagradáveis que penso que muita gente prefere ignorar”, disse Sanders, que no passado foi por duas vezes candidato à nomeação Presidencial democrata.

Ainda que não tenha quaisquer efeitos vinculativos — ou seja, não impediria os EUA de continuar a auxiliar Israel — a moção conta com oposição de boa parte da bancada democrata e da própria administração Biden, pelo que é pouco expectável que venha a ser aprovada.

Os Estados-membros da União Europeia estão a preparar-se para aprovar uma missão naval conjunta com os EUA para defenderem o Mar Vermelho dos ataques dos rebeldes houthis, diz o Times of Israel citando diplomatas de Bruxelas.

O objetivo é que a missão esteja operacional, no máximo, até ao final do mês de fevereiro. Os moldes da missão seriam semelhantes aos de outras operações conjuntas, e teria como finalidade proteger as rotas comerciais na região, que têm sido fustigadas pelos ataques dos rebeldes iemenitas.

Também o secretário de Estado norte-americano analisou o conflito Israel-Hamas em Davos. Numa perspetiva de futuro, Antony Blinken considerou que são necessárias garantias de que uma eventual reconstrução de Gaza será duradoura, sob pena de não contar com o apoio do restante mundo árabe.

Os países árabes estão a dizer-nos: ‘não vamos entrar no negócio de reconstruir Gaza se é para, daqui a um ou cinco anos, nos pedirem para a reconstruir outra vez’”, disse Blinken em entrevista à televisão norte-americana CNBC.

O responsável de Washington acrescentou ainda que, para que uma paz duradoura seja possível no Médio Oriente, a questão do Estado palestiniano tem de ser resolvida de uma vez por todas.

De visita a Davos, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA declarou que a paz no Médio Oriente pode ser alcançada no curto-prazo, rejeitando a ideia de que um cessar-fogo permanente em Gaza é necessariamente um cenário longínquo.

“As peças estão lá para ser colocadas juntas para atingirmos esse fim”, disse Jake Sullivan em declarações no Fórum Económico Mundial.

“Não estou a falar daqui a vários anos, mas no curto prazo, se todos nós remarmos para o mesmo lado e tomarmos as decisões sábias e arrojadas para percorrer este caminho”, acrescentou, citado pelo Times of Israel.

Num vídeo divulgado nas redes sociais, um comandante da Jihad Islâmica da Palestina capturado por Israel aparenta confessar em interrogatório que recebeu treino por parte do Irão.

Basel Mahadi, um comandante de pelotão dos radicais islâmicos, foi capturado no final do ano em Gaza pelas Forças de Defesa de Israel (IDF).

O membro da Jihad islâmica diz que treinou com um grupo de 15 a 20 outros guerrilheiros oriundos de Gaza, do Líbano e da Síria.

“O meu comandante ligou-me e disse-me que devia ir para o Irão para um curso de snipers. Seria benéfico para mim e o meu salário aumentaria quando regressasse”, pode ouvir-se no excerto, publicado pela agência de segurança israelita Shin Bet.

Palestinian Islamic Jihad operatives were trained in Iran, a captured commander in the terror group reveals in an interrogation published by the Shin Bet security agency.

Basel Mahadi, an Islamic Jihad platoon commander, who was nabbed by troops in Gaza on December 20, details… pic.twitter.com/8xuOhKxCxB

— Emanuel (Mannie) Fabian (@manniefabian) January 16, 2024

O exército norte-americano levou hoje a cabo mais um ataque no Iémen, desta vez focado nos mísseis anti-navios dos rebeldes houthis. A notícia foi avançada pela Reuters, que cita duas fontes da cadeia de comando dos EUA.

Segundo estas fontes, o ataque visou quatro mísseis balísticos projetados anti-embarcações. Esta operação segue-se aos ataques dos rebeldes apoiados pelo Irão, que nas últimas semanas têm desestabilizado o Mar Vermelho.