Momentos-chave
- "Questão da situação de saúde de Ricardo Salgado não é indiferente para este processo, na medida em que todos aqui estamos à volta dele"
- Intervalo na sessão
- "Não há um plano e, se não há plano, não há crime nenhum" de associação criminosa, defende advogada de Cláudia Faria
- Vários arguidos não voltaram hoje para assistir ao julgamento
- Além de Salgado, "os outros arguidos são quase adereços da acusação", diz advogado Paulo Amil
- Paulo Ferreira, Pedro Serra, Nuno Escudeiro e Pedro Pinto "não sabiam" que ESI estava em bancarrota
- Isabel Almeida e Cláudia Faria fazem a respetiva identificação
- Advogado de assistente pede também um curador provisório para Ricardo Salgado
Atualizações em direto
-
"Questão da situação de saúde de Ricardo Salgado não é indiferente para este processo, na medida em que todos aqui estamos à volta dele"
Tiago Rodrigues Bastos, que representa Alexandre Cadosch, Michel Creton e a Eurofin, faz agora as respetivas exposições introdutórias. E começa por fazer referência a Ricardo Salgado e sobre os contornos deste julgamento: “Ricardo Salgado merece de todos nós, em particular deste tribunal, respeito”.
“A questão da situação de saúde de Ricardo Salgado não é indiferente para este processo, na medida em que todos aqui estamos à volta dele, numa comparticipação dos atos dele. Portanto, se [Ricardo Salgado] não está neste momento em condições de se defender, este não é um facto inócuo”, acrescentou.
“Tenho para mim que um julgamento em que o tribunal não tem condições de apreciar todo o manancial probatório que lá existe, confesso que tenho muito pudor em considerar que o tribunal pode fazer um julgamento equitativo”, disse ainda Tiago Rodrigues Bastos.
Tiago Rodrigues Bastos criticou ainda a decisão do tribunal por ter obrigado Ricardo Salgado a deslocar-se ao tribunal para fazer ontem a sua identificação. Nesse momento, a juíza Helena Susano interrompeu: “Se calhar, convinha ler o despacho”.
Apesar do aviso da presidente do coletivo de juízes, o advogado acrescentou ainda que “a discussão no final do dia [de ontem] era que isto era uma estratégia da defesa”, em referência ao facto de Ricardo Salgado ter entrado pela porta principal do tribunal e não pela garagem.
Quanto aos seus clientes, Tiago Rodrigues Bastos apontou que Michel Creton e Alexandre Cadosch “nunca foram funcionários do banco”, “nem sabiam que havia problemas na ESI”.
-
Recomeça a sessão. Advogados vão continuar com as exposições introdutórias.
-
Intervalo na sessão
Sessão é agora interrompida para intervalo e recomeça daqui vinte minutos.
-
"Não há um plano e, se não há plano, não há crime nenhum" de associação criminosa, defende advogada de Cláudia Faria
A advogada Margarida Lima, que representa Cláudia Faria, segue a mesma a linha dos anteriores e recusa o crime de associação criminosa, também imputado à antiga diretora-adjunta do BES: “Não há um plano e, se não há plano, não há crime nenhum. De palpável não há rigorosamente nada”.
Ainda neste ponto, a advogada questiona qual a razão para Cláudia Faria ter participado num plano que resultou na prática do crime de associação criminosa “se não teve qualquer recompensa”.
“A arguida limitou-se a dar continuidade a procedimentos há muito instituídos pelos seus antecessores”
Cláudia Faria está acusada de um crime de associação criminosa, um de corrupção passiva no setor privado, dois de burla qualificada e um de manipulação de mercado.
-
Vários arguidos não voltaram hoje para assistir ao julgamento
Na sala de audiência, estão apenas sete arguidos — no total são 15, além das três empresas. São eles Isabel Almeida, Cláudia Faria — que fizeram hoje a respetiva identificação —, os suíços Alexandre Cadosch e Michel Creton, Machado da Cruz, Morais Pires e Paulo Ferreira.
Ontem estiveram 12 arguidos nesta sala de audiência, incluindo o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
-
Além de Salgado, "os outros arguidos são quase adereços da acusação", diz advogado Paulo Amil
Paulo Amil, advogado de Pedro Costa, começou por questionar a relevância de alguns factos que constam na acusação. E deu um exemplo: “Quando se diz que, em 2013, Pedro Costa almoçou com Cláudia Faria e Pedro Pinto, não sei qual é a relevância deste facto”.
E depois apontou que as exposições introdutórias feitas durante o dia de ontem tiveram apenas um protagonista: Ricardo Salgado. Isto para defender que na acusação do Ministério Público “os outros arguidos são quase adereços da acusação”.
Para o Ministério Público, defende o advogado de Pedro Costa, há cinco apelidos que importam neste processo: “Galvão, Espírito Santo, Ricciardi, Pinheiro e Salgado”. Por isso, “os Pintos, os Costas não estão cá a fazer nada”.
Pedro Costa fez parte da administração da ESAF — Fundos de Investimento Mobiliários e reportava diretamente, segundo o MP, a Salgado e a Morais Pires. Pedro Costa terá dado indicações a trabalhadores para que estes fizessem “transações com títulos a preços díspares dos valores cobrados por outros atores, com o único propósito de transferir liquidez para as sociedades EUROFIN, que a entregaram à ESI para que esta pagasse dívida contraída junto de clientes”, lê-se na acusação.
-
Paulo Ferreira, Pedro Serra, Nuno Escudeiro e Pedro Pinto "não sabiam" que ESI estava em bancarrota
O advogado João Costa Andrade, que representa os arguidos Paulo Ferreira, Pedro Serra, Nuno Escudeiro e Pedro Pinto — todos passaram pelo Departamento Financeiro, de Mercados e Estudos —, recusa que os quatro tenham praticado, sobretudo, o crime de associação criminosa e fala em “total desconhecimento” das contas da Espírito Santo International (ESI).
“Os arguidos que aqui represento não falsificaram as contas da ESI. Não sabiam que tais contas estavam falsificadas”, refere o advogado.
“Os arguidos que aqui represento foram chamados à pratica de atos sob desconhecimento e cegueira”, acrescenta João Costa Andrade, explicando ainda que os quatro arguidos “atuaram com a convicção” de que a ESI estava saudável financeiramente.
“Nunca, em momento algum, os arguidos firmaram tais pactos”, disse ainda o advogado, novamente sobre o crime de associação criminosa.
Durante os 15 minutos de exposição inicial, dado a cada um dos advogados, João Costa Andrade ainda teve tempo para fazer uma referência a Platão, através da Alegoria da Caverna: “O que esta bancada vê são sombras da realidade. Nós pensamos que é realidade, mas não é”.
-
Isabel Almeida e Cláudia Faria fazem a respetiva identificação
A identificação estava prevista apenas para quinta-feira, mas as arguidas Isabel Almeida, antiga diretora do departamento financeiro do banco, e Cláudia Faria, ex-diretora-adjunta do BES, vieram hoje a tribunal para fazer a respetiva identificação.
Nenhuma das duas arguidas quis prestar declarações no início. “Para já, não”, respondeu Cláudia Faria à juíza Helena Susano, que preside o coletivo.
Falta apenas o arguido António Soares, que ainda não fez a identificação, tendo apresentado uma justificação por doença.
-
Advogado de assistente pede também um curador provisório para Ricardo Salgado
O advogado António Ferrão, que representa lesados neste processo e que se constituíram assistentes, apresenta um requerimento para que seja atribuído um curador provisório a Ricardo Salgado, para que o julgamento possa continuar.
Ontem, na primeira sessão, também o advogado Henrique Prior fez o mesmo pedido.
-
Bom dia. Abrimos agora este liveblog para acompanhar o segundo dia do julgamento do processo GES/BES.
Durante a manhã, os advogados vão terminar as respetivas exposições introdutórias.
Recorde aqui o que aconteceu ontem na primeira sessão deste julgamento.