Momentos-chave
- Termina por hoje a sessão. José Maria Ricciardi vai continuar a testemunhar amanhã
- "Carlos Costa assobiou para o lado, não quis saber de nada e disse para estar quieto", diz Ricciardi sobre governador do Banco de Portugal
- Ricciardi diz que "BESA estava em roda livre, não tinha qualquer controlo"
- Machado da Cruz foi forçado "a anuir uma narrativa em que tinha havido erros", diz Ricciardi
- Ricciardi diz que foi uma fonte anónima que lhe entregou documento com transcrição de confissão de Machado da Cruz
- Depois de uma pausa de 15 minutos, sessão recomeça
- Pedro Queiroz Pereira disse "várias vezes que o banco estava em péssimas condições"
- Ricciardi: Machado da Cruz disse que "tinha havido uma falsificação das contas por ordem do dr Ricardo Salgado"
- "Manuel Fernando [Espírito Santo] fazia aquilo que o dr salgado lhe mandava fazer"
- "O dr Salgado fazia tudo o que lhe apetecia e sobrava-lhe tempo", diz José Maria Ricciardi
- Ricciardi diz não saber que bónus eram pagos a membros da ESI
- Ricciardi diz que pediu "auditoria para apurar responsabilidades", em 2013, "quando se percebeu que as contas estavam falsificadas"
- José Maria Ricciardi: "O dr Salgado começou a tomar-me de ponta"
- José Maria Ricciardi diz que não conhece oito dos 15 arguidos
- Recomeça a sessão. Vai testemunhar José Maria Ricciardi
- Terminou reprodução do testemunho de António Ricciardi. Sessão interrompida para almoço
- "Alguma vez Ricardo Salgado diz 'eu manipulei as contas'?", questionou MP. Ricciardi disse que não
- Recomeça a sessão
- Ricciardi sobre Salgado: "É evidente que ele não fez esta gestão sozinho. Tinha um grupo de pessoas que trabalhavam com ele"
- A "clivagem" entre filho de Ricciardi e Ricardo Salgado
- "O dr Ricardo Salgado é muitíssimo inteligente, tecnicamente muitíssimo bem apetrechado, dominava o grupo"
- Ricciardi defendeu José Manuel Espírito Santo: "Não estava com certeza consciente"
- Ricciardi teve "confiança absoluta" em Ricardo Salgado até 2013
- José Castella "ia todos os dias ao Banco Espirito Santo"
- Ricciardi em 2015: "Ele [Ricardo Salgado] era o único de nós que sabia tudo"
- Começa a ser reproduzido testemunho de António Ricciardi
- António Soares fez a identificação. Todos os arguidos estão agora identificados
Histórico de atualizações
-
Encerramos aqui este liveblog onde estivemos a acompanhar o dia 3 do julgamento do BES. Um dia que ficou marcado pelos depoimentos — um, gravado, outro presencial — dos Ricciardi.
Pai (que morreu em 2022, mas que deixou um testemunho gravado em 2015) e filho acusaram Salgado de manter um controlo total sobre o Grupo Espírito Santo e de ser a master mind do plano de engenharia financeira que levou à derrocada do banco, em 2014.
Esta sexta-feira, José Maria Ricciardi vai continuar a ser interrogado pelo Ministério Público e, ainda, pelos vários advogados do processo.
Obrigado por nos ter acompanhado.
-
Uma denúncia, alertas ignorados e o controlo "total" do grupo. Como os Ricciardi cercaram Salgado em tribunal no dia 3 do GES
Terceiro dia do julgamento ficou marcado pelo testemunho de José Maria Ricciardi e pela reprodução do depoimento de António Ricciardi. Os dois colocaram Salgado no centro do plano que arruinou o BES.
-
Termina por hoje a sessão. José Maria Ricciardi vai continuar a testemunhar amanhã
A terceira sessão fica por aqui e, uma vez que José Maria Ricciardi ainda não acabou o seu testemunho, terá de regressar amanhã ao tribunal.
-
"Carlos Costa assobiou para o lado, não quis saber de nada e disse para estar quieto", diz Ricciardi sobre governador do Banco de Portugal
José Maria Ricciardi fala sobre a reunião que teve com Carlos Costa, que era na altura o governador do Banco de Portugal, em outubro de 2013, ainda antes de saber que as contas do banco tinham sido falsificadas.
“O dr Carlos Costa assobiou para o lado, não quis saber de nada e disse para estar quieto”, sublinhou.
“Tinha a sensação de que havia um banco dentro de um banco e que queria demitir-me. Carlos Costa disse que não devia fazer nada disso, que já tinha feito pessimamente em falar nos jornais, que estava a prejudicar o sistema financeiro”, acrescentou.
-
Ricciardi diz que "BESA estava em roda livre, não tinha qualquer controlo"
José Maria Ricciardi fala agora sobre o BES Angola (BESA). E sublinha que “o BESA estava em roda livre, não tinha qualquer controlo”. “Nós no BES não tínhamos conhecimento de nada. E isso já está na minha carta que fiz em outubro de 2013”, acrescentou.
Ricciardi fez ainda referência à ligação que foi feita entre si e o Sporting, garantindo que não sabia qual era o circuito do dinheiro utilizado por Álvaro Sobrinho, quando comprou ações no clube.
“A senhora procuradora disse que o meu agradecimento era excessivo porque o dinheiro não era de Álvaro Sobrinho, mas era da minha família. Não fazia ideia.”
-
Machado da Cruz foi forçado "a anuir uma narrativa em que tinha havido erros", diz Ricciardi
José Maria Ricciardi diz ainda que Machado da Cruz lhe confessou que “foi forçado a anuir uma narrativa em que tinha havido erros” — sobre a falsificação das contas.
“Durante algum tempo, esta era a única informação que o Banco de Portugal tinha, que só foi desfeita em maio quando enviei a entrevista do dr Machado da Cruz”, acrescentou.
-
Ricciardi diz que foi uma fonte anónima que lhe entregou documento com transcrição de confissão de Machado da Cruz
José Maria Ricciardi diz que recebeu documento de uma fonte anónima, cuja origem não quis revelar em tribunal, e que esse documento era uma transcrição de uma conversa de Machado da Cruz com o advogado.
“Foi uma fonte anónima que me trouxe o documento. Esse documento é um documento que é uma espécie de conversa gravada entre o dr Machado da Cruz o senhor Schumer [advogado], em que explicava a verdade. Esse documento chegou-me às mãos em maio [de 2014] e nesse dia eu entreguei-o ao Banco de Portugal. Foi isso que eu fiz”, explicou.
-
Depois de uma pausa de 15 minutos, sessão recomeça
Sessão foi interrompida durante 15 minutos para uma pausa. José Maria Ricciardi continua o seu testemunho.
-
Pedro Queiroz Pereira disse "várias vezes que o banco estava em péssimas condições"
Tribunal continua a ouvir o testemunho de José Maria Ricciardi, a segunda testemunha deste processo — de manhã foi ouvida a gravação do depoimento António Ricciardi, feito em 2015.
José Maria Ricciardi fala agora sobre os avisos feitos por Pedro Queiroz Pereira, mas que não terão sido considerados pelo primo de Ricardo Salgado.
“O dr Pedro Queiroz Pereira veio dizer-me várias vezes que o banco estava em péssimas condições, mas como o dr Pedro Queiroz Pereira andava sempre em guerras com o dr Salgado e nunca mostrou provas”, Ricciardi diz não ter levado muito a sério os avisos de Pedro Queiroz Pereira, que morreu em 2018.
-
Ricciardi: Machado da Cruz disse que "tinha havido uma falsificação das contas por ordem do dr Ricardo Salgado"
Ricciardi explica que só falou com Machado da Cruz — um dos 18 arguidos deste processo — “depois de saber a verdadeira razão pela qual as contas não estavam certas”. No entanto, em 2014, Machado da Cruz, que era o contabilista do GES, terá revelado o verdadeiro motiva das discrepâncias nas contas.
“Parte (do dinheiro) tinha ido para a GESTAR, a nossa sociedade de gestão de ativos e outra parte tinha ido para a Eurofin, que era uma empresa que eu não conhecia e que supostamente não era do Grupo Espírito Santo. Houve a narrativa de que ele se tinha enganado nas contas e em maio chegou-me um documento em que Machado da Cruz disse a uma das maiores sociedades de advogados que não tinha havido nenhum erro nas contas, mas que tinha havida falsificação por ordem do Dr Ricardo Salgado”, explicou Ricciardi.
-
"Manuel Fernando [Espírito Santo] fazia aquilo que o dr salgado lhe mandava fazer"
Fala-se agora sobre uma reunião do conselho superior que aconteceu em fevereiro de 2014, altura em que José Maria Ricciardi já saberia do verdadeiro estado das contas do banco. E lê-se a ata dessa reunião, em que se lê o que Ricardo Salgado disse: “Vocês, não sei se estão a perceber o filme que está a acontecer, nós estamos a transferir dos clientes a pedir uma transferência do passivo que está na ESI para dentro da Rioforte. E portanto convém que essa transferência seja gradual e lenta”.
Em relação a esta reunião, Ricciardi referiu que “o que o dr Salgado quis fazer foi aumentar o endividamento da Rioforte para financiar a ESI”.
Já sobre Manuel Fernando Espírito Santo, também arguido neste processo, Ricciardi não teve dúvidas: “O dr Manuel Fernando fazia aquilo que o dr salgado lhe mandava fazer. Tinha uma postura de tentar ajudar, mas fazia aquilo que o dr salgado mandava fazer”.
-
"O dr Salgado fazia tudo o que lhe apetecia e sobrava-lhe tempo", diz José Maria Ricciardi
Ainda sobre as contas do banco, José Maria Ricciardi continua a criticar Ricardo Salgado e garante que ainda antes de perceber que as contas tinham sido falsificadas, pediu que o ex-banqueiro fosse expulso do conselho de administração.
“Quero dizer que em outubro de 2013 fiz um documento assinado por seis membros do conselho superior, onde propus que o dr Ricardo Salgado saísse. O dr Salgado fazia tudo o que lhe apetecia e sobrava-lhe tempo. Nós não sabíamos o que acontecia. E nessa altura ainda não sabia da falsificação das contas.”
Ricciardi disse ainda que “foi descoberto que as contas não estavam certas em dezembro de 2013”. “Mas só tive a prova em maio de 2014, com um documento que recebi e encaminhei no próprio dia para o Banco de Portugal”, acrescentou.
-
Ricciardi diz não saber que bónus eram pagos a membros da ESI
José Maria Ricciardi fala agora sobre o pagamento de bónus, que eram feitos através Espírito Santo Enterprises e que seriam, de acordo com o Ministério Público, também pagos a outros arguidos que fazem parte do “grupo de Ricardo Salgado”.
Ricciardi recebeu 237 mil euros, que diz fazerem parte de um bónus que António Ricciardi recebeu. “Foi o meu pai que decidiu dividir um prémio que eu obviamente declarei às finanças. O meu pai é que achou que devia dividir o prémio por estar no conselho superior do grupo, por eu estar também no grupo. Pensei que o dinheiro vinha das contas do meu pai, pelos vistos não vinha”, explicou.
“A única coisa que sei foi que o meu pai me entregou metade de um prémio duas vezes. Agora, prémios a pessoas da ESI, nunca soube.”
-
Ricciardi diz que pediu "auditoria para apurar responsabilidades", em 2013, "quando se percebeu que as contas estavam falsificadas"
Ministério Público pede para mostrar ata de reunião feita em dezembro de 2013, que mostra momento em que José Maria Ricciardi diz ter percebido que as contas “estavam falsificadas”.
“Quando se percebeu que as contas estavam falsificadas, ali início de dezembro de 2013, apresentei um papel para a ata do conselho a dizer que não tinha qualquer conhecimento daquilo e que queria uma auditoria para apurar responsabilidades”, descreveu.
Em relação ao facto de as reuniões do conselho superior estarem gravadas através de um gravador, Ricciardi explicou: “Antes entregávamos papeis para a ata, depois o dr [José] Castella apareceu com um gravador. Deve ter sido instrução do dr. Salgado”.
-
José Maria Ricciardi: "O dr Salgado começou a tomar-me de ponta"
José Maria Ricciardi descreve em que consiste o conselho superior do banco, da qual fez parte, e descreveu o primeiro momento em que se desentendeu com Ricardo Salgado — logo na primeira reunião do conselho superior em que esteve presente.
“O conselho superior do grupo era teoricamente um lugar onde se tomavam as decisões mais importantes em relação ao grupo — se íamos comprar alguma coisa, se íamos desinvestir noutro lugar. Antigamente éramos cinco, que representavam os cinco ramos da família, depois em 2009 passamos a ser nove, porque o dr Salgado não quis eleger ninguém.”
“A primeira vez que cheguei ao conselho estavam todos os membros, incluindo o meu pai. E o meu pai informou que não podia começar, porque não estava o dr Salgado. Primeiro, um grande espanto, porque o dr Salgado era um vogal como os outros. Isso foi o começo de um desentendimento meu com o dr Salgado. E o dr Salgado começou a debitar o que decidiu fazer, o que tinha feito e o que se ia fazer. E eu levantei o braço e perguntei se o conselho era um sitio para discutir as estratégias do grupo ou se era um conselho para ouvir o que o dr Salgado decidiu. E aí o dr Salgado começou a tomar-me de ponta”, descreveu.
-
José Maria Ricciardi diz que não conhece oito dos 15 arguidos
José Maria Ricciardi começou agora a testemunhar. A juíza Helena Susano, que preside ao coletivo, quis já saber se conhece os arguidos e foi dizendo os 15 nomes que constam na acusação do MP. José Maria Ricciardi garantiu não conhecer Pedro Costa, António Soares , Cláudia Faria, Pedro Serra, Nuno Escudeiro, Pedro Pinto, Michel Creton e João Martins Pereira.
Sobre Ricardo Salgado e Manuel Fernando Espírito Santo — dois dos arguidos — disse “não ser amigo, nem inimigo” de nenhum deles.
-
Recomeça a sessão. Vai testemunhar José Maria Ricciardi
Terminou a pausa para almoço. Vai começar a testemunhar José Maria Ricciardi, filho de António Ricciardi e primo de Ricardo Salgado.
-
Terminou reprodução do testemunho de António Ricciardi. Sessão interrompida para almoço
Já terminou a reprodução do testemunho de António Ricciardi. Sessão é interrompida para almoço e será retomada às 14h para ouvir o testemunho de José Maria Ricciardi.
-
"Alguma vez Ricardo Salgado diz 'eu manipulei as contas'?", questionou MP. Ricciardi disse que não
“- Alguma vez Ricardo Salgado diz ‘eu manipulei as contas’?
– Não.
– Mas havia uma intenção?
– Garantidamente. Havia uma intenção.”
No depoimento feito em 2015, António Ricciardi disse várias vezes ter a noção de que Ricardo Salgado manipulava as contas, ainda que sem apontar casos concretos.
Ricciardi disse ainda não fazer ideia de que a ES Tourism tinha sido vendida por um euro. “Lembra-se disso? Mas está lá a sua assinatura”, referiu o Ministério Público. “Não faço ideia”, indicou Ricciardi.
-
Recomeça a sessão
Já terminou a pausa e é retomada a reprodução do testemunho de António Ricciardi.