O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, encontrou-se este sábado em Beirute com um representante do grupo xiita libanês Hezbollah, com um apelo à paz, para evitar uma escalada do conflito no Médio Oriente.

“Se uma pessoa vem ao Líbano para tentar evitar que comece uma guerra, parece-me normal que se fale com aqueles que a podem fazer”, disse Josep Borrell à agência de notícias espanhola EFE, depois do encontro que teve com o líder do Lealdade e Resistência, o braço parlamentar do Hezbollah, Mohammad Raad.

Josep Borrell está no Líbano num momento de tensão entre o Hezbollah e Israel, depois de um atentado bombista atribuído ao Estado judeu ter matado o número dois do Hamas, Saleh al Arouri, nos arredores de Beirute, na terça-feira.

O Hezbollah disse em comunicado que lançou hoje de manhã “62 mísseis de diferentes tipos” contra uma base militar israelita “como parte da resposta inicial ao assassinato do grande líder Saleh al-Arouri”.

Sobre o encontro com o representante do Hezbollah, Borrell rejeitou qualquer ideia de que tivesse usado um tom de aviso.

“Em vez de alertar em tom ameaçador, tenho de apelar à razão e mostrar as consequências negativas que uma guerra como a de 2006 teria para todos e também para o Líbano e os libaneses”, disse.

Borrell reuniu-se hoje com o chefe da missão de paz da ONU no Líbano (UNIFIL), o general espanhol Aroldo Lázaro, com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros. No domingo, é esperado na Arábia Saudita.

O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken aterrou na Jordânia, na mais recente paragem do seu périplo pelo Médio Oriente para discutir a situação em Gaza.

A notícia foi confirmada na rede social X pelo porta-voz do departamento de Estado, Matthew Miller.

.@SecBlinken has landed in Amman. Jordan is a vital partner in helping to prevent the conflict in the region from spreading, and we are grateful for their leadership in facilitating aid to civilians in Gaza.

— Matthew Miller (@StateDeptSpox) January 6, 2024

Há momentos, a Al Jazeera deu conta de que várias pessoas morreram e outras tantas ficaram feridas após um ataque a uma zona residencial no centro da Faixa de Gaza.

Não há para já um número de mortos e feridos, mas sabe-se que estes foram transportados para o hospital de Al-Aqsa.

Israel anunciou hoje que concluiu o “desmantelamento da estrutura militar do movimento islâmico palestiniano Hamas no norte da Faixa de Gaza” e que o foco está agora no centro e sul do território.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, disse que no norte da Faixa de Gaza “ainda há terroristas a agir de forma esporádica e sem comando”, mas que Israel está “concentrado em desmantelar o Hamas no centro e no sul”.

Segundo o general Hagari, “os campos de refugiados no centro da Faixa de Gaza estão lotados e cheios de terroristas” e na zona de Khan Younes há “uma cidade subterrânea de túneis com múltiplas ramificações”.

“Leva tempo, não há atalhos na luta contra o terrorismo”, acrescentou.

Pelo menos sete pessoas morreram em Khan Younis em mais um ataque das Forças de Defesa de Israel, avança a Reuters, citando responsáveis de saúde do governo palestiniano.

O ataque visou a residência de uma família. As mesmas fontes avançam que mulheres e crianças estão entre os mortos.

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciaram que vão retirar o staff atualmente presente no Hospital de Al-Aqsa, em Gaza, no seguimento das ordens de evacuação emitidas por Israel para as zonas circundantes.

A ordem aumentou o medo de uma incursão israelita à área do hospital, onde vários civis palestinianos estão neste momento abrigados.

Na rede social X, a MSF veio agora confirmar a saída do local: “É com a consciência pesada que temos de retirar [o nosso staff] apesar de pacientes, staff hospitalar e muitas outras pessoas continuarem a procurar abrigo nas instalações”, pode ler-se.

A organização disse ainda que fogo de artilharia, snipers e ataques com drones têm ocorrido no perímetro do hospital nos últimos dias, tendo inclusive uma bala perdida atingido uma parede da unidade de cuidados intensivos em Al-Aqsa.

After days of artillery fighting in #Gaza's Middle Area and following late morning evacuation order flyers dropped by Israeli forces for neighborhoods around #AlAqsa hospital where MSF works, MSF took the difficult decision to evacuate staff and their families from the area.

— MSF International (@MSF) January 6, 2024

Milhares de pessoas, incluindo manifestantes anti-governo e familiares e amigos das vítimas e reféns dos ataques do Hamas, saíram à rua este sábado, numa das maiores demonstrações contra a conduta do executivo de Benjamin Netanyahu desde o 7 de outubro.

Os manifestantes acusam Netanyahu de ter responsabilidades no ataque que começou a guerra, bem como no falhanço em resgatar os civis em Gaza. Na “Praça dos Reféns”, em Telavive, ouviram-se palavras de ordem como “vergonha”, bem como pedidos para a libertação dos prisioneiros do Hamas e para a saída do governo de Netanyahu.

Imagens que estão a circular nas redes sociais (e que já foram verificadas de forma independente por meios como a Al Jazeera), mostram as autoridades a responder com alguma violências aos protestos.

NOW: Israeli police violently break up anti-war protest in Jerusalem pic.twitter.com/3QZGtCQbIB

— Joshua Leifer (@joshualeifer) January 6, 2024

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse este sábado, na Grécia, que é preciso “fazer todos os possíveis” para evitar que a guerra em Gaza se estenda a outros territórios, nomeadamente na fronteira de Israel com o Líbano.

“Devemos garantir que o conflito não se alastre. E uma das reais preocupações é a fronteira entre Israel e o Líbano”, disse o chefe da diplomacia norte-americana, no final de uma reunião com o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, em Chania (na ilha de Creta).

Antony Blinken está a fazer um périplo por vários países do Médio Oriente, centrado na necessidade de levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e na mediação para libertar os reféns detidos pelo Hamas.

A deslocação a vários países, que termina na quinta-feira, surge num momento de preocupação com o risco de escalada e expansão da guerra entre Israel e o Hamas na região.

“Muitas das conversas que teremos nos próximos dias, com os nossos aliados e parceiros, serão sobre ações que podem tomar para garantir que o conflito não se estenda”, disse.

Blinken visitou hoje a Turquia, onde se encontrou com o Presidente Recep Erdogan, e depois da Grécia deslocar-se-á à Jordânia, ao Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Israel, Cisjordânia e Egito.

Centenas de pessoas juntaram-se hoje nas ruas da capital do Reino Unido, à porta das câmaras do Parlamento britânico, para protestar contra a guerra em Gaza e pedir um fim ao conflito.

O exército norte-americano confirmou publicamente ter abatido “em auto-defesa” um drone Houthi no Mar Negro.

O aparelho voador foi abatido pelo pelo navio de guerra USS Laboon e encontrava-se perto de várias embarcações comerciais.

De acordo com o comando central do exército, o “veículo aéreo não-tripulado foi lançado de áreas controladas pelos Houthis apoiados pelo Irão no Iémen”. Não houve feridos ou danos a registar.

On the Jan. 6, at approximately 9:30 a.m. (Sanaa time), an unmanned aerial vehicle launched from Iranian-backed Houthi-controlled areas of Yemen was shot down in self-defense by USS LABOON (DDG 59) in international waters of the Southern Red Sea in the vicinity of multiple… pic.twitter.com/fT00nlH0hk

— U.S. Central Command (@CENTCOM) January 6, 2024

Uma delegação do Congresso norte-americano esteve hoje no Qatar para discutir as tensões atuais no Médio Oriente. O encontro contou com a participação do Sheik Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, que é também ministro dos Negócios Estrangeiros do país.

رئيس مجلس الوزراء وزير الخارجية يستقبل وفدا من الكونغرس الأمريكي#الخارجية_القطرية pic.twitter.com/70c7ZkL44k

— الخارجية القطرية (@MofaQatar_AR) January 6, 2024

A ministra dos Negócios Estrangeiros francês deixou hoje um aviso ao Irão: num contexto de tensões crescentes no Médio Oriente, Teerão deve parar as “ações de desestabilização” na região, sob pena de uma escalada da Guerra em Gaza.

“O Irão e os seus associados devem parar imediatamente com as suas ações de desestabilização”, disse Catherinne Colonna, numa mensagem partilhada na rede social X em que se dirige diretamente ao homólogo iraniano. “Ninguém ganhará nada com um escalar [do conflito]”, disse.

J’ai appelé le ministre iranien A. Abdollahian et lui ai fait passer un message très clair : le risque d’embrasement régional n’a jamais été aussi important; l'#Iran et ses affidés doivent immédiatement cesser leurs actions déstabilisatrices. Personne ne gagnerait à une escalade.

— Catherine Colonna (@MinColonna) January 6, 2024

Nas últimas horas, Israel tem intensificado os ataques ao Líbano. Durante a tarde, bombardeamentos aéreos atingiram a periferia da vila de Kouthariyeh al-Siyad, a cerca de 40 quilómetros da fronteira. As Forças de Defesa de Israel (IDF) atingiram ainda

As Forças de Defesa de Israel (IDF), confirmaram ainda que dois caças realizaram ataques aéreos a bases militares “importantes” do Hezbollah. De acordo com Telavive, as bases eram usadas pela unidade de defesa aérea do grupo libanês.

Além destes ataques, foram ainda atingidas posições do Hezbollah no sul do Líbano, nas cidades de Rab El Thalathine, Ramyah, Meiss el-Jabal e Ayta ash-Shab.

מטוסי קרב של חיל-האוויר תקפו לפני זמן קצר שני מתחמים צבאיים של ארגון הטרור חיזבאללה. המתחמים היוו נכסים משמעותיים עבור הארגון, ביניהם מתחם צבאי בשימוש יחידת טילי קרקע אוויר של ארגון הטרור חיזבאללה. pic.twitter.com/50msakpnEW

— Israeli Air Force (@IAFsite) January 6, 2024

Seis pequenos barcos aproximaram-se de um navio comercial que está a navegar à costa do Iémen, a cerca de 50 milhas náuticas da cidade de al-Makha. A informação foi revelada pela autoridade britânica que monitoriza a navegação comercial (UKMTO).

Ainda não são conhecidas as intenções do grupo de barcos, mas é dito na comunicação da UKTMO que “não foram vistas quaisquer armas” a bordo. “As forças da coligação estão a monitorizar” esta que é descrita pela autoridade britânica como uma “abordagem suspeita”.

Numa primeira atualização ao aviso, a UKMTO informa que “todos os pequenos barcos abandonaram a área”, mas pede que os navios indiquem “qualquer atividade suspeita” à instituição.

https://twitter.com/UK_MTO/status/1743653708364173523

“Uma infância em Gaza é contaminada pelo incitamento ao ódio e à violência”, escrevem as Forças de Defesa de Israel na rede social X, antigo Twitter.

Numa publicação nesta rede social, as IDF (sigla por que são mais conhecidas) contam que as suas forças especiais encontraram armas, granadas, munições e coletes à prova de bala numa casa de família. Algumas destas armas estavam nos quartos, ao lado de bonecas e jogos infantis, onde também estavam escritas mensagens de ódio contra Israel.

A Gazan childhood is plagued with incitement toward hate and violence.

Our commando troops located Hamas weapons, grenades, magazines and vests in a civilian home used as Hamas terrorist infrastructure. Some of the weapons and combat materials were located in a bedroom next to… pic.twitter.com/PA9QNDpFKZ

— Israel Defense Forces (@IDF) January 6, 2024

Depois de avisar que uma “escalada regional do conflito não será boa para ninguém”, Josep Borrell afirmou que a sua intenção é iniciar uma iniciativa europeu-árabe para relançar um processo de paz, com o objetivo final de ser uma solução de dois Estados.

“A única maneira é a criação de um Estado palestiniano”, disse o chefe da diplomacia europeia, acrescentando que a perspetiva de um Estado ofereceria um “horizonte de esperança” para os palestinianos.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu hoje em Istambul o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, um encontro que, segundo a agenda oficial, se centrou na situação na Faixa de Gaza.

“O Presidente reuniu-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros dos Estados Unidos, Antony Blinken, no palácio Vahdettin”, confirmou uma mensagem da Presidência turca na rede social X, com uma fotografia dos dois políticos.

A agenda oficial destaca ainda que no encontro estava em cima da mesa a ratificação pela Turquia da adesão da Suécia à NATO.

No encontro, que se prolongou por 75 minutos e ao qual a imprensa não teve acesso, participaram também o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, o chefe dos serviços secretos turcos (MIT), Ibrahim Kalin, e o embaixador dos Estados Unidos em Ancara, Jeff Flake, informa a agência noticiosa turca Anadolu.

Gaza está no topo da agenda de Blinken durante esta sua viagem, que começa em Istambul e prossegue até quinta-feira por outros oito países da região: Grécia, Jordânia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Israel, Cisjordânia e Egito.

Josep Borrell, o chefe da diplomacia europeia, alertou neste sábado para o perigo de o Líbano ser arrastado para um conflito regional.

Borrell, que falava durante uma visita ao Líbano, disse que era imperativo evitar uma escalada regional do conflito no Médio Oriente e alertou Israel que “ninguém ganhará com um conflito regional”.

Os comentários, citados pela Reuters, foram feitos após uma reuniao com o primeiro-ministro libanês Najib Mikati.

“Estamos a assistir a uma preocupante intensificação da troca de tiros na Linha Azul”, disse Borrell. A linha de demarcação entre os dois países é conhecida como Linha Azul, uma fronteira traçada pela ONU que marca a linha para a qual as forças israelitas se retiraram quando deixaram o sul do Líbano em 2000.