O secretário de Estado norte-americano está em Londres, onde vai se vai reunir amanhã com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, avançou um oficial norte-americano, citado pelo The Guardian. A mesma fonte adianta que Antony Blinken vai ainda reunir-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos, de forma separada.

A viagem de Blinken para Londres segue-se às suas visitas a Telavive, Riade e Doha, com o objetivo de retomar as negociações de cessar-fogo.

A delegação do Hamas já se reuniu com os mediadores egípcios, que apresentaram várias “ideias e propostas” ao grupo palestiniano para um acordo de cessar-fogo. Contudo, ao contrário do que tinha sido noticiado, este encontro foi no Cairo e não em Doha.

“O Hamas expressou a sua prontidão para parar de lutar, mas Israel tem de se comprometer com o cessar-fogo, retirar-se da Faixa de Gaza, permitir o regresso das pessoas deslocadas, concordar com o um acordo sério para a troca de prisioneiros e permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza”, afirmou um oficial do Hamas à AFP à saída da reunião.

Estas exigências do lado palestiniano são as mesmas que estavam no acordo de cessar-fogo original, que foi apresentado em maio por Joe Biden. No entanto, o lado israelita já as recusou, principalmente no que toca à retirada total das tropas, levando ao impasse nos diálogos dos últimos dois meses.

As forças israelitas estão a bombardear novamente o sul de Beirute. “Aviões de guerra israelitas lançaram um novo ataque há pouco tempo contra a área de Choueifat”, relatou a agência libanesa NNA, citada pelo The Guardian.

O ataque aconteceu minutos depois de um alerta de evacuação de um prédio específico em Haret Hreik, publicado pelo porta-voz árabe das IDF.

#عاجل إلى جميع السكان المتواجدين في منطقة الضاحية الجنوبية وتحديدًا في المبنى المحدد في الخارطة المرفقة وتلك المجاورة لها في حارة حريك

⭕️أنتم تتواجدون بالقرب من منشآت ومصالح تابعة لحزب الله سيعمل ضدها جيش الدفاع على المدى الزمني القريب

⭕️من أجل سلامتكم وسلامة أبناء عائلتكم… pic.twitter.com/A7EDhSjGKD

— افيخاي ادرعي (@AvichayAdraee) October 24, 2024

As forças israelitas continuam o ataque no campo de Jabalia. Depois de terem cercado o hospital Kamal Adwan, bombardearam agora “uma dúzia de prédios residenciais” na rua Al-Hawja, relatam os jornalistas da Al Jazeera em Gaza. Há ainda 150 vítimas, entre mortos e feridos, avança a Defesa Civil, responsável pelas equipas de emergência.

A mesma agência adianta que as equipas de resgate não se conseguem aproximar dos escombros para levar todos feridos até ao hospital. Anas Al-Sharif, correspondente da Al Jazeera em Jabalia, partilhou uma imagem de três crianças feridas no chão, identificando-as como vítimas “do massacre israelita”.

The Civil Defense in #Gaza has announced a horrific massacre in the Al-Hawaja area, in the heart of Jabalia refugee camp, with 150 people killed and injured. There is no presence of civil defense teams, no journalists, no coverage—nothing but death and destruction.
The dead have…

— أنس الشريف Anas Al-Sharif (@AnasAlSharif0) October 24, 2024

As forças israelitas confirmaram a morte de mais um soldados, que se junta a outros quatro, cujas mortes foram anunciadas mais cedo. O número de soldados feridos também subiu: são agora sete. Ao todo, desde o início da invasão israelita do Líbano, no início deste mês, já morreram 25 soldados das IDF, nota o New York Times.

As forças israelitas anunciaram a morte de quatro soldados do Batalhão 222, que combatiam o Hezbollah no sul do Líbano. Os soldados mortos tinham idades entre os 22 e os 42 anos. Três outros soldados, incluindo um comandante, de outros grupos, ficaram “gravemente feridos” no mesmo incidente. Uma quarta pessoa ficou ferida em combates ainda no norte de Israel, relatam. Todos foram levados para o hospital.

O chefe das Forças de Defesa de Israel visitou hoje o norte da Faixa de Gaza, onde fez um ponto de situação da ofensiva que o exército aí tem em curso há 19 dias. “Determinação e perseverança são a chave. Eles também as têm, mas nós temos muito mais. E também somos melhores, mais justos e mais fortes”, declarou Herzi Halevi às suas tropas. Halevi argumentou que a próxima grande “conquista” será a queda de Jabalia e “a morte da Brigada do Norte de Gaza”, que opera na região. “Não sei o que vamos enfrentar amanhã, mas esta pressão aproxima-nos das conquistas”, garantiu.

O chefe das IDF reafirmou ainda a destruição da “cadeia de comando sénior do Hezbollah”, na ofensiva a norte, contra o Líbano e garantiu que a morte de Sinwar não foi “planeada, mas não foi aleatória, nem acidental“. “Foi o resultado de um método, de o comando insistir em atacar durante este mês dos feriados mais frequentemente”, defendeu.

Israel celebra este mês vários feriados do calendário judaico, incluindo o ano novo e a celebração mais sagrada do judaísmo, o Yom Kippur. O intensificar das operações durante este período justifica-se no entanto com uma outra celebração, o Simchat Torah, que se assinala amanhã. No ano passado, este feriado móvel calhou no dia de 7 de outubro e foi utilizado pelo Hamas para levar a cabo o massacre. Um ano depois, as tropas israelitas na fronteira da Faixa de Gaza estão “em alerta máximo” para um novo ataque do grupo palestiniano. Assim se percebe por que motivo Halevi justifica o intensificar dos ataques em Gaza com a celebração dos feriados judaicos.

Os ataques turcos contra 32 alvos do PKK, a milícia curda na Síria, matou 12 civis, entre eles duas crianças, relatou a coligação curda Forças Democráticas da Síria (SDF), citada pelo The Guardian. “Nas últimas horas, [houve] uma nova onda de ataques turcos no norte e este da Síria”, afirmaram as SDF, adiantando que, além dos 12 mortos, verificaram-se ainda 25 feridos. “Para além das zonas povoadas, os aviões de guerra turcos e os drones visaram padarias, centrais elétricas, instalações petrolíferas e postos de controlo da Força de Segurança Interna [curda]”, acrescentaram.

A Turquia lançou ataques contra o PKK ontem à noite, depois de ter responsabilizado o grupo curdo pelo atentado em Ancara, no qual morreram cinco pessoas.

O ataque terrorista e a retaliação: o dia em que o conflito entre os curdos e a Turquia se reacendeu

O chefe da Mossad, David Barnea, vai viajar para Doha no domingo, para liderar a delegação israelita numa nova ronda de negociações para o cessar-fogo, confirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita.

Os familiares dos reféns israelitas, que continuam em Gaza, reagiram a esta informação, apelando a Netanyahu que dê à equipa de negociação “um mandato total para garantir um acordo”. O Fórum que representa as famílias criticou por várias vezes o impasse nas negociações e acusa mesmo o governo israelita de ter deixado morrer os seis reféns, mortos em agosto em Gaza, devido à insistência em fechar um acordo em que o regresso dos reféns não é a única prioridade.

“O último acordo de libertação de reféns foi há quase ano e desde aí, para além de três operações de resgate, só recebemos reféns em corpos para cadáveres”, declara a ONG num comunicado citado pelo Haaretz, salientando a urgência de conseguir um acordo nestas negociações.

O hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, está neste momento debaixo de fogo de tanques israelitas, relata um repórter da Al Jazeera em Gaza. Nos últimos dois dias os edifícios residenciais nos arredores foram completamente destruídos, deixando os acessos ao hospital bloqueados e vários pacientes e profissionais de saúde presos na instalação.

De dentro do hospital chegam relatos do diretor de que pelo menos 15 cirurgias tiveram de ser adiadas, pois os cirurgiões foram detidos pelas forças israelitas. Hussam Abu Safia acrescenta que o fogo dos tanques causou danos graves na unidade de cuidados intensivos. “O que as forças da ocupação estão a cometer é homicídio deliberado”, descreve o diretor, enquanto o um trabalhador das equipas de resgate fala em “massacres contra pessoas inocentes”.

Também os tanques de água do hospital foram alvo de ataques por drones israelitas, adianta ainda outro correspondente do canal qatari.

A escola de Nuseirat que foi hoje alvo de um ataque é a 196.ª a ser atingida pelas forças israelitas desde o início da ofensiva em Gaza, há pouco mais de um ano, relata o Gabinete de Comunicação de Gaza, citado pela Al Jazeera. O número de mortos neste ataque subiu para 17, entre os quais estão nove crianças. Outras 52 pessoas ficaram feridas e foram levadas para hospitais.

“O exército da ocupação [Israel] sabia que a escola albergava milhares de pessoas deslocadas e que a maioria são crianças e mulheres”, acrescentou o gabinete, controlado pelo Hamas. Segundo as IDF, a escola funcionava como centro de comando do Hamas.

Delegações israelitas e do Hamas, assim como equipas de mediação norte-americanas, qatari e egípcias vão estar reunidas este fim de semana em Doha para debater uma nova proposta de cessar-fogo de Israel. Antony Blinken já tinha adiantado que estas reuniões iam acontecer, mas são agora conhecidos os moldes das mesmas, segundo duas fontes com conhecimento dos encontros citadas pela Axios.

O diretor da CIA, membro da equipa norte-americana, viaja este fim de semana para o Qatar, para se juntar a Blinken. Já o representante do Hamas, e o braço direito de Sinwar, vai reunir-se com as delegações qatari e egípcia, que lhe vão apresentar a proposta israelita. Esta inclui uma curta pausa, de menos de duas semanas, na ofensiva em Gaza, em troca da libertação de uma parte dos reféns e da entrada de ajuda humanitária no enclave. Os mediadores esperam usar essa pausa para aprofundar novas negociações.

Blinken, o diretor da CIA, o primeiro-ministro qatari e o diretor dos serviços secretos egípcios vão reunir-se por sua vez com o líder da delegação israelita, o diretor da Mossad. Estas partes esperam que a morte de Sinwar seja suficiente para marcar um ponto de viragem nas negociações.

Antony Blinken avançou que a equipa de negociação para um acordo de cessar-fogo e para a libertação de reféns vai reunir-se em Doha nos próximos dias, noticia o The Times of Israel.

Em reuniões com o Emir e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, o Secretário de Estados dos EUA revelou que falaram sobre diferentes opções a seguir e os “próximos passos para fazer avançar o processo”. Reiterou novamente que Israel já cumpriu os seus objetivos estratégicos em Gaza, após a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar.

“Ainda não sabemos se o Hamas está preparado para se envolver, mas a próxima etapa é reunir os negociadores”, adiantou Blinken, acrescentando que “estão a olhar para diferentes opções para alcançar uma resolução”.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) divulgaram os documentos que sustentam as suas acusações sobre uma alegada colaboração entre o Hamas e a Al Jazeera, depois de terem denunciado publicamente seis jornalistas do canal.

Os documentos publicados no site das IDF indicam as várias formas de cooperação entre o órgão de comunicação qatari e o Hamas, que vão desde a “proibição de críticas à organização” até ao “estabelecimento de uma linha segura de comunicação entre as duas entidades”, de acordo com o comunicado.

As IDF adiantam que o Hamas utiliza a cobertura da Al Jazeera para “servir os seus próprios interesses, de modo a evitar que se conheçam os verdadeiros crimes que praticam contra os civis em Gaza”.

Ontem, a Al Jazeera “rejeitou categoricamente” as acusações, e hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar — país onde se localiza a sede do canal — diz que “devem ser verificadas, mas com ceticismo”, segundo a Reuters.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, dirigiu-se aos líderes mundiais reunidos na cimeira dos BRICS — incluindo Vladimir Putin e Masoud Pezeshkian — para apelar à paz em Gaza, no Líbano e na Ucrânia.

“Precisamos de paz, em todo o lado”, afirmou Guterres, citado pela Al Jazeera, adiantando que é necessária uma “paz alinhada com a Carta das Nações Unidas, com o direito internacional e com as resoluções da Assembleia Geral da ONU”.

“As autoridades libanesas devem ocupar [todo] o território libanês e as armas devem ser transportadas apenas pelo Estado e pelo exército libanês”, afirma o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, citado pelo The Times of Israel, relembrando que o Hezbollah foi o único grupo que não depôs as suas armas após a guerra civil libanesa.

As IDF afirmam que a escola atingida no campo de refugiados de Nuseirat era, na verdade, um “centro de comando e controlo” do Hamas, utilizado pelos militantes do grupo para “planear e executar ataques terroristas” contra Israel.

Numa publicação na rede social X, as Forças de Defesa de Israel revelam ainda que fizeram “grande esforços” para prevenir a morte de 17 civis e garantir a segurança de todos na área.

מטוסי קרב של חיל האוויר תקפו מוקדם יותר היום, בהכוונה מודיעינית של אמ״ן, שב״כ ואוגדה 252, מחבלים שפעלו במתחם פיקוד ושליטה במרחב ששימש בעבר כבית ספר ״שהדאא' אלנציראת״ שבנציראת>>

— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) October 24, 2024

“Não pode haver mais sofrimento e destruição na Palestina e no Líbano”, afirmou o Presidente da China, Xi Jinping, durante a cimeira dos BRICS na Rússia, citado pela Al Jazeera.

“Devemos avançar em conjunto para formar uma força estabilizadora para a paz e explorar soluções que abordem tanto os sintomas como as raízes dos problemas”, concluiu o chefe de Estado chinês.