O líder da oposição em Israel, Benny Gantz, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de mentir sobre a vontade do governo em resgatar vivos os reféns que ainda permanecem em Gaza e de se preocupar apenas com a sua sobrevivência política.

“Não me surpreendeu, porque durante o tempo em que estivemos no gabinete de guerra, Netanyahu atrasou a capacidade de avançar com os acordos de reféns, incluindo a primeira proposta”, disse Gantz, citado pelo Haaretz, numa conferência de imprensa.

“O primeiro-ministro não olhou o público nos olhos e disse a verdade: que não traria os reféns para casa, não protegeria verdadeiramente a passagem a sul, não devolveria os habitantes do norte às suas casas, não impediria o Irão de obter uma arma nuclear”, realçou.

O líder da oposição considera que “os reféns devem ser devolvidos, mesmo a um preço muito alto”.

Benny Gantz acusou ainda o primeiro-ministro israelita de estar “focado na sobrevivência política”.

Relativamente ao corredor de Filadélfia (cujo controlo Netanyahu diz ser essencial para acabar com as hostilidades) Gantz disse que, já no início da guerra, o primeiro-ministro recusou uma proposta alternativa sobre a questão daquele corredor e sublinhou que “o corredor de Filadélfia não é uma ameaça existencial ao estado de Israel”.

O primeiro-ministro israelita garante que o desmantelamento do grupo terrorista Hamas está próximo e deu instruções às Forças de Defesa de Israel (IDF) para assumirem a distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, escreve o Times of Israel, citando o Channel 12.

Benjamin Netanyahu instruiu as IDF a avaliaram a logística, os mecanismos operacionais e a quantidade de militares necessários para levar a cabo a distribuição de ajuda humanitária — uma tarefa que, atualmente, é levada a cabo pelas organizações internacionais no terreno.

“Ainda precisamos [de tirar ao Hamas] a sua capacidade de governar”, referiu Netanyahu, acrescentando que “isso significa que precisamos de encontrar uma alternativa para toda ou uma parte considerável da distribuição de ajuda humanitária“.

Numa conferência de imprensa, o chefe de governo israelita revelou que o país está a “trabalhar nisso agora”, uma vez que essa tarefa faz parte do “dia seguinte” na Faixa de Gaza.

No entanto, as instruções de Netanyahu não terão sido bem recebidas pelas forças armadas. Segundo a imprensa israelita, o chefe de pessoal das IDF manifestou oposição à ideia nos últimos dias, considerando que a distruibuição de ajuda é uma tarefa inapropriada para os militares.

A Casa Branca considerou esta terça-feira que o plano aprovado por Israel para um acordo de reféns com o objetivo de fechar as lacunas entre os lados inclui a retirada das Forças de Defesa de Israel de áreas densamente povoadas ao longo do Corredor Filadélfia, um dia após Benjamin Netanyahu declarar que Israel deve manter suas forças posicionadas na fronteira entre Gaza e Egito.

“O acordo em si, incluindo a proposta de ponte com a qual começamos a trabalhar inclui a remoção das IDF de todas as áreas densamente povoadas, e isso inclui aquelas áreas ao longo e adjacentes a esse corredor”, afirmou esta terça-feira o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, citado pelo The Times of Israel.

Cerca de 300 pessoas reuniram-se à entrada do Ministério da Defesa israelita, em Telavive, em protesto, exigindo um acordo para a libertação de reféns.

“We won’t give up!” Tonight, too, thousands of people have gathered at Tel Aviv’s Begin gate to demand a hostage deal immediately pic.twitter.com/Ufgkze8p7D

— Linda Dayan (@LindaDayan9) September 3, 2024

O porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que Joe Biden está “pessoalmente envolvido” nos esforços e que continuam a “trabalhar ativamente” nas conversações para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns. “Continuamos em consultas constantes com o Qatar, o Egito e Israel e, evidentemente, o Qatar e o Egito estão em contacto com o Hamas. Vamos fazer tudo o que pudermos para o conseguir”, disse, citado no Haaretz.

“Não posso dizer-vos como será o calendário, ou como será cada pequeno parágrafo, o contexto da proposta final. Tudo o que posso dizer é que continuamos ativamente empenhados neste esforço”, continuou.

Sobre a decisão do Reino Unido de suspender parcialmente o envio de armas para Israel, Kirby disse que “cada nação pode falar por si própria sobre como e até que ponto apoia Israel”, mas que os EUA vão continuar a fazer o que é preciso “para apoiar as capacidades defensivas de Israel”.

“Em segundo lugar, como já disse várias vezes, analisámos os relatórios individuais o melhor que pudemos sobre o cumprimento do direito humanitário internacional. E, neste momento, estamos a falar. Não foi determinado que eles tenham violado o direito internacional humanitário”, acrescentou.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, descreveu a pausa humanitária entre Israel e Hamas para garantir a vacinação das crianças da Faixa de Gaza contra a poliomielite como “raro raio de esperança e humanidade na cascata de horror”.

“Se as partes podem atuar para proteger as crianças de um vírus mortal, certamente que podem e devem atuar para proteger as crianças e todos os inocentes dos horrores da guerra”, afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, citado no Times of Israel.

Duas pessoas foram mortas durante atividades das Forças de Defesa de Israel em Tulkarm, na Cisjordânia, avançou o Ministério da Saúde palestiniano, citado no Haaretz.

O chefe da ONU para os direitos humanos, Volker Turk, pediu uma investigação independente sobre a morte dos seis reféns israelitas encontrados num túnel em Rafah no sábado.

“Estamos horrorizados com os relatos de que grupos armados palestinianos executaram sumariamente seis reféns israelitas, o que constituiria um crime de guerra”, lê-se na publicação feita na rede social X.

“Volker Turk apela a uma investigação independente, imparcial e transparente e à responsabilização dos perpetradores”.

#Gaza: We are horrified by reports that Palestinian armed groups summarily executed six Israeli hostages, which would constitute a war crime. @volker_turk calls for independent, impartial and transparent investigation and for perpetrators to be held to account.

— UN Human Rights (@UNHumanRights) September 3, 2024

As IDF confirmaram que as suas tropas levaram a cabo um ataque à universidade Numaa, na cidade de Gaza, depois de terem afirmado que o Hamas estava a utilizar o edifício como um “centro de comando e controlo”.

Segundo a Al Jazeera, afirmaram também que a Numaa estava a ser utilizada para dirigir ataques contra as tropas e contra Israel e que, durante o ataque, foram tomadas medidas para reduzir o risco de ferir civis.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deverá regressar aos EUA no final do mês de setembro para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, avançou o Times of Israel.

Netanyahu deverá discursar na 79ª sessão da AGNU, em Nova Iorque, a 26 de setembro. Durante a sua visita, terá também reuniões com os líderes mundiais à margem da assembleia.

O ex-ministro israelita Benny Gantz criticou o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusando-o de confundir os seus interesses pessoais com os de Israel, dizendo ser uma abordagem “perigosa”.

Durante a conferência anual da Ordem dos Advogados de Israel, Gantz manifestou-se contra a retórica de que Netanyahu é um “assassino”: “Netanyahu não é um assassino e eu condeno o incitamento contra ele”, citou o Times of Israel.

“Yahya Sinwar, chefe do Hamas, é um assassino, o Hamas, o Hezbollah e a Guarda Revolucionária são nossos inimigos. Mas Netanyahu perdeu o rumo e vê-se a si próprio como o Estado. E isso é perigoso”, afirmou.

O diretor da Erradicação da Poliomielite da Organização Mundial de Saúde, Hamid Jafari, afirmou que a campanha de vacinação em Gaza está a “correr bastante bem” depois de o representante da OMS no enclave, Rik Peeperkorn, ter afirmado que os objetivos já tinham sido ultrapassados.

“Já vacinámos mais crianças do que as que estimávamos que estivessem nesta zona central de Gaza. Esta é a primeira fase da campanha. Esta noite, vamos avaliar se ainda há crianças que precisam de ser vacinadas, porque agora estamos a encontrar mais crianças nesta zona do que tínhamos estimado”, disse Jafari à Al Jazeera. “É provável que precisemos também de amanhã para continuar a vacinação”, acrescentou.

Jafari adiantou também que na quinta-feira vai começar a campanha no sul do enclave, que é onde “se encontra a maior parte das crianças — estima-se que 300.040 crianças se encontrem no sul”.

“Depois de concluída a campanha, que durará cerca de quatro dias, começará no norte, onde se estima que a população-alvo seja de 150 mil crianças com menos de 10 anos de idade”, acrescentou.

Quatro pessoas morreram e várias ficaram feridas na consequência de um ataque levado a cabo pelas forças aéreas de Israel a um complexo do Hamas na cidade de Gaza. Segundo avança o Haaretz, o ataque teve como alvo um edifício da universidade Namaa, onde o grupo tinha estabelecido um quartel.

A companhia aérea Lufthansa vai voltar a voar para Telavive a partir de quinta-feira depois de no início de agosto ter suspendido as ligações até à cidade israelita, prolongando repetidamente a medida até 4 de setembro.

Lufthansa vai evitar espaço aéreo iraniano e iraquiano até dia 7

Segundo a Reuters, a companhia alemã avançou que vai continuar com os voos suspensos para Beirute, a capital libanesa, até 30 de setembro.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, avançou que desde 7 de outubro já foram mortos 40.819 palestinianos no enclave e 94.291 ficaram feridos, citou a Haaretz.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, recorreu à rede social X para congratular o Reino Unido pela decisão de suspender parcialmente o envio de armas para Israel, afirmando ser a coisa “certa” a fazer.

“O Reino Unido fez bem em suspender algumas licenças de exportação de armas para Israel. Exortamos a que esta suspensão seja alargada e apelamos a todos os países para que imponham um embargo total de armas a Israel”, escreveu Safadi.

“A menos que as consequências sejam reais, Netanyahu não irá pôr fim à sua agressão a Gaza e à Cisjordânia, e não deixará de violar o direito internacional e de ameaçar a segurança de toda a região.”

The Uk did right to suspend some arms exports licenses to Israel. We urge an expansion of this suspension and call on all countries to impose a complete arms embargo on Israel. Unless consequences are real, Netanyahu will not end his aggression on Gaza and the West Bank, and…

— Ayman Safadi (@AymanHsafadi) September 3, 2024

O ministro da Defesa britânico, John Healey, afirmou que apesar da decisão do Reino Unido de suspender parcialmente o envio de armas para Israel o apoio ao direito de auto-defesa do país em conflito permanece “inabalável”.

“Como disse ao ministro da defesa Yoav Gallant ontem, quando falei com ele antes do anúncio, temos o dever de seguir a lei, mas isso não altera o nosso compromisso inabalável de apoiar o direito de Israel à autodefesa e à defesa de Israel se este país voltar a estar sob ataque direto”, disse Healey à Times Radio, citado no The Guardian.

O ministro afirmou ainda que a suspensão de 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel “não terá um impacto material na segurança de Israel”.