Momentos-chave
- EUA estão a ponderar recurso a companhias aéreas civis para intensificar esforços de evacuação no Afeganistão
- Delegação dos talibãs visita grupo de comunicação social privado afegão para discutir liberdade de expressão
- Cúpula dos talibãs reunida em Cabul com figuras de proa da política afegã dos últimos 20 anos para negociar formação de governo
- Três distritos no norte do Afeganistão foram capturados pelo que resta do exército afegão, diz ministro da Defesa, que promete resistência
- Merkel pede a Ocidente reflexão sobre o fracasso no Afeganistão
- Igreja Católica portuguesa quer ajudar no acolhimento a refugiados afegãos
- Angelina Jolie partilha carta de jovem afegã a relatar os receios do regime talibã
- Talibãs dizem que vão investigar atrocidades e represálias atribuídas ao movimento
- Co-fundador e número dois dos talibãs chega a Cabul para negociar governo
Histórico de atualizações
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Bom dia este livebog fica por aqui. Vamos continuar a acompanhar todas as notícias sobre o Afeganistão.
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EUA estão a ponderar recurso a companhias aéreas civis para intensificar esforços de evacuação no Afeganistão
O governo dos Estados Unidos está a ponderar recorrer a companhias aéreas civis para intensificar os esforços de evacuação no Afeganistão, avança o The Wall Street Journal.
De acordo com o periódico norte-americano, a Casa Branca tem em cima da mesa a possibilidade de ativar a CRAF (sigla inglesa para Frota Aérea de Reserva Civil), um mecanismo criado em 1952, na sequência do bloqueio de Berlim no pós-II Guerra Mundial.
Em causa estará a mobilização de cerca de 20 aviões comerciais, pertencentes a cinco companhias aéreas norte-americanas, para aumentar significativamente a capacidade do país para retirar pessoas do Afeganistão — incluindo cidadãos norte-americanos e de países aliados, bem como afegãos que nos últimos anos trabalharam lado a lado com as forças ocidentais e que agora poderão estar na mira dos talibãs, que controlam o Afeganistão desde o último domingo.
Desde que os talibãs conquistaram o controlo do país, o EUA e vários países ocidentais têm estado a retirar centenas de pessoas do interior do país — um esforço que tem aliado operações militares no local e operações diplomáticas de contacto com os próprios talibãs para garantir a segurança das pessoas a retirar do país.
De acordo com o The Wall Street Journal, os aviões civis não vão sobrevoar o espaço aéreo afegão.
As aeronaves comerciais deverão ser chamadas a fazer os voos entre as bases aéreas norte-americanas no Catar, no Bahrain e na Alemanha (para onde os voos militares estão a transportar as pessoas retiradas do Afeganistão) e o território dos EUA.
O jornal adianta que o governo norte-americano já enviou uma notificação às companhias aéreas para as avisar de que poderão vir a ser convocadas a mobilizar os seus aviões, mas ainda não foi dada a ordem final por parte da Casa Branca e do Pentágono.
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Afeganistão. Mais de uma centena manifesta-se no Porto em solidariedade com as mulheres
Mais de uma centena de pessoas juntou-se na Avenida dos Aliados em solidariedade com as mulheres afegãs e a pedir ao Governo português que conceda asilo político a estas mulheres e aos seus filhos.
Afeganistão. Mais de uma centena manifesta-se no Porto em solidariedade com as mulheres
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É "impossível" retirar todos os estrangeiros do Afeganistão até final do mês, diz chefe da diplomacia europeia
Josep Borrell diz que retirada de todos os ocidentais de Cabul até ao final do mês “é matematicamente impossível”. “O problema” está no “acesso ao aeroporto [devido às] medidas de controlo dos EUA”
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EUA retiraram 3.800 pessoas do Afeganistão nas últimas 24 horas, 17 mil na última semana
Vários países aceitaram acolher voos militares norte-americanos com passageiros provenientes do Afeganistão para fazer escala nos seus territórios, incluindo a Dinamarca, Alemanha, Qatar e Itália.
EUA retiraram 3.800 pessoas do Afeganistão nas últimas 24 horas, 17 mil na última semana
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Delegação dos talibãs visita grupo de comunicação social privado afegão para discutir liberdade de expressão
Uma delegação dos talibãs, liderada pelo número 2 da Comissão Cultural Talibã, visitou este sábado as instalações do MOBYgroup, o maior grupo de comunicação social privado do Afeganistão.
O MOBYgroup é o detentor do canal televisivo TOLO, em que esta semana um responsável dos talibãs foi entrevistado em direto por uma jornalista mulher — um sinal de que os talibãs poderão estar a ensaiar uma abordagem moderada à presença das mulheres no espaço público (mas que também tem sido lido por muitos como uma mera manobra de relações públicas para atrair simpatia internacional).
O diretor do MOBYgroup, Saad Mohseni, explicou no Twitter que a reunião com a delegação talibã contou com a presença da direção do canal televisivo e que foram discutidos assuntos relacionados com “segurança, liberdade de expressão e direitos das mulheres”.
Ahmadullah Wasiq, deputy head of Taliban's Cultural Commission visited with our team earlier this afternoon. Management from TOLO were present where issues relating to security, freedom of expression, women’s rights etc were discussed. More on this in our main news bulletin pic.twitter.com/RMzxcOiZs1
— Saad Mohseni (@saadmohseni) August 21, 2021
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Cúpula dos talibãs reunida em Cabul com figuras de proa da política afegã dos últimos 20 anos para negociar formação de governo
A cúpula política dos talibãs, até agora sediada em Doha, no Catar, continua este sábado a chegar a Cabul, numa altura em que se intensificam as negociações com vista à formação do novo governo afegão.
Depois de, esta manhã, ter chegado a Cabul o atual número 2 do movimento talibã, o mulá Abdul Ghani Baradar, imagens divulgadas através do Facebook mostram vários outros líderes de topo dos talibãs já em Cabul.
O antigo delegado do governo afegão para as negociações de paz com os talibãs, Abdullah Abdullah, partilhou este sábado no Facebook um conjunto de fotografias que mostram reuniões em Cabul com o antigo embaixador dos talibãs na Arábia Saudita, Shahabuddin Delawar, o antigo ministro da Administração Interna do regime talibã, o mulá Khairullah Khairkhwa, e o negociador talibã Abdul Salam Hanafi.
Nestas reuniões esteve também presente o antigo Presidente afegão, Hamid Karzai (que liderou o país entre 2001 e 2014), um dos mais respeitados políticos do país, que nos últimos tempos tem sido uma das principais pontes de diálogo com os talibãs.
Na publicação que acompanha as fotografias, Abdullah Abdullah escreveu que a reunião entre a cúpula dos talibãs e figuras de proa da política recente afegã abordou “a atual situação do país, a segurança das pessoas, o processo político e o respeito pelos valores nacionais, incluindo a bandeira“.
Nos últimos dias, os talibãs têm dito publicamente que estão a procurar constituir um governo plural, com representantes de vários segmentos da população afegã e também com mulheres. O movimento prometeu para os próximos dias novidades sobre o futuro do regime do país.
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Três distritos no norte do Afeganistão foram capturados pelo que resta do exército afegão, diz ministro da Defesa, que promete resistência
O ainda ministro da Defesa do Afeganistão, Bismillah Mohammadi, que apesar da queda do governo e da fuga do Presidente Ashraf Ghani continua a reclamar a titularidade do cargo e a liderar a resistência contra os talibãs, anunciou este sábado que as forças anti-talibã tomaram o controlo de três distritos no norte do país.
“A resistência contra os terroristas talibãs é uma obrigação de cada um de nós”, escreveu no Twitter o general Bismillah Mohammadi, que ao longo da última década ocupou vários cargos no governo afegão e era o ministro da Defesa quando os talibãs capturaram a capital do país, Cabul, no último domingo.
“Pul-Hesar, Deh Saleh e Bano, em Baghlan, foram capturados pelas forças de resistência popular. A resistência ainda está viva”, acrescentou Mohammadi. Os três distritos situam-se na província de Baghlan, a cerca de 100 quilómetros a norte de Cabul.
No último domingo, a entrada dos talibãs em Cabul representou o culminar de uma rápida ofensiva lançada pelo movimento na sequência da retirada militar dos Estados Unidos, que lhes permitiu capturar o controlo de todo o país em menos de dois meses. No mesmo dia, o então Presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, fugiu do país, abrindo caminho à legitimação do regime dos talibãs.
Ao longo da última semana, os talibãs têm dado sinais de alguma moderação — sobretudo em comparação com o regime brutal imposto no país pelo movimento entre 1996 e 2001 —, que vários observadores internacionais estão a ler como uma tentativa, da parte do movimento, de se legitimar no plano das relações internacionais como governante legítimo do país.
Este sábado, o atual número 2 dos talibãs, o mulá Abdul Ghani Baradar — que ajudou Mohammad Omar a fundar os talibãs na década de 1990 —, chegou a Cabul para entrar nas negociações com vista à formação do novo governo. Baradar é apontado como o provável próximo Presidente do Afeganistão.
Apesar da fuga do Presidente Ghani e do colapso quase total das forças armadas afegãs, em alguns pontos do país há elementos do exército afegão que se mantêm ativamente a resistir contra os talibãs — animados pela promessa de Bismillah Mohammadi e também do até agora vice-presidente afegão, Amrullah Saleh, de resistir até ao fim à ocupação dos talibãs.
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Missão da NATO no Afeganistão não foi em vão porque plantou sementes, diz primeiro-ministro espanhol
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, considerou que os 20 anos da missão internacional da NATO no Afeganistão não foram em vão: foram plantadas as sementes necessárias para um futuro melhor.
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Presidente da Comssão: Não se pode dar nem um euro a quem não respeita direitos das mulheres
Ursula von der Leyen defende que “não se pode dar um euro que seja de ajuda humanitária a regimes que negam às suas mulheres os seus direitos, liberdades e o acesso ao trabalho e aos estudos”.
Presidente da Comissão: Não se pode dar nem um euro a quem não respeita direitos das mulheres
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EUA aconselham americanos a evitar aeroporto de Cabul
Os Estados Unidos aconselharam os americanos no Afeganistão a evitar deslocarem-se ao aeroporto de Cabul este sábado. Milhares de pessoas estão no local a tentarem obter lugar num voo para abandonar o país uma semana depois dos talibãs terem tomado o controlo do país.
A embaixada dos Estados Unidos alertou para potenciais ameaças de segurança fora dos acessos do aeroporto que está ainda a ser controlado pelos militares americanos. Os cidadãos americanos só devem dirigir-se ao aeroporto se receberem instruções das autoridades para o fazer. A embaixada apela ainda aos cidadãos no país que preencham um pedido de assistência ao repatriamento.
O aviso surgiu no dia em que o co-fundador do movimento, Mullah Baradar, chegou à capital para conversações sobre o novo governo do Afeganistão. Imagens nas redes sociais mostram afegãos a tentar desesperadamente subir para um avião de transporte americano C-17.
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Merkel pede a Ocidente reflexão sobre o fracasso no Afeganistão
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu que se reflita sobre os motivos pelos quais o Ocidente não conseguiu, após vinte anos e grandes contribuições económicas, consolidar um sistema político e social estável no Afeganistão.
Numa ação de campanha eleitoral, Merkel afirmou que o Ocidente conseguiu garantir que o Afeganistão não seja um foco de terrorismo global, como era em 2001, mas reconheceu que a missão internacional era mais ambiciosa e terminou em fracasso.
“Agora não há ameaça terrorista do Afeganistão. Mas a missão era mais ampla, queríamos uma vida mais livre e melhor para todos, especialmente para mulheres e meninas. Não conseguimos isso”, declarou.
Por isso, apelou a uma reflexão sobre o que pode fazer o Ocidente neste tipo de missões, como pode alcançá-lo e ver ao que não pode aspirar. A chanceler alemã classificou a situação atual no Afeganistão de “dramática e trágica” desde a tomada do poder pelos talibãs no domingo, com a sua entrada em Cabul.
Merkel frisou que o objetivo atual da Alemanha é “salvar pessoas” na operação de evacuação, “cidadãos alemães, cidadãos de outros países da NATO [na sigla em português OTAN, Organização de Trabalho do Atlântico Norte] e, sobretudo, aqueles que ajudaram” a Alemanha, disse em referência aos colaboradores locais.
A Alemanha retirou do Afeganistão cerca de 2.000 pessoas, a maioria das quais se encontra em território nacional.
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Igreja Católica portuguesa quer ajudar no acolhimento a refugiados afegãos
O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, José Traquina, manifestou a disponibilidade da Igreja Católica portuguesa para ser envolvida no acolhimento de refugiados afegãos.
O bispo de Santarém, em declarações divulgadas pela agência Ecclesia, afirmou que, “com o apoio da Cáritas e o envolvimento da Conferência Episcopal” a Igreja fará o que puder “para auxiliar os que chegarem”, embora sublinhe que a “verdadeira preocupação são os que estão lá [no Afeganistão]”, pois desconhece-se “como vai ser o futuro daquele país”.
Para o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, este é o momento de demonstrar solidariedade e disponibilidade para o diálogo.
“Desejamos que o diálogo seja a solução para a resolução dos problemas. Não são as armas ou as guerras”, disse o bispo José Traquina.
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Angelina Jolie partilha carta de jovem afegã a relatar os receios do regime talibã
A atriz americana Angelina Jolie usou a rede social Instagram para partilhar uma carta recebida de uma rapariga afegã.
A atriz que também é enviada especial das Nações Unidas para o Alto Comissariado para os Refugiados escolheu o Instagram para tornar pública a carta de uma jovem que relata os receios que sente depois dos talibãs terem tomado o poder no país.
“Agora estamos presas outra vez”, diz.
Há também denuncias de que as pessoas no Afeganistão estão a perder o acesso à comunicação através das redes sociais.
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Afeganistão: Bahrein autoriza voos de Cabul com refugiados
O Bahrein autorizou o seu território a ser usado para trânsito de voos provenientes de Cabul com estrangeiros e refugiados afegãos, depois de problemas registados com a lotação da base usada no Qatar.
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Talibãs dizem que vão investigar atrocidades e represálias atribuídas ao movimento
Os talibãs vão investigar relatos de atrocidades e represálias levadas a cabo por membros do movimento e responsabilizar os responsáveis, segundo informação avançada por um dirigente do grupo à agência Reuters.
O oficial, que falou sobre anonimato, acrescentou que o grupo está a preparar um novo modelo de governação para o Afeganistão nas próximas semanas.
Na passada semana, e depois da tomada do país, têm sido feitas várias denúncias por pessoas, organizações internacionais e advogados, de retaliações contra protestantes e antigos funcionários do anterior governo. Outro dos alvos dos talibãs são as pessoas que trabalharam com os americanos.
A perseguição e o medo de retaliações está a levar milhares de afegãos a tentar fugir do país.
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Co-fundador e número dois dos talibãs chega a Cabul para negociar governo
O cofundador e número dois dos talibãs, Abdul Ghani Baradar, chegou hoje a Cabul para conversações com outros membros do movimento e líderes políticos sobre a formação do novo governo do Afeganistão.
Uma fonte oficial dos talibãs disse à agência France-Presse que Baradar irá encontrar-se em Cabul com “líderes e políticos jihadistas para estabelecer um governo inclusivo”. Baradar regressou ao Afeganistão na terça-feira, dois dias após os talibãs terem assumido o poder em Cabul.
O cofundador dos talibãs estava no Qatar, onde chefiou o gabinete político do movimento e conduziu as negociações com os Estados Unidos que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.
No regresso ao Afeganistão, Baradar aterrou na cidade de Kandahar (Sul), que foi o epicentro do poder talibã quando o movimento xiita radial esteve no poder pela primeira vez, entre 1996 e 2001.
Foi na província com o mesmo nome que o movimento talibã nasceu no início da década de 1990. Abdul Ghani Baradar, 53 anos, é o cofundador dos talibãs juntamente com Mohammed Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte foi escondida durante dois anos.
Como muitos afegãos, a vida de Baradar foi marcada pela invasão soviética em 1979, que o transformou num ‘mujahid’ (combatente).
Em 2001, após a intervenção dos EUA e a queda do regime talibã, terá feito parte de um pequeno grupo de insurgentes prontos para um acordo com administração de Cabul, uma iniciativa sem resultados, segundo a AFP.
Baradar era o líder militar dos talibãs quando foi preso em 2010, em Carachi, Paquistão, tendo sido libertado em 2018. O movimento talibã é liderado atualmente por Haibatullah Akhundzada.
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Bom dia. Abrimos um novo liveblog para acompanhar a atualidade sobre o Afeganistão. Ficam aqui os destaques de ontem.
Militares norte-americanos em missões na zona envolvente ao aeroporto para recolher civis