Uma milícia iraniana no Iraque acusou o Kuwait, a Jordânia e a Arábia Saudita de terem deixado os Estados Unidos usarem o seu território para efetuar o ataque de hoje no país e na Síria.

Segundo a Sky News, o porta-voz das Brigadas Sayyed al Shuhada, brigada das Forças de Mobilização Popular iraquianas ligada ao Hezbollah, apelou ao governo do país que “interrogasse” o seu ministro dos Negócios Estrangeiros sobre como foi possível ter permitido que isto acontecesse.

Além disso, Abu Alaa al Walae pediu a retirada de tropas norte-americanas no Iraque, elogiando ainda os “heróis da Resistência Islâmica, que humilharam a ocupação norte-americana” durante os ataques.

Pelo menos 18 membros de milícias pró-Irão morreram hoje numa série de bombardeamentos norte-americanos contra diferentes pontos da Síria e Iraque, adiantaram fontes militares e uma ONG, enquanto Bagdade considerou a ofensiva uma “violação da soberania iraquiana”.

Do lado sírio, os ataques aéreos mataram 13 militantes e destruíram 17 posições de grupos armados apoiados por Teerão na província oriental de Deir al Zur, segundo um comunicado da organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido e com uma extensa rede de colaboradores no terreno.

As ações concentraram-se na zona de Al Mayadin, considerada a “capital iraniana” na Síria, bem como no distrito de Al Bukamal, na fronteira com o Iraque e importante rota de abastecimento destas milícias aliadas ao Governo sírio.

Por outro lado, uma fonte do Exército iraquiano com patente de coronel frisou à agência Efe, sob condição de anonimato, que pelo menos cinco milicianos pró-Irão foram mortos e outros três ficaram feridos em vários ataques aéreos contra posições da poderosa milícia Kataib Hezbollah na zona de Al Qaim, perto da fronteira com a Síria.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, afirmou esta sexta-feira que os ataques norte-americanos no Iraque e na Síria tiveram a duração de 30 minutos e terminaram com sucesso.

Em declarações aos jornalistas, aqui citadas pela Reuters, Kirby acrescentou que o ataque teve a participação de aeronaves, como os Rockwell B-1 Lancer, que foram lançados de território norte-americano e transportavam mais de 125 munições de alta precisão.

“Não estamos à procura de uma guerra com o Irão. Não houve comunicações com o Irão desde o ataque do fim de semana passado”, frisou o porta-voz, que assegurou que o EUA vão continuar a responder aos ataques inimigos.

Segundo a Al Jazeera, os ataques dos Estados Unidos na Síria e no Iraque teriam como alvos um depósito de munições das Forças de Mobilização Popular do Iraque e “um local usado para lançar ataques contra as forças norte-americanas na Síria”.

Este ataque atingiu seis locais no Iraque, grande parte localizados junto à fronteira com a Síria, diz a mesma fonte, que cita fontes ligadas à Resistência Islâmica iraquiana.

O Iraque disse esta noite que os ataques aéreos movidos pelos Estados Unidos foram atingiram as zonas fronteiriças do país e podem provocar a instabilidade naquela região.

Em comunicado citado pelo The Times of Israel, Yahya Rasool, porta-voz militar do Iraque, afirmou que os ataques “constituem uma violação da soberania iraquiana, minam os esforços do governo iraquiano e representam uma ameaça que pode levar o Iraque e a região a consequências terríveis”.

O senador norte-americano Bernie Sanders partilhou esta sexta-feira uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), em que disse que irá introduzir uma alteração ao pacote de ajuda a Israel, avaliado em 10,1 milhões de dólares.

The U.S. must end its complicity in the nightmare unfolding in Gaza.

That is why I will be offering an amendment to the supplemental bill to ensure zero funding for the continuation of Netanyahu’s illegal, immoral war against the Palestinian people. pic.twitter.com/rbGqzKPQau

— Bernie Sanders (@SenSanders) February 2, 2024

“Os EUA devem acabar com a sua cumplicidade no pesadelo que se desenrola em Gaza. É por isso que apresentarei uma alteração ao projeto de lei suplementar para garantir financiamento zero para a continuação da guerra ilegal e imoral de Netanyahu contra o povo palestiniano”, escreveu Sanders.

O Presidente Joe Biden já reagiu ao ataque lançado pelos Estados Unidos a 85 alvos da Guarda Revolucionária Islâmica, na Síria e no Iraque, dizendo que será apenas a primeira de uma longa resposta à morte de três soldados norte-americanos.

“No domingo passado, três soldados norte-americanos foram mortos na Jordânia por um drone lançado por grupos militantes apoiados pelo Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica do Irão (IRGC). Hoje cedo, assisti ao digno regresso destes corajosos norte-americanos na Base Aérea de Dover, e falei com cada uma das suas famílias”, disse, em comunicado, citado pela CNN.

“Esta tarde, sob a minha direção, as forças militares norte-americanas atingiram alvos em instalações no Iraque e na Síria que o IRGC e as milícias afiliadas utilizam para atacar as forças americanas. A nossa reação começou hoje. Continuará nos momentos e locais que escolhermos”, acrescentou.

“Os Estados Unidos não procuram o conflito no Médio Oriente ou em qualquer outra parte do mundo. Mas que saibam todos aqueles que possam querer fazer-nos mal: se fizerem mal a um norte-americano, nós responderemos“, rematou.

O Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM) confirmou, em comunicado citado pela ABC News, que “conduziu ataques aéreos no Iraque e na Síria contra os Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica, a Quds Force e outra milícias iranianas”.

“As forças militares norte-americanas atingiram mais de 85 alvos, com numerosos aviões, incluindo bombardeamentos de longo alcance, provenientes dos Estados Unidos”, declarou o CENTCOM.

“Os ataques aéreos utilizaram mais de 125 munições de precisão. As instalações atingidas incluíam operações de comando e controlo, centros de informação, foguetes e mísseis, armazéns de veículos aéreos não tripulados e instalações logísticas e de cadeia de fornecimento de munições de grupos de milícias e dos seus patrocinadores do IRGC que facilitavam ataques contra as forças dos EUA e da Coligação”, terminou.

O Pentágono ainda não confirmou o ataque.

O braço armado do Hamas, as Brigadas Qassam, disseram que mataram 15 soldados israelitas nos confrontos na cidade de Gaza.

Tal fez levantar dúvidas sobre a veracidade das declarações de Israel, que horas antes tinha afirmado ter desmantelado o edifício do grupo no norte de Gaza.

Israel ainda não confirmou o número de perdas, segundo a Al Jazeera.

Os Estados Unidos atacaram bases da Guarda Revolucionária Islâmica na Síria e no Iraque, em reposta ao ataque que matou três soldados norte-americanos numa base na Jordânia, confirmaram dois oficiais norte-americanos à Reuters.

As autoridades norte-americanas já tinham aprovado planos para vários ataques a alvos na Síria e no Iraque, em retaliação ao ataque mortal de domingo na base da Torre 22.

Segundo a CBS News, estes planos incluem ataques durante vários dias e surgiram na sequência das declarações de Joe Biden desta terça-feira, que disse que já tinha decidido como responder aos ataques alegadamente conduzidos por militantes apoiados pelo Irão.

A Autoridade Palestiniana saudou hoje o que classificou como “surpreendente evolução da posição” do Reino Unido quanto à possibilidade de reconhecer o Estado palestiniano, expressa há alguns dias pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) palestiniano sublinhou que esta nova posição expressa pelas autoridades de Londres é um “avanço significativo”.

Afirmou tratar-se de “um passo na direção certa”, não só para alcançar um cessar-fogo imediato, mas também para “proteger os civis palestinianos e assegurar as suas necessidades humanitárias básicas”, como “prelúdio” para o fim da ocupação israelita dos territórios palestinianos.

Nesse sentido, o MNE palestiniano apontou a necessidade de estas declarações emitidas por Cameron serem adotadas como posição oficial pela totalidade do Governo britânico e traduzirem-se em medidas práticas no terreno.

Entre elas, apoiar “os direitos justos e legítimos do povo palestiniano” e reparar o “erro histórico” que o Reino Unido cometeu em relação ao mandato britânico que lhe foi confiado pela então Sociedade das Nações em 1922.

Os rebeldes houthis, do Iémen, reivindicaram o ataque com mísseis que as Forças de Defesa Israelitas (IDF, na sigla inglesa) disseram ter intercetado.

Segundo o Times of Israel, o grupo disse que lançou mísseis balísticos da cidade Eilat, localizada a sul do Iémen, tendo estes sito abatidos enquanto sobrevoavam o Mar Vermelho, segundo afirmaram as IDF.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, regressa ao Médio Oriente na próxima semana, naquela que será a quinta viagem desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.

Blinken voará no domingo para uma viagem de cinco dias, começando pela Arábia Saudita e seguindo para Egito, Qatar, Israel e Cisjordânia.

Blinken “continuará a efetuar esforços diplomáticos para chegar a um acordo que assegure a libertação de todos os reféns e inclua uma pausa humanitária que permita uma prestação sustentada e acrescida de assistência humanitária aos civis em Gaza”, referiu a nota dos EUA, citada pelo Times of Israel.

“Blinken continuará a trabalhar para impedir a propagação do conflito, reafirmando que os Estados Unidos tomarão as medidas adequadas para defender o seu pessoal e o direito à liberdade de navegação no Mar Vermelho”, acrescentou.

O Departamento de Justiça do EUA anunciou hoje sanções e apreensões contra uma rede de tráfico de petróleo, que acusa de financiar o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) do Irão.

“As ações do Departamento de Justiça são fundamentais para travar o fluxo de dinheiro que o Irão utiliza para se envolver em atividades que ameaçam as pessoas dentro dos Estados Unidos, bem como os nossos interesses em todo o mundo”, disse um alto funcionário do Departamento de Justiça aos jornalistas, citado pelo Times of Israel.

Desta forma, o Departamento de Justiça anunciou que apreendeu 500.000 barris e mais de 108 milhões de dólares que alegadamente a China Oil & Petroleum Company Limited, que diz ser uma “empresa de fachada do IRGC”, tentou branquear através de contas em instituições norte-americanas.

O exército israelita bombardeou as sedes da Handicap International (HI) e do Crescente Vermelho Palestiniano (CVP) na Faixa de Gaza, provocando um número ainda por determinar de mortos e de feridos, anunciaram esta sexta-feira as duas organizações humanitárias.

Em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, várias pessoas morreram e pelo menos três ficaram feridas num ataque do exército israelita contra a sede do CVP.

Na cidade de Gaza, os escritórios da Handicap International foram destruídos na quarta-feira durante um bombardeamento israelita, indicou hoje a ONG, lamentando não ter recebido “qualquer alerta ou advertência”, apesar de as autoridades israelitas terem sido informadas sobre as coordenadas da instituição.

O edifício está “completamente destruído”, lamentou a HI num comunicado, adiantando que nenhum membro da ONG se encontrava no local na altura das explosões e que desconhece se se registaram vítimas nas proximidades do prédio.

Os ministros do gabinete de segurança israelita estiveram hoje reunidos e foram informados dos requisitos presentes no acordo apresentado ao Hamas para um cessar-fogo temporário.

Segundo o Haaretz, que cita duas fontes que assistiram à reunião, o acordo proposto inclui uma pausa que pode demorar 142 dias, apesar de os partidos terem dito que não ia ultrapassar os dois meses.

Além disso, segundo uma das fontes, o acordo detalha que, numa fase inicial, serão libertados 35 reféns, nomeadamente mulheres, idosos e doentes, durante 35 dias de cessar-fogo.

As negociações para discutir a segunda fase do acordo devem acontecer nos próximos sete dias. Segundo as mesmas fontes, o plano proposto foi bastante criticado pelos ministros, que se opuseram a uma extensão do cessar-fogo.

“Não é ético negociar apenas uma parte do acordo e depois continuar a negociar” a segunda, terá dito o ministro da Justiça, Yariv Levin.

“Não há necessidade de um acordo faseado. Devíamos fazer um acordo único, não em duas fases em que uma envolve a libertação de 35 reféns e apenas na segunda fase o resto”, acrescentou o ministro da Agricultura, segundo uma das fontes, tendo dito ainda que “não está preocupado com as afirmações de que a guerra não será retomada” e que “as IDF saberão como retomar os ataques mesmo após um cessar-fogo”.

Um oficial do Hamas disse hoje, de acordo com a Associated Press, citado pelo Haaretz, que vai responder “muito brevemente” à proposta de Israel, que visa a extensão da pausa de tréguas e a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.