Termina neste momento o debate entre Rui Costa e Francisco Benítez.

Francisco Benítez questiona agora Rui Costa sobre o Footlab, a empresa do candidato da lista A que o candidato da lista B diz ser “parceira do Benfica”. “O Footlab não é parceiro do Benfica. Está a confundir com uma escola de futebol de Linda-a-Velha que paga ao Benfica para ter essa escola do Benfica naquele sítio. Depois, vai lá treinar o que tem de ir treinar. O Footblab não tem nada a ver com o Benfica. Eu não andei a rejeitar tudo o que andei a rejeitar na minha vida para servir o Benfica para depois sujar as minhas mãos ou enganar o meu próprio clube com alugueres de campo de 60 euros. Nunca me servi do Benfica para nada senão pelo meu amor. Mais nada! Isto é ponto assente”, atira Costa.

O debate entrou entretanto numa fase final em que cada candidato vai fazer uma pergunta ao outro. Francisco Benítez foi o primeiro, colocando uma questão sobre declarações de José Eduardo Moniz sobre o facto de o Benfica “ter feito mais pela democracia nos últimos meses do que nos últimos anos”.

A resposta de Rui Costa acaba por criar uma discussão entre os dois candidatos, já que Francisco Benítez considerou que o antigo jogador poderia ter regressado ao Benfica “mais cedo”, ainda em 2000. Costa eleva o tom de voz e recorda que os encarnados não tinham 45 milhões de euros para o contratar, acrescentando que “quando se fala é para dizer alguma coisa e não apenas para atirar para o ar”.

No que toca ao futebol feminino, Rui Costa abre a porta à integração da equipa no Seixal, algo que faz parte do programa de Francisco Benítez. “Se retirarmos da equação pré-Covid, podemos contabilizar dois anos completos e nesse trabalho pouco ou nada há a dizer se não elogiar. Entrámos este ano na Liga dos Campeões, criámos todas as categorias dos Sub-19 aos Sub-13, fomos campeões em todas as categorias. Estou crente de que a breve trecho para se entrar na Liga dos Campeões masculina vai ser preciso ter equipa feminina. Nós estamos à frente. É um processo para crescer. Vamos ter de criar mais infraestruturas para albergar as nossas equipas femininas. Alargar o Seixal para que elas possam também fazer parte e criar um pólo em Lisboa que agregue todas as equipas”, ressalva o anterior vice-presidente.

Ainda sobre as modalidades, Francisco Benítez considera que “o orçamento dividido por modalidades permite perceber custos e receitas e depois investir mais”. “Temos o nosso vizinho da Segunda Circular com metade das receitas e quase o dobro dos títulos. Pode haver algum despesismo ou má alocação do dinheiro. Vamos arranjar um patrocinador para as cinco modalidades de pavilhão, isso dá uma certa segurança de investimento ao patrocinador, mesmo que não ganhe numa das modalidades”, acrescenta.

Rui Costa diz que “não é verdade que não existam orçamentos delineados para cada modalidade”. “Temos orçamentos delineados. Peguei nesse projeto quando entrei para presidente, ocupei-me do mercado de transferências nas modalidades. Estranho que se fale disto quando o Sr. Benítez elogiou o grande trabalho de Fernando Tavares, o vice para as modalidades. Agora já vejo uma panóplia de críticas. Os orçamentos são ajustáveis às necessidades de cada modalidade. No basquetebol o mercado é muito volátil. O facto de termos investido em dez equipas penalizou um pouco o crescimento das equipas. A breve trecho vamos competir com os outros como temos de competir”, termina.

Em resposta, Francisco Benítez defende que a grande falha tem sido “levar os adeptos ao pavilhão”. “Temos formas de o fazer. Podemos fazê-lo, lembro-me de quando vinha com o meu pai. Havia uma coordenação de jogos, não há essa vontade de levar os adeptos aos pavilhões, utilizar o estádio, a BTV. O orçamento ser repartido vai ajudar-nos a perceber quanto cada modalidade tem, queremos definir um diretor geral e um team manager para cada modalidade. Da parte do feminino, em pavilhão, o Benfica está bastante bem”, considera o empresário.

Logo depois, Rui Costa concorda com a ideia de que é necessário “criar mais sinergia” para levar os adeptos até ao pavilhão. “É necessário encontrar meios e estamos a planear isso, para dar mais vida ao Estádio da Luz até mesmo em dias que não há jogos. E aí damos mais informações aos nossos adeptos sobre o que há nos pavilhões. Depois envolver a nossa massa associativa a terem o mesmo gosto pelas modalidades que têm pelo futebol. Temos que dar mais vida, não só aos pavilhões, mas ao próprio estádio nos dias em que não há jogo. A ausência de público é algo que penaliza muito. Vê-se nas fases finais das competições o ânimo que o pavilhão cheio dá”, defende.

Sobre as modalidades, Rui Costa ressalva que “tudo o que seja manto sagrado num campo ou numa quadra vale o mesmo”. “O que eu disse para o futebol vale também paras modalidades. É verdade que nos últimos anos o voleibol tem sido a modalidade mais vencedora. Iniciámos um projeto em que somos o único clube em Portugal em que temos equipas masculinas e femininas em pavilhão, são 10 equipas. Custou algum tempo para iniciar este projeto. É evidente que sendo equipa do Benfica é para ganhar. Neste momento temos duas ou três modalidades para se igualarem aos nossos rivais que têm ganho. Já neste mercado foi feita uma aproximação. A próxima janela está bem estipulada, as lacunas e o que podemos orçamentar. Vai haver um acrescimento de orçamento para que se possa dar mais qualidade às nossas equipas. É um projeto bem vincado na nossa cabeça. Vamos querer ganhar nas 10 equipas das modalidades”, explica o candidato.

Se me dissesse que os nossos jogadores saem daqui porque só querem ganhar dinheiro, iam para a Arábia Saudita e outras ligas. Se o Benfica estivesse constantemente nos oitavos e quartos de final e terminando com intermediação temos mais dinheiro para pagar mais (…) Assim que João Félix começou a dar nas vistas vocês enviaram emissários a todo o lado, andava Luís Filipe Vieira a dizer em Itália a dizer que ele era o novo Cristiano Ronaldo, por isso não vale a pena dizer que conhece muito bem os jogadores. Não podemos é deixar que eles saiam quando ainda nem ganharam nada pelo Benfica”, reitera Francisco Benítez.

Em resposta, Rui Costa considera que Benítez deu “o pior exemplo de todos” por ter falado numa venda de 120 milhões de euros que nenhum clube português “poderia recusar”.

Rui Costa responde a Francisco Benítez sobre a formação encarnada. “O Benfica Campus não tem só a ver com o futebol de formação, mas é a casa da equipa principal. Formação tem sido feito um trabalho de excelência. O Benfica tem jogadores espalhados pelo mundo inteiro, nos 18 clubes da Liga tem jogadores da sua formação. Pretendemos continuar a trabalhar com ela, metê-los na primeira equipa. Este trabalho tem de ser bem medido, a porta tem de ser aberta pelos jogadores, não pode ser um dado adquirido. É fácil dizer que os jogadores vão embora e não nos dão título, mas temos muitos campeões nacionais nos escalões de formações. E tem a ver com as decisões dos próprios jogadores e o mercado nacional que não permite aos clubes manter jogadores durante muito ano. Tem a ver com a projeção da Liga e não diretamente do Benfica”, atira.

“Veja-se o caso do Rúben Dias, estava há três anos na equipa principal e tinha já mercado muito alto. Eu lido diariamente com os nossos jogadores da formação e da equipa B. Estou a dizer algo que sei que é a realidade do futebol. Isto acontece com todos os jogadores, não são só os do Benfica. Em Portugal não conseguimos oferecer aos jogadores as vantagens financeiras e em termos de estatuto que os cinco principais campeonatos dão. Independentemente da prestação na Liga dos Campeões. O que os jogadores querem hoje é darem o salto para essas ligas. É algo que nós tentamos interromper, dando condições para eles crescerem no Benfica”, continua Rui Costa.

“Continuo curioso. No PowerPoint cabe sempre tudo. Dizer que vamos ganhar três Campeonatos e vamos chegar sempre aos oitavos da Liga dos Campeões, escolhendo o modelo de jogo com estas pessoas que vêm para a SAD que continuamos sem saber quem é”, atira o candidato da lista A.

Francisco Benítez destaca que o projeto que apresenta quer ganhar três Campeonato em quatro possíveis e construir uma “estratégia montada para lá chegar”. “Gosto de o ouvir dizer que quer plantéis curtos, antigamente tínhamos plantéis longos. Queremos plantéis curtos com contratações cirúrgicas e a partir daí definir o perfil de jogo”, diz o candidato da lista B, que é desde logo questionado por Rui Costa sobre se Benítez vai também “ser o treinador” para conseguir definir esse perfil de jogo.

“O principal objetivo é recuperar a liderança a nível nacional, há dois anos que não somos campeões. O projeto para o futebol é ter um plantel curto, homogéneo, a usar a nossa formação e que nos permita pensar em chegar aos títulos. É exatamente aquilo que esta época está a ser. O Benfica tem de liderar em tudo. São três premissas que eu tenho: aproximar o clube dos sócios, unir o Benfica e ganhar”, explica Rui Costa.

Sobre os rivais, o candidato explica que as relações com Sporting e FC Porto vão continuar a ser “de respeito” mas sobretudo de “defesa do clube”.

“Neste mercado, contratámos sete jogadores que estão e vão ser influentes na equipa. Tentámos e procuramos sempre que essas aquisições sejam pertinentes. Desde logo, a contratação de dois médios, que era o mais premente para o nosso treinador. Depois, fomos em busca de jogadores para completar o plantel e colocar o Benfica no nível em que está hoje. O scouting não contrata jogadores, o scouting analisa jogadores”, defende Rui Costa.

O candidato da lista A à presidência do Benfica refere que também quer implementar plantéis mais curtos e que é necessária uma “simbiose” entre scouting, treinador e direção para chegar às contratações mais “eficazes”.

Sobre a política de transferências, Francisco Benítez refere que o Benfica anda “a navegar à vista”. “Num dia é o presidente que diz quem é que se compra, no outro é o treinador. O Benfica tem de deixar de ser um interposto de jogadores. O Benfica tem de deixar de contratar jogadores para vencer e passar a contratar jogadores para ganhar. O objetivo é comprar e vender e queremos acabar com isso”, afirma o candidato da lista B, ressalvando que quer também deixar de contar com intermediários como Bruno Macedo.

“As Casas do Benfica são o grande braço armado do clube. Tive a oportunidade de ver a dinâmica destas Casas na campanha. As Casas do Benfica têm um papel fundamental para o Benfica para lá de Lisboa, são as grandes embaixadas do clube”, explica Rui Costa, que considera que é preciso “alimentar” estas Casas.

Francisco Benítez destaca que é nas Casas do Benfica que se vive a “paixão” pelo Benfica e ataca Rui Costa, garantindo que há muito que o anterior vice-presidente não passava por lá. “O Benfica hoje em dia olha para as Casas como fonte de receitas e não como fonte de benfiquismo que tem de ser preservada”, acrescenta.