Momentos-chave
- Sessão termina por aqui. João Paulino será ouvido amanhã à tarde
- É a vez de Filipe Sousa, que trabalhou em Tancos e agora é militar da GNR
- Arguido recusa ter comprado droga a Paulino
- MP acusa-o de ter participado no assalto por causa de uma dívida de mil euros
- Valter Abreu é o primeiro arguido a falar
- Sessão vai ser interrompida para almoço
- Azeredo Lopes vai prestar declarações
- Nove dos dez arguidos acusados do assalto vão falar
- Defesa de Azeredo Lopes diz que PJ "imaginou" as suas intenções
- Defesa de major Vasco Brazão diz que ele reconhece que cometeu um erro
Histórico de atualizações
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Boa noite, este liveblog fica por aqui. Se quiser saber o que se passou na sessão desta segunda-feira, naquele que foi o primeiro momento do julgamento do caso Tancos, pode ainda ler aqui.
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Sessão termina por aqui. João Paulino será ouvido amanhã à tarde
A sessão termina por aqui. Para amanhã, terça-feira, e pela ordem de arguidos no despacho de acusação, seria o arguido João Paulino a começar a prestar declarações, mas o seu advogado não pode estar presente e pede que o seu cliente passe para a tarde.
Este facto levantou um problema: nenhum dos restantes arguidos envolvidos no furto a Tancos quer falar antes de Paulino.
Só um arguido se disponibilizou para ser ouvido logo pela manhã: Luís Sequeira, tenenete-coronel da GNR, envolvido na parte do processo referente à recuperação das armas de Tancos.
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Melo Alves pede que interrogatórios ao arguido Filipe Sousa devem ser nulos
O advogado Carlos Melo Alves, que representa João Paulino, pede que as declarações do arguido Filipe Sousa prestadas em fase de inquérito sejam consideradas nulas.
É que, segundo diz, ficou claro que a sua defesa, assim como a do seu tio Valter, ficou em risco por ser assegurada pelo mesmo advogado. E que havendo contradições entre os arguidos, não pode o advogado “assegurar em simultâneo a defesa de um nem do outro”, o que o próprio tribunal devia ter impedido.
A defesa de Filipe Sousa e o Ministério Público irão pronunciar-se e o tribunal irá decidir.
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As fragilidades de Tancos eram vistas do lado de fora, garante arguido
Filipe Sousa volta a falar nas fragilidades dos Paióis Nacionais de Tancos e diz que eram visíveis do lado de fora, para quem ali passasse. Agora arrepende-se de ter falado sobre isso, mas lembra que o fez entre família e com um ex-militar, João Paulino.
O arguido conta mesmo que as rondas eram feitas a pé, porque o único carro que existia foi envolvido num acidente com um militar dentro das próprias instalações de Tancos.
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Juiz manda reproduzir primeiro interrogatório de arguido por ser diferente do que diz agora
Dadas as diferentes declarações apresentadas em primeiro interrogatório judicial, o juiz decidiu reproduzir o que Filipe Sousa disse ao juiz de instrução. Neste momento estamos a ouvir o interrogatório a ser reproduzido.
Filipe Sousa já afirmou hoje em tribunal que não disse toda a verdade, que respondeu o que o advogado lhe disse. O advogado era o mesmo que o tio.
“Não foi o que o meu tio veio aqui dizer, foi para confirmar algumas coisas do meu tio”, disse. “Não percebi o que o meu advogado estava a fazer na minha defesa até que troquei de advogado”, afirmou.
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O primeiro contacto com João Paulino, que o MP diz ser o mentor do assalto
O tio convidou-o para beber café, não disse que seria no bar JB em Ansião. Há muitos anos que sabe que o tio, o arguido Valter Abreu, consome haxixe, “todos sabemos”.
“Mas vamos para tão longe?”, perguntou ao tio quando soube o destino. “Sim quero apresentar-te a um amigo que também foi militar”. Referia-se a Paulino. Valter disse que lhe devia cerca de mil euros.
Quando chegaram ao JB, em Ansião, o bar estava cheio. “Fiquei a conhecer o Paulino”, diz. O que se seguiu foi uma conversa de café sobre o espaço, ao mesmo tempo que o tio se afastou. “Começamos a falar por ele ter sido militar e eu ser”. “Disse que tinha sido fuzileiro, falámos nas minhas funções, como era no tempo dele e no meu. Foi uma troca de ideias”, recorda em tribunal.
Filipe está de pé e agora sem máscara, a pedido do juiz, para ser ouvido em condições. Diz sem papas nas línguas o que disse a Paulino da falta de condições para trabalhar. Mas recusa que tenha dado informações para um futuro assalto.
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Arguido diz que falou das condições de Tancos numa conversa em família
Não consegue precisar quando, mas Filipe Sousa lembra que estava à mesa e nas notícias falava-se numa entrega de armas ao Exército. “Falei com o meu tio e a minha mãe sobre as dificuldades que estavamos a ter”. A falta de meios humanos, as condições de segurança, redes estragadas, apoio canino. “Não conseguiam dar-nos a segurança necessária”, lembra.
Filipe Sousa recusa ter falado no tipo de fechaduras, porque era informação que não tinha.
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Filipe Sousa descreve rondas em Tancos
“Não tínhamos acesso aos conteúdos dos Paióis (14 e 15 foram os assaltados)”, diz Filipe Sousa. Só o sargento-chefe saberia o material que lá estava, sustenta.
O arguido diz que enquanto militar que estava de serviço aos paióis fez vários relatórios sobre as rondas, que entregou ao oficial de serviço. Recorda-se de algumas fragilidades: janelas partidas, falta de iluminação, gradeamento. “Era habitual” essas referências, diz.
Enquanto militar fazia rondas de duas em duas ou de quatro em quatro horas, dependendo do responsável e do efetivo.
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MP acredita que foi Filipe quem deu as informações, mas não participou no crime
Filipe Abreu de Sousa em 2016 frequentou a Escola de Sargentos do Exército e foi colocado de seguida no Batalhão de Engenharia n.º1 em Tancos.
Em dezembro de 2017 abandonou o Exército e ingressou na formação da GNR em Portalegre. Segundo a acusação do Ministério Público, conhecia todas as fragilidades de Tancos e o que ali estava armazenado. No tempo em que esteve sem trabalhar, Filipe era também revendedor de droga de Paulino, diz o MP.
Contou ao tio, Valter Abreu, todas as fragilidades das instalações militares de Tancos. E depois reuniu-se com Paulino para lhe dar mais informações, sabendo das suas intenções. Não terá participado no assalto.
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É a vez de Filipe Sousa, que trabalhou em Tancos e agora é militar da GNR
Depois de o arguido Valter Abreu afirmar que foi levado pela Polícia Judiciária para fazer o reconhecimento do local do crime e que se limitou a responder que sim, disse também que o fez a pedido do seu advogado — indicado pela própria Polícia Judiciária.
A sua inquirição acabou e passa a ser o seu sobrinho, Filipe, a ser inquirido. Terá sido ele, segundo o Ministério Público, a fornecer informações sobre Tancos, onde prestou serviço.
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Arguido recusa responder aos advogados do sobrinho e de João Paulino
Arguido recusa agora responder às perguntas do advogado do sobrinho, Filipe Alves, e do arguido João Paulino, Carlos Melo Alves. Só quer responder ao seu seu advogado. Acaba por responder aos restantes.
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"Eu não sei é como é que o senhor dá tantos pormenores sem saber de nada", diz o juiz
O juiz Nelson Barra, que preside o coletivo, confronta agora o arguido com as declarações que fez quando foi detido e em que indica os nomes que participaram no assalto, assim como explica como cortou a redes dos Paióis Nacionais de Tancos. Também descreveu à data que iam todos de cara tapada. “É tudo mentira”, diz agora. “Eu não sei é como é que o senhor dá tantos pormenores sem saber de nada”, responde-lhe o magistrado.
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"Nunca estive em Tancos. A primeira vez que eu fui a Tancos foi com a Polícia Judiciária", diz Valter Abreu
“Não houve conversa à minha beira sobre Tancos”, garante o arguido Valter Abreu recusando ter mantido qualquer encontro com Paulino para combinar o assalto. “Nunca estive no assalto, nunca tive relações com o assalto, nem sabia que iam assaltar”, disse.
Valter Abreu diz que nessa noite esteve com a namorada e recusa as provas do Ministério Público que mostram que o seu telemóvel foi desligado durante o crime e que a última antena que ativou foi na A25. “Não desliguei o telefone, estava com a minha namorada”, responde, agora ao procurador do Ministério Público.
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Arguido recusa ter comprado droga a Paulino
Valter Abreu volta a dizer que nunca comprou droga a João Paulino, tido como o mentor do crime. Que o disse à data porque o advogado lhe disse para dizer.
— o senhor quando fala com um juiz está a falar por si ou pelo advogado?, pergunta o juiz.
— eu não estava bem psicologicamente, responde
— e vai dizer ao juiz uma coisa que não é verdade?
— foi o advogado que disse para eu dizer para me safar do processo…
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"Tire a viseira e ponha a máscara", pede o juiz
O tribunal tinha oferecido viseiras aos arguidos para poderem tirar as máscaras, mas a acústica do tribunal parece não estar a ajudar. O juiz pediu então que a retirasse e colocasse a máscara para o conseguir ouvir.
Valter Abreu explica agora a relação com o seu sobrinho que antes dos crimes trabalhava em Tancos. “Ele uma vez chegou a casa chateado da vida a dizer que nem fazia rondas lá”, explica. Diz que o sobrinho lhe falou na falta de segurança e que “se fartava de trabalhar e era um dos únicos que fazia as rondas”.
O juiz continua: “que não havia apoio canino, que não havia câmaras …”. O arguido responde: “sim, sim”. Diz que ele comentou à mesa.
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MP acusa-o de ter participado no assalto por causa de uma dívida de mil euros
Segundo o Ministério Público, Valter era revendedor de droga de João Paulino, que liderava o negócio, e tio de um ex-militar do Exército que trabalhou em Tancos. O sobrinho falou-lhe nas fragilidades daquelas instalações militares. Como devia mil euros a Paulino de negócios de droga, Valter Abreu achou que ele lhe podia relevar a dívida se lhe falasse em Tancos. E assim, segundo o Ministério Público, se planeou o assalto.
Agora Valter rejeita toda esta tese.
É acusado associação criminosa, tráfico e mediação de armas, terrorismo, associação criminosa e tráfico e outras atividades ilícitas.
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Valter contradiz outros interrogatórios: não vendia droga, era só consumidor
Há dificuldades de som na sala. O juiz pede ao arguido que fale mais próximo do microfone. Valter Abreu recusa o que disse em fase de inquérito e de instrução. Afirma que foi o advogado que lhe disse para dizer que vendia droga com o restante grupo. “É totalmente mentira”, afirma.
— Mas diz aqui que vendia haxixe e cocaína à consignação, lê o juiz presidente.
— Não. Não. Eu não vendo droga, era simplesmente consumidor, responde arguido
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Valter Abreu é o primeiro arguido a falar
Valter Abreu, o primeiro arguido a ser inquirido, já está a falar. Usa a viseira que o tribunal lhe ofereceu. Está vestido com um blusão azul escuro, calças de ganga e permanece de pé enquanto ouve o juiz a fazer-lhe as perguntas.
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Major Brazão veio fardado de manhã, mas agora está à civil
Ao contrário da parte da manhã, o major Brazão, que era à data dos crimes o porta-voz da Polícia Judiciária Militar, não vem fardado.
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Sessão retomada, vão começar a falar os arguidos
A primeira sessão de julgamento vai agora retomar, já com os arguidos na sala. O arguido Jaime Oliveira, o único que declarou que não quer falar, pediu, através da sua advogada, para ser dispensado.
O primeiro arguido a falar será Valter Abreu.