O acordo da Ucrânia e Rússia com a Turquia e as Nações Unidas foi o tema em destaque no 149.º dia de guerra. Apesar do compromisso, alguns países já se mostraram céticos de que a Rússia vá cumprir a sua parte. O Presidente ucraniano remete para a ONU a responsabilidade de cumprir o acordo, que vê como a “hipótese de prevenir uma catástrofe mundial”.

• O Presidente da Ucrânia saudou o acordo “importante” para desbloquear os portos ucranianos e retomar as exportações de cereais. Zelensky destaca o momento como uma oportunidade de reduzir a “severidade” da crise alimentar provocada pela Rússia.

• O Reino Unido vai garantir que a Rússia segue os compromissos do desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos, disse a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros.

• Os investigadores russos iniciaram uma investigação criminal a uma vereadora grávida na Sibéria, que é uma das últimas aliadas do opositor do Kremlin, Alexei Navalny, atualmente detido na Rússia.

• A Ucrânia conta com a ONU para aplicar o acordo sobre a exportação de cereais, mas “não pode confiar na Rússia”, avisou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano.

• Os EUA anunciaram um pacote adicional de ajuda militar à Ucrânia no valor de cerca de 264 milhões de euros.

• Um cessar-fogo com a Rússia sem a recuperação dos territórios perdidos só vai prolongar guerra, considera o Presidente ucraniano.

• O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, mostrou-se pouco confiante de que a Rússia cumpra a sua parte do acordo sobre a exportação dos cereais.

• O ministro dos Negócios Estrangeiros vai iniciar uma tour em África, enquanto o Kremlin procura estabelecer outras alianças.

• O Banco Central da Rússia vai estender as restrições aos levantamentos de dinheiro de moedas estrangeiras para russos que coletivamente tenham cerca de 85 mil milhões de dólares nas contas bancárias.

• Abrunhosa pediu um posicionamento do Governo em relação à “intimidação” que diz ter sofrido da Embaixada da Rússia em Portugal. O ministro dos Negócios Estrangeiros português já criticou o tom das autoridades russas.

• O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, congratulou-se que Washington e Bruxelas tenham deixado de dificultar os acordos assinados para exportar cereais ucranianos e russos.

• O primeiro-ministro demissionário, Boris Johnson, falou com o Presidente ucraniano, garantindo que o Reino Unido “não vacilará” no apoio à Ucrânia, independentemente de quem o substituir.

A Europol anunciou que não tem nenhum registo de contrabando de armas para fora da Ucrânia. Num comunicado, a que o The Guardian teve acesso, a agência europeia diz ter total confiança no país, especialmente com as novas medidas que começou a implementar para monitorizar armas.

“A Europol está a trabalhar em estreita colaboração com autoridades ucranianas para mitigar a ameaça do tráfico de armas na União Europeia. Temos total confiança nos ucranianos, enquanto implementam novas medidas para monitorizar e rastrear essas armas de fogo”, referem.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atómica pediu “contenção máxima”, após os recentes relatórios que indicam uma situação preocupante na central nuclear de Zaporíjia, avança a CNN.

A central ucraniana está em território atualmente ocupado pelas forças russas e, desde o início da ocupação, a AIEA está impossibilitada de visitar o local.

“Os relatórios são muito preocupantes e reforçam ainda mais a importância de uma visita da AIEA à fábrica de Zaporíjia. Continuo os meus esforços determinados para liderar uma missão de segurança, proteção ao local o mais rápido possível. É urgente”, afirmou Rafael Grossi.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que Portugal não deve racionar o gás, como defende a União Europeia, porque essa medida em nada poderia ajudar os outros países.

“Não pode ser Portugal e Espanha serem solidários, colaborando, sacrificando os seus nacionais, quando aquilo que poderiam dar de gás não é utilizado por outros países europeus, porque não há a possibilidade de conexão com esses países”, referiu o Chefe do Estado em declarações aos jornalistas.

A Comissão Europeia apresentou, na quarta-feira, um plano europeu de redução do consumo de gás na União Europeia de 15% até à primavera, quando se teme corte no fornecimento russo, admitindo avançar com redução obrigatória da procura perante alerta.

Na quinta-feira, o ministro do Ambiente reiterou a recusa da proposta da Comissão Europeia e contrapôs que Portugal entende que esta questão deve ser negociada em Conselho Europeu.

Falando hoje à margem de uma iniciativa em que participou, em Fafe, no distrito de Braga, que assinalou os 48 anos de democracia em Portugal, o Presidente da República lembrou: “O problema [do gás] é muito simples, como, aliás, o Governo tem afirmado. É perfeitamente compreensível que nós estivéssemos na disposição de racionar gás, quando nós temos gás, se isso servisse para algum interesse, alguma necessidade europeia”.

Contudo, prosseguiu, “Portugal e a Espanha têm tentado defender a interconexão, isto é, a saída do gás de Portugal e de Espanha para França e para o resto da Europa e não tem sido permitido isso até agora”.

Marcelo recordou que tem havido várias promessas “vagas” de o gás sair da Península Ibérica para outros destinos, como “uma boa ideia, mas que é para ser construída, que seria um gasoduto que ligasse a Espanha a Itália e por aí ligasse a outros países”.

O governador da administração militar de Nikopol anunciou uma “renda adicional” a quem faça uma detenção civil ou denuncie colaboradores russos na região.

Nikopol anuncia recompensa para quem ajudar a capturar “traidores”

O Presidente da Ucrânia saudou esta sexta-feira a assinatura de um acordo “importante” para desbloquear os portos ucranianos e retomar as exportações de cereais. Volodymyr Zelensky destaca o momento como uma oportunidade de reduzir a “severidade” da crise alimentar provocada pela Rússia.

“Há uma hipótese de evitar uma catástrofe global, uma fome que pode levar ao caos político em muitos países do mundo, em particular nos países que nos ajudam”, afirmou.

No discurso diário, o líder ucraniano adiantou que o país tem cerca de dez mil milhões de dólares em cereais disponíveis para venda. São cerca de 20 milhões de toneladas de cereais da colheita do ano passado que vão agora poder ser exportados. Também os cereais deste ano, que já estão a ser colhidos, vão ser comercializados.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, referiu esta sexta-feira que a ONU é responsável por fazer cumprir o acordo assinado entre Kiev e Moscovo para o desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos.

“Todos entendem que a Rússia se pode envolver em provocações, tentativas de desacreditar os esforços ucranianos e internacionais. Mas confiamos na ONU. Agora, é responsabilidade desta garantir o cumprimento do acordo”, atirou o chefe de Estado ucraniano no seu discurso diário em vídeo.

Socorristas recuperaram três corpos de uma escola atingida por um míssil russo no leste da Ucrânia, disseram hoje as autoridades ucranianas, referindo que este foi apenas um de uma série de ataques contra o país.

As baixas na cidade de Kramatorsk surgiram após um grande ataque na quinta-feira numa área densamente povoada da segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, que matou pelo menos três pessoas e feriu 23.

Os ataques coincidem com o acordo mais relevante entre Rússia e Ucrânia desde o início do conflito, em fevereiro. Os dois países estabeleceram hoje compromissos com a Turquia e a ONU para o desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos e algumas exportações russas de cereais e fertilizantes.

O Reino Unido vai garantir que a Rússia cumpre os seus compromissos, após Kiev e Moscovo terem assinado um acordo para o desbloqueio dos cereais nos portos ucranianos, disse hoje a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros.

“Este acordo deve ser implementado e estaremos atentos para assegurar que as ações da Rússia correspondam às suas palavras”, referiu Liz Truss, salientando: “Para permitir um regresso duradouro à segurança global e à estabilidade económica, [Vladimir] Putin deve pôr fim à guerra e retirar-se da Ucrânia”.

Os investigadores russos iniciaram uma investigação criminal a uma vereadora grávida na Sibéria, que é uma das últimas aliadas do opositor do Kremlin, Alexei Navalny, atualmente detido na Rússia.

Segundo o The Guardian, o Comitê de Investigação abriu um processo contra Helga Pirogova por difundir desinformação sobre os militares russos.

Pirogova, de 33 anos, é um membro independente do conselho da cidade de Novosibirsk e tem sido uma das criticas da invasão da Ucrânia.

A Ucrânia conta com a ONU para a aplicação do acordo concluído hoje em Istambul sobre a exportação dos seus cereais, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, sublinhando que “não pode confiar na Rússia”.

“Temos confiança na ONU enquanto força motriz deste acordo, enquanto instituição e no secretário-geral que investiu a sua reputação e a sua capacidade para que o acordo funcione e a Rússia não o rompa, como já rompeu diversos acordos”, declarou Kuleba em conferência de imprensa.

A Rússia e a Ucrânia assinaram, nesta sexta-feira, acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais retidos nos portos do Mar Negro devido ao conflito armado em território ucraniano.

Os Estados Unidos anunciaram um pacote adicional de ajuda militar no valor de 270 milhões de dólares (cerca de 264 milhões de euros), noticia o The Guardian.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, explicou que entre o equipamento enviado vão constar quatro novos sistemas de foguetes de precisão HIMAR, 500 novos Phoenix Ghosts (drones pequenos e portáteis) e 36 mil cartuchos de munição de artilharia. Com o novo pacote, o total de Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade M142 cedidos passa a 20.

Um cessar-fogo com a Rússia sem a recuperação dos territórios perdidos só conduzirá ao prolongamento da guerra, afirmou o Presidente ucraniano.

“Congelar o conflito com a Federação russa significa uma pausa que lhes dá tempo para descansar”, sublinhou numa entrevista ao Wall Street Journal.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, mostrou-se pouco confiante de que a Rússia cumpra a sua parte do acordo hoje assinado sobre a exportação dos cereais.

“A confiança do Canadá na fiabilidade da Rússia é praticamente nula”, disse Trudeau, citado pelo The Telegraph, acrescentando que não demonstraram nada além de “má fé”.

“Eles precipitaram uma crise global de energia e uma crise global de alimentos com a invasão da Ucrânia. O resto de nós tem trabalhado muito, muito duro para tentar mitigar esses problemas em todo o mundo”.

Trudeau garantiu que as nações do Ocidente vão observar de perto o cumprimento do acordo.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, congratulou-se hoje que Washington e Bruxelas tenham deixado de dificultar os acordos assinados para exportar cereais ucranianos e russos, considerando artificiais as tentativas de acusar Moscovo de provocar uma crise alimentar.

“É gratificante que Washington e Bruxelas tenham deixado de colocar obstáculos aos acordos hoje alcançados”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo em declaração difundida pelo seu ministério.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, vai iniciar uma tour em África, enquanto o Kremlin procura estabelecer outras alianças numa altura de relações tensas com o Ocidente.

A viagem vai iniciar-se com uma visita ao Egito, no domingo. Lavrov vai encontrar-se no Cairo com membros da Liga Árabe, antes de partir para a Etiópia e para Uganda, dois países cuja relação com o Ocidente se tornou tensa, refere a Reuters. O percurso também inclui uma paragem na República Democrática do Congo.

O Banco Central da Rússia vai estender as restrições aos levantamentos de dinheiro de moedas estrangeiras para russos que coletivamente tenham cerca de 85 mil milhões de dólares nas contas bancárias.

Segundo a Reuters, a informação foi avançada pela governadora Elvira Nabiullina, que explica que o banco “será forçado a estender essas restrições” antes que expirem no início de setembro.