A 20 de março de 2017 faz 25 anos que o filme “Instinto Fatal” estreou nos cinemas norte-americanos (a longa-metragem chegou a Portugal a 7 de agosto do mesmo ano, segundo o IMDB). Talvez em jeito de celebração pelo pouco redondo mas significativo aniversário, o espanhol El País recorda uma das polémicas associadas ao filme realizado por Paul Verhoeven: a mítica cena do (des)cruzar de pernas foi ou não filmada com o consentimento de Sharon Stone?

A cena erótica em que Catherine Trammell, personagem suspeita de um assassinato interpretada por uma Sharon Stone de 34 anos, onde cruza e descruza as pernas à frente dos inspetores é, talvez, uma das mais conhecidas no universo do cinema. É uma cena que ajudou a elevar o filme e os seus atores à posteridade, mas nem por isso está isenta de uma pequena controvérsia.

Segundo o jornal espanhol, há duas versões sobre como a cena foi filmada. O realizador Verhoeven já antes disse que Stone sabia o que estava a fazer e que se mostrou, inclusive, satisfeita com o desenrolar da história. Mas, segundo Stone, a atriz foi enganada. “Quando a filmámos, ia ser uma insinuação. Mas [Verhoeven] disse-me: ‘Consigo ver a tua roupa interior, preciso que a tires.’ Ele assegurou-me que não se ia ver nada”, contou a atriz.

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Filmada a cena, Stone teve oportunidade de a ver no pequeno ecrã mas, como à data não havia alta definição, a atriz não conseguiu perceber que à mostra, e à vista de todos, estava mais do que o desejado. O problema foi quando, no cinema, viu a cena pela primeira vez rodeada de pessoas conhecidas. “Fiquei em estado de choque”, disse a atriz em 2014 no programa norte-americano “The Talk”. “Quando o filme terminou, levantei-me, aproximei-me de Paul Verhoeven e dei-lhe uma bofetada.”

Dito isto, Stone reconhece que a cena é adequada à história do filme. E se tivesse sido ela a realizadora de “Instinto Fatal”, não a cortaria, muito embora tivesse tido a cortesia de a mostrar à atriz protagonista do plano.

“Sharon está a mentir”, disse Paulo Verhoeven à ICON, revista do El País. “Qualquer atriz sabe o que se vai ver quando lhe pedes que tire a roupa interior e apontas a câmara para ali. Ela deu-me as cuecas como presente. Quando viu o resultado no monitor, não teve nenhum problema. Acho que teve que ver com o facto de o diretor de fotografia [Jan de Bont] e eu sermos holandeses, encaramos o nu com naturalidade. E Sharon deixou-se levar por essa atitude relaxada. Mas quando viu a cena rodeada de outras pessoas, incluindo o agente e a publicista, ficou louca. Todos lhe disseram que aquela cena ia arruinar a carreira dela, pelo que ela pediu-me que a eliminasse. Disse-lhe que não. [Disse -lhe] ‘Aceitaste e eu mostrei-te o resultado'”, conta Verhoeven.

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A par disto, e do “mistério” cinematográfico, o realizador ainda hoje diz que “ninguém mais poderia ter feito este trabalho”. “Ela consegue ser muito cruel e muito encantadora. (…) Sharon Stone é assim. Ela é Catherine Trammell, mas sem o picador de gelo”.