“As roupas dele são as únicas em que me sinto eu própria. Ele é mais do que um couturier, ele é um criador de personalidades.” Audrey Hepburn sobre o designer Hubert de Givenchy
Uma história de moda e de amor construída em torno do bom gosto. Contam-se uma centena de peças que compõem a exposição dedicada à vasta carreira de Hubert de Givenchy, o aristocrata e designer francês que em 1952 fundou a casa da moda que lhe levou o apelido emprestado. Aos 87 anos, foi ele quem selecionou as criações que marcam presença no museu madrileno Thyssen-Bornemisza — é a primeira mostra dedicada por inteiro à moda organizada por aquela instituição cultural — com base nas próprias recordações e que pretendem homenagear os seus clientes e costureiras.
En el @museothyssen está todo listo para la inauguración de la expo sobre Hubert de Givenchy. Qué ganas pic.twitter.com/XuATGyVmEf
— Greta (@ladygrett) October 17, 2014
Diz o El País que a exposição tem um cariz muito mais emocional do que académico, chegando a converter-se num ato de amor ao ofício. Uma ocasião rara pelo facto de ser um criador da “era dourada da alta-costura” a escrever o seu testamento — “é incomum que o próprio designer decida como quer ser recordado”, escreve a publicação espanhola.
Incomum será também o percurso por ele tomado, sendo que algumas das estrelas mais icónicas do século passado — Grace Kelly, Elizabeth Taylor, Jackie Kennedy e a sua musa Audrey Hepburn — renderam-se em vida ao talento e corte com a assinatura Givenchy, um nome (perdão, legado) que tem sido sinónimo de glamour parisiense há mais de 50 anos, diz a Vogue.
Fashion legend Hubert de Givenchy dedicates a book to his friend and muse, Audrey Hepburn. http://t.co/kBfa23ylTp pic.twitter.com/ZG2NvOIwNE
— Architectural Digest (@ArchDigest) September 19, 2014
Hubert de Givenchy vendeu a marca própria em 1988 ao maior grupo de luxo do mundo, Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), e retirou-se passados sete anos apenas para ver o antigo negócio crescer mais e mais com o contributo designers como John Galliano, Alexander McQueen e, desde 2005, Riccardo Tisci. O em tempos discípulo do espanhol Cristóbal Balenciaga (1895-1972) não esconde ao El País o distanciamento que sente para com a indústria de moda atual.
“Comecei quando a alta-costura significava algo. Madame Grès, Balenciaga e Dior eram artistas. As pessoas aprendiam nas suas oficinas e não se pode substituir esse talento. Hoje, muitas empresas fazem coleções para vender, de imediato, malas e sapatos. É uma questão financeira. Mas a alta costura era outra coisa: mulheres fiéis que amavam vestir-se consoante uma casa de moda porque ela correspondia ao seu estilo. Não se deve lamentar o passado. Mas hoje, tal como ontem, trata-se de fazer coisas com sentido e que não sejam vulgares. O mesmo com as excentricidades. Balenciaga desenhava peças fantásticas, mas sempre respeitou o bom gosto e os materiais”.
Os trabalhos que marcam presença no museu Thyssen-Bornemisza representam diferentes épocas e estilos: recorde-se que, entre as criações mais originais com o cunho Givenchy, destaca-se a blusa Bettina, os vestidos “chemisier”, na forma saco, e outros desenhos prêt-à-porter, um conceito que ele próprio criou em 1954. A exposição pode ser visitada a partir de 22 de outubro, e até 15 de janeiro, na capital espanhola.