O número de alunos que apenas quer concluir o 12.º ano de escolaridade está aumentar, mas a formação universitária continua a ser a meta para a maioria, conclui um inquérito a cerca de dois mil estudantes. No ano letivo 2013/2014, 54,5 por cento dos 2.192 alunos inquiridos apontavam como meta a formação universitária, percentagem que representa uma quebra de nove pontos percentuais em relação aos 63,5 por cento do ano anterior, revela o barómetro Educação em Portugal 2014, promovido pela associação Empresários pela Inclusão Social (EPIS).

Por outro lado, segundo o estudo, o número de alunos que quer concluir apenas o 12.º ano de escolaridade aumentou para os 39,5 por cento, uma subida de 6,9 pontos percentuais em relação aos 32,6 verificados no ano anterior. Quer num caso, quer no outro, a tendência evidenciada pelos alunos alarga-se também às famílias, nas quais aumentou a expectativa de apenas ver concluído, pelos filhos, o 12.º ano (de 20,6 para 29,3 por cento), enquanto diminuiu a de um percurso universitário (de 78,3 para 69,5 por cento).

A conclusão do 9.º ano é apontada como opção por 6,0 por cento dos alunos inquiridos, valor que representa um crescimento de 3,9 por cento, quando comparado com o ano anterior. “A descida das metas escolares evidenciadas no barómetro estará associada a uma perceção errada sobre quem são as principais vítimas do desemprego, quando comparadas as habilitações académicas”, considerou Luís Palha da Silva, presidente da EPIS, em comunicado. “O desemprego qualificado referente aos licenciados tem sido mais valorizado. No entanto, o desemprego não qualificado é o que afeta maior percentagem de portugueses”, acrescentou.

Por isso, para o responsável da EPIS, as conclusões do barómetro representam “um sério alerta” sobre a relação entre desemprego e a baixa escolaridade. “Quando alunos e pais optam pelo 12.º ano, em detrimento de um curso superior, estão a aumentar a probabilidade de cair no desemprego. O desemprego não qualificado é uma chaga social para a qual é necessária uma resposta urgente”, considerou. O inquérito conclui ainda que os alunos querem lideranças mais fortes e escolas mais exigentes em termos de disciplina, sucesso escolar e envolvimento da comunidade.

O inquérito analisou ainda os hábitos de leitura na família, tendo registado uma evolução negativa, com apenas 50,7 por cento dos alunos inquiridos a referir como frequentes os hábitos de leitura em casa. Os resultados do estudo revelam ainda que se acentuou a permissividade relativamente aos horários de computador e televisão e às saídas com os amigos.

A EPIS tem como objetivo promover a inclusão social em Portugal, através da capacitação das competências não cognitivas de crianças e jovens entre os seis e os 24 anos, em contexto de debilidade socioeconómica. Criada em 2006, por um grupo de empresários e gestores portugueses, a EPIS assume-se como “o maior parceiro privado do Ministério da Educação, no combate ao insucesso e abandono escolar”. O barómetro é o principal instrumento de rastreio de alunos em risco e é a partir das suas conclusões que são selecionados os jovens que serão acompanhados em proximidade pelos programas de combate ao insucesso escolar desenvolvidos pela associação. Desde o início dos programas, a EPIS acompanhou mais de 13 mil alunos.

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