Que as placas tectónicas de rocha sólida (litosfera) se movem sobre o manto mais plástico (astenosfera) não é novidade, mas agora um grupo de cientistas propôs ver ‘como é que isso acontece’. ‘Ouvir o som’ das explosões de dinamite permitiu perceber que entre as placas tectónicas e o manto havia uma camada diferente, que funcionaria como um lubrificante para o movimento das placas.

O estudo do interior da Terra e das camadas que o compõe tem sido conseguido sobretudo pela análise das ondas sísmicas, que viajam a velocidades diferentes e cujo comportamento varia consoante se trata de um meio mais líquido ou mais sólido. Agora, a equipa coordenada por Tim Stern, geólogo na Universidade de Vitória, em Wellington (Nova Zelândia), usou meia tonelada de dinamite numa zona de subducção – onde uma placa oceânica se afunda por baixo de uma placa continental – e pela medição da progressão das ondas geradas conseguiu uma imagem mais detalhada. Próximo da base da placa tectónica as ondas sonoras abrandaram a velocidade antes de serem refletidas pelo manto, provavelmente devido a uma camada de água ou de materiais fundidos.

Entre a litosfera (sólida) e a astenosfera (líquida) existe uma camada (a vermelho) que funciona como lubrificante no movimento das placas tectónicas, segundo o estudo publicado na Nature - D.R.

Entre a litosfera (rígida) e a astenosfera (plástica) existe uma camada (a vermelho) que funciona como lubrificante no movimento das placas tectónicas, segundo o estudo publicado na Nature – D.R.

O estudo apresentado na Nature vem de certa forma contrariar a teoria que defende que o movimento das placas tectónicas é explicado pelas correntes de convecção do manto. Esta teoria assume que o magma nesta camada aquece em profundidade, sobe até à superfície e volta a descer quando arrefece. A circulação destas massas quentes fundidas acaba por arrastar as placas, justificando o movimento.

Por outro lado, esta experiência dá apoio à teoria que defende que as placas se movem porque as extremidades se vão enterrando no manto devido ao peso, criando uma espécie de movimento continuo. Mas para perceber se o movimento das placas é principalmente potenciado pela camada lubrificante e não pelas correntes do manto – se as placas são puxadas e não empurradas -, os investigadores precisam de provar que essa camada existe noutras zonas de subducção e que tem um comportamento semelhante.

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