O programador cultural António Pinto Ribeiro demitiu-se do cargo de coordenador geral da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), e de acordo com o organismo, “a demissão foi feita a pedido do próprio e aceite pelo conselho de administração”.

Contactado pela agência Lusa, António Pinto Ribeiro indicou numa mensagem de correio eletrónico que pediu a demissão como colaborador da Gulbenkian, “a partir de 15 de setembro deste ano”, devido às “atitudes autoritárias do presidente da FCG, [Artur Santos Silva]”, que considerou “inapropriadas numa sociedade livre e democrática”.

A data de saída [15 de setembro] foi solicitada ao conselho de administração pelo programador cultural para concluir a edição deste ano do Programa Gulbenkian Próximo Futuro, que dirige na fundação desde 2009.

No início de fevereiro deste ano, a fundação tinha anunciado a nomeação de Pinto Ribeiro, 59 anos, com o objetivo de “conseguir uma crescente articulação entre todas as iniciativas” para os diferentes públicos.

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Outra razão tem a ver o cargo de coordenador geral da FCG para qual tinha sido convidado: “Tratava-se apenas de uma figura de retórica, porque, na verdade, a programação continuou a ser feita até meados de junho de 2017 sem que eu dela tivesse conhecimento (pelos diretores dos outros serviços e aprovada pelo membro da administração responsável)”.

Segundo Pinto Ribeiro, “a orientação programática [da FCG] para os próximos anos não é a programação adequada para os tempos e o mundo em que hoje vivemos”.

António Pinto Ribeiro era desde 2004 consultor cultural da Gulbenkian, onde criou o Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística (2004-2008) e a partir de 2009 o Programa Gulbenkian Próximo Futuro, que, segundo a FCG, deverá terminar em 2016.

O programador recorda que integrou na agenda da fundação “as questões de interculturalidade, imigração cultural, através de programas como Distância e Proximidade, o Fórum Cultural O Estado do Mundo, que durante dois anos produziu cinema”, e também organizou exposições, livros, óperas e seminários.

António Pinto Ribeiro, natural de Lisboa, tem formação académica nas áreas da Filosofia, Ciências da Comunicação e Estudos Culturais, nas quais tem desenvolvido trabalho de investigação e de produção teórica, que tem publicado em revistas da especialidade, tendo exercido as funções de diretor artístico da Culturgest, em Lisboa, desde a criação da instituição, em 1992, até abril de 2004.