O último livro da saga Harry Potter – “Harry Potter e os Talismãs da Morte” – termina com a personagem principal da saga 19 anos depois de matar Lord Voldemort, casado com Gina Weasley e já com três filhos. Quem é esse Harry Potter? J. K. Rowling não o descreveu em pormenor. Mas uma peça de teatro que estreará em Londres no próximo verão retrata a vida das personagens da saga com essa idade – e a atriz escolhida para interpretar Hermione Granger é negra, e não branca, como a imaginamos depois de Emma Watson lhe ter dado vida no grande ecrã.

Chama-se Noma Dumezweni, tem 46 anos e nasceu na Suazilândia, filha de sul-africanos. É atriz, já ganhou um prémio Olivier (um dos distintos prémios do teatro londrino) e é negra – essa foi a principal surpresa, para todos os acompanharam a inteligente e ruiva Hermione Granger na sua versão cinematográfica.

A escolha, porém, podendo ser inusitada, não é descabida. Afinal, como explica o jornal britânico The Guardian, a personagem nunca foi descrita por J. K. Rowling como branca: a sua cor de pele nunca é referida nos livros da saga Harry Potter. A própria escritora confirmou isso mesmo numa publicação partilhada no Twitter, onde explica que esta é retratada apenas como sendo “muito inteligente” e tendo “olhos castanhos e cabelo encrespado” – o seu tom de pele “nunca foi especificado”, sublinha. J. K. Rowling mostra ainda satisfação por ver Hermione Granger ser interpretada por uma atriz negra:

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O The Guardian argumenta ainda que a personagem de Hermione Granger adapta-se na perfeição a uma personagem negra: afinal, esta provém de uma família Muggle, não sendo uma feiticeira puro-sangue – algo que leva a que seja recorrentemente atacada por Draco Malfoy, por exemplo -, e pertencendo a uma minoria dentro do universo de magia e feitiçaria que a saga retrata.

A peça de teatro, intitulada “Harry Potter e a criança amaldiçoada”, vai estrear a 30 de julho nos teatros de West End, em Londres. O encenador será o britânico John Tiffany, e o argumento é escrito pelo mesmo, em parceria com o argumentista Jack Thorne e com a própria J. K. Rowling. A sinopse da peça foi partilhada no jornal norte-americano The New York Times:

“Foi sempre difícil ser Harry Potter, e não é muito mais fácil agora que é um sobrecarregado empregado do Ministério da Magia, um marido e um pai de três crianças em idade escolar. Enquanto Harry luta com um passado que se recusa a ficar para trás, o seu filho mais novo, Albus, tem de lutar com o peso de um legado familiar que nunca desejou”, lê-se, no excerto da sinope partilhado pelo jornal.