As curtas-metragens “Campo de víboras”, de Cristèle Alves Meira, e “Ascensão”, de Pedro Peralta, são as duas produções portuguesas apresentadas na Semana da Crítica, secção paralela do Festival de Cannes, que encerra este domingo com o anúncio dos vencedores.

As incógnitas sobre os vencedores da 69.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Cannes situam-se, no entanto, ao nível dos candidatos à Palma de Ouro, que contam com as longas-metragens dos realizadores Kléber Mendonça Filho (“Aquarius”), Pedro Almodóvar (“Julieta”), Olivier Assayas (“Personal shopper”), Xavier Dolan (“Juste la fin de monde”), Maren Ade (“Toni Erdmann”), irmãos Dardenne (“La fille inconnue”), Ken Loach (“I, Daniel Blake”), Brillante Mendoza (“Ma’Rosa”), Sean Penn (“The last face”), Paul Verhoeven (“Elle”), Nicolas Winding Refn (“The neon demon”).

Esta edição do festival, sujeita às medidas de segurança mais apertadas de sempre, por causa dos atentados de novembro, em Paris, foi marcada por 30 organizações europeias de cinema se terem unido num protesto contra o Governo do Irão, em defesa do cineasta iraniano Keywan Karimi, de 30 anos, condenado a 223 chicotadas, no seu país, por ter dirigido o documentário “Writing on the city” (“Escrevendo na cidade”) sobre os ‘graffiti’ de Teerão.

As duas ‘curtas’ portuguesas “Campo de víboras” e “Ascensão”, premiadas no festival IndieLisboa, no início do mês, foram selecionadas para competição, no âmbito da Semana da Crítica, com prémios que visam o apoio à produção de novas obras dos vencedores e que podem ir até aos 15 mil euros.

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“Campo de víboras”, um filme da realizadora francesa Cristèle Alves Meira, de ascendência portuguesa, foi rodado e inspirado em histórias do concelho de Vimioso. Com Ana Padrão, Ana Brito e Cunha e Simão Cayatte, a ação do filme decorre durante as festas dos Caretos quando, num jardim cheio de víboras, é encontrado o corpo de uma mulher, e a sua filha desaparece sem deixar rasto.

Em “Ascensão”, numa sequência de apenas três planos, Pedro Peralta registou o resgate de um homem que caiu dentro de um poço, no campo, ao nascer do dia. O realizador filmou o esforço dos camponeses na recuperação do corpo, o silêncio das mulheres que assistem e ainda a mãe que acolhe o filho nos braços.

Criada em 1962 pelo sindicato de críticos de cinema, a Semana da Crítica de Cannes tem como objetivo dar a conhecer novos talentos do cinema, apresentando primeiras e segundas obras de realizadores de todo o mundo.

Por esta secção, ao longo das suas 55 edições, passaram nomes como Ken Loach, Wong Kar Wai, Jacques Audiard, Jeff Nichols, François Ozon, Gaspar Noé e Alejandro Gonzalez Iñárritu.

Em Cannes, fora de competição, foram ainda apresentadas duas longas-metragens com participação portuguesa: “La forêt de Quinconces”, de Grègoire Leprince-Ringuet, produzida por Paulo Branco, e “La mort de Louis XIV”, do espanhol Albert Serra, cuja rodagem passou por Portugal, teve a participação da Rosa Filmes e é protagonizada pelo ator francês Jean-Pierre Léaud, homenageado com uma Palma de Ouro Honorária, nesta edição do festival.

Este ano, o festival abriu com o novo filme de Woody Allen, “Café society”, exibido fora de competição, e encerra, pela primeira vez, com a exibição do vencedor da Palma de Ouro.

O júri foi presidido pelo realizador australiano George Miller.