As notícias sobre a investigação ao antigo ministro Manuel Pinho são vistas com “perplexidade” por Augusto Santos Silva e como “absolutamente inaceitáveis”, por Jorge Seguro Sanches. Tanto o ministro dos Negócios Estrangeiros como o secretário de Estado da Energia colocam a situação no condicional, mas mostram desconforto com as suspeitas de benefícios dados por Pinho à EDP durante o tempo em que foi ministro da Economia do primeiro Governo de Sócrates.
Em entrevista à SIC-Notícias, esta quarta-feira à noite, Augusto Santos Silva fez questão de colocar o “se” antes de qualquer resposta sobre a investigação ao antigo colega de Governo (no primeiro Executivo de Sócrates) Manuel Pinho, mas admite a gravidade que a situação envolve: “As suspeitas são sobre comportamentos que, a terem existido, significam crimes gravíssimos”. O governante diz ter “prezado” o trabalho de Pinho no Ministério da Economia, mas assiste às últimas notícias sobre o caso com “enorme perplexidade”, enquanto espera pelo trabalho da Justiça.
Se se verificar que algum dos meus colegas cometeu um crime o exercício de funções sentir-me-ei enganado. E, mais importante que isso, sentiria que a confiança que as pessoas depositaram em fulano, beltrano e sicrano tinha sido traída”
Seguro Sanches surgiu no mesmo tom, também na SIC-Notícias no programa Negócios da Semana. “A confirmar-se, são situações absolutamente inaceitáveis. O que esperamos é que haja esclarecimentos sobre estas questões que, a serem verdade, são absolutamente inaceitáveis”, repetiu o secretário de Estado da Energia do atual Governo.
No caso de Augusto Santos Silva, que esteve sentado com Manuel Pinho na mesma mesa do Conselho de Ministros (na altura em que Pinho foi ministro da Economia era o ministro dos Assuntos Parlamentares de Sócrates), há um elogio ao antigo colega de Executivo: “Fui colega e prezei bastante o seu trabalho à frente do Ministério da Economia”. Isto ao mesmo tempo que admite que “as questões de ética da política” são muito importantes para si: “Não pertenço ao mundo dos que entendem que a ética é apenas cumprir a lei, vai além da lei”.
Também o secretário de Estado da Energia defende que “o objetivo de quem está na política” deve ser exercer funções com “critérios de exigência e de transparência”.
As suspeitas são sobre comportamentos que a terem existido significam crimes gravíssimos. Mas eu não confundo suspeitas com acusações”, argumentou Santos Silva
O ministro dos Negócios Estrangeiros defende cautela enquanto o processo decorre na justiça, defendendo que Manuel Pinho “é arguido num processo e que ainda nem sequer foi alvo de interrogatório”: “Devemos respeitar os processos judiciais e poder soberano dos tribunais nessas matérias”. O mesmo argumento que repete para o caso Sócrates, sobre o qual é bastante mais reservado nos comentários. Nesse caso, Santos Silva lembra “a forma exemplar como o próprio José Sócrates e o líder socialista António Costa reagiram ao desenvolvimento do processo dizendo que era uma questão de justiça e não de política”. Também defende que estes temas devem ficar fora do palco do congresso do PS do final de maio.