Shawn Mendes atingiu o estrelato com “Stiches” em 2015, e a partir daí nunca mais parou. O luso-canadiano já esteve duas vezes em Portugal, a primeira em 2017, no Altice Arena, onde volta a tocar esta quinta-feira, depois de ter sido cabeça-de-cartaz da 22ª edição do Meo Sudoeste no ano passado. Mas afinal quem é Shawn Mendes? E porque tem um apelido português?

Shawn Peter Raul Mendes tem apenas 20 anos, nasceu a 8 de agosto de 1998 em Toronto, no Canadá. Tem sangue português, é filho do empresário Manuel Mendes, natural de Lagos, no Algarve. A mãe, Karen Rayment, é inglesa. O músico tem ainda uma irmã mais nova, Aaliyah, os dois foram criados na localidade de Pickering, nos arredores de Toronto. Manuel Mendes, ou Manny como é tratado, nasceu e cresceu em Lagos, e é considerado “a verdadeira rockstar da família”. Tem um bar e uma empresa fornecedora de restaurantes em Ontário. Foi no Algarve que Manny passou os verões na casa da avó, e onde começou a trabalhar no Café do Mar em Lagos, restaurante que pertence a um primo.

Manny contou à Rolling Stone que o filho cantou pela primeira vez em público em Portugal, há 7 anos, numa viagem que fizeram ao seu país natal. Um dia, quando a família andava às compras, Shawn terá parado junto a uma estátua numa praça e começou a cantarolar “Easy come, easy go!”, o primeiro verso de “Grenade” de Bruno Mars. Ao site i-D, o cantor revelou que pensou em ser ator, e até chegou a fazer um casting para a Disney, mas ficava muito nervoso só de pensar que tinha que se lembrar das deixas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Capa da Rolling Stone em agosto do ano passado por altura da passagem pelo Meo Sudoeste, Shawn Mendes vai ao ginásio todos os dias, tem duas aulas de voz diariamente, e nunca diz não a uma selfie, o que faz com que cada hotel que fica hospedado se transforme num autêntico meet-and-greet, estejam lá meia dúzia de fãs, ou centenas em fila de espera para o conhecer. Apesar do sucesso e do alcance do estatuto de estrela de Hollywood, o jovem de origem portuguesa reconhece que é “extremamente neurótico” em relação à sua carreira. O seu maior medo será “acordar um dia, e ninguém se importar”, ou se lembrar dele.

Em Toronto, Shawn Mendes começou a tocar guitarra com 13 anos, não há muito tempo. O cantor copiava vídeos que via no Youtube, e não tardou muito em publicar os próprios “covers”. Segundo a Rolling Stone, Shawn começou a usar a extinta aplicação Vine, em 2012, onde publicava curtos vídeos com êxitos de Justin Bieber e Ed Sheeran. O caminho estava feito para conseguir milhares de seguidores. Em 2013 já fazia sucesso na internet, e chamou a atenção de Andrew Gertler, o manager que o encontrou os vídeos de Shawn e o levou a assinar contrato com a Island Records em 2014. O primeiro single, “Life of the Party”, do The Shawn Mendes EP.

Segundo o site Imdb, Shawn Mendes é o artista mais novo de sempre a conseguir que uma das suas canções entrasse diretamente para o Top 25 da Billboard Hot 100. “Life of the Party” alcançou 24º lugar a 12 de julho de 2014, ano em que venceu um Teen Choice Award. O jovem canadiano tinha apenas 15 anos. No início da carreira, Shawn Mendes andou em digressão com a The MagCon Tour, juntamente com outros jovens artistas sensação das redes sociais. A carreira de Shawn Mendes catapultou em 2015, “Stiches” tocava nas rádios um pouco por todo o mundo e fazia as delícias dos adolescentes nas redes sociais com o primeiro álbum de originais, “Handwritten”, lançado com a chancela da Island Records, que o acompanha até hoje.

Nas famosas séries de vídeos de “Carpool Karaoke”, James Corden perguntou a Shawn Mendes qual é a coisa mais canadiana que faz. A resposta era a esperada: hóquei no gelo. O cantor ainda tentou ensinar o comediante britânica a dar uns toques no desporto que praticou na infância, mas o máximo que conseguiu foi colocar Corden à baliza, e ainda teve que o ajudar a levantar-se no fim.

Com influências musicais como John Mayer ou Justin Timberlake, Shawn Mendes lança o segundo álbum em 2016, “Illuminate” conta com êxitos como “Treat You Better” ou “Mercy”. Pelo meio há ainda um disco ao vivo “Live at Madison Square Garden”, e como não poderia deixar de ser um “MTV Unplugged”. Em 2018, aos 18 anos, o cantor lança o álbum em nome próprio “Shawn Mendes”, que já apresentou na tour do ano passado em Portugal, no Meo Sudoeste, na Zambujeira do Mar. “A voz seguríssima”, “a presença simpática” e “a lição pop bem estudada”, foram alguns dos elogios feitos à atuação no festival pela Blitz, num concerto cheio de “argumentos que o ajudaram a conquistar milhões de admiradores pelo mundo fora” e no qual Shawn se referiu ao público português “como o mais barulhento de todos”.

“In My Blood” e “Lost in Japan” afirmaram-se como os grandes destaques do último trabalho do músico. “In My Blood” até teve uma versão com alguns versos em português, por altura da participação da seleção portuguesa no último campeonato do mundo de futebol, no ano passado, na Rússia. O desafio terá sido lançado pela Federação Portuguesa de Futebol, e qual não foi o espanto, quando os portugueses começaram a ouvir o estranho sotaque “canadiano-algarvio” de Mendes a cantar “eu vou acreditar!”, revisitando, mais uma vez, a sua ligação emocional ao país de origem do pai, a “uma só voz, um coração”, lá dizia a música. Shawn Mendes ainda se revelou um grande adepto de Cristiano Ronaldo e da seleção nacional.

O sucesso não é nada sem reconhecimento, e Shawn Mendes tem mais do que razões para estar satisfeito. Exemplo disso é a sua classificação, no ano passado, na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo da revista Time. O músico norte-americano John Mayer referiu-se na altura a Shawn, com quem já partilhou o palco em Toronto, como uma “popstar” que considera “a música como um campo aberto”, com um “entusiasmo ilimitado e contagiante”, numa descrição de igual para igual, na qual Mayer ainda afirma que Mendes “fica melhor a cada dia que passa”. No currículo conta com dois Kids Choice Awards, um MTV Europe Music Award. Este ano estava nomeado para dois Grammy’s, mas não venceu nem na categoria de “Música do Ano”, com o galardão a ficar entregue a “This is America” de Childish Gambino, nem de “Melhor Álbum Pop (Vocal)” entregue a “Sweetener” de Ariana Grande.

Na vida pessoal, Shawn Mendes mantém alguma discrição, e até a suposta relação com a modelo Hailey Badwin (agora mulher de Justin Bieber) nunca foi muito explorada pelo cantor. Mas no ano passado, o jovem canadiana causou alguma polémica com declarações que fez à revista Rolling Stone e que foram reproduzidas em vários média, em todo o lado. Na entrevista, Shawn Mendes afastava todos os rumores acerca da sua homossexualidade, mas confessava a ansiedade que o tema lhe tem provado desde o início da carreira. “Reparei que muitas pessoas pensam que tenho uma ‘aura gay’”, referiu noutra ocasião num vídeo feito por si no Snapchat. “Primeiro que tudo, não sou gay. Segundo, isso não deveria fazer diferença nenhuma.” O tema voltou a causar-lhe algum incómodo quando a amiga Taylor Swift, com quem partilhou o palco numa digressão, perguntou se poderia postar nas redes sociais uma fotografia dos dois nos bastidores, na qual a cantora estaria a pintar os olhos a Shawn Mendes. “Senti-me doente”, revelou à revista Rolling Stone. “Fiquei do tipo: ‘Porque raio deixei de publicar aquilo?’ Apenas acendi o fogo que me faz ficar aterrorizado”.

O cantor de 20 anos acrescentou ainda que sente que precisa de mostrar, forma pública, que tem uma namorada para afirmar que não é homossexual. “No fundo do meu coração, sinto que tenho de sair com alguém em público para provar às pessoas que não sou homossexual. Apesar de saber que isso não é uma coisa má, ainda há algo dentro de mim que pensa nisso e detesto essa parte de mim”, afirmou Shawn Mendes à Rolling Stone.

Também fora dos palcos, Shawn Mendes deu nas vistas num recente anúncio publicitário para a Calvin Klein, e tem um perfume em nome próprio, que está á venda nas lojas Walmart nos Estados Unidos. No palco, regressa esta quinta-feira ao Altice Arena para apresentar mais uma vez o álbum homónimo “Shawn Mendes”. Esta semana passou por Itália, e antes de vir a Portugal, esteve na vizinha Espanha.

O que se pode esperar do concerto na Altice Arena? No que respeita a canções, a última setlist do concerto no Palau Sant Jordi em Barcelona, incluiu êxitos como, “Lost in Japan”, “There’s Nothing Holding Me Back”, “Sticthes”, “Treat You Better” ou “Mercy” e um encore que teve direito a “In My Blood”, e imagine-se, a uma versão de “Fix You”, dos Coldplay.