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Milhares de pessoas acederam à Ticketmaster para comprar bilhetes para os Oasis. Só não esperavam que houvesse preços dinâmicos, em alguns casos o dobro ou triplo do preço original

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Milhares de pessoas acederam à Ticketmaster para comprar bilhetes para os Oasis. Só não esperavam que houvesse preços dinâmicos, em alguns casos o dobro ou triplo do preço original

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Como funcionam os preços dinâmicos que chocaram fãs dos Oasis e porque são ilegais em Portugal (apesar de já terem sido pedidos)?

Milhares fizeram fila online para os Oasis e a regra dinâmica fez disparar preços dos bilhetes. Em Portugal são proibidos. Promotoras afastam ideia, mas IGAC já foi abordada sobre a possibilidade.

Passavam poucos minutos das 8h25 de sábado, 31 de agosto, quando Joana Azeiteiro se sentou à frente do computador para entrar na conta que tem na Ticketmaster, a conhecida plataforma internacional de bilhetes para espetáculos. Faltava ainda mais de meia hora para serem postos à venda os bilhetes para o regresso dos Oasis com ambos os irmãos Gallagher em palco.

Aos 26 anos, Joana já viu os irmãos Liam e Noel ao vivo em Portugal — mas separados. Para Joana, o reencontro dos líderes do grupo foi uma surpresa. “Sempre que falava com alguém sobre um possível regresso dos Oasis, achava que seria uma questão pontual”, como um festival ou algumas datas no estádio de Wembley, admite.

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No final de agosto, a banda anunciou várias datas para o verão de 2025, mas com uma particularidade: só seria possível comprar bilhetes online, nas versões britânicas das plataformas Ticketmaster, See Tickets e Gigsandtours, a 31 de agosto. Joana, que já tinha experiência com vendas online concorridas, colocou-se em campo. Registou-se no site da banda, “com todos os emails que tinha”, para entrar no sorteio que permitiria ter um código de acesso à pré-venda. Respondeu a questões sobre os músicos e lá conseguiu um acesso.

Logo na sexta-feira de manhã, 30 de agosto, já estava a postos para tentar a sorte. “Correu bem, despachei-me em 15 minutos.” Conseguiu comprar quatro bilhetes, o máximo permitido por fã, para Manchester. Cada um rondou os 180 euros de preço facial, revela. Com as taxas de serviço usadas pela Ticketmaster, que são acrescentadas ao bilhete, o custo total quase chegou aos 200 euros por pessoa. Depois ainda há que adicionar questões como voos e alojamento.

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No dia seguinte, quando abriram as vendas “de facto”, logo às nove da manhã, a experiência foi outra. “Já estava segura, mas queria tentar outro bilhete.” Só que, ainda a mais de meia hora do arranque da venda, Joana já encontrou uma fila de espera virtual. “Estás na fila, há muitos fãs à tua frente”, surgiu no ecrã. “Acedi à bilheteira às 9 horas em ponto. Fiquei com 74 mil pessoas à frente.”

Só às 13h30 é que conseguiu aceder à área do site da Ticketmaster onde é possível ver os bilhetes à venda para Wembley. E foi aí que se deparou com bilhetes a preços dinâmicos, que fizeram com que um bilhete para a plateia em pé passasse a custar 358 libras (423 euros), quando inicialmente foi anunciado a 135 libras (160 euros). Joana Azeiteiro admite que foi “tentador ver os bilhetes ali à frente”. “No outro dia lia na internet que estas situações são comparadas à adrenalina de um casino. Está-se ali e os números deixam de fazer sentido.” Além disso, há a pressão de tempo — cada utilizador tem poucos minutos para concluir a compra. Após horas em filas, num processo que considera que “para um consumidor dito normal, não é um processo de bilheteira habitual”, desistiu. “Eu já tinha bilhetes e não ia dar aquele valor. A minha sorte foi a pré-venda.”

Luísa Almeida, de 28 anos, e Fran Green, de 26 anos, conseguiram bilhetes para o concerto de Edimburgo, na Escócia. Também se depararam com os bilhetes a preços mais elevados do que era suposto, de cerca de 350 libras para a plateia. “Entrei na fila e até avançou rapidamente, tinha quatro mil pessoas à frente”, começa por explica a britânica, que vive em Portugal. “Quando entrei — e era algo que estava a acontecer a muita gente — a Ticketmaster não deixava adicionar os bilhetes ao cesto, estava constantemente a carregar a página. Ao fim de uma, duas horas, conseguia-se, mas com preços mais altos. Mas já sabia que a Ticketmaster ia fazer isto, vou a muitos concertos e compro bastantes bilhetes.”

Já às 13h30, conseguiram três bilhetes nas outras plataformas de venda, a See Tickets e a Gigsandtours, com os preços que foram previamente anunciados. Num dos casos, conseguiram mesmo a opção mais barata, de 75 libras mais taxas. “Na Ticketmaster acho que não deixam aceder às opções mais baratas”, lamentam. “A See Tickets esteve muito tempo sem carregar, portanto passado algum tempo ainda havia bilhetes.”

As experiências ouvidas pelo Observador são uma ínfima parte de uma venda que alguma imprensa britânica já classificou de “fiasco” e que já motivou duas investigações à prática da gigante de bilhética Ticketmaster, que é controlada pela Live Nation. A CMA e a CCPC, as Autoridades da Concorrência do Reino Unido e da Irlanda, respetivamente, querem analisar se foram cumpridas todas as regras de proteção do consumidor nesta corrida aos bilhetes. As principais dúvidas estão ligadas à transparência na formação de preço.

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As queixas chegaram ao parlamento britânico. “É ótimo que os Oasis se tenham juntado, acho que metade do país tentou comprar bilhetes, mas acho que é deprimente ouvir sobre os aumentos de preços”, disse o primeiro-ministro Keir Starmer a 4 de setembro. Prometeu ainda o início de trabalhos para avaliar fenómenos como os preços dinâmicos e a revenda de bilhetes para espetáculos a “preços exorbitantes”.

Os bilhetes com preços dinâmicos assentam numa das leis mais conhecidas da economia: a lei da oferta e da procura. Ou seja, se há uma maior procura por bilhetes, os preços tendem a aumentar. A Ticketmaster chama à prática “tickets in demand”, bilhetes com procura, numa tradução livre, e usa-a desde 2022. Na altura, na febre do regresso aos concertos após a pandemia, argumentou que a opção permite “dar aos fãs um acesso justo e seguro para comprar lugares a preços impulsionados pelo mercado”, que “são ajustados de acordo com a oferta e a procura”. A empresa explicou ainda que é uma opção “disponibilizada aos artistas e aos organizadores de eventos”, pensada também para evitar problemas com bots durante a compra.

No meio de tudo isto, levantaram-se dúvidas sobre quem tomou a decisão de acionar a tarifa dinâmica na venda da Ticketmaster. “É necessário que seja claro que os Oasis deixam as decisões sobre bilhetes e preços inteiramente a cargo das suas promotoras e gestão”, disse a banda em comunicado. A banda admitiu que a estratégia acordada “entre promotoras, a Ticketmaster e os gestores da banda para garantir uma experiência justa para os fãs, incluindo preços dinâmicos para ajudar a manter os preços gerais baixos (…) falhou em relação às expectativas”.

Não é a primeira vez que a Ticketmaster está na berlinda pela forma como gere uma venda de bilhetes com grande procura. Em 2022, o site não aguentou a procura por bilhetes para a digressão norte-americana de Taylor Swift, gerou-se a confusão e até houve uma audição no Senado para apurar se a empresa abusou ou não dos preços. Porém, nesse caso, Swift escolheu não usar os preços dinâmicos.

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Apesar da contestação dos fãs, no Reino Unido e também nos EUA, os bilhetes com preços dinâmicos estão de acordo com a legislação. É um fenómeno semelhante ao que já acontece com os preços das viagens de avião, dos hotéis ou mesmo dos conhecidos TVDE. Os bilhetes para os Oasis não foram os únicos a ser alvo desta prática: ingressos para espectáculos de artistas como Harry Styles, Coldplay ou as Blackpink também já passaram por este método. Em 2022, quando foram postos à venda nos EUA os bilhetes para a digressão de Bruce Springsteen, a Ticketmaster também ativou o modelo. Choveram críticas quando os bilhetes chegaram aos cinco mil dólares.

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Em Portugal, os preços dinâmicos não são permitidos, portanto não é uma opção usada, explicam promotoras e empresas de bilhética ouvidas pelo Observador sobre o tema. A Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), que supervisiona esta área, diz não ter conhecimento da aplicação do modelo em Portugal, mas já foi abordada sobre o assunto. “É um tema sobre o qual fomos questionados há uns tempos”, explica Luís Silveira Botelho, inspetor-geral da IGAC, concretizando que a questão partiu de um promotor, sem acrescentar mais. “Estamos, ainda, a consolidar um entendimento e a medir as implicações à luz da vária legislação em vigor com interferência nesta questão”, refere.

Há vários elos na cadeia que faz mexer um espetáculo ao vivo em que pode ser acionado o modelo de preços dinâmicos nos bilhetes. Álvaro Covões, o diretor da Everything is New, explica ao Observador que a “decisão pode ser estratégia do artista, da promotora ou até do operador da digressão, de quem monta a tournée. Às vezes as decisões não vêm do mesmo”. Confessa que a promotora, responsável por festivais como o NOS Alive e que já trouxe a Portugal nomes como Eddie Vedder, Coldplay ou Dua Lipa, já recebeu questões sobre essa prática. “Já nos solicitaram se poderíamos fazer preços dinâmicos, porque na digressão havia essa intenção. Respondemos sempre que em Portugal não é possível.”

Entrevista a Luís Montez, diretor da promotora Música no Coração. 26 de Junho de 2023, Lisboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Álvaro Covões, da Everything is New, e Luís Montez, da Música no Coração

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Há várias décadas a trabalhar no setor dos espetáculos, Álvaro Covões nota que Portugal é “um caso interessante, porque temos muitas leis que protegem o consumidor”, admitindo que haja uma relação com o facto de “ser um país com baixo poder de compra”. Notando que “ainda se está num caminho muito longo de ganhar público, pessoas, nos acessos aos espetáculos”, afasta a ideia dos preços dependentes da procura. “Para o nosso mercado não é bom. Repare que, em 2022, temos 6 milhões e pouco de bilhetes vendidos”, referindo-se ao número de ingressos vendidos para concertos, festivais e peças de teatro. “É uma tragédia, isto não é nada.”

O setor “está dependente do poder de compra dos portugueses”, sublinha. “Vivemos do dinheiro disponível das pessoas”, diz, reconhecendo que o setor dos espetáculos não é uma prioridade. “Não se carrega num botão e saem notas. Se uma pessoa quisesse muito ver um Benfica-Sporting e o preço do bilhete fosse 40 euros, mas com os dinâmicos passasse para 200 euros, muito provavelmente deixaria de comprar para esse e para outros eventos.” Por isso, é da opinião de que “o ideal é exatamente garantir que não existe, digamos, uma espécie de capitalismo selvagem ou leilão, podemos chamar-lhe muitas coisas.”

Também a Música no Coração, que assegura festivais como o Sumol Summer Fest, Super Bock Super Rock ou o Sudoeste, não demonstra interesse nos preços dinâmicos para os espetáculos. Ao Observador, o dono e diretor da promotora, Luís Montez, diz apenas que “não há interesse em bilhetes com tarifas dinâmicas”.

No ano passado, a Live Nation Entertainment, a gigante internacional que também controla a Ticketmaster, adquiriu a promotora portuguesa Ritmos e Blues e uma participação no Arena Atlântico, o consórcio que gere a sala de espetáculos MEO Arena (antigo Pavilhão Atlântico), que Montez também integra. E, tal como disse há um ano, “não há interesse em ter a Ticketmaster [que pertence à Live Nation] em Portugal, até porque a Arena tem a Blueticket”. Ou seja, seriam duas empresas com ligação ao mesmo grupo a concorrer entre si.

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A promotora Ritmos e Blues, que vai este ano assegurar os espetáculos de André Rieu e Bryan Adams, em outubro e novembro, respetivamente, também foi contactada sobre os bilhetes com preços dinâmicos. Até ao momento, não deu resposta.

Last Tour usa preços dinâmicos noutros mercados. “Estamos limitados por quem nos regula”, diz sobre Portugal

A Last Tour, a empresa ibérica responsável pelo Kalorama e pela passagem por Portugal do fenómeno global “Eras Tour”, de Taylor Swift, conhece os preços dinâmicos de outros mercados. Diogo Marques, o diretor da Last Tour em Portugal, explica que a empresa opera “noutros países, nomeadamente na América do Sul e em Espanha, onde a tarifa dinâmica já é utilizada”. Segundo este responsável, “normalmente é uma decisão que vem da parte dos artistas, da digressão e do que se está a fazer noutros mercados”.

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Por cá, a Last Tour também já recebeu questões sobre o assunto. “Em muitos concertos que temos, os promotores internacionais perguntam-nos se conseguimos utilizar. O parecer da IGAC é que não, não é autorizado em Portugal, e portanto, neste momento, não é possível ser aplicado.” Nota que, tal como o preço sobe quando há procura, também pode descer e assegura que “são definidos os parâmetros do maior e menor valor e automaticamente as bilheteiras vão fazendo o ajuste da tarifa”. Logo a seguir, realça que “não é um processo manual”, mas sim “mediante os algoritmos das bilheteiras”.

A Last Tour é a promotora do festival de verão Meo Kalorama

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

“Em Portugal, a tarifa dinâmica não está legislada, não está autorizada e o parecer da IGAC é que não se pode utilizar a tarifa dinâmica. Estamos limitados por quem nos regula”, diz. O funcionamento dos espetáculos de natureza artística consta do decreto-lei n.º 23/2014 que, em questões de preço, determina a afixação do valor do bilhete em “local visível”, seja nos recintos, agências ou postos de venda e nas plataformas de venda eletrónica. Também é apenas dito que as agências e postos de venda de bilhetes não podem cobrar quantias superiores a 10% do valor total do bilhete ao assegurar operações ou acima de 20% no caso de entrega ao domicílio de ingressos.

Se não houvesse as limitações na questão dos preços dinâmicos, Diogo Marques explica que a adoção do modelo dependeria de várias questões. “Depende dos espetáculos e das parcerias que se façam. Muitos dos espetáculos que se fazem em Portugal de artistas internacionais vêm através de parcerias que são feitas com outras produtoras internacionais — as duas maiores, a Live Nation e a AEG, que são as que mais artistas têm em digressão e trazem a Portugal”, contextualiza. “Muitas vezes é solicitado por eles essa colocação de bilhetes em tarifa dinâmica. Se existisse em Portugal, iria ser adotado, não existindo em Portugal não é adotado — é essa a posição.”

Uma vez que não é uma prática permitida em Portugal, as empresas de bilhética têm poucos comentários sobre o assunto. A MEO Blueticket não comenta, já que não vende bilhetes com preços dinâmicos. A Ticketline, que está no mercado há 25 anos, explica que “atua em nome de terceiros”, funcionando como um “fornecedor de serviços de bilhética para uma entidade promotora que queira produzir um espetáculo e que necessite de um sistema de venda”, diz fonte oficial. Nesse sentido, assegura que não tem “qualquer poder de decisão sobre quaisquer detalhes relativos ao evento, tais como local, datas, horas, preços de bilhetes, zonas, mecânicas de venda ou outras.”

Essa decisão cabe “sempre” às entidades que asseguram o espetáculo, diz fonte oficial. A Ticketline refere que tem “profissionais que ajudam a pensar a melhor dinâmica de venda” sempre que isso é solicitado, mas que “a base habitual é a entidade promotora” já chegar com “pontos definidos”.

A BOL, outra conhecida empresa de bilhética em Portugal, não respondeu às questões até à publicação deste artigo. O Observador tentou contactar ainda a plataforma de venda de bilhetes See Tickets Portugal de várias formas — por email, pela rede social X, o formulário de contacto no próprio site e a plataforma LinkedIn, sem nunca obter resposta. A empresa refere no seu site que não tem um apoio telefónico e que todos os contactos devem ser feitos através da página.

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Deco pede que legislação seja atualizada para proteger consumidores

Mesmo que os preços dependentes da procura não sejam uma prática em Portugal, a Deco, a associação de defesa do consumidor, anda atenta ao assunto. Até pelos “fenómenos de popularidade de determinados artistas que levam a aumentos de procura” muito significativos, realça Paulo Fonseca, coordenador do departamento jurídico e económico da Deco.

O coordenador jurídico vê com alguma apreensão a possibilidade de uma prática de venda de bilhetes com preços dinâmicos chegar a Portugal. “Estas dinâmicas rapidamente chegam ao nosso país e gostaríamos de garantir que se evitam estas situações, daí a necessidade de garantia de transparência na formação de preços.” Para responder a estas questões, só mesmo com a revisão de uma legislação dos espetáculos que considera “algo datada”.

epa11570722 A mural of Liam and Noel Gallagher of British band Oasis is seen near Sifters Records in Manchester, Britain, 29 August 2024. The mural was painted by street artist Pic.One.Art in June 2024 to mark the 30th anniversary of the band’s debut album, Definitely Maybe. Oasis have announced a number of live reunion concert dates in Cardiff, Manchester, London, Edinburgh, and Dublin, having reformed after a 15-year split.  EPA/ADAM VAUGHAN

Um mural dos Oasis em Manchester, de onde são naturais os irmãos Gallagher

ADAM VAUGHAN/EPA

A Deco já apresentou “há alguns anos um projeto” em que pediu uma revisão do regime dos espetáculos, “que merecia uma adaptação às novas realidades”, como “os sites de revenda, a formação de preços ou mesmo a própria natureza e tipologia dos espetáculos”.

Paulo Fonseca rejeita que a Deco queira “proibir novos modelos de formação de preço, mas naturalmente que temos de garantir proporcionalidade, necessidade e justiça para os consumidores nesta formação de preço”, continua. O caso dos Oasis é, para o coordenador do departamento jurídico, um exemplo “particular e gritante da necessidade de reforçar a transparência na formação de preço, mas sobretudo da necessidade de se criar limitações para não transformar um preço de vinte euros num de dois mil em meia hora”.

Nesse sentido, acredita que “é necessário rever a legislação e acautelar um conjunto de questões”, como os preços dinâmicos. Há que estabelecer um limite, defende, “por um lado, obrigar o vendedor ou a empresa a indicar que mecanismo leva à dinâmica do preço, um bocadinho como já acontece com os conhecidos TVDE”.

O Observador contactou o Ministério da Cultura sobre os preços dinâmicos nos bilhetes e se é equacionada alguma atualização para contemplar questões deste tipo na legislação. Não foi ainda possível obter uma resposta por parte do gabinete da ministra Dalila Rodrigues.

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