O guitarrista norte-americano Marc Ribot abrirá o festival Jazz em Agosto, em Lisboa, com canções de protesto do álbum “Songs of Resistance”, revelou esta quinta-feira a Fundação Calouste Gulbenkian.

“É a Marc Ribot e ao seu insubmisso projeto que cabe o concerto de abertura do 36.º Jazz em Agosto, dando o mote para uma edição sob o signo da resistência e do grito coletivo clamando por um mundo mais justo”, refere a organização do festival.

De regresso ao festival, onde já esteve em várias edições, nomeadamente em 2013, 2014, 2016 e 2018, Marc Ribot apresentará, a 01 de agosto, no anfiteatro ao ar livre, o álbum “Songs of Resistance”, editado no ano passado, no qual reinventa um cancioneiro ligado a protesto, ativismo e resistência.

Em “Goodbye Beautiful – Songs os Resistance 1942-2018” participam nomes como Tom Waits, Steve Earle e Meshell Ndegeocello, mas no Jazz em Agosto será Marc Ribot a interpretar os temas, acompanhado de Jay Rodriguez, Brad Jones, Ches Smith e Reinaldo de Jesus.

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Marc Ribot idealizou o álbum como reação à mudança política nos Estados Unidos, com a eleição de Donald Trump para a presidência. “Sou um músico, por isso comecei o meu ato de resistência com a música”, escreveu, no texto que acompanha o álbum.

Ribot, 64 anos, tem tido uma presença regular em palcos portugueses. Este ano já esteve com o trio Ceramic Dog em fevereiro, em Braga, e estará a solo no próximo dia 30, em Espinho, e, a 02 de maio, em Portalegre.

Sobre a temática da revolução e da contestação, que atravessa a programação deste ano, o festival lisboeta recorda que “o jazz soube, em diversas ocasiões, canalizar e potenciar a contestação e a revolta de uma forma impossível de silenciar”.

Até 11 de agosto, estão previstos 16 concertos repartidos entre o anfiteatro ao ar livre e os auditórios da fundação.

Da programação faz parte, por exemplo, os Heroes Are Gang Leaders, coletivo de “jazz, hip hop e ‘spoken word'”, criado pelo escritor Thomas Sayers Ellis e pelo saxofonista Jamens Brandon Lewis, em homenagem a Amiri Baraka, um dos nomes da ‘Beat Generation’, que morreu em 2014. O grupo, com 12 elementos, atua a 02 de agosto.

O trompetista norte-americano Daniel Rosenboom estará a 03 de agosto com o Burning Ghosts, “praticantes de uma endiabrada fusão entre jazz e metal”, e a flautista Nicole Mitchell apresentará, no dia seguinte, a obra afro-futurista “Mandorla Awakening II: Emerging Worlds”, estreada em 2015 por encomenda do Museu de Arte Contemporânea de Chicago.

Destaque ainda, no dia 04, para a presença do músico Rui Horta Santos, que se apresenta como Abdul Moimême, e para “um dos mais estimulantes encontros no jazz português dos últimos anos”, com Ricardo Toscano, Rodrigo Pinheiro, Miguel Mira e Gabriel Ferrandini.

Em Lisboa estará também o trompetista Ambrose Akinmusire, acompanhado do rapper Kokayi e do ensemble Mivos Quartet. O músico levará o álbum “Origami Harvest”, editado em 2018.

A 09 de agosto, o anfiteatro estará ocupado pelos Triple Double, projeto do músico Tomas Fujiwara, que convocará duas baterias, duas guitarras elétricas e dois sopros, garantindo uma série de desdobramentos musicais.

Este concerto de Triple Double liga-se ainda ao que encerrará o Jazz em Agosto, a 11 de agosto, com a guitarrista Mary Halvorson.

A guitarrista, que faz parte dos Triple Double, apresenta-se em nome próprio por conta do álbum “Code Girl”, acompanhada da cantora Amirtha Kidambi e do baterista Tomas Fujjiwara.

Toda a programação estará disponível no ‘site’ oficial da Fundação Calouste Gulbenkian.