A Libra, a criptomoeda que Mark Zuckerberg, o presidente executivo e fundador do Facebook, quer lançar ainda não está disponível e já está a criar problemas. Depois de críticas de reguladores britânicos, o comité do Congresso norte-americano para serviços financeiros enviou uma carta a Zuckerberg, a Sheryl Sandberg, a número dois da rede social mais utilizada em todo o mundo, e a David Marcus, o responsável da Calibra — a associação que o Facebook criou que tem o apoio da portuguesa Farfetch e da Visa. Nesta carta pedem à empresa que trave o desenvolvimento da Libra, de acordo com notícia avançada pela revista americana Forbes.
Criptomoeda do Facebook preocupa regulador britânico. Levanta várias “questões” e “problemas”
Segundo os responsáveis norte-americanos, Zuckerberg está a criar um serviço que “pode levar a um novo sistema financeiro global baseado na Suíça que tem como propósito ser rival do dólar e da política monetária dos Estados Unidos”. Além desta acusação, o Congresso norte-americano afirma que a Libra (o nome é assim também em inglês) “levanta sérias questões sobre privacidade, transações comerciais, segurança nacional e políticas monetárias, não só para os mais de dois mil milhões de utilizadores do Facebook, como para investidores, consumidores e toda a economia global”.
Este comité norte-americano junta-se a outros reguladores internacionais que têm criticado a moeda digital do Facebook, que foi divulgada em junho. Com esta carta, o Congresso quer definir um prazo de suspensão para a empresa que detém redes sociais com o Instagram, Facebook e WhatsApp parar o desenvolvimento da Libra (que equivale ao nome português da moeda britânica pound).
O Facebook anunciou a criptomoeda Libra (o nome é assim também em inglês) em junho. A rede social vai utilizar a tecnologia (que permite efetuar transações virtuais entre pessoas e organizações sem intermediários), comum a estas tecnologias e criou uma subsidiária chamada “Calibra” para o investimento nesta moeda digital. Além disso, a Calibra vai fazer parte da “Rede Libra”, a associação da criptomoeda que conta com a participação de empresas como a Visa, a Vodafone, a Uber, o Ebay, o Spotify e o unicórnio (startup avaliada em mais de mil milhões de dólares) português sediado em Londres, a Farfetch.
Desde que foi revelado que a empresa fundada por Mark Zuckerberg ia investir numa criptomoeda, o presidente executivo tem estado a trabalhar com as autoridades financeiras britânicas e norte-americanas.
O que são bitcoins?
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São moedas virtuais, que não se veem, não se tocam, não se sentem. São códigos encriptados, para os quais existem carteiras próprias na web ou no computador, e cuja emissão e transmissão não é controlada por nenhum banco central ou Governo. Estas operações são feitas por uma rede de computadores distribuída pelo mundo inteiro, cujo histórico é aberto e transparente, sendo guardado numa base de dados a que se chama blockchain. Os donos dos computadores que participam na produção de bitcoins são uma espécie de “mineiros”.
A moeda digital do Facebook tem como objetivo facilitar a transação de dinheiro globalmente. À semelhança de outras carteiras digitais, o Facebook quer que quem adira possa “guardar, transferir e gastar a Libra” em transações como comprar um café ou bilhetes de metro. quando for lançada, as transferências com a libra vão ter “um custo zero ou muito reduzido” para quem tenha um smartphone.
As criptomoedas são unidades de dinheiro digital que utilizam como base a tecnologia blockchain. Esta inovação tem gerado bastante interesse entre os investidores — e até assustado a banca. Em 2018, a bitcoin, a criptomoeda mais conhecida, bateu recordes, com os primeiros investidores a tornarem-se multimilionários. Depois, desceu a pique — mantendo, mesmo assim, uma valorização de cerca de dois mil euros — para, agora, estar de novo a subir (atualmente, uma bitcoin vale mais de 10 mil euros). Contudo, as quedas num espaço de horas de oscilação de valor desta moeda rondam, por vezes, os milhares de euros.